quinta-feira, 30 de julho de 2009

Eu não mudo

A vida inteira eu ouvi que ninguém muda. Em todos os meus relacionamentos amorosos (principalmente), foi o que eu mais me disseram (no final). Mas, nesse caso, a verdade é que ninguém muda ninguém.
Quando falamos de relacionamentos comuns e não apenas homem-mulher. As pessoas são o que são, e pronto (ou não?). O problema é que as vezes nos enganamos em relação ao outro. Quando o outro não é tão bacana quanto parecia.
Como conhecer alguém ao ponto de colocar a (famosa) mão no fogo? Ou mesmo quando você não conhece tanto, mas tem certeza que aquela é uma pessoa que vai ser legal, vai virar alguém importante na sua vida... e aí, vem a decepção. Acontece. Acontece com quase-amigos, quase-conhecidos, colegas de trabalho, “casinhos”, namorados e até maridos. A gente se engana.
Me pergunto se eu já fiz alguém pensar isso de mim. Será? Será que fui alguém que não sou, apenas para encantar uma outra pessoa? Será que deixei de ser a menina (ainda gosto de me sentir assim) brava, irônica, com humor aguçado, meio briguenta, falante e as vezes irritante (confesso) só para conquistar alguém? Será que alguém já disse que me transformei em outro ser (sem nenhuma relação com o nome desse blog) depois de um tempo de relacionamento (de qualquer tipo)?
Eu duvido. Duvido que eu já tenha feito isso. Mas eu já vi tantas pessoas mudarem... que me choca. Me deixa deprimida mesmo. As pessoas se mostram. Simples assim.
Uma vez eu ouvi de um cara (que, ironicamente, mudou) uma constatação ótima – talvez ele falasse dele próprio e eu não saquei. Enfim, ele falava que as pessoas, no início, são maravilhosas, até que um dia elas mostram quem são de verdade e aí estraga tudo. Não é que ele estava realmente certo? A verdade sempre aparece (frase velha e real).
Sempre me julguei verdadeira. Mas, quando coisas assim acontecem, até eu me questiono. Fico pensando se fui demais, de menos; se falei muito, pouco; se questionei demais e concordei menos. Mas, espera... essa sou eu. Eu sou assim. Falo muito, questiono muito e até concordo (as vezes). Então, não posso ter sido outra pessoa. Fui eu mesma. E é isso o que eu tento provar todos os dias. Todo o meu valor está mesmo na minha personalidade. No meu jeito. E disso, eu não tenho dúvida.
Sou assim. Quem gosta, pode gostar muito. Quem não gosta... não sabe o que está perdendo (modéstia? Pra quê? O blog é meu!)

É pênalti?

Sempre pensei no trauma que é perder um pênalti (ao estilo do Baggio, na Copa), ou defender um (como Tafarel fez tantas vezes). Mas, acertar é quase certo né? Não, não jogo nada de futebol, mas gosto da bola, gosto da garra (de alguns), gosto do estádio, do gramado, da torcida (especialmente) e gosto (muito, mas muito mesmo) do Santos.
Assistindo ao jogo ontem, pensei o que será que se passa na cabeça de cada um dos envolvidos: árbitro, jogador e goleiro. É um devaneio, claro. Mas esse blog vive mesmo disso, não? Então, vamos lá!
*Ah! Os palavrões vêm junto com o contexto, claro!

