segunda-feira, 29 de junho de 2009

O acaso não existe

Alinhada com o texto do blog da , deixarei o mesmo título.
Depois de assistir Fernanda Montenegro no teatro e ouvir as palavras de Simone de Beauvoir, nada mais será igual. O mundo (de certa forma) mudou. As pessoas mudaram, o jeito de encarar as coisas ganhou novo movimento, nova perspectiva. Não sei ao certo.
Não. Não gostaria de ter uma vida parecida com a dela (Simone). Mas a interpretação (perfeita) e o texto declarado mostram que o acaso é uma desculpa para quem não quer acertar, lutar ou encarar.
Nunca acreditei no acaso. Sempre ouvi (desde criança) que ele não existia. Hoje, não tenho dúvida. Nada acontece a toa. Nunca. Tudo que escolhemos, que optamos... Tudo tem um porquê. Todas as suas ações vão te levar a algum lugar. Sempre.
A falta do acaso nos coloca à prova. Acreditando nisso, você passa também a ponderar (muito mais) suas escolhas. Tenta errar menos. E é verdade: nossas escolhas nos fazem ser quem somos. Como se a vida fosse uma eterna construção, em que a cada tijolo colocado armamos um novo patamar. A passada de massa (nosso cimento) é nosso pensamento. O tijolo é, então, nossa opção.
Os tijolos podres, quebrados, não nos fazem péssimos engenheiros. Eles apenas nos apontam um problema para que, no próximo andar, possamos escolher melhor. No fim da vida, vamos olhar para cima e ver que tipo de prédio conseguimos construir.
É um texto cheio de metáforas, eu sei. Peço desculpas por isso. Mas, confesso que, de verdade, estou atrás de grandes e fortes tijolos. No final, quero poder andar pelos meus patamares sem medo, sem vergonha dos tijolos mal coloquei, da massa que mal misturei...
Porque, afinal, os erros me fortalecem. São eles que me deixam mais forte e tonificam minha personalidade. Sem acaso. Sem tempos mortos (ou idos). Sem tristeza. É ‘só’ construção.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

A vida segue. Sempre.

Farrah Fawcett morreu. O ícone dos cabelos louros, do repicado, das ondas. No mesmo dia, brincando, Dona Morte decide atacar o negro que resolveu ser branco, Michael Jackson. Seu coração parou com o mundo.
Nada de Beat it. A dança incrível, a paixão cega por Diana Ross, a doença ‘branca’, a loucura pelos filhos (próprios) e dos outros. Tudo isso virou lenda. Acabou.
Dia estranho foi ontem. Triste, no fim. Mas hoje a vida já mudou. Seguiu. Milhares de piadas já rolam a respeito. Todos riem da morte. Somos assim... sádicos, quando se trata de famosos (por que será?).
A verdade é que morte é sempre ruim e sempre mexe comigo. Fico pensando que isso sim é um problema insolúvel. Isso sim é uma saudade sem previsão de reencontro. Isso sim é triste.
Por isso, devemos viver. Nos jogar, nos apaixonar (todos os dias, se possível), chorar, rir, gargalhar e tentar não sofrer (tanto) com problemas bobos e sem sentido.
A vida está aí... E deve ser vivida para que, quando a Dona Morte chegar, a gente consiga sorrir e dizer: Posso só tomar a saideira? E sorrindo levantamos o último brinde a tudo que vivemos, escrevendo (mentalmente) um maravilhoso epitáfio de lembranças.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Mundo Particular

