terça-feira, 30 de setembro de 2008

Simples assim

Adoraria descobrir por que a qualidade de vida só é alcançada quando não temos muito tempo para aproveitar dela.
Sei que ‘qualidade de vida’ é um termo vago, mas hoje conheci um médico, de quase 80, que está entusiasmado (daquela felicidade de orelha a orelha, sabe?) com sua mudança para a cidade de Campos do Jordão. Foram anos e anos de trabalho árduo para construir uma bela casa (ele garante).
Já pensou? Anos e anos em busca do sonho de morar no campo. Mesmo com a mulher já morta, ele espera apenas pela visita dos filhos, netos e amigos.
Conheci esse animado senhor em circunstâncias de trabalho (meu trabalho, óbvio) e, confesso, que nos meus quase 30, senti uma mescla de inveja e pena. Inveja de alguém que conquistou o que queria, e pena de alguém que demorou mais de 20 anos para realizar um sonho.
A pergunta é: por que precisamos esperar tanto tempo para isso?
Meu sonho? Morar em Santos. Ficar perto da minha família, do mar e do que eu entendo como qualidade de vida. O que me impede? O trabalho, o (pouco) dinheiro que paga minhas contas e me deixa viajar (nos raros momentos em que não preciso trabalhar).
Mas volto à questão inicial: precisamos esperar até os 70, 80 anos para conquistar a tranqüilidade? Por que essa ânsia do trabalho perfeito, do salário perfeito e do tal reconhecimento?
Tenho assistido ao Paulo Zulu (sim, pelo trabalho extra que arrumei). A vida do cara é incrível. Família, filhos, onda, pesca, pé descalço, horta (repito: ele tem uma horta)! Sua vida: Cuidar com a mulher de uma pousada e, de vez em quando (se precisa de mais dinheiro), atuar em uma novela ou desfilar pra alguém... Pronto.
Eu não sei... Hoje cheguei a conclusão que quero mais vida e menos dor de cabeça. Mais riso e menos preocupação. Quero andar na praia (na minha praia), beber (mesmo que seja tônica) filosofando com meu pai, fofocar sobre tudo com a minha mãe e ainda ter tempo para assistir TV com meu avô (que, aliás, faz anos hoje. Lindinho). Simples assim.
Será que algum garçom de SP me traz isso tudo na bandeja, por favor?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Tijolos de aço

Acho que ando filosofando muito… ou pouco. Não sei ao certo. Mas andei pensando no depressivo Nietzsche, que acreditava (e pregava) que todos nós somos sozinhos. Independente de quem esteja do nosso lado. Nossa alma é solitária...
Ao mesmo tempo em que isso me parece lindo (em termos literários e filosóficos), é também triste demais para uma quase romântica como eu. Afinal, apesar de um tanto cética, ainda acredito no romance (antagônico, mas e daí?).
Um relacionamento deveria significar felicidade (pelo menos o início dele)! Vidas unidas pelo amor, pela paixão, razão ou, até, a teimosia, a burrice... Não importa. A verdade é que para muitos essa união também significa prisão, mesmice, chatice...
Quem nunca viu uma mulher respondendo pelo marido (quando a pergunta foi destinada a ele)? Quem nunca viu um homem mentir para conseguir fazer o que quer? Ou mesmo uma mulher que domina tanto a ponto de ditar as ordens da casa como um sargento?
Sempre acreditei que a vida em comum deveria ter como primeira ordem o humor. Sem risada já é difícil levar uma amizade e até mesmo o trabalho. Imagine um relacionamento? A temida e cruel (para muitos) vida a dois...
Quanto mais eu olho em volta, mais vejo gente procurando a perfeição, querendo moldar o outro, numa felicidade infundada (ao meu ver) e que não duraria muito tempo para acabar.
Sei lá... talvez todos esses a quem eu julgo (prefiro dizer que estou ‘apontando com carinho’) estejam certos, e eu errada. De repente a casa deles é forte e resistente o suficiente para abrandar muitas tempestades, enquanto eu ainda procuro tijolos de aço – o que pode ser uma bobagem. Mas quem é que sabe?

domingo, 28 de setembro de 2008

Saúde

Em homenagem ao ícone do rock brasuca, segue uma grande letra (na minha modestíssima opinião) de Santa Rita e Sr. Roberto.
Confesso que me identifico bastante... Saúde!

Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!
Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Inspiração

Da onde vem o amor, a saudade e a perda? Da onde vem esses sentimentos que transbordam, avançam e superam todo o entendimento dos seres humanos? Quando sentimos isso? E, piro, quando paramos de sentir?
Sei que o assunto é filosófico e abrangente demais para discutir em um pequeno texto, mas fiquei pensando nisso enquanto via um filme... Será que a busca pelo sentimento perfeito é eterna, ou sempre buscamos aquilo que não temos (e descobrimos – depois da perda – que tínhamos)?
Confuso, eu sei. Mas verdadeiro (creio eu, na minha insanidade duvidosa e temporária – assim espero). Acontece que nós estamos sempre buscamos algo que julgamos perfeito, e a perfeição dificilmente vem. Por que será?
As vezes acho que o tempo nos fez céticos demais (já escrevi isso aqui) e isso nos fez perder o frescor (bonita essa palavra, né?). O frescor do amor, da saudade e até da dor.
Sabe aquela sensação de “se eu não encontrar não vou viver”? “Preciso ver, saber, ouvir a voz”. “Não estou sentindo as minhas pernas” Sei lá! Toda a necessidade e aquela ânsia adolescente... onde foi parar?
Será que nosso cotidiano, o amadurecimento e o blábláblá diário mataram nossa inspiração?
Talvez, só Vinicius de Moraes (ainda) nos salve! Ou não?

Pessoas e "pessoas"

Tem gente por aí que diz ser o que não é. Nenhuma novidade na frase, eu sei. Mas confesso que isso ainda me provoca coceira.
O homem que eu mais admiro na vida sempre diz: “É tudo uma grande mentira”. Ele tem razão. Acontece que quando a mentira se liberta do submundo e vem a tona, me choca e dá vontade de gritar.
Tem gente por aí que diz que é, que sabe, que vê, que leu, que vai ao cinema, que tudo viu e que tudo vê. Praticamente um big brother para imbecis.
Quer exemplo? Tem gente que acha que se o filme é Cult, já é motivo para ser sensacional – mesmo que dê ânsia de vômito. Assim como tem gente que nem sabe o que é Cult, mas garante que é ótimo!
Tem ainda aqueles que dizem fazer muito, quando estão fazendo nada. Conseguem ludibriar a todos e ganhar fortunas (creia) sem saber ler um email até o fim.
Tenho um amigo que diz: “desconfie daqueles que estão sempre ocupados. Quem nunca tem tempo para um café, um papo furado, um boteco. Esses não são confiáveis”. Eu completo: assim como quem não tem amigos. Esses não devem valer como pessoas.
Por isso tudo, existem pessoas e “pessoas” (entre aspas mesmo). Essas “pessoas” mentem, são falsas, riem com você e nas suas costas rosnam, mostrando os dentes – prontos para atacar.
Feliz daqueles que não precisam conviver – ou aguentar – essas “pessoas”. Torço para que esses seres fiquem inanimados ou, pelo menos, desacreditados - pelo menos pra gente achar que o mundo ainda é justo.
Enquanto isso não acontece, a solução é ir ao boteco falar mal deles!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Conversa de Mulheres Solteiras