Árbitro: Apitei. Pronto. O cara estava mesmo em cima do outro, não? Deixa eu olhar para o assistente e ver se ele viu a mesma coisa. Viu. Pronto. Foda-se. Depois, os caras vão cair matando mesmo. Não, não. Nem me olha com essa cara feia, meu filho, senão leva cartão. Já era. Vê quem vai bater essa merda e pronto. Putz! Agora, se esse filho da puta se adiantar eu mato ele! Burro! Todo mundo sabe que ele vai dar a paradinha! Que imbecil... pronto acabou. Graças a Deus. Vamos para o meio do campo, seus merdas!
Jogador: Apitou? Apitou o quê? Aeeee! Cacete! Pênalti! É isso! Agora eles já eram. Ponto nosso! Certeza! Quem bate? Eu? Ta beleza. Posso bater. Sou bom nisso. E o Romário achando que só ele é o cara? Eu sou o cara! Posso fazer isso. Claro que sim. Quantos já não fiz na vida? Não, idiota, não adianta me olhar feio não, você não vai me impedir que marcar um golaço. Pode xingar a vontade. Minha mãe ta acostumada. Quero ver vocês na merda. Bom, agora sou eu e você, goleirinho de merda. E você não vai pegar porque sou foda. Pode esquecer. Mas... e se ele pegar? Calma, calma, não apita não! Não escolhi o canto, porra! Merda! Primeiro a paradinha... foi! Foi?
Goleiro: Ah! Cê ta brincando? Pênalti? Sério mesmo? Vai lá, vai lá... discute com o cara! Não é possível! Puta merda. Nessa hora eu queria ser zagueiro! Cacete! Também, o imbecil tinha que pular em cima do cara? Os 'nêgo' são burros pra caralho e sobra pra mim! Se eu não pego, sou um bosta. Se pego, sou O cara (e o Romário que se foda). Bom, já era. Não posso me adiantar, mas eu queria ir lá quebrar a perna desse filho da puta. Tudo bem. Calma. Que Deus me ajude. Deixa eu fazer o sinal da cruz que ele ajuda. Respira que o cara vai apitar. Pra que lado eu vou? Vai... Escolhe agora. Não embaça. Mas e se ele faz a maldita paradinha? Foda-se. Vou pra direita. Será? Apitou, porra.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Dura na queda

Não sei... têm dias que essa música simplesmente cabe. Assim, se encaixa, sabe? Viva Chico Buarque!

Perdida
Na avenida
Canta seu enredo
Fora do carnaval
Perdeu a saia
Perdeu o emprego
Desfila natural

Esquinas
Mil buzinas
Imagina orquestras
Samba no chafariz
Viva a folia
A dor não presta
Felicidade, sim

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol, a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Bambeia
Cambaleia
É dura na queda
Custa a cair em si
Largou família
Bebeu veneno
E vai morrer de rir

Vagueia
Devaneia
Já apanhou à beça
Mas para quem sabe olhar
A flor também é
Ferida aberta
E não se vê chorar

O sol ensolarará a estrada dela
A lua alumiará o mar
A vida é bela
O sol,a estrada amarela
E as ondas, as ondas, as ondas, as ondas

Túnel do Tempo

Frejat escreveu... e eu gosto tanto... Por que não colocar aqui?

Nosso encontro aconteceu como eu imaginava
Você não me reconheceu, mas fingiu que não era nada
Eu sei que alguma coisa minha, em você ficou guardada
Como num filme mudo antes da invenção das palavras

Afinei os meus ouvidos pra escutar suas chamadas
Sinais do corpo eu sei ler nas nossas conversas demoradas
Mas há dias em que nada faz sentido
E o sinais que me ligam ao mundo se desligam

Eu sei que uma rede invisível irá me salvar
O impossível me espera do lado de lá
Eu salto pro alto eu vou em frente
De volta pro presente

Sozinho no escuro nesse túnel do tempo
Sigo o sinal que me liga à corrente dos sentimentos
Onde se encontra a chave que me devolverá
O sentido das palavras ou uma imagem familiar
Mas há dias em que nada faz sentido
E os sinais que me ligam ao mundo se desligam

Eu sei que uma rede invisível irá me salvar
O impossível me espera do lado de lá
Eu salto pro alto eu vou em frente
De volta pro presente...

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A Borboleta

(Francis Ponge)

Quando o açúcar elaborado nos talos surge no fundo das flores, como em xícaras mal lavadas - um grande esforço se produz em terra donde as borboletas imediatamente levantam vôo.
Mas como cada lagarta teve a cabeça vendada e enegrecida, e o torso definhado pela verdadeira explosão de onde as asas simetricamente flamejam,
A partir de então a borboleta errática não pousa mais a não ser ao acaso de seu vôo, ou quase isso.
Mecha volante, sua chama não é contagiosa. E aliás, ela chega demasiado tarde e apenas pode constatar as flores abertas. Não importa: comportando-se com um acendedor
de lâmpadas, verifica a provisão de óleo de cada uma. Ela posa no alto das flores com os trapos desajeitados que carrega e se vinga assim da longa humilhação amorfa de lagarta ao pé dos talos.
Minúsculo veleiro dos ares maltratado pelo vento como pétala supérflua, ela vagabundeia pelo jardim.

domingo, 26 de julho de 2009

Cética, eu?

