quinta-feira, 28 de julho de 2011

Às mulheres cruéis

Queridas,

Essa é uma declaração e um pedido daquelas outras mulheres – que, mesmo sendo do mesmo sexo que vocês, ainda não compreendem como vocês agem.
A verdade é que muitas das outras não pensam da mesma forma que vocês (por mais que a maioria dos homens não acredite nisso). Muitas são tão diferentes que parecem não se encaixar nessa ninhada de loiras, morenas, ruivas e castanhas.
E é essa diferença faz com que essa carta exista. Essa carta está dedicada a vocês que fizeram muitos marmanjos sofrerem. Vocês que traíram, mentiram, sacanearam, enganaram e sambaram em cima do coração dos homens com boas intenções.
Esta carta é para quem julgou aquele que um dia esteve ao seu lado, acusando-o (mesmo que inconscientemente) de ser igual aos outros (o que em geral é verdade - mas nem sempre), e aí, decidiu pela vingança descarada, e acabou criando uma nova raça de homens: os traumatizados.
Meninas, talvez tenha sido por autopreservação, talvez vocês tenham feito aquilo que já fizeram com vocês antes. Mas, mesmo que pareça justo, vocês estragaram homens que poderiam deixar muitas das outras mulheres felizes.
O fato é que vocês (queridas) acabam prejudicando as próximas mulheres desses coitados, não eles (exatamente). São as mulheres bacanas, amigas, honestas, inteligentes, descoladas e leais que acabam sofrendo com o gosto da vingança de vocês, mulheres cruéis. Pensem bem! Acaba não valendo de muita coisa. Eles, os homens maltratados, não sofrem por isso. Sofrem uma vez (claro) e depois declaram que nunca mais viverão tal coisa e aí... não dão chance conhecer as outras.
Vocês sabem, não é? A crueldade está naquele momento em que uma de vocês foi embora de casa e se casou com seu amante, tendo um filho dele. Ou quando teve um caso com o melhor amigo do namorado. Ou sua amiga cruel gay que resolveu largar da mulher para ficar com um cara. Ou quando você reclamou do futebol; dos amigos dele; do jeito que ele se veste; falou mal dele para suas amigas; fez cara de choro quando ele discordou de você; disse que ia em um evento importante para ele, mas no dia sentiu uma dor de cabeça terrível; deixou de fazer sexo com o moço só porque ele não entendeu o que você queria dizer... E por aí vai...
Meninas, uma dica: índole independe do sexo. Ou se tem ou não se tem. O fato é que quando nos machucamos achamos que pode ser justo maltratar, enganar e tapear o outro – afinal, ele pode estar fazendo o mesmo que você, certo? Errado. Ninguém é igual a ninguém. Nenhum relacionamento é igual ao outro. Nenhum amor se compara com o que já se foi vivido. Encarem os fatos: ou vocês enxergam o amor de verdade, nu e cru, e se entregam; ou melhor não saírem para o recreio.
Se vocês apenas pretendem usar a vida e a estrutura emocional de um novo homem, lembrem-se que estão fazendo uma cadeia inteira sofrer. E aí, fora a injustiça do gesto, vocês ainda vão fazer com que o ciclo nunca termine. A vingança também estragará os próximos homens de suas vidas. Creiam.
Pensem. Ponderem. Ainda confiamos em vocês!

Atenciosamente,

As outras mulheres

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vazio

A inspiração, às vezes, falha. Dias rasos e, infelizmente (ultimamente), nada raros. Dias de trabalho incessante. Dias sem sentir.
O sentimento se perdeu. Não encontrou frestas, desistiu de tentar. O vazio se instalou e quer ficar. A sensação está perdida sobre a água, quase sem encostar. Não tem onda, nem marola. Não tem emoção. É só água. É só corpo. É só matéria. Não é nada.
O material entrou. A ganância estabeleceu conceitos. A ambição alcançou patamares nunca antes vistos. A glória observa de longe e espera a deixa certa para se apresentar. Talvez falte muito. Talvez pouco.
O espírito está perdido entre o aqui e o ali. Busca uma eternidade que não reconhece. Espera por um respiro de alma, um tipo de meditação mal feita, alguma concentração perdida entre o estar e o não estar. Ou, quem sabe, um sono tranquilo que promova um relaxamento qualquer.
A arte perdeu o olhar. Nada choca, nada atrai, nada emociona. As lágrimas estão secas. O sorriso congelado. O choro inexistente. A gargalhada esquecida. Pequenos momentos sem nenhuma valorização. Grandes instantes sem nenhum reconhecimento.
O mundo está vazio. Tão vazio que agora o que se ouve é apenas eco. Eco. Eco.