quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Lista

Faça uma lista de grandes amigos, de grandes passagens, grandes momentos, brindes, mesas de bar, trabalhos confusos (porém finalizados), nascimentos especiais, mortes saudosas... faça uma lista e agradeça 2009. Ele acaba hoje e tem uma sensação (confesso) de que vai tarde.
Hoje é dia de 7 ondas. Desejos puros, crentes e até inocentes. Desejos pedidos a quem? Deus? Iemanjá? Vida? Céu ou mar? Quem realmente se importa? Cada um tem sua fé e é indiscutível.
A verdade, é que nossos pedidos fazem parte da simbologia que isso representa: um ritual de passagem anual – que não pode (e nem deve) ser quebrado. Por isso, preparei minha pequena lista. Aqui vai:

1)Saúde e proteção. Esse vale para mim e todos aqueles que amo, pois sem eles não tenho nem saúde, nem proteção alguma.
2)Amor. Sentimento merecedor de um pedido, desde que venha acompanhado de sinceridade, lealdade, leveza e companheirismo.
3)Dinheiro e trabalho. Se vier da mega-sena eu agradeço mais (claro). Mas, senão, fico feliz com projetos no ar, dinheiro no bolso e muito trabalho na cabeça.
4)Leveza e felicidade. Quero a promoção de risadas. Quero a leveza do reveillon durante o ano inteiro. Quero dançar a música de uma boa gargalhada, sabendo que isso (sim) é felicidade.
5)Encontros. Em 2010 pretendo valorizar cada encontro que tiver. Promover mesas com grandes amigos, conversas furadas em bares em que nunca tomamos o último gole, sempre mais um.
6)Oportunidades. Fazer cursos daqueles que nunca me inscrevi por falta de dinheiro ou outra besteira qualquer. Viajar com cada centavo recebido, na companhia de quem me faz bem. Criar oportunidades de muito mais momentos felizes.
7)Conseguir fazer tudo isso e não ficar triste caso nem tudo dê certo.

A partir de meia noite de hoje temos 365 para correr atrás daquilo que ainda não conseguimos. Depois, se Deus quiser, teremos mais 365, mais 365, mais 365... e assim vai. A passagem de ano nada mais é do que a possibilidade de novas possibilidades (e é linda por isso).
É só mais uma virada de mês, com a relevância (nesse ano) de viver os últimos dias do final da década. Se é realmente importante? Não sei... mas creio que se a gente quiser, pode se tornar!

Chega de 2009!
Que venha 2010 (muito melhor e infinitamente mais feliz)!

sábado, 26 de dezembro de 2009

Saldo

Poderia medir o saldo do ano sem apontar se foi negativo ou positivo – afinal, na vida isso não funciona (como nas finanças). A vida é mais complexa do que planilhas de Excel (apesar de eu nunca ter entendido as planilhas, confesso). Em 2009 perdi coisas, pessoas e sentimentos. Matei todos eles (não de forma literal, claro) em diferentes tacadas. Assim como eles me bateram também. Machuquei e fui machucada. Sofri em momentos bem específicos, cresci um pouco em cada queda (por mais antagônico que isso possa soar).
Muitas pessoas me decepcionaram, mas foi com elas que reaprendi que a gente é o que é – por mais que as vezes tentemos mentir a respeito. Uma hora a máscara cai e somos pegos pelo susto. Mas, como tudo, passa.
Foi nesse ano que passei a duvidar de grandes eventos de comemoração. Eles, nem sempre, representam os reais sentimentos de cada um. Não são tão verdadeiros como deveriam. Emocionam aos olhos do leigo, mas não necessariamente querem dizer alguma coisa. Com isso, aprendi que festas são incríveis, mas não precisamos delas para ter felicidade – porque, para isso, é preciso mais do que vestidos ou jantares. É preciso sentir (e, por isso, é tão mais complicado).
Sem conselhos, consegui negociar. Resolvi que poderia ser mais e melhor, sem ouvir quem nunca quis, realmente, dizer. Errei, extrapolei e consegui. Passei a confiar mais em mim mesma e menos nos outros.
Conheci gente nova. Gente que nunca mais verei e outros que levarei para sempre comigo. Confirmei que sem família e sem amigos não somos nada. Que se um dia viraremos pó, precisamos deles para nos manter vivos e sorrindo em qualquer lugar. São eles que nos recebem, abraçam, oferecem o ombro e mostram que até chorando é possível também sorrir.
Junto com as crianças, filhos que não são meus, vi que a vida deve ter o mesmo sentido infantil: a gente cai e levanta, chora e sorri, erra e aprende, sem nunca crescer completamente – só deixamos mesmo de fazer xixi na cama (ou, pelo menos, a maioria de nós).
2009 teve seu valor. Mas daqui uns dias vai começar um ano novinho em folha. Como numa tela em branco podemos escolher o fundo (depois trocar), o desenho principal (depois trocar), todas as perspectivas (depois trocar), as cores (depois trocar) e a moldura (essa, sem troca). São 365 dias para então pendurar mais um quadro na parede da (nossa) vida. Se ficar feio, melhoraremos em 2011. Mas... e se ficar lindo?
Cabe a cada um fazer sua parte: escolher um bom pincel e tintas de cores vibrantes, e colocar todo o sentimento e criatividade na tela.
Boa sorte pra nós!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Então é natal

O natal é aquela época em que as crianças se divertem e os adultos trocam olhares de lembranças. Olhares do passado... pensando o quanto o natal era divertido quando todos acreditavam no Papai Noel.
É uma época estranha para mim. Toda essa nostalgia envolvida... Pessoas que nunca mais vi ou verei, simplesmente porque a vida é isso: uma passagem.
De verdade, ninguém lembra do aniversário de Cristo. Ninguém canta parabéns a ele. Não tem bolo, nem vela ou primeiro pedaço. Mas a sensação de que é uma época diferente, fica. Ninguém (mesmo os ateus) fica impune ao natal. Ninguém.
Hoje é a véspera. Mas é nessa noite que comemos perus, tenders e outras coisas emblemáticas para celebrar a noite cristã. Trocam-se presentes, beijos e abraços – mesmo sem entender muito o porquê de tudo isso. Todos fazemos. Está implícita na nossa condição humana (ao menos a brasileira), creio.
Mas hoje é também o dia em que podemos agradecer, pedir e renovar. Se Cristo nasceu e passou por poucas e boas, ele com certeza vai ouvir os pedidos mais amenos – só para mostrar que o mundo para gente é bem mais fácil do que foi pra ele. E aí, a gente consegue enxergar que é possível conquistar mais coisas, sem ser crucificado no final – desde que “façamos o bem, sem olhar a quem”, já diria meu avô.
Vamos aproveitar a noite com a família, os amigos e as pessoas amadas para lembrar de que é preciso amar mais, para viver (muito) mais e melhor. Que é preciso perdoar, para ser feliz. E que tudo isso se consegue lutando, arregaçando as mangas e confiando na gente mesmo.
Que nesse natal a gente consiga ver a nossa vida com outros olhos, procurando a leveza para descobrir que o melhor é ser feliz nos pequenos momentos – porque são eles que valem a pena (de verdade), o resto é blá blá blá natalino.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Rir ou chorar?

Quanto vale o seu perdão? Já pensou sobre isso? Por que será que nosso pedido de perdão é mais importante que o do outro? Somos mais sinceros (claro). Mas... todos somos, certo? E é aí, que a história se complica.
Hoje me fizeram pensar nisso. Muitas vezes esquecemos que perdoar é também aprender, é mostrar que somos capazes de amar. Mas as vezes é tão complicado...
Mesmo quando esquecemos o real problema, quando nem nos lembramos mais daquela pessoa que magoou tanto, que foi embora, que traiu, que nos matou por dentro (ao menos um pedaço)... quando ela nos vem a memória tudo parece voltar. A mágoa, a raiva, o rancor. Mas isso vale?
Vale nada. Coisa nenhuma. A falta do perdão é muitas vezes puro orgulho. Uma tentativa, sem nenhuma vantagem, de ser grande, melhor, absoluto e (muitas vezes) vítima. Afinal, é tão melhor ser o coitado da história. Dá menos problema. Acusamos alguém de nossa tristeza, e pronto. Todo mundo entende e te dá atenção.
Ego. Nessa hora é o ego quem manda na cabeça da gente. Perdoar é bacana (dizem), mas difícil pacas. Não fomos criados para oferecer a outra face assim... numa boa. A gente quer que o outro sofra. Não acreditamos que o outro não tenha feito por mal, não tenha pensado em como te magoaria. Mas, talvez ele tenha feito apenas o que era melhor para ele. Assim, sem pensar mesmo. O difícil é encarar a (nossa) vida depois do perdão, isso sim.
Dizer que tudo passou, é mentir. Dizer que não lembra da dor, é auto traição. Mas confessar que está disposto a ser feliz, pode virar realidade.
Pensando nisso tudo, chego a conclusão que o mais difícil do perdão não está no ato em si. Está na continuidade dele. Se você perdoa não pode mais se queixar e tem que encarar a vida de frente. Fazer com que o simbolismo dessa atitude te dê a coragem para ser feliz a partir dela.
E ser feliz é muito, muito mais complicado do que perdoar – mas é também muito, muito, muito mais divertido.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Abaixo a balança

Se balança fosse bom não teríamos nenhum problema ao subir nela. Passaríamos ilesos e de nada valeria a sua marcação. Mas não. Balança causa taquicardia, depressão e náuseas (sem nenhum exagero).
Desculpa, mas não conheço uma só pessoa que goste de pisar em uma e olhar aqueles números cruéis te atacando ferozmente. E, o pior, agora eles são grandes, digitais. Pelo menos, antigamente aquele ponteiro girava e mostrava o temido peso em letras pequenas (apesar de que, se o ponteiro girasse muito, o trauma era ainda maior).
Não sei. Não gosto delas. As mulheres têm dois problemas na vida pessoal (com o espelho): envelhecer e engordar. Fato. São raras as mulheres que temem uma balança porque são magras demais – elas existem, claro, mas quase não se vê entre as drogarias.
Descobri que homem também não gosta. Sempre namorei gordinhos e nenhum deles gosta nem da palavra, quanto mais do objeto. Meus amigos heterossexuais nem sabem o que é isso, e os gays sempre se acham gordos, correndo nas academias da vida.
Toda mulher que conheço está de regime, ou está grávida e de dieta. Fibras, iogurtes naturais, frutas frescas e secas... tudo no lanchinho da tarde.
Criei uma teoria para driblar a balança (mas ninguém ousa tentar): o que é líquido não engorda. Afinal, como engordaria? Passa direto! Outra: se você misturar uma coisa bem calórica, com outra natural, você criou uma sobremesa balanceada e bem light. Exemplo? Morango com leite condensado. Perfeito!
Ok, piadas a parte, a dica é: corra das balanças em época de natal. Deixe pra lá... o ano novo virá com uma barriga novinha em folha e quem sabe – se você não se preocupar tanto com ela – bem lisinha e sem gordura?
Não dá mais para tentar ser como a atriz, a modelo, a garota da capa... esquece. Assuma quem você é, mas seja saudável. Coma bem, evite os doces (mas libere durante a tpm ou um dia de mau humor), beba com os amigos, caminhe ou faça qualquer outro exercício... e esqueça seu corpo! Divirta-se! Você vai ficar mais bonita se não criar mais uma neurose (e veja bem, já somos loucas o suficiente, né?), podemos ficar sem essa! Por isso, em 2010, abaixo a balança!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Viver sem pensar

A vida é cíclica. Nenhuma novidade nisso. A gente nasce, cresce, envelhece, morre. Outros nascem, crescem, envelhecem e também morrem. Sucessivamente. É muito simples, mas a gente esquece. Até o dia que alguém nos joga na cara.
Ontem foi um dia assim. Amanheci com uma notícia de morte. E aquela sensação da perda se arrastou comigo pelo dia. No final da tarde veio o nascendo da Luiza (minha afilhada querida e linda).
Enquanto a via pelo vidro do berçário, chorando sem parar, isso não saía da minha cabeça. Aquela criaturinha tão pequena, super saudável ainda vai passar por poucas e boas. Mimos, risadas, presentes, carinhos, estudos, namorados, casamento (ou não), filhos (ou não) e envelhecimento, assim como todos nós. E, também assim como todos nós, ela não pensará no fim. Nunca. Até que ele chegue.
Quando temos esse tipo de choque no mesmo dia vemos como a vida é curta (e não importa quanto tempo vivemos) e como não sabemos nada dela. Têm muitas vantagens nisso: aproveitar mais, sentir mais e sofrer muito menos. Se tudo vai acabar um dia (de qualquer jeito), porque ligar para pequenos problemas? No fim seremos pó e milhares de crianças continuarão chorando ao nascer e sorrindo ao engatinhar.
Viver sem pensar ainda é o melhor caminho a seguir em qualquer altura da vida. Nosso desafio é tentar!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Roteiro individual

