segunda-feira, 30 de junho de 2008

A graça masculina

Existe uma coisa que se deve questionar pela eternidade: por que os homens não amadurecem jamais? Alguém?
Bom, façamos uma pesquisa. Tenho bons exemplos – pai, irmão, namorado e alguns melhores amigos. Uma amostragem pequena, porém suficiente.
Enfim, os homens acreditam que qualquer história - mesmo aquela triste - tem sua graça. Confesso que acho admirável essa capacidade de rir de qualquer coisa. Porém pode ser também um tanto chato.
Enquanto você conta uma coisa séria, desenvolve uma teoria, ou fala algo banal – que precise de uma pequena linha de raciocínio... pronto. Eles te atacam com um comentário infantil! Ah! Isso me lembra: eles são também auto-suficientes em piadas. Eles contam. Eles próprios riem! Nem precisam de platéia.
Passo por isso há anos. E me considero (até) uma pessoa irônica e com um humor quase (eu disse quase) masculino para algumas coisas, mas confesso que as vezes... dá nos nervos. Mesmo assim, eu espero passar as gargalhadas (sim, porque eles gargalham) e prossigo com a história.
Os homens da minha vida (e provavelmente da sua) são imaturos sim. Têm mentalidade de 7 anos – com sorte 15. Mas admito que com eles aprendo a, assim, não levar a vida tão a sério. Afinal, pode valer a pena ser criança por mais tempo, não?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Armário Vazio

Quantas coisas jogamos fora. Quanta coisa. Com o tempo, a gente joga fora. Já percebeu? A nossa cabeça acaba fazendo isso com uma facilidade irritante.
Guardamos (claro), alguns objetos que nos levam para lembranças emocionantes. Isso quando temos sorte. Em geral, fica mesmo esquecido. Pena.
O dinheiro que gastamos com bobagens, amizades nunca mais vistas, aquela tarde em Salvador vendo o mar bater no Farol, o frio do ano passado, o primeiro beijo... tudo fora. É claro que com um pequeno (ou grande) esforço as lembranças vêm, mas nem sempre as sensações acompanham.
Mas imagine se não jogássemos fora? Nossos armários seriam lotados sentimentos, pessoas, versos, cartas e fotos. Tudo lá amontoado. Uma coisa em cima da outra. Um verdadeiro caos.
Com o perdão do exagero, mas creio que seria quase a mesma coisa que propôs Saramago quando impediu a morte de matar. Gente demais, sentimentos demais.
Precisamos jogar fora. Por mais que doa, por mais sofrido que seja. Alguma hora as coisas vão para o lixo (seja reciclado ou não). Mas não tudo! O importante é selecionar o que vai para nossa prateleira e o que merece o lixo. Se não houver seleção, nossos armários ficarão cheios demais ou de menos... e, me desculpe a franqueza, mas sem um bom armário nossas vidas (e personalidade) são também vazias.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Mapa da mudança

Quantas vezes pensamos em mudar nossas vidas? Em ganhar mais dinheiro? Em ficar mais magro? Ter uma casa maior? Viajar mais? Ou ainda, largar o emprego?
Seguimos pensando. Periodicamente essas questões aparecem. Mas, afinal, que comodismo é esse? Quanto, realmente, as pessoas anseiam em transformar suas vidas?
Os “poréns” existem. É fato. A situação perfeita para parar de fumar, de beber ou de correr atrás de uma nova carreira não existe. Nem nunca vai existir.
Sabe aquele problema eterno, aquela tensão familiar, aquela crise financeira? Então... vão continuar acontecendo. O objetivo da mudança é risco para a melhora. E arriscar... Bom, arriscar dá medo (e ninguém quer sentir isso).
A verdade é que sonhos possíveis não podem ser cancelados. Jamais. Ultrapassar a barreira do comodismo, encarar o medo, arregaçar as mangas e lutar por esses sonhos é o grande desafio.
E para que essa conquista dê certo: analise, estude e cheque os mapas te levam até lá. Depois, se orgulhe de (ao menos) ter tentado.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Plástica na vida

Antes de pensar em silicone, pense em como levantar sua vida. Antes da lipoaspiração, reflita sobre a fome do mundo. Antes de mudar o nariz, imagine um mundo sem mentiras. Antes de puxar as rugas, lembre-se de como riu para adquiri-las. Assim, antes da plástica, vá mais ao cinema, leia muito mais, estude possibilidades, freqüente mais bares, viaje, visite grandes amigos, troque segredos com alguém, beije muito, abrace quem ama...
E se, ainda assim, o espelho incomodar, faça. Claro! Sem traumas. Mas tenha em mente que a plástica não traz cultura, nem simpatia. Não faz de você um bom amigo, nem te deixa com vontade de ouvir, trocar experiências ou aprender. Isso, não há silicone que resolva. Ou você é, ou não é.
A melhor forma de viver está na nossa cabeça. E independe da estética. Nunca ouvi ninguém escolhendo amigo a partir de uma lipo! Ou outro que se apaixonou por um peito grande. A beleza é efêmera! E passa - como tudo na vida.
É preciso muito, muito mais do que só a beleza para conquistar pessoas. O faz alguém interessante está no sorriso verdadeiro, no olhar sincero ou numa conversa inteligente. Isso sim é belo. O resto é cansativo e artificial.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