Um ‘não-relacionamento’ discutido do início ao fim, em um almoço entre amigas.
Mulher 1: De verdade, vale mais um homem interessante que bonito.
Mulher 2: Concordo. Homens bonitos são raros e dão muito trabalho. Em geral, eles têm certeza que são mais bonitos que você (inclusive)!
Mulher 3: Bonito ou interessante está bem raro algum que preste.
Mulher 4: Sem pessimismo né? Ainda acho que um dia eu encontro... não sei exatamente o quê, mas encontro!
Mulher 5: E quem disse que achar ‘alguma coisa’ é sinônimo de satisfação garantida? Você pode achar um homem e ele ser apenas mais um homem... igual há tantos. Que te faz rir e sofrer. Amar e odiar...
Mulher 1: Sai com os amigos e esquece de ligar... Te troca por qualquer jogo (mesmo quando não é o time dele)...
Mulher 3: Fala das belas teorias de como viver sozinho é uma transformação humana, um aprendizado...
Mulher 4: Putz... Mas te garante que você é especial como nenhuma outra...
Mulher 2: E... como todo homem interessante, ele diz isso com muito charme e dubialidade suficiente para você achar que é a solução de todos os problemas do menino...
Mulher 5: E aí... quando você percebe que não é solução para nada e que ele é seu real problema: Acaba.
Mulher 3: Você sofre e, por incrível que pareça, espera (novamente) encontrar o cara certo. Que faça com que você dê mais um sorriso apaixonado e te motive a solucionar novos problemas.
Mulher 1: O que podemos concluir que os homens podem até ser interessantes, mas as mulheres deveriam ser mais inteligentes...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dignidade de mariposa

Era uma vez uma mariposa, que vivia em uma cidade de praia. Seus dias eram cansativos – até mesmo para ela própria.
Passava noites e noites rondando luzes. Em dia claro, ficava a vagar pelo sol, ou pousava, para admirar (mesmo com a visão turva) a paisagem e os transeuntes.
Ficava sempre chocada com o andar dos seres humanos. Um passo na frente do outro (ou seria um atrás do outro?). Olhava aquelas pernas indo e vindo e pensava: por que tenho asas?
Não sentia sua vida feliz. Odiava aquela busca incessante pela luz. Tudo aquilo atrapalhava (ainda mais) seus olhos, que já não enxergam bem. Além disso, vira amigas e parentes morrerem pela ânsia da luz, da visão perfeita. Mas ela era diferente, nunca quis ver direito. Queria andar... Ah... se pudesse...
Estava cansada. Sua vida (que já é curta) precisava acabar. Mas, ao contrário das outras, decidiu que não morreria pela luz. Queria escolher um lugar mais digno e, até, mais humano para isso. Assim, escolheu um local a altura de um suicídio clássico: o banheiro.
E foi até o primeiro que encontrou com a janela aberta. Se dirigiu até o canto do box e lá ficou aguardando sua morte. Pensando como gostaria de pernas para pular pelo parapeito, ou de braços para cortar os pulsos. Ficou ali... aguardando a morte.
No momento em que seu pequenino corpo se entregava, com as asas murchando... sentiu um balanço. Abriu os olhos com dificuldade e viu (com sua péssima visão) um homem que a levantava. Não conseguiu perceber como ele a suspendeu sem encostar em seu corpo. Mas sentiu quando fora jogada pela janela.
O homem pensou: “Pobre mariposa, salvei sua vida”. Já a mariposa deu seu último suspiro (e o único realmente feliz): “Fui assassinada! Sou, finalmente, humana!”

domingo, 14 de setembro de 2008

Crueldade líquida

Dieta… Existe uma palavra mais cruel? É tão cruel que deveria ser contra lei. O pior é que independe de quanto você realmente precisa dela. Todo mundo faz um dia, uma hora, uma fase da vida.
Quer exemplo? Juliana Paes. Corpo perfeito, certo? Errado. A moça achou que para casar precisava emagrecer, malhar e ficar ainda mais perfeita. Ok. Ela vive disso, a imagem é a sua vida. Enquanto isso, nós, pobres mortais, tentamos ficar bacaninhas em um biquíni. Nada demais... apenas tentar não parecer um elefante usando um tecido amarrotado e apertado.
Tudo bem, tudo bem... Afinal, a não ser pelo nome, não tenho nada de parecido com a famosa atriz do olhão e, por isso, uso como desculpa o fato de “exercitar” (palavra desconhecida) outro tipo de músculo: o cérebro (boa essa, não?).
Voltando a dieta (com sua eterna crueldade), tenho uma dica: só comer (ou beber) o que é líquido. Elaborei essa teoria (burra) há uns anos. O que é líquido não engorda. Afinal, como poderia? Líquido... líquido! Um bolo de chocolate sim... fatal! Mas milkshake? Cerveja? Caipirinha? Impossível!
Por isso, para uma dieta digna da Juliana Paes, eu recomendo a seguinte sobremesa: morango com leite condensado (alguém conhece algo mais light ou mais cruel?).