Já tenho rugas. Ainda não cheguei na idade de dizer que estou velha. Mas passei da idade em que sou nova. Sou o que todo mundo chama de jovem – que é uma definição bem vaga, diga-se de passagem. Pode-se ser jovem para sempre (dizem), mas sua aparência não vai ajudar muito – é bom lembrar.
Cortei o cabelo de um jeito que prometi cortar apenas aos 35 (o que eu achava ser velha e hoje acho o contrário). Me olho no espelho e vejo que existem traços que não são os mesmo de tempos atrás. As famosas e malditas “marcas de expressão” - um belo jeito de não usar a palavra certa e mais temida do cotidiano feminino: rugas.
Não estou sofrendo. Pelo contrário. Realmente acredito que envelhecer faz parte da vida – ou estaríamos todos mortos (o que não seria muito bacana para contar histórias, já que mortos não as contam). Por isso, investi em cremes. Caros cremes.
Mas, como eles ainda não chegaram, a minha ansiedade de usá-los me faz envelhecer mais a cada dia. Sei... é mesmo psicossomático, mas é assim que sinto: saio do banho e minha pele resseca de um jeito que sorrir me daria mais rugas (tenho certeza). Um horror.
É claro que tudo isso é um exagero, mas as mulheres buscam uma jovialidade insana e eterna. E eu me pego pensando que estou chegando lá. A gente começa com uma neura estranha de que devemos parecer a Penélope Cruz aos 40 e poucos (para sempre) – sendo que nunca, sequer, lembravam da moça quando te olhavam mais “jovem”.
Aí, vem a Meryl Streep dançando como uma menina em um musical e pensamos “quero estar assim aos 60 e poucos”, se nem loira e nem de música você gosta.
As mulheres e o cinema. Esse é nosso problema e nosso parâmetro. Um erro brutal, só resolvido se houvesse um maquiador e um cabeleireiro todos os dias, logo pela manhã, só para dar aquele trato que todas merecemos. Assim, seguiríamos com a vida sem medo da idade que nunca teríamos (claro) porque ninguém envelhece no cinema, nunca. Elas são imortais, ultrapassam o tempo, a morte... e todas as rugas ganham charme, beleza e traços de experiência, e autenticidade.
Por isso, façamos o mesmo com nossos espelhos (e nossa maquiagem). Afinal, somos as estrelas de nosso próprio roteiro, não?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Asa Morena

Eu era pequena. Devia ter uns 4 ou 5 anos. Andava com uma vitrolinha Philips laranja, carregada pela alça, para todos os lugares. Era como um talismã (creio). Na outra mão segurava, cuidadosamente, discos que já mostravam meu lado eclético (pra tudo): Chico Buarque em "Cálice"; Fafá de Belém cantando o Hino Nacional (vai entender!); Grupo Dominó (mais tarde) e Xuxa (também mais tarde, um pouco). Uma verdadeira miscelânea de sons.
Mas, naquela época (acho que 1982), dentre todos, eu tinha uma música predileta. Asa Morena, cantada pela Zizi Possi... Deus sabe em qual o disco! Eu adorava a voz, o jeito dela cantar, o tom macio... sei lá! Se pudesse escolher, lembro que cantaria só essa música o dia inteiro.
Confesso que, hoje, quando ouço (coisa rara), volto à vitrolinha, com a sua tampa/caixa, tocando para mim (somente), embaixo de um quiosque num bairro afastado de Ribeirão Pires. Bons tempos... e esses, não voltam (mesmo) mais.


Me faz pequena, Asa Morena
Me alivia a dor
Aliviando a dor que mata
Me faz ser teu amor...

Me toma no crescer
De um beijo muito louco
Me implodindo aos poucos
No universo a desvendar
A vastidão do teu amor...

Me toma sem pensar
Num gesto muito forte
Unindo o sul e o norte
Do meu corpo
Frágil corpo
Com a mais pura emoção...

Me faz pequena
Asa Morena
Me alivia a dor
Aliviando a dor que mata
Me faz ser teu amor...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Dignidade

Ele não tinha saída. Envelhecia cada dia mais e nada podia fazer a respeito, a não ser viver o melhor que podia. Tinha sorte: a lucidez. Escrevia, lia, ia ao cinema, recebia amigos (os ainda vivos) para almoçar e tinha na filha a melhor amiga.
Mais do que amiga, ela era também a conselheira, o incentivava a sair e o ajudava a se manter financeiramente – apesar de ainda se orgulhar de alguns poucos trabalhos e lançamentos que apareciam.
Se dava ao luxo de manter uma certa vaidade. Os cabelos brancos, a barriguinha saliente, as rugas... tudo desaparecia por completo quando começava a falar com uma mulher bonita, quando percebia que ainda tinha charme, que ainda fazia a bela sorrir e corar. Nessa hora, era jovem. Nessa hora, era feliz.
Por isso, ficou verdadeiramente encabulado quando teve de perguntar ao seu médico cardiologista se poderia voltar a tomar Viagra. Na frente da sua filha, pegou realmente mal. Mas o que faria se agora ela o acompanhava em consultórios, visitas, laboratórios? Ele precisava falar – já que (graças a Deus) ela não o acompanhava em todos os lugares.
Infelizmente, seu médico negou qualquer possibilidade. Decepcionado, rezou para que ela nunca comentasse nada. Ela, respeitosamente, calou. Em casa, ele teria outras possibilidades, mesmo sem o remédio, pensou.
Ela foi para o trabalho e ele se trancou no quarto, ligou a TV e procurou seu canal particular (como gostava de pensar). Nada. Não achou. Procurou na revista da tv por assinatura o número do canal, digitou e nada aconteceu. Cancelaram? Mas por quê?
Ligou para a filha. Ela resolveria. Pediu para que ela ligasse na empresa e reclamasse. Ele queria todos os canais - enfatizou ao telefone. Ela foi até a casa do pai, mostrou que todos estavam lá. Filmes, desenhos, jogos, tudo. O que mais ele queria?
Aos 83 ele cansou. Decidiu que não tinha porque negar, inventar, tentar explicar... estava (claramente) velho demais para isso. Então, respirou fundo, reuniu a coragem, recolheu o orgulho e disse: Falta o canal da Playboy, filha. Preciso dele.
Paciência. Precisava viver o tempo que lhe restava com dignidade (ao menos a masculina).

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Simples desejos

Por que em todos os finais de ano a gente começa a pensar em coisas para desejar no ano seguinte? Uma bobagem – principalmente quando o saldo do ano atual (em relação aos desejos do ano passado) é negativo. Ainda assim... desejamos. Quase um vício, creio.
Desejo coisas desde que me conheço por gente (e já pensava). Pulo ondas, peço aos santos, escrevo cartas a mim mesma, faço listas... muitas! Bobagem. Não, não tem nada de amargura nisso. Acontece que a maioria dos pedidos não depende só da gente. Depende também de outro.
Um chefe para reconhecer e dar aumento, um namorado que te ame, um empresário que acredite em você, alguém que te peça em casamento, a safada da máquina da mega sena que nunca tira os números certos... Sempre tem outras pessoas (ou coisas) envolvidas. E é isso que temos de mudar.
Cheguei a conclusão que minhas ondas terão pedidos genéricos e universais (algo como um pedido de Miss – com a paz mundial). Não farei listas, cartas ou qualquer coisa assim. Vou desejar apenas o que está ao meu alcance. Logo ali, a mão.
Brincadeiras a parte é bem complicado desejar pouca coisa. Somos, por natureza (e biologia) megalômanos. Pensamos muito mais além do que podemos (ou deveríamos). Projetamos coisas que estão fora do nosso alcance. Culpo filmes e livros de positivismo e auto-ajuda.
Claro que desejar e sonhar faz parte da gente. Mas sonho nem sempre vira realidade. Querer nem sempre é poder – infelizmente. E a gente se recusa a acreditar nisso. Não, não estou sendo amarga (repito), mas realista (e apenas).
Veja bem: sou a favor do sonho, do pensamento nas alturas, de desejos profundos e difíceis (como a loteria, ou o jogo do bicho – já tava bom). Mas esses a gente deve jogar ao acaso, sabe? A gente deseja, acredita e quem sabe um dia o universo, os anjos ou um ser humano bondoso diga “amém”. Temos de acreditar neles, o que não devemos é sentir a frustração de final de ano, quando lemos a tal lista (mesmo que mental).
Para minimizar erros e frustrações, ofereço a saída: faça desejos simples. Pense em todas as coisas que você sempre quis fazer e nunca fez por preguiça, má organização, falta de coragem... Encare seus medos e faça de 2010 o ano das grandes realizações PESSOAIS. Um curso, uma viagem (ou mais), uma mudança radical de trabalho, uma nova forma de encarar o chefe, a vida... Qualquer coisa vale, desde que comece por você. Só por você.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Vingança

Namoraram por muitos anos. Disseram todas as palavras de amor e fizeram todas as promessas... Ela acreditou em todas. Não havia porque duvidar. A vida seguia como devia.
Veio o casamento, os filhos, a vida em comum. Junto disso, vieram grandes negociações, muito dinheiro. Ela se orgulhava em perceber que estavam crescendo juntos. Acreditava ser uma união de contos de fadas. Via que ainda tinham amor, paixão, mesmo depois de tantos anos.
A empresa crescia a cada dia. Ele assumia e resolvia todos os problemas. Trabalhava muito. Ela cuidava dos filhos, da casa, dos jantares e das festas. Os dois se completavam.
Com o tempo ela sentiu que eram mais amigos do que amantes. Já se passavam 30 anos desde o casamento. Ela sabia que era difícil manter uma paixão acesa. Diante do espelho, lamentava. Tinha saudades daquilo que eles foram um dia...
Para piorar, ele chegava cada vez mais tarde. Os antigos carinhos andavam nulos. Velhos prazeres não existiam mais. Não iam mais ao cinema, jantares românticos só em raras datas especiais, ou com a família inteira... Tudo parecia distante e infeliz.
Nunca havia desconfiado dele. Eram cúmplices (acima de tudo). Mas em mais uma noite sozinha resolveu checar as contas – coisa que nunca fazia. Viu compras que nunca fez; jóias que nunca ganhou e jantares que nunca foi.
Esperou calada a chegada dele. No confronto, soube da paixão pela secretária, anos mais nova (em um caso clássico). Magoada, pediu que ele se fosse.
Estava exausta, não dormia há dias. Sofria não apenas com a traição do marido, mas pelo amor que não tinha, pelo vazio, pela solidão... Na frente de seu advogado avisou que não queria mais do que o necessário: sua casa, seu sítio, a casa de sua mãe... o que era justo (acreditava).
Ele lamentou o ocorrido, e achou ser digno da parte dela. Porém, deveria lembrá-la de que tudo estava em seu nome. Nada pertencia ao seu marido por problemas fiscais.
Surpresa, ela levantou o olhar, e ele lhe garantiu os carros, as empresas, propriedades, o helicóptero. Assim, sem nenhuma dúvida ou lágrima, ela pegou o celular e ligou para o (agora) ex-marido: “Querido? Você está demitido”. Desligando, sorriu para si mesma e viu que a sua nova vida acabava de começar.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Non sense

A visão feminina sobre as coisas pode nos deixar mais sedentos por algo que (simplesmente) não vai ou não precisa acontecer. As mulheres, as vezes, são um saco (a não ser eu e minhas amigas, claro).
Exigimos coisas que podem estragar o que já está ótimo. Por algum erro de conexão com a torre (seja ela qual for), esquecemos da frase: “em time que está ganhando não se mexe” – e nada tem a haver com futebol.
Ah... essas mulheres insanas. Numa mesa cheia delas você pode ouvir qualquer tipo de reclamação – partindo do filtro solar, passando pela morte do artista, a viagem da outra, até o problema com o namorado. Tudo. Na mesma mesa e quase ao mesmo tempo. A gente não conhece (e nem quer conhecer) rédeas, mas tem consenso único: queremos carinho. Vindo de qualquer (e toda) parte.
O problema parte daí. Quando em excesso, o carinho irrita. Quando nulo, deixa amargura. Quando escasso, grosseria. Na medida, pode deixar... louca. Por que qual é exatamente a medida? O que é para uma, com certeza não é para outra.
Queremos quem cuide, quem olhe, quem nos dê um sorriso e faça uma ligação no meio do dia. Mas (dizem) que a atenção demais também enjoa. Difícil, não?
Quando não se tem nada disso, queremos tudo – em proporções exacerbadas. Quando temos, podemos querer ainda mais ou menos (?). É uma eterna divisão de sentimentos. E não há chocolate que nos cure. Somos insaciáveis. De verdade.
Ser mulher não é fácil. Descobrir o que queremos ainda menos. Porém, sabemos o que não queremos e isso (na cabeça de uma louca) já é o suficiente – o resto é amadurecimento.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mulher de fases

