quinta-feira, 28 de maio de 2009

Cumplicidade necessária

Todo mundo tem cúmplice. Homens e mulheres. Afinal, a gente precisa de pessoas que façam com que nossa consciência não assuma toda a responsabilidade (pelo menos, não sozinha).
Nossos cúmplices são aqueles que sabem de coisas que, as vezes, nem nosso espelho poderia dizer claramente (ainda bem). São eles que nos ouvem quando estamos mal e brigam quando percebem que exageramos. São eles que nos apóiam quando estamos com vergonha; ou ainda participam da maior asneira que você já fez na vida (mesmo que contrariado por isso).
Em uma entrevista com Paulo Ricardo (ex-RPM) ele disse que, para os homens, funciona como uma “confraria de canalhas” reunida em prol de algum deles.
Para as mulheres está mais para as “poucas e boas”. Somos diferentes. A gente planeja, arquiteta, monta planos imbecis (que nunca dão certo) e nenhum homem apoiaria isso. Somente mulheres.
Muitos não acreditam na nossa cumplicidade. Bobagem. Temos aquelas escolhidas a dedo com quem confidenciamos coisas e nos divertimos muito. Sim, porque é tanta bobagem junta, que risadas não faltam nunca (nem lágrimas, claro).
Quando nós, mulheres, nos gostamos de verdade, somos parceiras, somos amigas, somos cúmplices. Frequentamos lugares, eventos, encontros, bares e palestras que comprovam essa teoria. Em geral, nenhuma entra sozinha. Sempre há um cochicho, um comentário... As cúmplices sabem, exatamente, porque a outra está rindo.
Por isso, que ninguém duvide que mulheres não montam suas confrarias! Não apenas temos a nossa, como é muito bem estruturada. A diferença está na falação, nos assuntos e nos decibéis (claro). Lá, mostramos que, apesar de loucas (e é preciso admitir), somos também lindas e (tão) necessárias! Fala a verdade?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

O amor é importante, porra.

O AMOR É IMPORTANTE, PORRA. Assim estava escrito na pichação de um muro no final da Angélica, com a Paulista. Fiquei tocada. De verdade.
Primeiro, porque essa não é uma frase óbvia como “Deus é fiel” (quem diria o contrário?) e nem uma frase questionável como “Cristo é a resposta” (para qual pergunta?).
A frase que li pichada tem a palavra “porra” como complemento, mostrando que o essencial pode ser também simples, chulo, popular (e com um “quê” de pornochanchada, diga-se).
Depois, soube que essa frase está também em outros lugares da cidade. Que bom. Fiquei muito feliz de saber que existem pichadores que reconhecem e divulgam a importância do amor. Mesmo que poucos leiam, ou prestem atenção.
Num desejo utópico (e até altruísta) gostaria que as pessoas percebessem o valor da frase, assim como eu. Que pensassem no assunto ou, ao menos, sorriam ao lê-la.
Fiquei pensando tanto nisso que, nos últimos dois dias, quando converso sobre um relacionamento qualquer, repito a pichação.
Hoje, mais cedo, ouvi que o mais importante da vida é viver “o aqui e o agora”, sem se preocupar muito com o que virá amanhã (isso é um treino difícil, mas possível). Imagina embutir o amor nesse imediatismo? Perfeito!
Todo amor é válido. Relacionamento amoroso, familiar, entre amigos... vivê-lo é o que realmente importa. Simplesmente porque estamos na vida pra isso. Se entregar sem medo, se jogar no novo, pois só assim o verdadeiro e alucinante amor acontece. E, creia, uma hora dessas acontece.
Afinal, a vida é isso, porra! (mesmo que, as vezes, mal educada, sempre vale a pena ser vivida).

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A deriva

Assim mesmo. Sem texto.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Eu te amo mesmo?