As vezes entro num mundo particular. Paralelo mesmo, sabe? Gosto dele (confesso). Ele é meu, só meu. Vivo nele só e me sinto feliz (na maior parte do tempo). Claro que (nele) entram também tristezas e melancolias, mas não ligo. Choro, se preciso for; rio, se for o caso; e gargalho, quando me vejo patética.
Quem me conhece bem sabe quanto me analiso, penso, pondero e (até) deliro. Essa sou eu: terapeuta de mim mesma (com orgulho). As vezes exagero e me sinto ultrapassando os limites da (minha própria) sanidade. Mas, sem medo, avanço a vida assim.
Nesse mundo (meu), gosto de pensar e observar a multidão, mas sem áudio. O som também me pertence. Está no meu ouvido, no meu fone. Minhas músicas, minhas letras, meu ipod (hoje, antes era mp3; antes ainda, radinho de camelô). Vou andando nas ruas com uma cara meio débil (acredito) quando a batida é mais forte e a vontade de dançar é quase um suplício.
Faço da rua, minha passarela. Das pessoas a minha volta, personagens do meu videoclipe. Caminho no ritmo da trilha sonora que escolher. E (de verdade) me sinto tão feliz assim. Mesmo quando triste, ouvir música, no trabalho, andando na rua, na praia, na praça (sei lá onde mais), me faz bem. Me faz sorrir (sempre).
E, hoje, almocei na companhia das músicas e meu mundo particular se transformou em história particular. Coloquei para tocar Beatles (uma seleção ótima, devo dizer) e a letra de uma música me pegou como se eu nunca a tivesse ouvido (o que não é verdade).
Depois dela, conclui (na minha terapia de almoço) que não apenas os meus, mas todos os relacionamentos dão a mesma sensação no final: você nunca entende porquê, mas a pessoa que você amava não é mais a mesma, por isso é melhor deixá-la ir. Confesso que foi uma conclusão iluminadora (digamos assim) e libertadora também.
John e Paul (com o perdão da intimidade que, realmente, tenho) sabiam disso. Gênios!

Com vocês, direto do meu mundo particular: I’m Looking Through You.

I'm looking through you, where did you go?
I thought I knew you, what did I know?
You don't look different, but you have changed
I'm looking through you, you're not the same

Your lips are moving, I cannot hear
Your voice is soothing, but the words aren't clear
You don't sound different, I've learned the game
I'm looking through you, you're not the same

Why, tell me why, did you not treat me right?
Love has a nasty habit of disappearing overnight

You're thinking of me, the same old way
You were above me, but not today
The only difference is you're down there
I'm looking through you, and you're nowhere

Why, tell me why, did you not treat me right?
Love has a nasty habit of disappearing overnight

I'm looking through you, where did you go?
I thought I knew you, what did I know?
You don't look different, but you have changed
I'm looking through you, you're not the same

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Carta

Queridas amígdalas,

Não começo essa carta perguntando se vocês estão bem, pois sei que a resposta seria negativa (e de nada adiantaria provocá-las dessa forma).
Decidi escrever essa carta a fim de que essa revolta de vocês acabe. Pretendo ser esclarecedora o suficiente para fazer com que vocês entendam o novo formato no qual vivemos agora (nos últimos meses). Tudo isso porque acredito que, dessa forma, vocês poderão ponderar e (quem sabe?) desinchar.
Confesso que fiquei muito assustada quando, nesta manhã, consegui vê-las tão gordas, ocupando um espaço desnecessário. Vocês fecharam um canal importante na minha vida falante, além de terem mudado de cor (ficando bem feias, devo dizer).
Tudo isso me deixou triste também. Não achei justo da parte de vocês fazer tal coisa. Vocês bem sabem que agora vivo uma nova fase. Uma fase em que sair, rir, beber e falar são essenciais.
Mas, analisando (durante as horas de febre e alucinações), passei então a entender tal revolta. A nossa vida mudou. E não tem jeito. Vocês devem se acostumar a isso.
Não dá mais para dizer tudo o que pensamos, na hora em que pensamos, como pensamos e para qualquer pessoa. Agora, temos de viver um jogo (mesmo sendo honestos). Precisamos ponderar antes de falar. No fundo, é muito melhor assim (e vocês vão sentir isso, tenho certeza).
Dessa forma, a torcida será somente nossa, assim como as vitórias ou (mais raro - espero) as derrotas. Nada de platéias. Nada de aplausos ou opiniões duvidosas (deixamos essas apenas para poucos e bons).
Por isso, entendam, temos de encarar a nova realidade e calar. Vai dar tudo certo (aliás, creio que até mais certo), vocês verão.
Então, por favor, melhorem essa revolta. Hoje mesmo aumentarei a dose de antidepressivos (também conhecidos como antibióticos) para que vocês não me dêem mais febre (ainda mais quando não tenho colo de mãe ou pai).
Lembrem-se: preciso ficar bem para encarar essa vida enérgica e brilhante. E conto com vocês! Força meninas!
Com amor,

Ju

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Último Romance

A Rê postou no blog dela e resolvi fazer o mesmo! Amo essa música, essa letra... Ela me traz uma sensação boa, de amor, de entrega, de que tudo faz sentido. Exatamente como deve ser o verdadeiro romance!