Me dou o direito de ser instável. Sou mulher e isso já basta como explicação. Mudanças hormonais, as vezes. Noutras, pura loucura. De repente, um filme, uma canção e mais uma contradição.
Se ontem estava ótima, hoje o humor é mais ou menos, terminou o dia mal e amanhã tudo será mais intenso. Tanto faz o dia do mês, do ano. Complicado. Mulher de fases.
Numa mea culpa posso dizer que (talvez) por isso meus relacionamentos não deram certo. Faz sentido, até. Eu cobro, peço, reclamo, depois amo, agrado, abraço, beijo. Será que somos todas assim? Loucas e necessárias (para nós mesmas, quem sabe?).
Confesso que turbulências acontecem. Não sei se por defeito de fabricação ou por lapso de atenção. Nessa hora me lembro da instabilidade aérea e reconheço a sensação. Difícil.
Uma conversa na saída do aeroporto, um olhar diferente num restaurante qualquer, um sorriso na sua direção, uma cobrança indevida, um beijo roubado, seu nome em uma lista negra, contas a pagar, casa pra arrumar, um homem bonito pra olhar, lembranças que devíamos ter esquecido, mágoas sem sentido, palavras (não) ditas... tudo muda nosso humor.
Somos profissionais da neura. Um telefonema nunca feito ou a música certa na hora errada podem simplesmente estragar um dia incrível. Temos a tendência de potencializar o problema e não relaxar. Nunca. Em alguma pesquisa por aí deve haver a estatística que comprova a insatisfação crônica feminina. Apesar de que, pra mim, a palavra do Woody Allen já basta.
Gostaria de ser diferente. Mas faz parte da essência, creio. Ao mesmo tempo temos algo que eles não têm: o poder de reconhecer erros, pedir desculpas e deixar orgulhos imbecis de lado. Mais do que eles, sabemos que a vida segue e que isso não muda. Porque o resto... muda (e como!).

sábado, 28 de novembro de 2009

Rock n` roll na veia

Quando o rock n’ roll acontece em nossas vidas, tudo pode ter outro ângulo. Parece uma bobagem sem tamanho (e é), mas se você pensar bem, faz sentido.
Eu era criança quando desenhei capas de discos dos Beatles, enquanto ouvia os mesmos. Não só me apaixonei pelo John (num amor platônico – claro – e eterno), mas pelo som, letra, melodia e história (contada pelo meu pai) de cada música ou cada LP.
O tempo passou e meus ídolos ainda são os mesmos – como diria Belchior, na voz de Elis. Sim, como se pode ver tenho meu lado MPB, assim como recorro com frequência à bossa nova, ao jazz e ao samba (porque ninguém é de ferro). Mas... o rock está dentro de mim. De verdade e com toda a satisfação.
Ontem, dancei e cantei all night long, com o AC/DC. Os australianos já passam dos sessenta e continuam estraçalhando com a guitarra do Angus e as letras de tom pornô. Num momento desse você enxerga um mundo diferente (como disse acima). Naquela hora, naquele estádio, na arquibancada de sempre, me sinto apenas música. Nada mais.
Ainda nesse mês, estive no show do Metallica. Ali, percebi que nothing else matters quando você está feliz com aquilo tudo. O mesmo aconteceu nos shows do Aerosmith, Ozzy, U2, Lenny, Rolling Stones... e tantos outros.
É quando o balanço toma conta da alma e não deixa você entrar na sua (própria) realidade. Assim, você vive outra (sem nenhuma dificuldade). Participa de um mundo que não é seu, nem de ninguém. Dança, grita, chora (se for o caso)... e tem certeza de que ninguém está vendo, ou percebendo – simplesmente porque todos estão vivendo a mesma coisa. A mesma sensação. Ninguém liga pra nada, porque naquele lugar lotado de gente só existe você e a banda. Mais ninguém. E, detalhe, a banda não te ouve, mas te dá toda a atenção que você precisa (e nenhuma carência implícita nesse discurso).
Assim, vejo que o rock me cerca desde sempre. Permeia minha mente, me ajuda a trabalhar, me faz feliz. Estar em um show, ver os caras (mesmo que pequeninos), sentir aquela vibração, muda a cabeça – até que você volte à realidade na saída de um estádio lotado.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Sem chororô

E quando a vida muda tanto que você nem reconhece mais? Quando assumimos uma diferença (dessas que descrevi nas viagens) e percebemos que podemos viver assim pra sempre? É, no mínimo, estranho e (até) engraçado.
Tenho uma amiga que me disse o quanto as duas viagens que faria – e já fiz - seriam um marco. Algo como um rito de passagem. Ela tinha razão. Mas eu completo: as férias, Santos, a praia e principalmente o mar comprovam que o rito realmente aconteceu.
A música dizia que eu só voltaria quando a saudade se afastasse. Pois é... ela se foi. Tudo passou como todos previam (inclusive eu) que aconteceria. Ok. Nada demais nisso. Mais um, menos um... bobagem.
Mas agora, devo confessar uma coisa inédita na minha vida: pela primeira vez em todo meu currículo de trabalho (e de férias), sinto saudades de trabalhar. Claro, claro... não me entenda mal. Ficaria em Santos, em Salvador ou em Nova York por muito mais tempo. Mas a agitação do trabalho, as risadas (as vezes tão nervosas) e o mau humor com os publicitários me deram saudades esses dias.
De repente me sinto preparada para aguentar tudo isso. E vejo que era apenas disso que eu precisava... olhar a minha vida de fora. Sem nenhuma neura e cheia de curiosidade.
No fim, descobri uma coisa bem importante: gosto muito mais de mim hoje. Sem dúvida. E, por isso, não voltaria nenhum um ano, nem um mês, nem um dia atrás. Fico onde estou e aproveito o que vier. Sem chororô.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Voltando

Quando viajamos podemos escolher quem queremos ser. Ter mais mistério do que já temos, ser mais sexy, mais infantil, mais bobo, mais metido... tanto faz. A verdade é que quando estamos fora de nosso habitat natural, ninguém nos conhece e, as vezes, nem fala nossa língua. É aí que o encanto começa.
Viagens fazem com que a gente se transforme. Adquira cultura, conheça gente nova. Estranhas e maravilhosamente novas. Sempre vale a pena. Quando estamos com esse espírito, vale até ir pra Praia Grande (o que é um erro, mas...). O importante é renovar, conhecer e rir do grande estudo antropológico que se pode fazer.
Estive fora e foi brilhante. Senti frio, e encontrei nas cervejas e risadas uma cidade diferente do que eu esperava. Moderna, agitada e (até) aconchegante. Tomei café, andei demais, estraguei meu calcanhar (ainda dói), comi besteira, visitei museus, assisti um musical e terminei como deveria: com um cosmopolitan na mão – mas com a roupa errada pra isso, confesso.
Na volta sofri no avião (claro). Muito tempo de voo, com muita instabilidade. Mas, dessa vez a instabilidade estava apenas lá fora, entre as nuvens, na minha cabeça, nada estava instável. Tudo na mais perfeita ordem.
Isso se chama férias ou amadurecimento? Não sei... talvez as duas coisas. Descobriremos assim que eu voltar ao trabalho. Por enquanto, ainda curto minha outra personalidade, mas dessa vez usando minha própria língua e mantendo apenas as boas risadas. Sempre.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Indo e vindo

Arrumando mala, criando textos, ouvindo (e cantando) músicas, acendendo vela, incensos, regando plantas, jogando coisas fora, separando o necessário, desfazendo o que já foi feito, pensando...
Guardo a ansiedade na mala ou na bolsa? Melhor na mala, despacho e não vejo. E a saudade? Bom, essa, prefiro perto de mim, assim controlo o choro e engulo a dor (se necessário for). O medo? Fica. Deixo ele no primeiro lixo grande de um aeroporto cheio de evidências sentimentais.
Um dia antes e as emoções já começaram. A gente começa a lembrar do que fez, de como falou e de onde está. Pra mim, não tem jeito. Vou e volto para o mesmo lugar – em sentido figurado e literal. Tudo o que faço, preste a viajar, me marca. Simplesmente porque são coisas com as quais irei conviver (além dos sentimentos acima) dentro do avião – quando há avião para entrar.
Levo comigo todas as pessoas que ficam e que amo. Sempre. Mesmo em viagens curtas. Sou sentimental demais, creio. Em todo caso, ficam juntinhas da saudade: bem perto de mim (e do Dramin).
Avião não me atrai. Aliás, pelo contrário. Mas dessa vez não vou solo. Estarei na melhor das companhias. Se precisar tenho em quem me apoiar. Como Fernão, ele sabe o que fazer. Ele sempre sabe (mesmo quando não tem a menor ideia).
Enquanto penso no que não gostaria de esquecer, lembro de tantas coisas que já esqueci, e de outras das quais não faço questão nenhuma de lembrar. Meus sonhos continuam intactos. Eles não percebem altitudes. São alheios as mudanças climáticas ou coquetéis diferenciados. Assim, vão comigo (estão dentro de mim).
Tristezas de outro dia parecem mais novelas mexicanas repetidas. Ignoro todas. Lembro, por hora, que essa viagem faria com outra pessoa, depois penso que as coisas mudam por um sentido único: para serem infinitamente melhores. Agradeço o que não foi e sigo ao encontro do que está sendo. Feliz.
O único grande lamento é não ter mais outras duas pessoas nessa viagem de sentimentos e diversão. O alento é saber que mentalmente elas estarão lá. Um seguindo um mapa e a outra perdendo-se dentro dele. Dois amores (meus amores). O terceiro vai comigo a tira colo e reclamando das mesmas coisas. Adoro. Minhas melhores borboletas.
A partir de amanhã essa borboleta que vos escreve segue para o norte e fala inglês (ou tenta). Até a volta!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Sozinha sim.

Começo hoje em meus dias raros. Raros e truncados, é verdade (já que terei de trabalhar no meio deles). Mas apenas o fato do não compromisso, me deixa muito feliz - fora os planos, claro!
Porém, antes disso, dia desses, passei a pensar nas diferenças de estar e sair sozinha. Não, não estou falando de viver um relacionamento (ou não), de solteirice. Nada de sentimentalismo envolvido nisso. Estou falando de você ter vontade de estar só. Simplesmente porque quer, oras.
Faço muito e, confesso, gosto. Almoço sozinha, janto sozinha, vou sozinha ao cinema, viajo só, shoppings, cafés da manhã na padaria, teatros e até shows. Numa ótima. Mas, mesmo tendo toda essa auto-suficiência é preciso enxergar (e reconhecer) que existem lugares (e dias) nos quais não se deve ir só - por pura preservação de sua própria sanidade mental.
Um bom exemplo? Cinema em sextas, sábados e domingos. Siga meu conselho: mesmo que você dê muita risada no filme, não vai se sentir bem. Esses são os dias dos casais. Casais de todas as idades estão comendo pipoca ao seu lado e te olham com um olhar de pena irritante. Nessa hora você tem vontade de gritar que está ali porque quer, porque se sente bem e não por depressão. Então, se lembra que, se fizer isso, estará justificando sua falta de companhia, o que dará mais pena ao olhar alheio. Por isso, não vá. Evite esses dias - não há nada de mau nisso. Você pode ir ao cinema de segunda a quinta e ser feliz. Nos finais de semana, procure uma livraria ou uma boa exposição, e deleite-se no mundo de ausência.
Outro lugar a ser evitado é restaurante a luz de velas. Gente, eu sei, a comida é ótima, a chef recebeu milhares de elogios na matéria que você leu, mas a vela acesa indica que você não deveria estar ali sozinha. Melhor ir almoçar lá, se realmente faz questão do lugar. Ou arranje um amigo querido e o obrigue ir com você. Porque os olhares podem ser piores do que no cinema. Alguns podem até chorar por você. Um horror. Prefira um bar e sente no balcão. Faça dos garçons, seus melhores amigos. Com isso, um dia você será cumprimentada por eles com beijinhos e achará ótimo.
Eu realmente testo minha capacidade de estar só e feliz. Quanto mais vivo isso, mais me sinto bem. De novo: isso não tem nada a ver com o fato de ter ou não um namorado. E sim de fazer coisas estando só. Assim como é ótimo viver a dois - uma coisa não elimina a outra (de forma alguma). Mas quando estamos sozinhos podemos conhecer mais gente, as pessoas se aproximam, conversam... são homens e mulheres sem reservas e com tanta curiosidade. Se você nunca fez, deveria experimentar. Evitando os lugares e os dias acima, pode ser uma experiência única e só (que delícia)!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quase férias

Sair de férias é moleza. É fácil. Um dia você simplesmente vai embora e só volta muitos depois. Simples assim. O difícil mesmo é deixar tudo na mais perfeita ordem para que isso aconteça sem nenhum dano ao seu (orgulhoso) trabalho.
Essa é minha vida até sexta-feira. Estou tentando. Tenho muitos assuntos engasgados para escrever, mas isso só deve acontecer na semana que vem - quando entro no mundo das listas (de viagem). Nada mau, claro!
Só decidi escrever essa breve desculpa, para registrar o meu lamento pela não divulgação de teorias, pensamentos e discussões sobre o nada.
Desde já agradeço a atenção (realmente e claramente) dispensada.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Homem com H?

