segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vingança

Namoraram por muitos anos. Disseram todas as palavras de amor e fizeram todas as promessas... Ela acreditou em todas. Não havia porque duvidar. A vida seguia como devia.
Veio o casamento, os filhos, a vida em comum. Junto disso, vieram grandes negociações, muito dinheiro. Ela se orgulhava em perceber que estavam crescendo juntos. Acreditava ser uma união de contos de fadas. Via que ainda tinham amor, paixão, mesmo depois de tantos anos.
A empresa crescia a cada dia. Ele assumia e resolvia todos os problemas. Trabalhava muito. Ela cuidava dos filhos, da casa, dos jantares e das festas. Os dois se completavam.
Com o tempo ela sentiu que eram mais amigos do que amantes. Já se passavam 30 anos desde o casamento. Ela sabia que era difícil manter uma paixão acesa. Diante do espelho, lamentava. Tinha saudades daquilo que eles foram um dia...
Para piorar, ele chegava cada vez mais tarde. Os antigos carinhos andavam nulos. Velhos prazeres não existiam mais. Não iam mais ao cinema, jantares românticos só em raras datas especiais, ou com a família inteira... Tudo parecia distante e infeliz.
Nunca havia desconfiado dele. Eram cúmplices (acima de tudo). Mas em mais uma noite sozinha resolveu checar as contas – coisa que nunca fazia. Viu compras que nunca fez; jóias que nunca ganhou e jantares que nunca foi.
Esperou calada a chegada dele. No confronto, soube da paixão pela secretária, anos mais nova (em um caso clássico). Magoada, pediu que ele se fosse.
Estava exausta, não dormia há dias. Sofria não apenas com a traição do marido, mas pelo amor que não tinha, pelo vazio, pela solidão... Na frente de seu advogado avisou que não queria mais do que o necessário: sua casa, seu sítio, a casa de sua mãe... o que era justo (acreditava).
Ele lamentou o ocorrido, e achou ser digno da parte dela. Porém, deveria lembrá-la de que tudo estava em seu nome. Nada pertencia ao seu marido por problemas fiscais.
Surpresa, ela levantou o olhar, e ele lhe garantiu os carros, as empresas, propriedades, o helicóptero. Assim, sem nenhuma dúvida ou lágrima, ela pegou o celular e ligou para o (agora) ex-marido: “Querido? Você está demitido”. Desligando, sorriu para si mesma e viu que a sua nova vida acabava de começar.

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