segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

(im) Perfeitos

Em mais uma conversa franca (e meio bêbada, é verdade) de bar, alguém declara: “os homens perfeitos são os viúvos”. No mesmo momento, me perguntei: a que ponto nós, mulheres solteiras com mais de 30, chegamos?
Vamos analisar a frase: viúvos são os solteiros sem ex-mulher. Ou melhor, com uma ex-viva (com o perdão da piada). Não é pior? Será que não seria melhor lidar uma loira/gostosa viva do que um fantasma no retrato do criado-mudo?
Ou as mulheres enlouqueceram ou eu tenho medo demais de fantasma (o que também é uma grande verdade). Mas, veja bem, um homem com um passado triste, traz mais carga do que qualquer outro trauma (que, nesse caso, passam a ser imbecis) como traição, casamento falido, ex-mulheres ciumentas, loucas por dinheiro e quebradoras de coisas. Sei lá!
O sofrimento não melhora ninguém. Piora. Essa coisa de que quando a gente passa por uma coisa muito triste, melhoramos e passamos a ver a vida de outra maneira só vale quando se trata de morte. É verdade. Mas, ainda assim, vale apenas pelos meses (ou anos) do luto. Depois, passamos a esquecer da nossa óbvia mortalidade e voltamos a ser os idiotas de sempre.
Isso tudo é bobagem demais para mulheres inteligentes. No fim do bar, tudo não passou de uma piada infeliz, claro. Mas se pensarmos que alguém somente pode ser sensível se já tiver sofrido, comprovaremos que as traumatizadas e problemáticas somos nós (mulheres). E que eles (homens) são os pobres coitados que, em geral, desistiram de encontrar uma pessoa sem neuras, sem loucuras e sem mau humor. E isso... é bem injusto.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A favor da maré

O mundo está indo contra a corrente óbvia do desenvolvimento. Não, não é um texto político. Tampouco vou dizer que não tivemos avanços (até porque, isso, mostraria que não leio, nem vivi os últimos 15 anos, pelo menos). Mas para algumas coisas, estamos atrasados. Mesmo.
Não vou discutir a terra santa de ninguém, nem vou falar que o amor por Deus não pode matar tanta gente, nem criar homens-bomba. É contraditório demais. É retrógrado demais.
Também prometo não comentar sobre o (não) uso da camisinha pela igreja católica ou o (não) sexo antes do casamento em outras igrejas, ou ainda tudo que envolve as duas coisas. Dogmas e regras sem sentido num mundo evoluído?
Não quero comentar o absurdo do comunismo. Uma tentativa falida de ser fazer alguma coisa certa. Pior ainda o socialismo comunista em que as pessoas são presas em seus próprios países, sem nenhuma chance de fuga sem risco. Tudo lindo no papel, mas na prática não funciona.
O texto era apenas para dizer que o casamento gay será um fato. Um dia, tudo isso será uma tremenda bobagem sem tamanho – assim como as mulheres (antes) não podiam trabalhar ou votar. Os franceses estão contra a maré dos fatos. O Brasil também está. Quantas e quantas paradas gays deverão existir para que as pessoas deixem de hipocrisia? Quantos e quantos amigos você ouvir dizendo que está apaixonado por alguém do mesmo sexo para não se chocar?
Enfim, não sou judia, não tenho sangue árabe, nem sou católica ou evangélica. Não sou comunista e adorei Cuba (e não há contraponto nenhum nisso). Não sou gay (e ainda acredito nos príncipes/sapos da vida). Mas... acho que já sou desenvolvida - seja lá o que isso queira dizer.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Chove lá fora e aqui...

Aí, você decide que vai ter uma vida mais alienada. Decide que não quer mais saber o número de mortos nas enchentes e deslizamentos, nem a quantidade de gente soterrada por toda a lama. Você decide que é melhor ignorar e viver sua vidinha medíocre, em cima de seu prédio bem construído, no alto da maior cidade do Brasil.
Quando a chuva começa, lá em cima, na sua varanda, você olha e faz uma breve prece para que Deus não desista daquelas pessoas. Você desistiu por ser covarde demais e impotente demais para resolver qualquer situação. Mas Deus não. Ele pode. Então, você pede toda a atenção dele e volta ao trabalho como se o barulho da chuva (ou temporal) o ajudasse na concentração.
Aí, como de hábito, você abre o jornal da manhã (pela internet) e a primeira foto é o que a chuva do dia anterior causou. Quantas crianças estão precisando de novos pais, nova vida, nova perspectiva. Lê sobre um cachorro que se foi levado pela água e pensa: a natureza vai mesmo vencer, quando as pessoas vão descobrir isso?
Todas as crianças podiam estar aqui, comigo. De verdade, eu adotaria cada uma. Não sei como sobreviveria, como a gente comeria, mas daríamos um jeito, tenho certeza. O amor faz brotar... até comida e dinheiro brotam. Mas na realidade sabemos que nada disso vai acontecer até que você faça. Reaja. Aja. E como é difícil... Você separa sacolas para doação, se preocupa, envia e... o que mais?
Avatares de uma vida contrária. Eles invadiram um espaço destinado ao verde, aos morros, a uma outra vida. Eles entraram e a natureza os tirou. Nesse momento discutimos a atuação política, o crescimento de um país que, mesmo sem nenhuma estrutura, vai sediar a copa do Mundo, as Olimpíadas (outro papo, mesmo problema). Que não chova muito até lá!
O país chora lá fora... Chove lá fora... e eu continuo aqui dentro, completamente chocada, com calor e sem a menor atitude. Triste.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O acaso sem sorte