Pode até parecer sacanagem, mas tem mulher que merece ser traída. Sério mesmo e sem nenhum ódio no coração. Cheguei a essa conclusão há uns anos, mas de um tempo pra cá a coisa vem piorando (e se comprovando).
Tudo bem, tudo bem... podem apontar o dedo para as solteiras, dizer que é pura inveja. Mas, de verdade, é constatação de fatos. As mulheres estão cada vez mais autoritárias e cada vez menos companheiras. Claro que todo mundo gosta das coisas do seu jeito, mas vamos tentar olhar de fora.
Exemplo: avião da TAM. Estou sentada no cantinho da janela, com meu livro em punho, quando uma mulher (da minha idade) me olha feio de pé no corretor. Levanto o olhar e ela me manda sair daquele lugar. Como? O namorado/marido/noivo/coitado me olha como se pedisse desculpas. Pego meu bilhete e mostro que estou no assento indicado. Chamamos a aeromoça (ou comissária, como queiram). Ela resolve o problema e a menina continua a reclamar porque comprou janela e meio. O namorado mudo.
O pior dessa situação é que ela não olha para mim. Nem uma única vez. Ela continua a reclamar e chamar pessoas para que resolvam - afinal, eu estou sozinha, posso sentar em qualquer lugar, ela diz sem ao menos me ver (de fato). O namorado continua mudo e com cara de vergonha.
Para não dar na cara dela, decidi ser magnânima (acho um lindo adjetivo). Olhei para seu perfil e avisei que podemos trocar de lugar sem problemas, afinal só gostaria de chegar no meu destino. Ela então me olhou e disse que ‘eles’ (seres superiores talvez?) resolveriam seu problema.
Juro que me deu uma mescla de pena e raiva dele. Sim, dele. Que homem sem atitude, Deus do céu! Ele olhava para mim com certo medo de que ela visse... um horror.
Nessa hora, vi que (realmente) existe mulher que merece um bom par de chifres (sendo chula). E pior, merece também saber disso. Só para tentar ser mais humana... claro que talvez não dê certo (nem assim). O melhor jeito (creio eu) é abolir essa espécie de homem frouxo do mundo. Esse tipo que prefere obedecer, que não ajuda em nada e ainda não sabe o significado da palavra atitude. Credo.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

31 na Bahia

Recomeçar não é partir do zero. É usar o histórico como experiência para olhar o futuro com outra perspectiva.

Cheguei a conclusão da frase acima em um dos melhores cenários do Brasil (na minha opinião): Salvador. Olhando os cabelos de Iemanjá (tão vivos e brilhantes para mim) vi que aquilo que passou, vale (sim) a pena. Afinal, não é possível começar do zero, depois que já nascemos. Com o passar dos anos, não existe a marca zero em nós.
O melhor foi perceber que não há nada de mal nisso. A primeira constatação veio em cima das nuvens. Turbulências em áreas de instabilidade marcavam muito mais a minha vida emocional do que a situação dentro da aeronave.
Entre um ‘pai nosso’ e outro me descobria bem longe de um corpo de Fernão Capelo Gaivota e mais perto de uma cura emocional, um marco, um ritual. Eu precisava passar por tudo aquilo para me sentir verdadeiramente bem.
São Salvador. Passar o primeiro dia com 31 anos na Bahia faz a diferença. Santa terra de magia, música, diversão e energia. Muita energia. Lá, sentimos o calor que amolece, o balanço que dá o ritmo e a prece presente em cada onda do mar, com o reflexo do céu (em suas mil cores).
Salvador salva. E me sinto assim... estou recomeçando. Sem medo, sem problema, sem desespero. Sim, a saudade existe, mas creio que ela sempre existirá. Ela está viva em lembranças que não merecem esquecimento. Isso nunca morre... vira história, aprendizado... Isso é vida.
Dessa vez, o sofrimento morreu e sobrou apenas leveza e confiança de que o futuro virá, assim como a Bahia: cheio de cor, vento, calor e muitas fitinhas (para abençoar).

domingo, 25 de outubro de 2009

Aos 31 anos

Passar o aniversário em Salvador: Não tem preço (e o resto que se dane!).

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Entrando no ritmo

Um antigo namorado tinha a mania de me chamar de 'Pretinha'. Na verdade, ele adorava me chamar por diminutivos (me habituei com isso, considerando que de grande só tenho mesmo a personalidade). Ele me chamava também de 'neguinha' e eu ouvia a Cássia cantando Caetano e afirmava na pergunta: "Eu sou neguinha?" No fim, me habituei. Encorporei o fato de que tenho mesmo o meu pé no ambiente mais bacana de uma casa (vamos admitir). E mais: amei essa possibilidade.
Mais tarde conheci a Bahia e descobri que não apenas meu cabelo cacheado entra no ritmo, mas aquela magia, a malemolência, o encanto do luar, a energia, a crença e Iemanjá. Em Salvador me descobri preta, bem pretinha mesmo. E faz tão bem...
Hoje, Moraes Moreira abriu a porta e a janela e deixou o Sol nascer (literalmente) pela minha sala. E eu, que estou quase no nordeste, sorri com ele e cantei junto (claro)!

Laiá Larará Lararará Larará
Preta, Preta, Pretinha!

Enquanto eu corria
Assim eu ía
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca...

Por minha cabeça não passava
Só! Somente Só!
Assim vou lhe chamar
Assim você vai ser
Só! Só! Somente Só!
Assim vou lhe chamar
Assim você vai ser...

Eu ía lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Eu ía lhe chamar!
Enquanto corria a barca
Lhe chamar!
Enquanto corria a barca...

Abre a porta e a janela
E vem ver o sol nascer...

Eu sou um pássaro
Que vivo avoando
Vivo avoando
Sem nunca mais parar
Ai Ai! Ai Ai! Saudade
Não venha me matar

Lhe chamar!

domingo, 18 de outubro de 2009

Arrependimento sim e daí?

Amanhã começa a minha semana. No sétimo dia ficarei mais velha e completarei 31 anos de auto-análise. Anos e anos discutindo comigo mesma, me ouvindo, me lendo, me vendo chorar, me vendo rir, perguntando ao espelho questões infundadas... E não há nenhum alento nisso, já que a tendência (com o passar dos anos) é mesmo piorar. Paciência. Prometo ser eu mesma até o fim (essa é a minha psicologia).
Serão 31 anos tentando descobrir no que acertei e no que errei feio. Tentando esquecer tudo aquilo que me faz mal e lembrar apenas do que me faz bem. 31 anos buscando... e nem sei o quê.
Honestamente não bato no peito para dizer que não me arrependo de nada. Tenho até uma raiva de quem faz isso, confesso. Porque eu me arrependo de uma porção de coisas e não me arrependo de não ficar mal por causa disso (deu pra entender?). Nunca fui dessas pessoas que parecem querer provar que auto-suficiência significa ter orgulho para dizer: fiz e daí? Errei e daí?
Não consigo. Se isso é um erro, eu lamento, mas não penso assim. Se erro, choro, me acabo. Desço ao fundo do poço e dou um tempo por lá até que as coisas voltem ao normal aqui em cima. Se faço e vejo que não deu certo, peço desculpas a quem de direito e tento não pensar mais nisso. Sigo a vida (sem martírio, claro).
O fato é que nunca quis ser dona da verdade e, talvez por isso, reconheça todos os meus supostos enganos (e lamente cada um profundamente). Quando vejo que poderia ter sido melhor, poderia ter feito dar certo, me arrependo. E me pergunto: e daí que me sinto assim?
Me arrependo, por exemplo, de não ter beijado o primeiro cara por quem me apaixonei. Me arrependo de ter namorado por 8 anos numa época tão importante da vida e, por isso, ter me atrasado em tantas coisas (mesmo tendo amadurecido em outras). Me arrependo também de ter namorado quase 3 anos com um cara que poderia ser (apenas) meu amigo até hoje (e é uma pena, de verdade).
Mas, tudo isso não é ruim. Eu não vejo o arrependimento como algo destruidor que faça você perder o sono. Não é algo que pese nos ombros. É só mais um sentimento que vai amenizando com o tempo, sem aterrorizar ninguém. Você pensa e segue. Sem neura.
Sou uma pessoa que sente tudo. Tenho na pele a tal flor cantada em tantas músicas. Preciso disso pra viver, falar, sorrir, escrever, amar... sentir. Preciso dessa flor para alimentar cada uma das minhas borboletas. As vezes, a sensação é boa... e as vezes não. Mas assim é a vida, não é?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Dia do professor

Lembro de muitos professores... Aquela que me fez refazer a lição de casa porque eu escrevi no papel errado; o cara que dava choque (elétrico) na classe inteira (só de sarro); a outra dizendo que o adjetivo ‘delicioso’ deveria ser usado (apenas) para comida; e outro da educação física (que eu amava) que me chamava de ‘tarzanzinha’ toda vez que eu gritava para fazer os (muitos) gols que marcava no campeonato de handboll.
Nenhuma dessas lembranças (por mais estranhas que sejam) é ruim. Todas me marcaram com grandes experiências. Confesso que até me motivaram a ser quem sou. Ensinaram, brigaram e participaram da fase mais importante da vida. Sem dúvida.
Mas, hoje em dia, não é assim. Como filha de uma pedagoga (ainda na ativa), sei que as coisas mudaram. E mudaram muito. Agora, ninguém mais tem respeito. Ninguém tem medo de levar bronca, ninguém liga pra nada, ninguém é de ninguém (literalmente).
As escolas particulares entraram no conceito ‘feira-livre’. Todo mundo entra, escolhe, paga e leva. As municipais e estaduais seguem o conceito ‘piquenique’, em que você só precisa do espaço e mais nada (só a cesta - dada pelo governo). Triste. Muito triste.
O bolsa família estraga o aprendizado. A ânsia por estatísticas boas (e com gráficos crescentes) aliena os estudantes, fazendo com que crianças passem para o 3º ano sem conseguir escrever o próprio nome. Ninguém fica pra trás, ninguém repete o ano e ainda pode passar na faculdade por meio de cotas (como?).
Dizem que a geração dos meus pais a coisa era feia. Estudo era pesado e demandava dedicação. Na minha lembro de rir muito, falar muito, fazer muitos amigos, mas também ralar bastante. Fiz recuperações anuais de matemática e física (até hoje nulas na minha vida, confesso) e estudei muito para decorar todas as datas históricas e algumas das capitais mundiais.
Vejo a minha mãe tentar, diariamente, alfabetizar crianças carentes, que mal se alimentam. Vejo o cansaço e a exaustão de alguém que (realmente) quer ensinar em um país que não trata e não cuida dessas futuras gerações. Diretores e professores (por maldade ou comodismo) trocam as notas, detonam seus próprios (mal) salários e riem de uma população que recebe a cesta básica do presidente, mas se abastece do tráfico.
Apesar disso, hoje é dia daqueles que – como a minha mãe – ainda tentam (e me orgulham). Aqueles que ainda acreditam que alguns desses alunos (mesmo que poucos) podem sair ilesos e (quem sabe?) até brilhar. Eu espero que sim. Desejo também que todos os outros lutem pelo mesmo ideal – simplesmente porque o amanhã depende dessas crianças (e, com sorte, a gente ainda estará aqui para ver).

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Wake me up

Norah Jones (música do dia)

Wake me up when it's over,
Wake me up when it's done,
When he's gone away and taken everything,
Wake me up.

Wake me up when the skies are clearing,
When the water is still,
'cause I will not watch the ships sail away so,
Please say you will.

If it were any other day,
This wouldn't get the best of me.

But today I'm not so strong,
So lay me down with a sad song,
And when it stops then you know I've been,
Gone too long.

But don't shake me awake,
Don't bend me or I will break,
Come find me somewhere between my dreams,
With the sun on my face.

I will still feel it later on,
But for now I'd rather be asleep.