Eu encontrei-a quando não quis mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo o jornal na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais, que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai, me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia
eu levo essa casa numa sacola

Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
ter fé e ver coragem no amor

E só de te ver eu penso em trocar a minha TV
num jeito de te levar a qualquer lugar que você queira
e ir onde o vento for, que pra nós dois
sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar eu sigo essa hora e pego carona
pra te acompanhar

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Alô, Bozo?

Quando eu era criança lembro de voltar de férias e escrever a redação: Minhas férias. Hoje, infelizmente, não sou mais criança. Não tenho de escrever nada e mal saio de férias. Quando acontece, tenho vontade de não escrever, não voltar, não lembrar da vida (su) real - o que, de certa forma, comprova a mesma sensação infantil.
Bom, mas tenho feriados e agradeço cada um deles. Vivo, confesso, com um pensamento de proletariado, em que está sempre atrás da próxima emenda... É feio? E daí? Gosto da sensação de nada ter de fazer, mesmo quando (na verdade) temos.
Sendo assim, hoje escrevo no meu blog uma redação de feriado, em que destaco só as melhores frases. Sei que muitas delas não farão nenhum sentido para quem não estava lá... mas acredite: apesar de todo o frio que passamos juntos, foi hilário. Aqui vai:

- Alô, Bozo? (antológica)
- Vamos para a 4ª garrafa?
- De quem é o almoço hoje?
- Essa comida não vai dar...
- Pergunta: Quem foi que comprou 4 pacotes de fondue de chocolate branco?
- Resposta: Isso existe?
- Olha a fumacinha saindo pela boca! Óooohh
- Desculpa, mas que outro nome você dá para pintos?
- Membro?
- Na mímica: Calma!
- Alguém pode elogiar minha comida, por favor?
- Você brincava de médico com pessoas peladas?
- O seu umbigo é o mais lindo do mundo!
- Na mímica: Ânus e canivete (antológico).
- Né, fiiiiilho?
- O fogo ta acabando... soca tora!
- Como assim você nunca viu Dirty Dancing? O que você estava fazendo em 87?
- Eu achei o livro da casa e descobri que já era assim em 88!
- Já ta na hora da simpatia do santo?
- Ta muito frio para o santo vir até aqui, acho que mandou um estagiário!
- Meu Deus, que barulho foi esse? (gargalhadas)
- To com fome! To com sono!
- Vai uma batidinha?
- Não bateu, não bateu!

E mais outras tantas... Frio, meio do mato, lareira, vinho e comidinhas deliciosas. Tudo isso é incrível, mas o melhor mesmo foi a boa companhia. Aliás, isso é bom sempre. Em qualquer lugar. Adorei.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Só casando!