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Seres da Vila

Cacheados, enrolados, espetados, espevitados, atrevidos, embaraçados, raramente lisos, sem chapinha, sujos (os de alguns), estranhos, loucos, rebeldes, sem corte, sem graça, sem vida, cheios de vida, brilhosos, opacos, com faixas, gorros, fivelas... Assim são os cabelos da Vila.
Sem salto, de tênis, sem cadarço, sem cor, coloridos, sem bico (nem pensar!), de dedo, salto baixo, confortáveis, sem meia ou de meias coloridas, feios, sujos, lindos, estilosos... Assim são os sapatos da Vila.
Coloridas, descoladas, esvoaçantes, sem nexo, com charme, sem combinação, tudo combinando, largas, confortáveis, listradas, estampadas, lisas, tudo ao mesmo tempo agora... Assim são as roupas da Vila.
Lindos, feios, exagerados, coloridos, estranhos, esquisitos, cheios de frufrus, com babado, com flores, miçangas, de madeira, de coco, de semente, de clipes, de lata, de fuxico, de lã... Assim são os acessórios da Vila.
Vila Madalena. Muita árvore, cor e estilo. Assim são os seres da Vila.
Senão dá para morar em Santos (ainda), que seja (apenas) na Vila.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Lei seca

Anos atrás eu não ficaria sequer preocupada em dirigir depois de um bar (eu não bebia álcool, mas sempre curti bar... vai entender!). Hoje, gelo quando vejo a blitz na minha frente. Passei duas vezes pelo sufoco, mas em nenhuma fui parada (por sorte). 950 reais pra polícia? Ia chorar muito!
Na coluna do Millôr dessa semana ele argumenta que está sendo punido por causa do Jaguar (é verdade. Somos punidos por aqueles que exageram). Mas como nem tudo nessa vida é justo, temos de nos ajustar a nova (e infeliz) realidade. Assim, gerei algumas teorias insanas (e impraticáveis), para serem contadas na mesa do bar (lugar muito propício para o assunto). Segue:
- Blitz a vista. Pare o carro em qualquer garagem (ou vaga), antes dela. Tranque-o e saia andando tranquilamente até avistar um táxi - que o levará para casa. É melhor e mais barato ter o carro guinchado, do que ficar sem carta e pagar uma fortuna.
- Parado na Blitz. Recuse o teste do bafômetro. Mas para isso, tenha sempre a mão uma pequena garrafa de vodka. Na frente do guarda vire sua garrafinha e avise: “Agora sim estou bêbado, seu guarda! E por isso, não vou mais dirigir”. Talvez você seja preso por desacato, mas ainda é melhor...
- Blitz para mulheres. Parada, bêbada (ou quase), faça charme. Que homem não gosta de um charme feminino? (mesmo com uma guarda feminina, pode ser que dê certo). Meu conselho é: mostre a cacinha! Se não surtir nenhum efeito, ofereça também o sutiã. No máximo, o policial vai achar que você é louca. Isso não pode ser considerado suborno né? Afinal... como provar que você disse uma loucura dessas?
- Blitz para mulheres – Parte II. (Aviso: essa teoria não é minha) Parada, tenha sempre um saquinho de ketchup no carro. Antes do guarda chegar em você, espalhe o líquido vermelho entre as pernas e comece a chorar. Avise o guarda que você está indo ao hospital porque algo está errado!

Obviamente essas teorias só servem para o bar... e, depois dele, o melhor mesmo é andar de táxi.