Inferno Astral

Esse sempre foi o mês mais bacana do ano. Creio nisso desde que me conheço por gente. Quando criança sabia que no final do mês ganharia a Barbie e sua Ferrari (que guardo até hoje, confesso).
Depois passei a esperar as festas, os bailinhos mais esperados da escola (organizados por mim, com muito orgulho). Ansiosa, criava estratégias para juntar casais amigos, enquanto devorava os docinhos.
Adulta, passei a esperar apenas por companhia. Nada mais. Passei a me importar (mesmo) com a presença física daqueles que amo. O abraço, o beijo, o papo, o carinho... O toque e a lembrança me deixam feliz e pronto. Assim me sinto presenteada.
Mas, nesse ano as coisas mudaram um pouco. Com quase 31, decidi ficar quieta. Sinto uma grande necessidade de olhar minha vida de longe, enxergar de outra perspectiva.
Os últimos meses foram diferentes (digamos) e preciso de tempo pra mim. Um tempo para voltar a acreditar nas pessoas, no destino, no amor. Um tempo para meu coração.
Dizem que isso é o inferno astral. Eu, que nunca acreditei nisso, hoje virei dependente de minhas próprias mudanças de humor – acho até que elas vêm junto com as alterações climáticas que vivemos.
Mas sempre acreditei no mês de outubro. Sempre vi nas flores uma chance de florescer. Sentia (desde criança) o cheiro da primavera como um anúncio de coisas boas. Talvez por isso, acredito que chegará o momento de andar descalça com o vento no rosto, enquanto o sol despede-se no mar... Esperar pelo verão que virá (se o ‘esfriamento global’ permitir, claro).
Depois do dia 25, serei outra. Uma mulher muito melhor e um ano mais velha. Mas assim é a vida, não é? Se o tempo parasse, estaríamos mortos. Então, como ele voa e ainda respiro, amadureço com as quedas e (também) envelheço... mas continuo cheia de graça.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Medo do escuro

Chove lá fora e aqui dentro toca Norah Jones (e não Lobão). Na rua vejo, pela janela, relâmpagos, e ouço os trovões. Em casa, no meu mundo com um “quê” de Almodóvar (com todas as cores possíveis), torço para que não falte luz. Não gosto do escuro. Nunca gostei.
Dizem que existe uma explicação patológica, ou alguma história infantil que explique o medo, mas a única que ouvi falar conta de um morcego no meu quarto quando eu era bebê. Meu pai-herói me salvou e cá estou. Não creio que solucione nada. Mas, enfim, é o que dizem.
Pensando na noite de hoje, percebi que o escuro é também o que a gente vive as vezes. De repente o único lugar realmente claro e (até brilhante) é seu trabalho. Lá, é onde você se sente mais seguro, fazendo o que sabe (e gosta). Outro lugar seguro e devidamente ensolarado pode ser ao lado de quem se ama. No resto, você passa a interpretar diante de uma escuridão sem tamanho.
Tateia e, pior, finge gostar disso. Percebe suas próprias risadas burras - só para constar. Na sua escuridão pode se sentir encurralado, mesmo sabendo que está só. É estranho. Complicado. Mas pode ser encarado como uma fase de transição. No entanto, a escuridão conceitual faz de você ator de um cenário real. Assusta.
De repente, em noites como hoje, o breu nem atrapalha tanto quanto a saudade de estar, do abraço, do papo, do sorriso caloroso... Tudo aquilo que não se tem na escuridão - simplesmente porque não se vê. Você não se deixa sentir, não deixa nenhum sentimento entrar, porque não consegue reconhecer nada... está temporariamente cego.
Não, não há porque ter pena dessas pessoas. A claridade só virá quando ela perceber que pode começar acendendo uma vela no cantinho da sala. E, com apenas esse ponto de luz, ter a possibilidade de uma nova visão. Aí, o medo começa a ser amenizado. Pouco a pouco.
Medos existem para se enfrentar. E essa é a lição dessa história. Aprender, encarar o escuro e seguir em frente (em direção da luz – e sem morte nenhuma nisso).
Um dia a gente acorda e vê que o sol trouxe novas cores (aquelas de Frida Kahlo), todas ainda mais fortes e vibrantes. E, então, tudo passa a ser melhor (muito melhor) e mais claro do que antes. Depois, caso anoiteça (assim, sem mais) você percebe que ao invés da escuridão, o que vê é um belo luar – cheio de magia e romantismo.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Prostitutas do amor

Elas estão por toda parte. Sonham com um amor perfeito, família, filhos, almoços de domingo, cinema aos sábados, babás, cachorros cheirosos, móveis perfeitos (escolhidos por um decorador), sistema de alarme, uma casa no campo e outra na praia... tudo isso regado a champagne, piscinas, absoluts... Está dentro do mesmo pacote pago (e muito bem pago): pelo marido.
São as prostitutas do amor. Sim, um título criado e (creio) adequado. Porque essas mulheres realmente buscam carinho, amor, dedicação e... dinheiro. Mas, elas não estão ali (apenas) para “fornecer” (digamos assim). Estão também dedicadas na procura desse homem perfeito – até porque acreditam que suas almas gêmeas vieram ao mundo com contas bancárias gordas. Se não for assim, sinal que ainda não foram encontradas. Simples.
Ao contrário do que muitos pensam, elas não traem. Elas são dedicadas, têm ciúmes dos maridos e engravidam com bastante facilidade (e rapidez). As mais sagazes (digamos) largam dos maridos poucos anos depois, e engordam com uma poupança (ou pensão alimentícia) grande. Mas a maioria se acostuma na mordomia e fica. Ama, se entrega e sofre quando descobre uma traição (pasmem) dele. Mas, por ser uma boa pessoa, perdoa e segue a vida.
Suas casas parecem ter saído direto de uma revista. Tudo está no seu devido lugar, brilha, reluz. Muito prata, dourado e brilhante. Mantém seus corpos perfeitos e, em geral, admitem ter somente dois filhos para não sofrer na volta à gostosura habitual.
Elas amam seus filhos. Acreditam que são eles tesouros da vida e esperam que eles sigam o sucesso do pai, com quem pretendem ficar o resto da vida. Uma aposentadoria garantida, sem INSS. Verdadeira maravilha.
Essas moças existem e estão por aí. Lindas, gostosas, com cabelo brilhando e a procura do amor (sem nenhuma ironia). A busca delas não atrapalha nenhuma de nós (pobres mortais solteiras), simplesmente porque nos contentamos com muito menos.
Em nossa opinião, para ser um grande homem, o amor de nossas vidas, basta saber o que dizer e como dizer. Basta ter um olhar safado em momento inesperado, algum cavalheirismo besta (como abrir a porta do carro), pagar uma cerveja no bar da esquina ou um jantar qualquer, gostar de literatura e chorar em um filme triste. A conta bancária? Não é importante. Claro que queremos homens independentes, mas somos dependentes de amor e não de dinheiro. Definitivamente.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Pensar positivo

"Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinhos.
Outras sorriem por saber que os espinhos têm rosas."


Machado de Assis

O nada

O vazio é uma coisa estranha. Quando você vê está cheio dele. É um nada que te preenche como se aquilo fosse tudo que houvesse. Como, se sentir o 'nada', fosse mesmo possível e, pior, palpável.
O 'nada' te leva a lugar algum. O 'nada' não tem história, não teve infância, não admira um bom filme, não ouve boa música, não chora, não sente dor ou frio. Também não aquece, nem tem fome, ou nenhuma vontade de comer brigadeiro, bolo ou sorvete.
O 'nada' não trabalha, mas te obriga a pensar só no seu próprio ofício. Não te deixa de fora, mas nem por isso deixa de estar dentro. O 'nada' não te consome, não dá insônia, nem ânimo.
Esse vazio não te leva as lágrimas, não faz você sorrir ou se apaixonar. Ou gostar, ou sentir saudades. É um vazio sem nenhum charme. É um vácuo contínuo e absoluto. Um lugar que não liga para as estrelas, para a chuva, o sol ou a lua. Um lugar nenhum.
O vazio do 'nada' não te faz crer, nem te dá esperança alguma. É uma sensação que pode mudar da noite pro dia, mas que sempre vai estar ali... tentando ser notada de forma mais humana e menos cética. Mais apaixonada e menos desconfiada. Mais verdadeira e menos falsa. Mais feliz e menos triste. E um dia esse 'nada' passa e o vazio vira o passado descrito (apenas) na poesia. Sem choro, nem vela (nem sentido).

domingo, 20 de setembro de 2009

Colo em dois universos

Homens têm uma fraternidade diferente. São cautelosos. Não beijam, não abraçam e não andam de mãos dadas. Homens são limitados nesse sentido (creio eu). Nós, mulheres, somos mais sensíveis. Caprichamos no afago - quando necessário – e fazemos isso com mulheres e (também) homens sem problema (nem opção sexual) envolvido. Somos assim. Talvez seja mesmo o instinto maternal. Ou, talvez seja apenas uma doação mais verdadeira, coisa que a sociedade disse a eles: “melhor não”.
Essa sociedade impôs que, entre os meninos, é melhor manter distância. Não pode abraçar muito, nem beijar, nem dormir junto – alguns nem conseguem dizer que o outro é bonito. Triste isso (de verdade). Claro que não de aplica a todos, mas a maioria.
Acho brilhante a amizade masculina. A fidelidade, a entrega, a confiança. É linda. A gente não tem isso. Temos de conviver com a inveja, a competição, a eterna suspeita. Eles não. Porém, se passamos mal, nos embebedamos, comemos alguma coisa ruim, choramos por amor, por perda, por rancor... temos sempre o apoio de uma de nós. A gente fica abraçada, segura o cabelo, coloca no banho e na cama. Sem pudor, nem vergonha.
No fundo, quando estão carentes, quando não se entregam, quando precisam, eles dependem (mesmo) de nós (mulheres). Se não for assim, ficam sozinhos. São os cambaleantes seres orgulhosos.
As amigas apóiam, abraçam e dizem que vai passar. Os amigos abrem mais uma cerveja e ligam a TV. Assim são nossos dois universos.
No fim, tudo se completa. Dá certo, claro. Mas fica a sensação que entre eles falta alguma coisa que só é encontrada quando estão apaixonados... Entre a gente, isso existe todos os dias – porque quando precisamos não temos vergonha, simplesmente pedimos e recebemos colo. Pronto. E aí... tudo melhora. Passa.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Quando o amor acontece

Tem hora que chega a hora. Pode demorar. Ou, pode ser, que venha a jato. Ninguém sabe quando, mas todo mundo quer.
Duas histórias me martelaram a cabeça nos últimos dias. A primeira veio de uma mulher de 40 e poucos anos, bonita e inteligente. Num papo informal ela contou que tem um filho de 15 anos cujo pai (biológico) nunca se vê. Desde a separação (quando o menino tinha 2 anos), o moço (e ex-marido) passou a sumir lentamente. Em doses homeopáticas.
O menino foi crescendo e perguntando onde estava o pai. Ela, com tristeza, passou a explicar que tem gente que (simplesmente) não consegue dar amor a ninguém. Não dá e, por isso, também não recebe.
Quando o filho estava com 7 anos, ela foi buscá-lo na casa de sua mãe e viu seu vizinho de infância acenando da janela ao lado. Sorriu para si mesma e lembrou da época em que eram crianças e brincavam juntos no jardim das duas casas (coladas). Separado, com dois filhos e recém morador da antiga casa dos pais, insistiu para que ela visse o novo assoalho. Ela foi – segundo a própria – já “molinha”.
Hoje, o filho dela tem 15 anos e foi adotado pelo vizinho. Ganhou novo pai. O casal tem também um filho juntos de quase 2 anos. E ela acredita que esse foi um encontro que tinha de acontecer. Eu não duvido (mesmo).
A outra história veio de uma senhora de quase 70 anos. Ela me disse, entre uma taça e outra, que quando se viu solteirona, aos 37, decidiu mal-casar. Dito e feito: dois anos depois a história gerou somente sofrimento e nenhum filho. Aos, 60, aposentada, resolveu curtir a vida. Juntou as economias e foi (com uma amiga) para a Grécia.
Na primeira noite em uma das ilhas resolveram experimentar comida típica. Ela havia treinado a língua antes da viagem e, por isso, já arriscava pedidos e argumentos em grego. Mas, o restaurante escolhido não era especial como gostariam e, mesmo depois de sentadas, saíram.
No final da mesma rua, o alento: uma portinha tinha uma placa dizendo que ali havia comida grega. Entraram. Ela questionou o garçom e pediu. O moço ficou impressionado e contou ao dono do lugar sobre a brasileira que pedia em grego.
O proprietário ficou intrigado. O que fazia a brasileira em seu restaurante? Foi na mesa e lá ficou a noite inteira. Hoje, eles se revezam entre o Mediterrâneo e as areias de Santos.

Qual a conclusão que cheguei? Não importa a idade. Não tem um jeito certo ou planejado. O amor acontece (sempre) quando deve acontecer.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Lamento (nada sertanejo)

Tem coisas que não deveriam acontecer. A gente devia estar acostumado a conviver com pessoas que não estão nem aí pra você. Pessoas que não se importam se você está feliz ou triste. Pessoas que, ao contrário, tendem a torcer contra. A gente devia estar acostumado.
Mas, o tempo passa (e voa!) e eu não aprendo. Quanto mais convivo, mais acredito e sorrio. Sou daquelas que fica com a bunda toda de fora (com o perdão da expressão) e não sente frio, sabe? Muito idiota mesmo!
Escrevi aqui recentemente que com 30 anos a gente já sabe das coisas. Bobagem (e sim, sou contraditória, graças a Deus). Aos 30, a gente descobre o que não quer (definitivamente), mas não faz ideia do que quer (exatamente), e mais: mesmo sabendo do que não quer, não consegue distinguir o joio do trigo (to cheia de expressões hoje).
Meu ex namorado não gostava de pessoas. Nunca gostou. Ele gosta de tão (tão) poucos que me aborrecia – no fim, ele não gostava nem de mim (mas essa é outra história). Ele não queria ver, encontrar, sair, estar. Não confiava, não contava, não esperava nada. Eu, sempre bati no peito do quanto eu gosto. Gosto de ouvir, de saber, de opinar, curtir junto, sorrir... Mas, o que eu não tinha entendido até agora é que eu sou assim. As pessoas não são. O ruim é não aprender com isso.
Quebro minha cara e prometo que essa vai ser a última vez. Que vou reconhecer um grande amigo de longe, mas antes vou ter de conhecê-lo muito bem. No fundo, sei que não vai dar certo. Porque sou mole (como diz um lindo amigo - esse sim verdadeiro), tenho um coração burrinho (tadinho), mas... também tenho uma cabeça ótima! Com inteligência o suficiente para não me esquecer de mancadas dadas, nem nada.
Não, não guardo mágoas. Estarei sempre a disposição de quem precisa – simplesmente porque sou assim. Talvez não seja o correto, mas não mudo nem por decreto. Paciência. Prefiro aprender com esse tipo de tristeza do que não ter coração para chorar por elas. Sei que, sendo assim, só é melhor pra mim. O resto, eu lamento (de verdade).