1 Livro em 3 Volumes

Era domingo e chovia. Eu conversava com meu namorado em casa, quando, pela varanda, deparamos com um lindo arco-íris. Infelizmente, as cores dele nada têm a ver com aquelas do arco gay (muito mais intensas e felizes). Falei sobre isso naquele dia, e ainda pensei em quantos outros já vira na vida (não foram muitos, constatei). É realmente um fenômeno incrível né? Talvez, apenas superado pela aurora boreal – que nunca vi. Um amigo foi pra Antártica e fotografou pingüins – vendo a foto, concluí que os de pelúcia, comprados no Chile, são bem mais bonitos do que os reais. Enfim, não perguntei a ele se viu tal aurora (que pode ser astral - descobri recentemente). Aliás, tá aí um lugar para o qual não iria. Gelo, muito gelo. Mesmo com o aquecimento global, é gelo demais na minha vida. Detesto frio. Humm... um solzinho, vento quente na praia, vestido curto e chinelo... nada melhor! Aliás, adoraria se pudesse voltar a viver na praia. Em Santos, mais precisamente. Ficar mais tempo com minha mãe, tomar café (o melhor capuccino de todos), bater papo com meu pai no bar e um chopp com os amigos queridos. Isso sim valeria a pena... Só que aí perderia muitas coisas de sampa, claro. Como o mau humor adorável do meu namorado, mais amigos, clube das lulus, loucuras fornecidas pelos mais próximos, bons restaurantes, bares e até o emprego (detalhe)... Ah... Mas posso garantir que se tudo isso estivesse em Santos seria bem melhor! Mas, voltando, quem diria que um arco-íris apareceria no meio da Vila Madalena, em São Paulo?
Prolixa? Imagina... Esse foi só um exemplo! Posso ir mais longe! Sou capaz de entregar o resumo de um livro, em três volumes.
Bom, tive a quem puxar, e até me orgulho disso, sabia? (ainda bem).

terça-feira, 17 de junho de 2008

Em busca do mar

Em frente ao mar o mundo se faz possível. Afinal, todos os continentes estão cercados de água – seja lá qual for o oceano. Se você olhar aquela linha fina entre a água e o céu, vai ter a sensação de que nada é tão longe. De repente, a China, o Japão... estão logo ali! Depois daquela imensidão salgada.
O mar me faz perceber que as coisas sempre podem mudar. Tal qual a maré. Uma ressaca pode render muros quebrados, avenidas alagadas e um jardim de areia. Mas, dois dias depois, o céu se abre e tudo está calmo. Assim é a vida, não é? Nossa maré pode ficar cheia ou baixa, mas o balanço das ondas é diário... Poético, porém verdadeiro.
O mar traz a poesia quando o infinito aponta o horizonte – que escolheu a praia para se mostrar. Assim como quando Iemanjá joga os seus cabelos no reflexo da lua e o sol. Essas são as provas de que a beleza está ao nosso alcance. Basta olhar.
Sinto falta disso. Mas, assim como cantou João Bosco em Corsário: “Vou buscar a mão do mar/ Me arrastar até o mar/ Procurar o mar”... Sempre. Até voltar.

sábado, 14 de junho de 2008

Precisava sim!

O dia dos namorados passou e comecei a discutir o valor dos presentes. Concordo com o primeiro que grite o quanto esses dias todos (namorados, mães, pais e natal) são comerciais. É verdade. Mas alguém consegue ignorá-los?
E tem outra: não é preciso nenhuma data para dar ou receber presente. Basta se preocupar com o outro. O presente (e tanto faz o valor) diz nas entrelinhas: “me lembrei de você”. Afinal, alguém dispôs de alguns minutos, horas ou dias do seu tempo pensando no que comprar e, ainda, se mexeu para escolher a cor, o tamanho, o embrulho. Isso é importante!
Essa história de “ah! Não precisava”, é balela. Precisava sim! Presente é atenção. E... quer saber? Atenção é necessária em qualquer relacionamento, independente de datas.
Existem casais que convivem há anos, têm um casamento feliz, com filho(s) e que não trocam pequenos mimos há séculos! Como assim? Só porque o filho chora no quarto ao lado o romantismo acabou? Ou porque ele continua assistindo jogo com os amigos toda quarta-feira, enquanto ela irrita com seu blá blá blá diário? Bobagem. Presente pode manter a harmonia do relacionamento. Frase forte demais? Concordo, mas ajuda. Tenho certeza.
Jantares românticos, flores e pequenas bobagens (insanamente caras ou ridiculamente baratas) encantam qualquer mulher e (quer saber?) qualquer homem! Quem não gosta de ser lembrado?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Nossos ídolos não são os mesmos