Algumas coisas a gente aprende na vida. Meu pai diria que sou jovem demais, mas, na verdade, já fui mais jovem. Sei que já aprendi algumas (poucas) coisas. No entanto, em alguns aspectos, comecei a perceber que somos (todos) tão imaturos, bobos e tolos que me choca.
Me sinto assim quando se trata de gostar de alguém (verdadeiramente). Sou complicada. Não me entrego. Na verdade, me podo, me indago... não me permito (confesso). Para mim, não existe algo mais difícil do que se apaixonar. Sou policiada pelo meu ceticismo imbecil - apesar de amar o romantismo envolvido em um relacionamento fiel e sincero. E de admirar pessoas entregues, apaixonadas. Contraditório. Fazer o quê?
Entretanto adoro filmes com finais felizes. Aqueles que arrancam lágrimas de felicidade. É clichê sim, e daí? Claro que gosto também daqueles filmes-cabeça que fazem a gente sair do cinema pensando em como o ser humano é complicado e o mundo ainda pode ter jeito (ou não). Mas... para brincar com a imaginação (e com o coração), nada melhor do que a comédia romântica. Honestamente: faz bem.
Há algum tempo li sobre uma pesquisa (em algum país europeu que não lembro agora) que comprovava que esse tipo de gênero estraga a maioria dos relacionamentos amorosos. Achei uma bobagem. Primeiro por acreditar que existem outros temas (bem mais importantes) a serem pesquisados. Segundo, por achar que não pode ser verdade.
Comédias românticas, assim como os contos de fadas, não servem para muita coisa, a não ser para nos contar uma bela e mentirosa história de amor. Sim, nada daquilo existe e eu duvido (du-vi-do) que existam mulheres (ah é! detalhe: a pesquisa culpa as mulheres, claro) que acreditem em sapos virando príncipes ou homens tão apaixonados capazes de atrocidades – assim como nos filmes. Além disso, nós (mulheres) também não estamos muito para princesas, nem mesmo para Meg Ryans. Pense bem.
Tudo isso porque acabo de assistir mais um filme “fofo”. Em que, no fim, o mocinho garante que, ficando juntos, eles têm tudo a perder, mas e daí? Assim não é o amor? Assim não deve ser a vida? É, concordei. Não me arrependo. Chorei e fiquei feliz. Uma Delícia. Confesso que meu ceticismo dá uma balançada depois de um filme desses. Sempre penso que ficar sozinha não é o caminho de ninguém. Até porque todos nós gostamos de dividir. Dividir risadas, beijos, abraços, atenção, companhia, gols da rodada, telefonemas e as mãos. A gente quer felicidade, amor, reciprocidade... A gente quer estar junto (e ter o direito de admitir isso).
Isso existe? Não faço ideia. Sou cética, lembra? Mas no fundo, bem lá no fundo, eu (confesso) espero que sim. A essa esperança culpo a pesquisa, os filmes e os malditos contos de fadas. Blah!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Paciência