Ferreira Gullar disse em sua crônica “Sobre o Amor”, que as pessoas deveriam ter gatilhos disparados na garganta todas as vezes que mentissem quando dissessem “eu te amo”.
Apesar de (no mesmo parágrafo) ele discordar dessa sua ideia, eu concordo plenamente. O “eu te amo” virou uma frase banal. Depois do primeiro frio na barriga ao ouvir (ou dizer), acaba. Aquela ansiedade e importância da frase e, principalmente, do sentimento, morre completamente.
Sejamos francos: não dá para amar ninguém todos os minutos do dia – até porque pensamos em outras coisas certo? (por favor, concordem). Além disso, tem dia que odiamos – o que não quer dizer que vamos matar a outra pessoa. A gente simplesmente não está amando naquele momento. Por qualquer motivo (mesmo que idiota). Ele roncou a noite inteira quando você teve insônia. Ela quis discutir a relação na hora do jogo da final. Não dá pra amar ninguém nessas horas.
A frase fica tão batida, que vira automática. O homem está entrando no banheiro com dor de barriga, enquanto a mulher grita ao sair de casa. Ele senta no vaso e grita de volta: “Também te amo, querida!” – sério mesmo?
Ela o pegou com outra mulher. Ele estava bêbado como um gambá (expressão sem sentido essa, mas ok). Ela deita na cama ao seu lado, depois de segurar sua cabeça no vaso sanitário. Ele fecha os olhos, ela vira pro lado e diz: “Te amo, boa noite” – como?
Banalidade pura. No costume de uma relação a dois se fala. E pronto. Tanto faz se naquele momento você está amando mesmo ou não. O fato é: depois que se diz a primeira vez, pode se dizer sempre.
Por isso, lanço uma proposta: vamos dizer a verdade? Somente abra a boca quando for sincero e honesto. Quando o momento for encantador o suficiente para encaixar a frase. Valorize o “eu te amo” para que ele eternize esses segundos mágicos. Para que o frio na barriga (ao dizer) nunca deixe de existir. Afinal, é pra viver esse tipo de coisa que estamos aqui, não é?

domingo, 17 de maio de 2009

Repetindo padrão

A gente repete padrão de comportamento? Somos tão óbvios assim? Respeitamos mesmo esse tipo de norma? Ou melhor, existe esse tipo de norma na nossa sociedade?
Dia desses ouvi de um amigo que, em um relacionamento, acabamos repetindo os mesmos erros que o nosso antigo parceiro fazia conosco. Ou seja, no seu próximo relacionamento você será o outro, para outro alguém. Tudo o que você menos gostava no seu antigo namorado ou namorada (ou marido, mulher – não importa) você vai fazer para seu novo amor, inconscientemente. Será mesmo?
Outra coisa que ele me garantiu é que somos tão idiotas (e nisso eu concordo) que não apenas não percebemos, como também não nos esforçamos na entrega. Quer dizer, em geral, achamos que o nosso relacionamento não merece o mesmo tipo de doação como feita para o antigo. Afinal, não valeu a pena.
Fiquei pensando nisso. Faz todo o sentido. Repetimos erros que as outras pessoas fizeram conosco. O que se conclui que repetimos o padrão e ainda pioramos com o tempo. Quanto mais velhos, piores ficamos.
A maturidade (ou idade) nos faz dizer com segurança o que gostamos, o que queremos e o que não queremos de jeito nenhum (ótimo isso). Mas nos traz um aglomerado de experiências ruins em diversas áreas. Essa fórmula pode ser levada para o trabalho, por exemplo. Quantas vezes não pensamos que não adianta fazer isso ou aquilo, porque no final você não tem nem um tapinha nas costas, já que no seu outro emprego foi a mesma coisa? Padrão repetido.
Claro que não é uma regra. Mas pode acontecer. Não existe fórmula exata para nada na vida (ainda bem). Por outro lado, é bom ficar de olho. Se ponderarmos, podemos ter amores mais intensos e verdadeiros. Trabalhos melhores e mais valorizados. Sem recentimentos. Sem mágoas.
Não somos perfeitos (claro), mas podemos ser mais bacanas, mais transparentes, mais intensos, e, definitivamente, mais felizes. Isso sim é um bom padrão para se repetir.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Tudo novo. De novo.