Esperar o que não se espera. Louvar o que não se vê. Contar com a sorte. Mas como?
Estamos acostumados a conviver com o inesperado. Ele faz parte das nossas vidas, está ali – mesmo sem a gente ter ideia do que é, do que virá. O inesperado não irrita, não angustia, não deprime – simplesmente porque não fazemos a menor ideia do que pode acontecer. Não contamos com ele, não sabemos dele, não esperamos. Mesmo se a notícia é ruim, não há previsão ou aviso. O inesperado não manda email, telegrama, nem escreve carta de amor (eles podem até chegar, mas só saberemos quando acontece).
Assim como louvamos tanta coisa que não vemos e não conhecemos que nem vale muito uma explicação (na verdade, nada disso vale, mas o texto é meu, então...). A começar com Deus, o pecado, os santos e santas... a fé é a maior explicação do louvor ao que não se vê. Assim como o conhecimento, a sabedoria, a inteligência. A gente quer tudo isso, admira quem tem mais do que a gente. Nós buscamos isso na vida, mas é uma busca eterna e infinita. Ninguém nunca saberá tudo, nem viverá tudo, nem dará os melhores conselhos. Por ser tão intocado e invisível, louvamos.
Aí, vem a sorte. O que é contar com a sorte? O que é a tal sorte? Se nada acontece por acaso, a sorte não existe, certo? Aconteceu porque tinha de acontecer – o que inclui ganhar na loteria. Sorte é para os ignorantes. Sorte é para aqueles que não confiam na vida, no poder do inesperado, para quem não tem fé ou inteligência o suficiente para aproveitar o lugar certo, na hora certa. A sorte não existe, mas (ainda assim) contamos com ela.
Esse texto meio sem sentido só me leva a crer que devemos criar menos expectativa na vida para ser mais surpreendido. Que devemos ter mais fé e estudar mais para reconhecer o momento ideal e perfeito das coisas boas acontecerem. E que o acaso pode mesmo fazer milagres... assim, por pura sorte!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Santos é Santos

Santos é diferente. Assim como Nova York é para Carrie Bradshaw, confesso que Santos é pra mim. Com a sutil diferença de que aqui sinto falta de alguns (muitos), sinto falta das minhas flores, da minha casa e sinto meu trabalho incompleto. Mas (e mesmo assim) é aqui que me sinto completa. Difícil relação.
Já escrevi sobre a cidade em tantos textos que nem sei (até acho bom que poucos me leiam, para que apenas eles saibam o quanto posso ser repetitiva sobre o tema). Santos é especial. Fato. Ir embora é sempre uma situação complicada para mim. Me enfraquece um pouco, não sei explicar.
Mas tudo isso não é apenas pelo fato de que, mesmo debaixo de chuva, a cidade é linda, andar na praia é uma delícia, as luzes dos navios no horizonte fazem total diferença ou mesmo por ter o maior jardim à beira mar do mundo. Nada disso faz muita diferença se não houvesse pessoas tão especiais aqui.
Aqui estão as duas melhores pessoas do mundo. A outra está em São Paulo, mas é em Santos que formamos o maior dos quartetos (mesmo que, em geral, somemos apenas três nos encontros). Essas pessoas são a minha diferença, fazem a minha existência e estão no topo da lista de prioridades.
O ano vira e nada disso muda. Pode mudar trabalho, vida financeira, problemas... podem vir decepções, alegrias ou tristezas... podem surgir novidades, novos textos, bobagens... Mas são elas que me indicam a felicidade. São elas que me dizem para parar ou me jogar. São elas que me dão gana de ganhar.
Por elas tudo, sempre. E é aqui, em Santos, que isso tem peso. É aqui que as pedras do whisky dão o som, que os papos sobre a vida e o amor têm mais valor, que a música tem violão e que a risada tem novo tom. Por isso, Santos não é igual a nenhuma outra cidade. Santos é Santos e ponto.