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Devaneio

E se tudo tivesse sentimento, alma, espírito? Quando eu era criança tinha certeza que meus bichos de pelúcia, bonecas e brinquedos se machucavam quando eu os jogava, ou riam quando eu falava alguma bobagem (mesmo sem demonstrar nenhuma outra expressão, se não aquela já existente). Hoje, sinto isso (confesso) com as minhas plantas. Com elas converso (sem ouvir respostas, claro), rego, aliso e digo que estão cada dia melhores (treinamento de incentivo mesmo).
Mas imagine se seu carro se ofendesse todas as vezes que você decidisse trocá-lo, ou mesmo reclamasse dele? Por não falar, e sim sentir, ele o retaliaria fazendo com que os vidros elétricos (até então perfeitos) parassem de funcionar. Ou um vazamento estranho começasse a qualquer momento. Afinal, sentimento é sentimento e não se deve mexer com o de ninguém.
Sua mesa da sala poderia ficar envaidecida só porque você resolveu pintá-la de outra cor e mudou o estofado das cadeiras. As paredes da sala sorririam (internamente, digamos) quando ganhassem nova cor. Os móveis ficariam felizes ao serem limpos. A cama satisfeita pela sua companhia em um domingo qualquer.
Imagina que loucura? Conviver com tantos sentimentos? Se preocupar com a sensação de cada coisa a respeito de uma ação sua. Complicado demais. Já nos basta lidar com as pessoas. Já erramos o suficiente.
Mas... Confesso que falo com coisas. Quando entro em casa digo “oi, casa”. Quando saio, aviso “de noite tô aí”. Se passarei dias fora, garanto “são só uns dias”. No carro, ouvindo um barulho, pergunto “que isso carro?”; se uma manobra é perfeita (graças a direção hidráulica), elogio “boa!”.
Agora com as plantas é diferente. Elas dependem de mim. Precisam de água, ar. Elas respiram. E, por isso, me sinto a vontade para fazer confissões (nada adolescentes). São minhas testemunhas, cúmplices e acusadoras (quando aparece um fungo qualquer).
Claro que as coisas não têm sentimentos. Nós temos. Somos nós que sofremos perdas, enganos e amores. Mas, se toda essa loucura fosse verdadeira, viveríamos sempre cercados de 'gente'. Gente que não fala, não anda, não pensa, apenas sente. Quem sabe assim, as pessoas aprendessem a se colocar no lugar dos outros? A cuidar, tratar bem, ajudar... Devaneio complicado esse né? Mas seria, no mínino, diferente.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Toda sexta-feira

Toda sexta-feira toda roupa é branca
Toda pele é preta
Todo mundo canta
Todo céu magenta
Toda sexta-feira todo canto é santo
E toda conta
Toda gota
Toda onda
Toda moça
Toda renda
Toda sexta-feira
Todo o mundo é baiano junto


Com saudades da Bahia... muitas saudades!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Sem enigma

A gente sabe quando é demais e quando é de menos. A gente sabe quando acorda bem, quando o pé que pisou no chão não foi o direito, quando deveria correr ou ficar. A gente sabe quando erra e quando acerta. Sabemos nossos defeitos (todos) como ninguém mais, assim como nossas qualidades. A gente se conhece.
Reconhecemos o dia quando branco está. A paixão quando aflora, e a raiva quando a contemos.
Nos vemos bêbados em mesas estranhas. Andamos concentrados até o banheiro (nada pode nos parar). Falamos alto, batemos na mesa, polemizamos mais que o normal. Ouvimos menos, acreditamos mais. Ligamos para quem não deveríamos. Falamos o que sentimos, mas nem sempre fazemos tudo o que queremos (ainda bem).
Acordamos de ressaca - algumas morais e cruéis. Outras, apenas a famosa dor de cabeça acompanhada de um enjoo fatal.
Sentimos saudades de quem não merece e de quem jamais esqueceremos. Pensamos naqueles que jurávamos ter esquecido. Nos vemos de volta a uma situação que nunca vivemos.
Mas, dessa vez (ao contrário de todas as outras), você se reconhece pelo espelho. Não está diferente. Claro que algumas coisas (esteticamente) mudaram... Mas continua sendo você. Suas neuras, medos e traumas te olham como sempre (meio de lado e sem qualquer charme). Assim como seu sorriso, bom humor e a cantoria diária dentro da sua casa vazia.
Nessa hora você percebe que é bom ter passado dos 30. A partir de agora a evolução é diferente. Os novos sons não te afetam como antes. Você começa a pensar o que quer, de verdade. Se recusa a ler apenas mais um livro, quer escolher o livro certo. Quer ser afetado por uma trilha sonora que emociona e encanta. Quer sentir apenas as sensações que já sabe gostar. Não quer mais magoar ou ser magoada. Quer ser feliz nas pequenas coisas, nos pequenos momentos escolhidos a dedo.
A verdade é que (depois de uma certa idade) a gente sabe quem é. Não, não sabemos o sentido da vida, por que estamos aqui ou se existe mesmo outro lugar além desse. Sabemos apenas (e já é muito) da parte que nos cabe desse latifúndio. Sabemos o que nos deixa feliz (plenamente). E passamos a entender que não queremos mais perder tempo com o que não interessa de fato. Queremos viver com tudo aquilo que pisa firme, escolhe, decide, atrai e surpreende. O resto... pode virar enigma - porque não vale (mesmo) a pena.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Esquadros

Eu ando pelo mundo
Prestando atenção em cores
Que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo
Cores!

Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção
No que meu irmão ouve
E como uma segunda pele
Um calo, uma casca
Uma cápsula protetora
Ai, Eu quero chegar antes
Prá sinalizar
O estar de cada coisa
Filtrar seus graus...

Eu ando pelo mundo
Divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome
Nos meninos que têm fome...

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm
Para quê?
As crianças correm
Para onde?
Transito entre dois lados
De um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
Quem é ela? Quem é ela?
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle...

Eu ando pelo mundo
E meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado...

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Numa sexta qualquer

Existem sextas-feiras e sextas-feiras. Nenhum dia é igual, claro. Mas podem ser bem parecidos quando os listamos. Acordo cedo, vou andar/correr, tomo meu café (em geral, o mesmo), banho, trabalho, ipod (não sei mais viver sem ele).
No almoço, vario o mesmo tipo de comida, em alguns restaurantes da região. Converso sobre diversos tipos de amenidades. Em alguns dias as besteiras me irritam profundamente. Noutros, gargalho.
Meu modo noturno circula entre seriados, leituras, cerveja com jogo de futebol. Em dias de sorte, bons shows, ótimos encontros. Noutros (ainda melhores), Santos com papo furado e (mesmo assim) filosófico.
Amigos se encarregam da companhia. No trabalho, no telefone de casa, nos sites de relacionamento, no bar.
Sempre aguardo a sexta-feira. Gosto da sensação que o final de semana me traz (mesmo quando fico em casa). Mas elas (as sextas) não são iguais. As vezes vêm acompanhadas de certa melancolia. Uma sensação de que alguma coisa está perdida no ar e eu não consigo enxergar o quê, nem onde.
Não tem como evitar. Levanto da cadeira, tomo um café e olho a hora, que vai passando devagar. Troco as músicas do ipod, coloco só as mais animadas. Aquelas em que é impossível não querer cantar ou dançar - nem sempre dá certo.
O dia se arrasta. Mas, entenda, não me incomoda o fato dessa sensação invadir assim. Me incomoda não saber como começou. Em qual momento me perdi na excitação exacerbada de ontem ou anteontem. Cheguei ao topo e me joguei? Duvido. Sou bem mais complexa que isso. Cheguei lá, sentei, contemplei, analisei a paisagem e parei.
Aí, acordei assim: estranha. Nessa sexta-feira branca (na roupa e no céu). Nessa sexta-feira qualquer. Na qual (novamente) não estou na Bahia, não estou (ainda) em Santos, não estou no trabalho (apesar de me ver aqui). Não estou em lugar algum.
Apenas aguardo o dia passar, respirando pouco ar (pra não faltar). Tudo isso na primeira sexta-feira de setembro, em que espero (ansiosa) pelo sábado - com todas as perspectivas de Vinícius de Moraes.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Rascunho da intuição

Se entender toma tempo (melhor português: entender-se toma tempo). Aliás, muito tempo. Quando vemos estamos (há anos) tentando uma explicação válida para o que nem sabemos direito. Complicado.
Talvez existam pessoas que simplesmente sabem. Ou aquelas que sabem da complexidade, mas preferem ignorar por completo (justamente por isso?). Seja como for, não é meu caso. Não entendo muitas coisas. Assim como não consigo ignorar nada.
Uma criatura pra lá de atormentada que conheci recentemente avisou que, quando morta estiver, vai tomar satisfações com o Criador. Pretende questionar do por que não nos lembramos dos problemas vividos em outras encarnações. Segundo ele, a lógica divina é burra. Afinal, por que precisamos passar por tantas coisas (novamente) a fim de aprender o que já poderia estar sabido?
Confesso que é, no mínimo, intrigante. Porém, numa outra conversa - em que citei o moço acima - soube, por outras grandes figuras, que, na verdade, a gente deve usar da intuição para decidir as coisas. Toda a nossa (pouca) sabedoria está no âmago de cada um. Por isso, devemos saber nos ouvir.
Bom, para quem mal consegue se entender, ouvir a si mesmo é quase uma tormenta. São tantas vozes, tantos conceitos a serem questionados, analisados e devidamente defendidos, que uma pessoa como eu não teria tempo. Mesmo.
Claro que, pensando bem, tenho meus “cinco minutos”. Aqueles dias que dá uma coisa estranha em que você não vai onde combinou, não faz o que deveria, nem fala com ninguém. E aí, você não sabe bem como, mas sente que está fazendo a coisa certa. Intuição?
Bom, pensando nas prioridades resolvi fazer uma lista (adoro listas) de coisas que quero, espero e tenho esperanças que aconteçam. Decidi que antes do papel “concreto” e registrado (em cartório nenhum), eu faria um rascunho. E... bom, estou nele há semanas. Cada vez que leio penso em outra coisa. Risco aqui, coloco ali, ordeno acolá.
Por isso, minha única resolução (absoluta) atualmente é: não definir nada. Meus planos são baseados nos acontecimentos. Acredito que a vida segue, ruma, te sopra para algum lugar... e conforme vamos conhecendo a maré, vamos também trocando o barco, o remo... Vai ter hora em que é melhor nadar, noutras teremos um iate (quem sabe?).
Mas, o mais importante é que a vida seja assim como o mar: sem fim e com a brisa soprando (deliciosamente) a nosso favor!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Vazio Particular

Vazio: “que não contém nada; que não contém determinada coisa; que não tem qualidades positivas; que não produz efeito positivo; fútil, vão; espaço não ocupado por matéria; vácuo”. Assim descreve o Houaiss.
Mas o vazio também pode descrever sentimento. Aquela sensação que não existe. Aquela vontade de dizer algo que não sai (ou não há). O pensamento que não descreve, não formula. Aquele não ligar, não receber, não temer, não querer, não ficar... aquele vazio.
Quando dentro não tem nada mesmo. Só órgãos funcionando. Nada no coração, senão a sístole e diástole movimentando o sangue. O ar que entra e sai dos pulmões. O fígado meio injuriado com a quantidade de besteira. Os rins funcionando normalmente. Sem abalo.
Nada de borboletas no estômago. Nem frio na barriga. Nada dói exatamente. Tudo funciona perfeitamente. Cabeça, tronco e membros. Perfeitos. Mais nada.
Os pensamentos, devaneios e absurdos correm livremente entre neurônios alucinados (sem nenhum alucinógeno). Aliás, isso é a única coisa realmente preenchida: o cérebro. Ele segue cheio de bobagens e muito trabalho. A paixão pela escrita, a ânsia pela leitura, pelo cinema, pelas possibilidades a serem alcançadas (e correm rapidamente).
O vazio está no resto. Está na forma, na falta, no instante. E de repente todo ele faz sentido. Nada é triste. Tudo abre caminho, transforma e ganha ar. No vazio, o ar circula com maior facilidade. Não tem barreiras. Não tem amarras. Não tem pressão.
Nele, também cabe música (descobri recentemente). A sonoridade invade o espaço aberto, sem ocupar nenhuma parte (na verdade). Faz a trilha para o corpo bater no ritmo e a respiração pulsar.
Quando a gente vê, o vazio está cheio de nada (e com o ipod cheio). Aí, você percebe que o sorriso também não ocupa espaço e se vê pronta escolher o que quiser. Pode circular nos corredores, analisar as prateleiras sem traumas e sem pressa. Vai vendo que a vida é mesmo rara e que, se é pra colocar alguma coisa nesse espaço, tem que ser valioso e especial. Senão, é melhor continuar a rodopiar e dançar no meu vazio (particular).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Graças a ela, descobri a emoção