A vida dá mesmo voltas. Todas as certezas que tínhamos (ou ainda temos) caem por terra em oportunidades únicas (sim, no plural mesmo).
Essas oportunidades parecem nunca acontecer de verdade enquanto vivemos um mundo criado na nossa própria cabeça. Até que um dia, tudo acontece e você é obrigado a olhar o que existe por trás do muro (aquele que você mesmo construiu).
Não tem jeito. Você precisa espiar, pelo menos para ver se tudo é mesmo feio e apavorante como você se lembrava. Qual o quê (já diria Chico)? Não é.
Têm coisas que assustam sim, mas são bem mais leves e amenas - ou será que você está ficando mesmo velho? Talvez seja a tal maturidade... Não sei. A verdade é que o novo está ali, em um verde novinho em folha (especialmente para você).
A loucura por trás do muro é intensa. A vida corre mais rápido aqui fora. E você, que nem se lembrava mais daquilo. Tenta acompanhar as passadas rápidas de quem já vive por aqui há mais tempo. Difícil. Tropeços podem ocorrer a qualquer momento, mas olhar para trás pode ser um erro: seu muro ainda está ali. Perto, entulhado e sem limo (ainda). Logo mais ele estará tão longe que você mal poderá enxergá-lo.
Tem dias que ele (o muro) faz falta. A segurança de estar ali dentro era a sua maior recompensa, porém não era verdadeira. Nada daquilo realmente existiu e você só consegue ver isso agora, claro. Afinal, está na vitrine da vida e, por isso, consegue perceber que aquele muro foi uma tolice construída apenas por você (só por você mesmo).
Tudo bobagem. O muro, a segurança e a recompensa. Tudo pobre demais para uma casinha fictícia. Afinal, se era mesmo de mentira por que não havia muralhas, uma mansão ou alguém para servir? Novamente: tolice.
É aqui fora que a vida começa novamente e conseguimos enxergar o que, antes, não víamos (ou não queríamos ver). Mas, aqui, existem milhares de ideias, pessoas e perspectivas. Aqui, não existem mais amarras. Nada de barreiras. Existe apenas a esperança do novo. De novo.

(e como diz uma grande amiga: é lindo por ser assim!)

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O erro de Noé

Dorotéia é uma enorme lagartixa que mora no meu armário e aparece de vez em quando. Sempre me assusto (confesso). Na verdade, ela foi descoberta recentemente e ainda me olha com certa desconfiança. Não sabe o que esperar de mim, apesar de já ter avisado onde fica a saída de emergência e que ficará tudo bem se ela prometer não colocar seu corpo gelado em cima de mim!
Enfim, estamos começando uma nova amizade. Conversamos sobre bastante e fiquei feliz por ter mais uma desculpa para falar “sozinha”: as plantas e, agora, Dorotéia. Elas me ouvem com paciência, mesmo quando de mau humor. Em troca, eu também ouço. Claro.
E foi assim que soube dos ascendentes de Dorotéia (que eu espero viverem em outro lugar – os fantasminhas). Eles foram estrategicamente convidados por Noé para a entrada na arca. Parece que ele até pensou no desconforto das moscas, mosquitos e pernilongos, mas decidiu que lagartixas eram imprescindíveis (falou, com orgulho). O grande problema da arca era, na verdade, as baratas, por perceberem que não eram bem quistas.
Mas Noé era democrático e acreditava que todos tinham o direito de estar ali, mesmo as asquerosas baratinhas. Dorotéia me contou que sua avó falava ter ouvido, de uma parente bem mais velha, que as baratas tinham tanto medo da rejeição que uma delas vestiu uma saia de filó para seduzir o dono do ‘barco’. “Safada”, afirmou Dorotéia com desdém.
Acredite: parece que ela chegou a levantar o babado da saia para mostrar suas pernetas fininhas. Faz todo o sentido, pensei. A saia de filó, a música infantil e a prova de que, desde àquela época, as baratas são engenhosas e sacanas.
Dorotéia ainda me disse baixinho (em tom de fofoca) que essa sua tia contou que a velha senhora lagartixa quase comeu a barata de saia “só de raiva”! Afinal, ela teve a pachorra de se engraçar com o sr. Lagartixa, mesmo com aquele clima tenso da arca. “Um absurdo”, gritou do teto do meu armário.
Por isso, ela não deixa por menos. Ali, em seu território, nada de baratas – mesmo que sejam boazinhas ou baratões fortões (minha amiga tem uma queda por ‘homens’ fortes e robustos. Eu avisei que nem sempre eles têm cérebro, mas ela gosta mesmo é do corpinho – literalmente).
Por isso, estou protegida. Noé errou, mas Dorotéia está tentando consertar a todo custo, e garante que sua família faz o mesmo. Melhor assim, estamos mesmo cansadas dessas garotas assanhadas, oras.