Tem coisas que não passam batido. Achamos que tudo vai bem, caminhando tranquilamente e, de repente, assim sem mais, te apunhalam com navalha. O pior é perceber que não há muito o que fazer, senão recuar, pensar, imaginar outra coisa... E ter a famosa (e intocável) paciência (a palavrinha mais cruel que conheço).
Não sou a melhor pessoa para tal (quem é?). Gosto de imediatismos. Gosto também de saber onde estou pisando. Onde quebra, machuca, dói. Não saio por aí atrás de problema. Também não saio por aí atrás de solução. Saio por aí em busca de vida e, pra isso, não deveria pensar tanto. Mas penso.
Já pensei muito sobre o assunto: se você ficar quieto em casa, lendo, vendo TV, dormindo, a vida vai passar igualmente, e com a mesma rapidez, que teria se você corresse no parque, andasse na praia ou fosse pra balada – com a sutil diferença que tudo isso pode te trazer mais felicidade. A beleza (e leia com ironia) está em achar o tal equilíbrio. Fácil né?
O equilíbrio (outra palavra péssima) pode ser notado (literalmente) em uma corda bamba de circo. Aqueles caras conhecem essa palavra e lidam com ela brilhantemente. Nós não. A gente tenta ser mais (sem ser ‘muito mais’), tentamos ser menos (sem ser ‘muito menos’), tentamos crescer (sem petulância ou sem pisar em ninguém), tentamos criar (sem exagerar), brigar (sem magoar), terminar (sem chorar), beijar (sem se apaixonar). Difícil.
Se o chão não está mais nos nossos pés (as vezes), quiçá a corda! Já estaríamos na rede de segurança há tempos. Tenho certeza disso. Somos tão tolos, tão bobinhos, tão carentes... a gente não tem conserto. Os seres humanos são ruins de sentimentos. Fato. Ninguém se entende. Relações acabam sem conversa, assim como uma única conversa acaba com uma relação.
E a tal paciência? Está em extinção em alguma floresta por aí. Perambula sonâmbula em algum quarto escuro. Viaja sem malas para o Triângulo das Bermudas. Perdeu-se.
O que fazer? Nada. Esperar. Um dia (um dia, repito) ela deve voltar sorridente e cheia de amor pra dar. Por enquanto, vamos tentando encontrar alguma substituta. Alguma palavra que supra sua ausência e nos diga o que fazer. Putz.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Volta por cima

Em homenagem a todas pessoas que sabem o que é cair, sofrer, chorar e (a melhor de todas as sensações) LEVANTAR! Porque o melhor (de verdade) é olhar pra trás e rir, mesmo que seja de si mesmo! Sempre!

Chorei, não procurei esconder
Todos viram, fingiram
Pena de mim, não precisava
Ali onde eu chorei
Qualquer um chorava
Dar a volta por cima que eu dei
Quero ver quem dava
Um homem de moral não fica no chão
Nem quer que mulher
Venha lhe dar a mão
Reconhece a queda e não desanima
Levanta, sacode a poeira
E dá a volta por cima

terça-feira, 21 de julho de 2009

Cuidado, frágil?

Nunca me considerei uma mulher frágil. Sempre me aborreci com o título (eterno) de “sexo frágil”. Hunf! Quem diz isso nunca me viu brava. Ou nunca me viu numa discussão calorosa em uma boa mesa de bar.
Mas é claro que nós, mulheres, somos muito mais sensíveis (geralmente) que os homens. A gente sofre, chora e vai em direção ao fundo do poço (as vezes). Mas, uma vez lá embaixo, conseguimos olhar para cima, respirar, arregaçar as mangas e subir (mesmo que lentamente). A gente sobe. Não duvide.
O fato é que temos esse lado pensante, irritante, falante e, algumas vezes, deprimido (principalmente na TPM). É aí que a fragilidade aparece. E... fazia tempo que eu não ponderava sobre isso.
Tinha esquecido como é difícil ser frágil. Admitir que mais do que ser “especial”, a gente quer ser a escolhida. Sim, porque as especiais ficam mesmo sozinhas (leiam o blog da Renatinha). E não tem uma mulher que eu conheça que não queira um colo, um beijo, algumas horas de atenção ou receber uma ligação no meio do dia. Será que tudo isso é a tal fragilidade feminina?
Bom, sempre me considerei meio Pagu – principalmente aquela descrita pela Rita Lee e Zélia Duncan: “sou mais macho que muito homem”. A frase é forte, mas sempre levei isso como um clássico na minha literatura performática (seja lá o que isso quer dizer). Sempre foi assim que me via.
Mas tem dias que adoraria não ser nada disso (confesso). Adoraria ser reinventada. Acordar e descobrir que sou outra pessoa. Uma mulher que pensa pouco e, com isso, sofre pouco, ri pouco, fala pouco, tem poucas opiniões, não polemiza nenhum assunto e nem luta pelo o que quer. Uma mulher FRÁGIL com todas as letras garrafais. Uma mulher como outra qualquer. Dessas que não são especiais demais e que, por isso, casam e dependem de alguém.
Mas... aí, vejo que não conseguiria. Simplesmente porque não dá. Porque penso e existo sim, sem nenhuma dúvida Shakespeariana. Nesses dias cruéis e sem sentido, nesses dias de cristal (digamos), prefiro mesmo é ficar quietinha. Durmo e espero... Sei que no dia seguinte volto a subir no palanque para mostrar porque vim ao mundo. E, se ninguém me ouvir, eu grito.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Beatles Forever