Enquanto escrevo, penso no que vivi. Penso em tudo que me veio a mente na noite passada. Em toda a intensidade que eu nem sabia existir. Agora, sinto novamente o arrepio, a emoção da lágrima caída (e sem nenhuma solidão) por um momento que, eu nem sabia, seria lindo.
O motivo de estar ali não era eu. Era ela. As músicas eram dela. A cantoria e o choro deveriam ser também dela. Mas me enganei (e a enganei). De repente, comecei a sentir que tudo aquilo me pertencia. Eu conhecia. Eu reconhecia. E ela foi a peça que me fez enxergar tudo isso (e agradeço muito).
Comecei a pensar nos detalhes da vida com Roberto. Referências duvidosas. A lembrança mais próxima (fora a eterna euforia dela - mãe apaixonada pelo Rei) era o “Eu te proponho” cantado pelo Didi (o Mocó, mesmo).
Depois, aos 16 (acreditando que sabia alguma coisa da vida, como todo adolescente) criei uma barreira à Jovem Guarda, descrevendo o movimento como uma babaquice criada por uma elite alienada, a fim de esquecer a ditadura. Quanta bobagem (para uma discussão que nem era minha).
Contradizendo tudo isso, aos 30, vi que o Roberto Carlos é também meu. Suas letras, sua emoção e suas rosas são minhas (e peço licença a ela para isso). Ele canta (e sempre cantou) o amor. E, de verdade, quem já sentiu isso pode (sim) se reconhecer nas suas músicas.
Com a idade, posso dizer que ele cantou coisas que vivi e sofri. Assim como (e principalmente) coisas com as quais ainda sonho (e dessas, eu tenho ainda mais saudades). Amores possíveis, intensos, verdadeiros. Daqueles que não queremos viver outra vez e, sim, ver que além do horizonte existe um lugar para dizer eu te amo sem medo, sem sofrimento, sem fim.
As canções que ele fez pra mim são de todos. Representam uma geração que não é a minha, mas invadiu meu coração e meus ouvidos com a certeza de que ele, há 50 anos, canta o que define como um momento tenso, difícil mesmo, bicho (mora?): o amor.
A ditadura passou e foi uma importante bobagem histórica. Chico continua no meu coração como favorito (confesso), mas não é mais o único. Ontem, entre minhas próprias lágrimas, percebi que quero um romance com jeito de Robertão. Chega de coisas atrás da porta - deixo esse sofrimento para a poesia, não para mim.
Quero a mesma entrega das letras que dizem que as estrelas mudam de lugar e que chegam mais perto só pra ver como é grande o meu amor...

Por isso, em homenagem ao Roberto (e a mim), segue uma letra (graciosa) que eu não conhecia, mas que cabe para todas aquelas que, como eu, têm menos de 1,60m - com muito orgulho e certa grandiosidade (por que não?).


Mulher Pequena


Quando uma mulher pequena
Vem falar no meu ouvido
O meu coração dispara
Chego até fazer ruído
Fica na ponta dos pés
Se pendura como louca
Olha o céu e fecha os olhos
Pra ganhar beijo na boca
Depois do beijo na boca
Sua mão leve desliza
Pelos pêlos do meu peito
Dentro da minha camisa
Quando a coisa fica quente
Aí essa mulher me usa
Quero só que se arrebente
Algum botão da sua blusa
Não há roupa que se aguente
E nenhum botão que dure
Esse amor que a gente sente
Não há nada que segure
Gosto de você pequena
Esse beijo me alucina
Coisa de mulher gostosa
Com um jeito de menina
Ai, ai, ai, essa voz doce e serena,
Essa coisa delicada
Coisa de mulher pequena
Ai, ai, ai essa voz doce e serena,
O meu coração dispara por
Você mulher pequena.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estação Recomeço

Hoje eu escrevi no Twitter (aquele novo comunicador viciante, em que fazemos propaganda de nós mesmos) que nada é sólido e tudo pode se dissolver no ar.
Uma amiga (querida como todos nossos amigos devem ser) ainda escreveu o meu comentário para que os amigos dela lessem. Ou seja, ela gostou. E eu não pude parar de pensar nisso. No meu comentário. Será que nada é mesmo sólido?
As coisas passam, é verdade. Ou se dissolvem. Podem sumir com o tempo. Podem nos fazer sofrer durante longo (ou curto, com sorte) período. São levadas com o vento. Com a mudança de estação. Com a nossa incrível, maravilhosa e odiosa capacidade de adaptação a tudo na vida. E aí... passa. Some. Dissolve-se no ar.
Mas... tenho dúvidas. Ou melhor, gostaria de colocar algum otimismo nessa história e dizer que (talvez) nem tudo é tão efêmero. Tem uma coisa que fica e que é (sim e, por favor) sólida.
Nossa personalidade é sólida. Opinião não, podemos mudá-la sempre (e graças a Deus). Mas o seu jeito é seu. É único. Briguento, mal humorado, risonho, amigo, leal, com um certo tique, uma mania aqui, outra lá. Não importa. É tudo seu. E é por ele que as pessoas se apaixonam, amam, viram seus amigos. Assim como é, graças a ele que você ama. É ele que te dá a capacidade de escolher a quem amar e por quem ser amado. Isso tudo é sólido.
Mas, infelizmente, tenho más notícias: todo o resto pode se perder numa ventania qualquer. Aquela pessoa, aquele amor que era incondicional, eterno, acabou durando menos do que você gostaria e voou. Os planos que você nem teve tempo de concretizar. O apartamento novo, a viagem, as palavras de afeto, os cartões, os “eu te amo” em dias especiais, os jantares a dois. Tudo evaporou como cinzas ao vento (parafraseando a música).
O que é material também vai embora, claro (e ainda mais facilmente). Mas isso, quem sabe um pouco mais da vida, já passou e não se assusta tanto. O que nos deixa mal mesmo é o resto. Aquilo que dói o coração, o corpo. Que assusta a alma e atrapalha o sorriso. Isso se dissolve, mas deixa marcas.
A verdade (verdadeira) é que, depois de um tempo, vemos que o grande lance da vida é viver o presente e olhar para as estrelas com certa nostalgia. Saudades do que se foi não é ruim. Ruim é deixar de sentir e querer ter de volta o que passou. Se acabou é porque a ventania foi forte, e seu telhado não era bom o suficiente.
A sacada dessa história é reconstruir o que sobrou, melhorar essa plataforma e perceber que dá para olhar pra fora com otimismo para ver que a próxima estação está por vir. E aí, até lá, nossa nova cobertura estará pronta (e muito mais forte) e seremos muito mais felizes para recomeçar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Alma Lavada

Invadi o espaço alheio e confesso: gostei. Ao contrário do imaginei. Me senti como uma espiã. Ali, eu era alguém infiltrado em ambiente proibido, buscando informações preciosas. E foi delicioso.
Bom, o assunto que me levou lá? Futebol. Ah, o futebol. O esporte que traz tristezas e alegrias para a população nacional (quase 100% dela). E eu estava lá. Vasculhando, olhando, ouvindo... tudo o que vinha deles. Afinal, ali, tudo era deles. Menos eu.
E eu vi. Vi quase tudo e anotei mentalmente o que me interessou de verdade. Fui pensando em ideias que podem fazer com que eles fiquem ainda melhores. Sim, porque (mesmo como espiã) eu estava ali para somar, para ponderar, para criar. Criar o que é melhor para eles.
Irônico. Um teste para qualquer pessoa que sabe o prazer que é fazer um gol neles. Dá aquela vontade louca de gritar palavras obscenas e chulas. Mas, ali, eu estava a favor, não contra. Coisas que apenas o trabalho faz por você. E, surpreendentemente, me deu prazer.
Mas (como ninguém é perfeito), saindo de lá, eu precisava da busca. Precisava de um novo olhar sobre o assunto que não viesse deles. Longe de Santos, escolhemos o lugar certo: Museu do Futebol. O museu que mostra todos 'eles' com uma mesma visão: a nossa.
Somos nós, os torcedores, sua melhor obra. São nossos gritos, berros, abraços, canções, empurrões que fazem parte do melhor momento (na minha opinião) do Museu. Somos nós que estamos ali, logo abaixo da arquibancada (o inverso do nosso lugar de origem). Nossos sons ecoam nos corações de nós mesmos.
Sentindo aquilo, não dá para lembrar que esse amor vem de um esporte suado e mal educado. O que vemos é o amor pelo esporte que valoriza a democracia. Que não vê cor, nem conta bancária. Estamos todos ali pelo mesmo motivo.
O museu nos prova que, dentro de um estádio, pela televisão ou pelo radinho de pilha, somos apenas um. O que muda são as cores e as vozes. O restante (o que sobra) é paixão. Só isso. Essa violenta e exuberante paixão, que todos conhecemos.
E aí (depois disso), não há alma que não seja lavada.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vou ver a vida a pé

Marcelo Camelo.

Diziam que ele seria o próximo Chico Buarque. Bobagem. Infelizmente (ou felizmente, não sei), é difícil chegar aos pés do homem. Mas, se comparado aos compositores da minha geração, ele realmente se destaca.
Eu e Rê (minha amiga e fiel escudeira) fomos conferir o show. Não esperávamos nada. Aliás, mentira. Até esperávamos. Acreditamos que seria um palco paradão, quase sem empolgação. Bobagem. Mandou muito bem e esbanjou simpatia, o moço. Todo mundo dançou, cantou, se emocionou e se identificou com letras. Uma delas, segue. Mais Tarde.

Pode ser até do corpo se entregar mais tarde
Parece simples mas, a gente às vezes é

E o amor é lindo
Deixo tudo que quiser eu não me queixo em ser
Acho normal ver o mundo feito faz o mar num grão de areia

É de se entregar a sorte e todo mundo vai saber (3X)

Em ver que o vai e vem pode ser eterno
Pra ver quem manda
Acho que não vai dar tô cansado demais
Vou ver a vida a pé
Acho normal tá no mundo feito faz o mar num grão de areia

Como deve ser

As coisas são do jeito que devem ser. Mesmo. Por mais cético que seja, é bom acreditar: você pode se esforçar, pode querer, torcer, lutar... mas a batalha termina como deve terminar (seja lá o que isso quer dizer).
Claro que cabe a você correr atrás. Não adianta nada esperar pelo o que se deseja, sentado no sofá de casa sozinho (a não ser que espere uma pizza). Se você fizer sua parte, se fizer tudo o que pode, o resultado será o correto – mesmo que você não fique tão feliz com isso.
Realmente acredito nisso. Já escrevi aqui que, em se tratando de relacionamentos, sou cética, fatalista. Mas, na vida, sou crente (ecumenicamente crente). Daquelas que acredita até em latinha de coca-cola, se alguém garantir que faz bem.
Sou neta de uma mulher (maravilhosa) que ia do candomblé ao catolicismo como abrisse outra gaveta; e de um homem que sempre disse (e diz): “se não fizer bem, mal também não faz”. Assim cresci cheia de misticismo. Santos em oratórios, benzedeiras, espíritos (que nunca vi - ainda bem), alhos, sal grosso, defumações...
Tudo isso me fez aprender duas coisas. A primeira foi a identificação (imediata) com a cidade de Salvador. A segunda é o que disse acima: as coisas têm um jeito certo para acontecer.
Os indianos chamam de “destino”. Eu não. Acho forte demais. Até porque acredito no tal livre arbítrio. Sendo assim, seu destino pode ser mudado. Tudo vai depender da sua escolha. E você pode escolher mal, assim como pode acertar em cheio! Aí... o resultado vem (entre lágrimas ou sorrisos).
A parte ruim (e brilhante) é que nunca sabemos se a escolha é certa. Mas podemos acompanhar os sinais, basta reconhecê-los. Claro que nem sempre somos bons leitores dos códigos (as vezes tão óbvios), principalmente quando queremos o inverso do que está ali (na sua cara).
Mas... uma hora o sinal grita e alguém toma a decisão por você - caso você não faça. Por isso, aceite. Acorde e olhe para fora. O sol vai continuar brilhando e a pizza deve chegar a qualquer momento (junto com as novas possibilidades).