Não temos ídolos. Repito: a geração dos 30 anos não tem ídolos. Nossos ícones se transformam em heróis ou bandidos, com a mesma facilidade com que mudamos de site.
O que é um ídolo afinal? Pelo dicionário Houaiss da língua portuguesa é a “pessoa ou coisa intensamente admirada, que é objeto de veneração”. Assim, podemos crer que a geração passada (nascida nos anos 50, aproximadamente) conseguiu a proeza de admirar alguém com tremendo grau de idolatria.
Ah! A internet! Essa bandida tirou a paixão e o encantamento por pessoas. Simplesmente porque agora as notícias estão diante de nós, a qualquer hora, com acesso ridículo (pela facilidade). Fica difícil ser ídolo quando todos divulgam segredos e pensamentos (mesmo que muitas vezes mentirosos).
A verdade é que nossos ídolos não são mais os mesmos. Ninguém defende ninguém com unhas e dentes. Simplesmente porque sabemos que eles são também humanos e que, por isso, podem errar (feio) muitas vezes.
Perdemos a pureza desse sentimento. O valor da dedicação e da admiração. Os ídolos deixaram de ser inatingíveis e se tornaram frágeis seres humanos (exatamente como nós). Essa igualdade nos torna mais “adultos”... enquanto o amor incondicional por uma personalidade fazia com que toda uma época não amadurecesse jamais.
Confesso que a segunda parte me parece mais interessante. Uma pena.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Homens Sapos

Tenho uma teoria (boba) desenvolvida ao longo dos anos: os homens são sapos.
Tudo isso começou porque desde cedo colocam na nossa cabeça (nós, mulheres) que uma hora o príncipe vai nos resgatar da torre. Ele virá em cima do seu cavalo branco e com sua espada para nos defender de todos os maus. Depois disso, viveremos felizes para sempre. Quanta bobagem.
Os anos passam e vemos que, não apenas eles não usam espadas, como também não cavalgam. Temos sorte quando são inteligentes e ouvem boa música. Além disso, fica claro também que nem sempre é possível ser feliz “para sempre”. As vezes, percebemos que alguns poucos anos são mais do que suficientes.
Assim, chega-se a conclusão que os homens são mesmo sapos. De verdade. O que acontece é que, apaixonadas, mulheres os transformam em príncipes. Colocamos a roupa branca, o cavalo (vale um carro velho) e até mesmo a espada (que é comparado a um bom argumento verbal para defesa sua ou dele própria, claro).
Embaixo da toda a roupa temos a pele verde. Não tem jeito... vai ter dia que quem vai engolir a mosca é você. Assim como terá um dia que a mosca é dele. Faz parte.
Sapos ou príncipes, homens e mulheres continuam a se apaixonar. A gente ama. Ponto. Quando não amamos, buscamos um novo amor. No fundo, tanto faz a cor da pele, desde que em um beijo, ele suba num cavalo (fictício) e te leve.
Felizes para sempre? E quem é que liga pra isso? Como diz Geraldo Azevedo, nosso conto de fadas dura “até onde a gente chegar”.

domingo, 8 de junho de 2008

Loucura permitida

Houve um tempo em que a loucura era permitida.
Euclides da Cunha era um cara feio (assim eu creio). Era início do século passado e esse personagem famoso da história brasileira se casa com uma mulher linda, que fora obrigada a aceitar a união arranjada. Típico.
O problema é que, rebelde, ela se apaixonou por um homem lindo e educado. Mas, em casa enfrentava o marido rude e feio (coitado do Euclides). O casal tem um filho, que é mandado para longe – educação (na época) era para quem podia educar – não que isso seja diferente hoje.
A fim de se livrar do casamento infeliz, foge com o homem da sua vida (que - também - me foge o nome agora). Vivendo em uma nova casa e tentando não se intimidar pelo olhares alheios e avessos, ela tenta começar outra história.
Até que num belo dia, Euclides (o feioso) invade a casa, e armado saca 4 tiros no amante. Mesmo ferido, o moço alcança uma pistola e mata o marido traído com um único tiro. Vivo (pasmem) e por legítima defesa, o amante é absolvido.
Anos mais tarde, o filho de Euclides sai em busca de justiça e ataca o ex-amante e atual marido da sua mãe. Acerta nele um único tiro e o highlander dessa história se defende e o mata.
Loucura? Sim, mas verdadeira. O homem sobreviveu a 5 tiros e matou o pai e o filho. Com isso, a família de Euclides da Cunha acabou e ele (o amante) pôde fazer a sua própria.
Uma década interessante essa dos anos 20... em que toda a loucura era permitida e não castigada.

