quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Na direção certa

É fato que a esperança é a última a morrer (ouso dizer que ela ainda dura seis meses pós a morte), mas em geral a persistência morre antes. Bem antes. E morre porque cansamos de tentar. Cansamos de esmurrar a ponta da faca, mas não desistimos de sonhar, de acreditar. Nunca.
Nós, os seres humanos (e não apenas os brasileiros) acreditamos piamente que um dia alguém lá em cima vai nos olhar e assentir. Um anjo passará e dirá amém. O trabalho dos seus sonhos vai te admitir ou... o amor da sua vida vai ressurgir, pedir para ficar. Nessa hora você passa a, novamente, persistir.
E com ela não foi diferente. Ela acreditou. Quando todas as suas amigas já tinham desistido, inclusive, de ouvir, ela não se deixou abater – simplesmente parou de falar. Em uma luta interna mantinha as dúvidas lado a lado com seus sonhos. De um lado jurava que não podia dar certo. Já o outro gritava: por que não?
Anos se passaram. Alguns outros homens passaram com eles. Tentativas frustradas de amores impossíveis. Como amar outro alguém quando seu coração tem nome? Não conseguiu. Na verdade, nem tentou trocar a placa de entrada. Achou melhor colocar indicações erradas para que ninguém chegasse perto desse coração sofrido e dominado.
Assim, xingou a maioria, gritou com quem nem merecia, sofreu sozinha no banheiro, ouviu conselhos racionais de pessoas que não a entendiam, tratava de manter o que não deveria mais ser mantido. Errou. Errou muito, exagerou em mau tratos e acabou sofrendo ainda mais.
Mas... a vida cuida. A vida trata até quando bate. Certo dia, perdeu o trabalho e encontrou o rumo. De repente, a vida fez sentido e tudo começou (magicamente e merecidamente) a dar certo. Deixou o coração bater, e decidiu que ainda não era a hora de ouvir aquelas chamadas. Assumiu as rédeas do trabalho, mudou de casa, de postura – e, de velho, só manteve os amigos. Acertou. Ganhou vida.
Com tanta felicidade, o dono da plaquinha resolveu aparecer para checar, encontrou outra pessoa. A mesma em muitas coisas boas, e a outra em tantas outras. A garota briguenta, hoje ri mesmo quando está inflamada. Seu coração, enfim, ouviu suas chamadas.