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Proclamação

A partir dessa data está proibido qualquer tipo de ruído que venha da boca dos indivíduos, exceto palavras, choro, gargalhadas, soluço ou gritos. Os repugnantes (e agora contra-lei) são os espirros, tosses e pigarros. Está prevista a multa e a punição aos meliantes que desacatarem essa ordem – podendo até haver pena de morte.
Tudo isso porque estamos em uma crise com os porcos. Eles estão atacando as cidades como verdadeiros gafanhotos e não sabemos ao certo como agir. O governo está trabalhando para melhor atender a sociedade que (sabemos) já se encontra febril.
Não há remédio. De nada adianta trancar portas e janelas de suas casas. Quem crê, pode rezar. Mas não há nenhuma previsão de ajuda. São Pedro decidiu (por conta própria) fazer sua parte e parou (por ora) com a chuva. O problema é que ainda não descobrimos qual tipo de santo poderia acabar com o frio – coisa que (acreditamos) poderia espantar os porcos.
Por enquanto, o governo se mantém apático (como sempre). Sabemos que é grave, mas preferimos omitir a informação, dizendo que estamos muito melhores que outros países – afinal, os porcos mataram menos por aqui.
Definimos também não contar para ninguém que nem todos os hospitais fazem o exame que comprova a presença do porco nos indivíduos. Pois é muito melhor (para nós) divulgar estatísticas mentirosas a respeito.
Enquanto isso definiu-se esse decreto-lei como ordem expressa e imediata. Sendo assim, quem tossir leva multa, e se continuar tossindo (ou espirrando), será levado para isolamento sem data de saída, ou até para a morte.
Nós continuaremos nosso papel mudo e sem informação. Além disso, estamos (também) cuidando da alimentação dos porquinhos. Eles agora comem pizza – principal produto do plenário. Afinal, os pobrezinhos ainda podem servir de alguma coisa.
Obrigada pela atenção. Podem voltar para a novela da vida (boba).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Música na cabeça

Pra rua me levar
Ana Carolina

Não vou viver como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você

É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Coisas Simples

Já reparou que quando mudamos parece que mundo muda junto? Dá uma sensação meio imbecil de que as pessoas estão notando sua mudança e que, por causa disso, também notam sua alteração de encarar a vida.
Aqui, vale qualquer tipo de mudança. Estética, mental (digamos) ou espiritual. A gente se transporta... faz com que seu mundo particular se transforme em um palco particular. Você desfila, sorri e segue de salto na passarela da vida.
Todo mundo pode passar por isso. Nós, mulheres, somos mais bobinhas. A gente pode ficar assim quando faz as unhas, depilação, corta ou pinta o cabelo. Acontece também quando emagrecemos ou quando estamos apaixonadas e esse alguém sente a mesma coisa (que maravilha!).
Somos mesmo deliciosamente bobas. E (de verdade?) é tão bom ser assim. A gente acaba adorando as coisas simples da vida. Valorizamos esses momentos de menininhas ou mulherzinhas - com todas as críticas que vêm junto com isso - mesmo questionando ou negando cada uma delas.
Hoje, eu não estou nem aí. Não quero fazer previsões, aumentar os sonhos (já grandes o suficiente), nem esperar por uma proposta (daquelas indecentes). Hoje, estou disposta a arregaçar as mangas, a andar pra frente e a me olhar no espelho com prazer e dizer: as coisas melhoram. Sempre. E é tão bom que seja assim, não é?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Caloi de um tempo

Você já pensou se tivesse a capacidade de voltar no tempo? Ou mesmo se adiantar nele? Podia ser interessante.
Voltar para a infância e provar (novamente e com muito mais paladar) todas aquelas delícias e sabores nunca mais sentidos. A massa de bolo, a banana frita, o bolinho de chuva, o bife, o macarrão com salsicha, a mamadeira... Tudo de um jeito que nunca mais terá o mesmo gosto – mesmo feito com a mesma receita.
As brincadeiras de Barbie, o jeito imbecil de aguardar a Xuxa retirar a carta que nunca enviei, andar de bicicleta no quintal que a gente lavava com tanto prazer e brincar de executiva (mulher ocupada), que tinha o irmão como vizinho e chefe.
A adolescência eu pulo. Fui insegura como a maioria. Não gostava de mim naquela época, apesar de ter sido a maior (e mais competente) organizadora de festas já vistas no mercado dos anos 90 (com modéstia, claro).
Passei a me curtir a partir dos 16 anos, quando tive o primeiro namorado, amigos que nunca mais vi e outros que estão até hoje... Foi bom, mas prefiro não repetir a dose.
Depois teve o início de um longo namoro. Foi o primeiro grande amor, creio. Minha entrada (com senha e tudo) para o céu (maldade). Também podia pular essa. Não me entenda mal, foram muitos anos de convívio, com muita risada (ninguém pode negar o humor do garoto), mas também muitos problemas. Tantos, que não valeria passar pela mesma coisa.
Poderia voltar também para três anos atrás. Novata como moradora de São Paulo. Festeira, pagando aluguel do quarto mais concorrido da cidade, na casa de grandes amigos. Mas... acho que também optaria por não voltar a viver nada daquilo. Nem mesmo o início de um novo amor, que (curiosamente) teria o mesmo fim do primeiro (por motivos, inclusive, bem parecidos).
Na minha opinião a infância é o período mais bacana de se repetir. A falta de problema, o choro vindo apenas de um machucado e quando a solução da vida era vista pela perspectiva de um bolo (delicioso) de chocolate. Simples assim. Na infância não existem pensamentos profundos, solidão, melancolia. A gente ri e ganha bicicleta. Pronto.
E o tempo pra frente? O futuro? Por que isso seria interessante? Não acredito em previsões. Ninguém vai poder dizer o que vai acontecer. Até porque, se você pudesse ver e voltar para o `agora`, faria de outra forma e o final nunca seria o mesmo.
Melhor é deixar como está. E torcer para que (esse ano) a minha Caloi me satisfaça e traga com ela todo o futuro que eu mereço e espero (que não é pouco). Se não for assim: devolvo, faço birra e preparo (eu mesma) o melhor bolo de chocolate do mundo – não vai ser a mesma coisa, mas prometo me empenhar.

domingo, 2 de agosto de 2009

Fim de domingo

"Se você desiste de tentar, nada nunca valerá a pena".
Bonito né? A gente devia pensar nisso de vez em quando... Lutaríamos mais por aquilo que acreditamos. E talvez (talvez) conquistássemos sonhos maiores.

Metamorfose do tempo

Eu já tive mais tempo. Já precisei mais dele também. O tempo é uma coisa engraçada. Ele passa e deixa rastros eternos. Traumas, lágrimas, sorrisos, feridas, conhecimento, sabedoria, emoções estranhas... tudo isso está na cicatriz feita pelo tempo.
Com o tempo, também passamos a pensar de outra maneira. A gente vai amadurecendo e percebe que algumas coisas mudaram. Vai vendo que suas necessidades e seus quereres têm outra forma e, principalmente, outro peso. De verdade.
Somos mutantes. E, apesar de eu ter dito que não mudo – no post abaixo, todos mudamos ao longo da vida. O que não dá para mudar é nosso jeito, nossa personalidade. Mas nossas fantasias mudam. Sempre. E, as vezes, a cada dia.
Ao longo da vida vamos percebendo reações contrárias. Aquilo que antes era tão bom, não é mais. Nos vemos felizes em momentos que antes pareciam monótonos ou até patéticos (vai entender!). É possível observar uma surpresa por dia – basta reparar.
Somos estranhos em nosso próprio ninho. Estamos sempre em busca de uma nova fórmula de felicidade que não existe. O ideal é tentar buscar o entendimento da nossa metamorfose ambulante e aceitar. Entender que se hoje estamos bem ou se existem sentimentos que rejeitamos e estranhamos comparando ao passado, é porque as coisas realmente se transformam (sim!). A ideia é tentar ser feliz dessa forma. Mudando, amando, querendo e buscando o que for melhor pra você naquele momento(e sempre). A vida toda.

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu não mudo

A vida inteira eu ouvi que ninguém muda. Em todos os meus relacionamentos amorosos (principalmente), foi o que eu mais me disseram (no final). Mas, nesse caso, a verdade é que ninguém muda ninguém.
Quando falamos de relacionamentos comuns e não apenas homem-mulher. As pessoas são o que são, e pronto (ou não?). O problema é que as vezes nos enganamos em relação ao outro. Quando o outro não é tão bacana quanto parecia.
Como conhecer alguém ao ponto de colocar a (famosa) mão no fogo? Ou mesmo quando você não conhece tanto, mas tem certeza que aquela é uma pessoa que vai ser legal, vai virar alguém importante na sua vida... e aí, vem a decepção. Acontece. Acontece com quase-amigos, quase-conhecidos, colegas de trabalho, “casinhos”, namorados e até maridos. A gente se engana.
Me pergunto se eu já fiz alguém pensar isso de mim. Será? Será que fui alguém que não sou, apenas para encantar uma outra pessoa? Será que deixei de ser a menina (ainda gosto de me sentir assim) brava, irônica, com humor aguçado, meio briguenta, falante e as vezes irritante (confesso) só para conquistar alguém? Será que alguém já disse que me transformei em outro ser (sem nenhuma relação com o nome desse blog) depois de um tempo de relacionamento (de qualquer tipo)?
Eu duvido. Duvido que eu já tenha feito isso. Mas eu já vi tantas pessoas mudarem... que me choca. Me deixa deprimida mesmo. As pessoas se mostram. Simples assim.
Uma vez eu ouvi de um cara (que, ironicamente, mudou) uma constatação ótima – talvez ele falasse dele próprio e eu não saquei. Enfim, ele falava que as pessoas, no início, são maravilhosas, até que um dia elas mostram quem são de verdade e aí estraga tudo. Não é que ele estava realmente certo? A verdade sempre aparece (frase velha e real).
Sempre me julguei verdadeira. Mas, quando coisas assim acontecem, até eu me questiono. Fico pensando se fui demais, de menos; se falei muito, pouco; se questionei demais e concordei menos. Mas, espera... essa sou eu. Eu sou assim. Falo muito, questiono muito e até concordo (as vezes). Então, não posso ter sido outra pessoa. Fui eu mesma. E é isso o que eu tento provar todos os dias. Todo o meu valor está mesmo na minha personalidade. No meu jeito. E disso, eu não tenho dúvida.
Sou assim. Quem gosta, pode gostar muito. Quem não gosta... não sabe o que está perdendo (modéstia? Pra quê? O blog é meu!)

É pênalti?

Sempre pensei no trauma que é perder um pênalti (ao estilo do Baggio, na Copa), ou defender um (como Tafarel fez tantas vezes). Mas, acertar é quase certo né? Não, não jogo nada de futebol, mas gosto da bola, gosto da garra (de alguns), gosto do estádio, do gramado, da torcida (especialmente) e gosto (muito, mas muito mesmo) do Santos.
Assistindo ao jogo ontem, pensei o que será que se passa na cabeça de cada um dos envolvidos: árbitro, jogador e goleiro. É um devaneio, claro. Mas esse blog vive mesmo disso, não? Então, vamos lá!
*Ah! Os palavrões vêm junto com o contexto, claro!

Árbitro: Apitei. Pronto. O cara estava mesmo em cima do outro, não? Deixa eu olhar para o assistente e ver se ele viu a mesma coisa. Viu. Pronto. Foda-se. Depois, os caras vão cair matando mesmo. Não, não. Nem me olha com essa cara feia, meu filho, senão leva cartão. Já era. Vê quem vai bater essa merda e pronto. Putz! Agora, se esse filho da puta se adiantar eu mato ele! Burro! Todo mundo sabe que ele vai dar a paradinha! Que imbecil... pronto acabou. Graças a Deus. Vamos para o meio do campo, seus merdas!
Jogador: Apitou? Apitou o quê? Aeeee! Cacete! Pênalti! É isso! Agora eles já eram. Ponto nosso! Certeza! Quem bate? Eu? Ta beleza. Posso bater. Sou bom nisso. E o Romário achando que só ele é o cara? Eu sou o cara! Posso fazer isso. Claro que sim. Quantos já não fiz na vida? Não, idiota, não adianta me olhar feio não, você não vai me impedir que marcar um golaço. Pode xingar a vontade. Minha mãe ta acostumada. Quero ver vocês na merda. Bom, agora sou eu e você, goleirinho de merda. E você não vai pegar porque sou foda. Pode esquecer. Mas... e se ele pegar? Calma, calma, não apita não! Não escolhi o canto, porra! Merda! Primeiro a paradinha... foi! Foi?
Goleiro: Ah! Cê ta brincando? Pênalti? Sério mesmo? Vai lá, vai lá... discute com o cara! Não é possível! Puta merda. Nessa hora eu queria ser zagueiro! Cacete! Também, o imbecil tinha que pular em cima do cara? Os 'nêgo' são burros pra caralho e sobra pra mim! Se eu não pego, sou um bosta. Se pego, sou O cara (e o Romário que se foda). Bom, já era. Não posso me adiantar, mas eu queria ir lá quebrar a perna desse filho da puta. Tudo bem. Calma. Que Deus me ajude. Deixa eu fazer o sinal da cruz que ele ajuda. Respira que o cara vai apitar. Pra que lado eu vou? Vai... Escolhe agora. Não embaça. Mas e se ele faz a maldita paradinha? Foda-se. Vou pra direita. Será? Apitou, porra.