História contada pelo homem que sabe tudo (sempre): meu pai.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Borboletas no jardim

Era um fim de tarde de sol. As borboletas visitavam seu jardim – mais ou menos como Mário Quintana recomendava. Eu olhava aquilo e sentia o calor quente no rosto, nas mãos... e a claridade atrapalhando um pouco a visão.
Sem chapéu e com um sorriso no rosto ela cantava com sua voz fina, enquanto apontava a mangueira para os verdes mais altos do seu quadrado bem cuidado.
Eu olhava admirada, enquanto meu irmão brincava na bicicleta ao lado. Admirava uma mulher feliz, bem humorada, que cantava Asa Branca como nunca mais ouvi... até porque, apesar da beleza do cenário, sua voz desafinada nada parecia com a tonalidade certa indicada por João Gilberto.
Mesmo passando por tanta coisa, tanto sofrimento, ela continua a regar suas plantas, cantar e conversar com elas. Nesse momento, eu era figurante, mas sabia que depois daquele ritual seu olhar se dedicaria as duas crianças que brincavam ao seu lado e nós a ajudaríamos a fazer o bolo da tarde – se estivesse chovendo, faríamos bolinhos de chuva (sem chuva, tinha bolo).
Assim a infância passou. Junto com ela, levou essa mulher das flores. Dos bolos. Das conversas. Das risadas. Hoje, ela me olha da foto que mantenho em cima da TV.
Dias como esses ficam na minha memória como aquela substância que precisamos quando tudo está mal... Que nos fazem ver que a vida é muito mais do que trabalho e dinheiro. A vida só é mesmo boa quando conseguimos que as borboletas venham até o nosso jardim.

terça-feira, 3 de junho de 2008

Entrega

Quando o amor vale a pena. Quando não há nenhuma dúvida... simplesmente porque vale a pena.
A entrega total de alguém apaixonado faz com que a gente se questione: como é que pode? Alguém apaixonado se joga sem olhar para baixo; chora sem parâmetro e ama acima de todas as coisas. Pessoas apaixonadas têm atitudes impensadas... mas, também, por que haveriam de pensar?
Confesso que quando isso acontece aos 18, 20 anos não me surpreende, mas depois dos 30 (ou quase), me fazem questionar. De repente uma pessoa larga tudo e vai viver e ter filhos no Japão! Outro se joga numa relação com alguém que está em Barcelona. A aventura de morar com o “amor da vida” poucos meses depois que se conheceram. Dizem que isso tudo é amor.
No amor não tem questionamento, porque não há respostas claras. Quando se pergunta demais, o risco de se manter em dúvida é muito grande. De repente, para o amor, vale o “sorriso burro e paranóico”, descrito na queda de Lobão.
O problema é que nem todos estão dispostos a tal queda livre. As vezes é bom saber como se chega no chão. Quem já caiu demais olha as cicatrizes antes de se jogar.
Mas... como sentir o vento batendo, o sol queimando e o riso frouxo sem se arriscar a pular? Esse pode ser o preço da (não) entrega.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Tempo

O tempo leva tudo. Simplesmente leva. Apaga. Sorrateiro, ele entra sem fazer barulho, e vai levando todas as pedras, as lágrimas, os sorrisos, as flores e até pessoas.
Tenho um amigo que diz: “tudo fica guardado dentro de uma caixa, naquele armário que você raramente abre. Mas está lá... com um laço”. Está mesmo tudo lá... todo tipo de lembrança (boas e ruins), estão empilhadas em caixas. Nosso grande arquivo. E o dia que você quiser rever, basta desatar e olhar as fotos mentais.
Como um filme em preto e branco, essas lembranças - em geral - são mudas. O nosso armário pessoal não fala, não se abre, nem quer ser descoberto. É nosso, guardado com quantas chaves a gente quiser.
Sentimentos, momentos, sorrisos, passagens inesquecíveis e até aquelas que queremos esquecer! Vale tudo (já diria Tim Maia).
O tempo faz as recordações empoeirarem... Porém quando tiradas da estante, clareiam como se ativessem acontecido no dia anterior.
O tempo leva... mas as lembranças nos deixam uma estranha sensação de que é possível viver muito sem nunca vê-lo passar...