Ela foi modelo (na verdade, manequim – seja lá qual for a diferença). Linda, adolescente, olhos claros, corpo incrível. Década de 60. Época de festivais da Record. Pegava sua irmã mais velha e ia para porta da emissora assistir do lado de fora (raramente entravam).
Toda semana. Elas ficavam ali. Tinha um telão para o pessoal de fora e outro para que o Robertão visse o quanto abafava. Era a Jovem Guarda no palco. Erasmo, Vanderléia e, claro, o rei. Estavam todas ali por ele. Amava tanto... Ah! Se o encontrasse no cadilac (aquele mesmo, o vermelho) nem sabia o que faria tamanha emoção. Agarrava, beijava, casava... Para sempre teria o Roberto.
Na saída do show iam comer um x-salada (adorava x-salada) na lanchonete mais antiga da cidade. Depois seguia para casa. Esses eram momentos de glória. O final de semana perfeito.
Mas, num sábado qualquer, depois que Roberto cruzou (cantando) as curvas da estrada de Santos, um jovem chegou junto delas para puxar assunto. Bem apessoado ofereceu carona até a lanchonete. Como naquela época ninguém sumia, ninguém era sequestrado, ninguém era estuprado, elas aceitaram. Seguiram caminho.
Mas, no meio dele, perceberam algo errado. Estavam em um bairro estranho, cheio de mansões. Até que pararam de frente a uma das casas. Assustadas perguntaram de quem era. O motorista recém conhecido disse com naturalidade: do Roberto Carlos. E em seguida explicou que, mesmo pelo telão, Roberto queria conhecê-la. A adolescente de olhos claros fascinou o rei.
Alvoroçadas, as três meninas do banco traseiro gritaram de euforia, já a moça da frente disse firmemente: “Não. Não vamos entrar em lugar nenhum. Vamos para casa já. Eu não vou conhecer ninguém”.
Mas esse não era um alguém comum, era O CARA (com a permissão de Romário). Era o Roberto! Mas não teve jeito. Ela negou, bateu o pé e até gritou. Nada aconteceria.
Chegando em casa, quando questionada, explicou: “Ele é perfeito na minha imaginação. Está ótimo assim”. Se não era para ter o carrão, nem o casamento, não tinha conversa. Afinal, o mundo ideal estava na sua cabeça e era tão bom... para quê estragar?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Um mar de solidão

Tem coisas que ficam acima da gente. Situações que não necessariamente devem ter uma resposta. Momentos que nossa maior dificuldade é enxergar a possibilidade. Ver através de uma pequena janela, uma fresta, um buraco, um olho (mágico?).
O problema é reconhecer o que está ali. Você olha, olha e (quase) nada vê. Como é que pode? Depois de um tempo, você percebe uma sensação diferente. Começa a se sentir no meio do mar (de gente, de água, de verde). E no mar, você só tem horizonte. A vista não há terra, nem barco, nem pessoas, nem árvores... Nada. Só você e o vento.
E o vento vem... te sopra. E você vai, acompanhado (apenas) da sua própria solidão – e não há nada de mau nisso. Assim, você percebe o mais impressionante: não tem medo. Você não teme nada. Ninguém.
Nesse mar não existem monstros. Nada de tubarões, leões ou ladrões. Nesse mar há apenas o desconhecido. Quanta vantagem!
Como é boa a sensação do que desconhecemos. Mesmo as decepções são menores – porque nada esperamos daquilo que não conhecemos. Essa é a beleza de idealizar coisas (e pessoas) que não sabemos o que são, até que fiquem muito perto da gente.
Você está no mar das novas emoções. O mar de novos encantamentos. O mar de novos defeitos e das boas qualidades. Onde o horizonte é todo seu (e de mais ninguém). Onde você pode sentar e olhar pela paquera aquilo que só você quer ver (mesmo sem enxergar direito).
Um mar que tem a cor que você preferir, com as pessoas que você mais gostar. Um mar seu... até chegar alguém e tudo mudar.

Malandragem

Quem sabe eu ainda
Sou uma garotinha
Esperando o ônibus
Da escola, sozinha...

Cansada com minhas
Meias três quartos
Rezando baixo
Pelos cantos
Por ser uma menina má...

Quem sabe o príncipe
Virou um chato
Que vive dando
No meu saco
Quem sabe a vida
É não sonhar...

Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta
E não aprendi a amar
Eu sou poeta
E não aprendi a amar...

Bobeira
É não viver a realidade
E eu ainda tenho
Uma tarde inteira
Eu ando nas ruas
Eu troco um cheque
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo
Prá cantar...

Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta
E não aprendi a amar
Eu sou poeta
E não aprendi a amar...

Eu ando nas ruas
Eu troco um cheque
Mudo uma planta de lugar
Dirijo meu carro
Tomo o meu pileque
E ainda tenho tempo
Prá cantar...

Eu só peço a Deus
Um pouco de malandragem
Pois sou criança
E não conheço a verdade
Eu sou poeta
E não aprendi a amar
Eu sou poeta
E não aprendi a amar...

Quem sabe eu ainda sou
Uma garotinha!