It’s easy
All you need is Love
Even when you’ve been workin’ like a dog
There’s nothing you can do that can’t be done

So I’m in love for the first time
And you make me feel alright
When you say you want a revolution
And I feel how wonderful to be here

But I thought you might like to know
That all my troubles seemed so far away
And you can start to make it better
‘Cause we all want to change the world

I know you, you know me
And you know that can’t be bad
If you don’t let me down
We can come together


Lá no fundo, duas pessoas dançam ao som de personagens históricos, representados em roupas, guitarras, estilo, perucas e (muito) boa música. Ao longo das duas horas e meia de puro rock, me vi feliz numa época que não vivi, mas que - por sorte - conheço tão bem.
Quem devia estar dançando comigo não estava. Mas, se eu curti tudo aquilo é porque conheço todas as histórias, todas as tantas capas de discos que desenhei (tão mal), nossas aulas de inglês (you say yes, I say no) e todas as nossas trilhas sonoras em jantares e fundos musicais para papos especiais.
Os Beatles estiveram em Santos. E eu estive lá. Dançando, cantando, rindo e pensando em como tenho sorte de ter o pai que tenho e, por isso, saber tudo o que eu sei deles. Os caras. Os garotos de Liverpool e da minha infância. Não é bom?

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Vinicius de Moraes

De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

Deixa

Vinicius de Moraes / Baden Powell

Deixa
Fale quem quiser falar, meu bem
Deixa
Deixa o coração falar também
Porque ele tem razão demais
Quando se queixa
Então a gente
Deixa, deixa, deixa, deixa

Ninguém vive mais do que uma vez
Deixa
Diz que sim pra não dizer talvez
Deixa
A paixão também existe
Deixa
Não me deixes ficar triste

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Justiceira

Tem dias que tenho vontade de se armar dos pés a cabeça e quebrar a cara (e muitos ossos) de quem faz mal àqueles que amo. Tenho (e até me orgulho) uma veia espanhola que salta a olhos vistos quando alguém encosta/fala mal/rela/olha torto/ mede/atrapalha/zoa/bate/julga/condena/machuca alguém que amo muito.
Confesso que me sinto como justiceira (do bando do El Justicieros, cha cha cha, dos Mutantes). Tenho uma vontade de pegar uma arma, uma metralhadora (além da verbal, claro), um tacape, um bastão de basebol, agulhas para um bom boneco de vodu, macumba braba na encruzilhada, praga pesada (daquelas que só os padres sabem fazer), peixeira do melhor jeito Maria Bonita...
Vontade de me transformar em uma mulher forte e cheia de músculos, potente em socos, pontapés (principalmente nas áreas baixas, digamos), chutes no estômago, cortes de gillete, asfalto ralando o corpo alheio enquanto eu reino absoluta em meus super-poderes... Assim, saio ilesa, deixando em paz (também) quem amo. Olho com desprezo para o moribundo no chão. Sem pena. Sem arrependimento.
Cruel? Nada (ainda mais porque nada disso é real – feliz ou infelizmente). Pense naqueles que você mais ama. Aqueles por quem você morreria ou mataria. Se eles sofrem, se são injustamente cobrados, julgados, acusados, preteridos por alguém sórdido e você nada pode fazer, senão olhar e apoiar em palavras. De forma impotente.
Nesse momento nunca penso em meus problemas ou nos odiosos dedos que volta e meia me apontam. Aliás, devo dizer que eles mal me atingem. Sou daquelas que não liga para os próprios problemas, mas que defende com unhas e dentes os amados.
Já ouvi (muito) o quanto isso pode me fazer mal. Mas, quer saber? Duvido. O que me faz mal é não poder lembrar os ascendentes espanhóis e lutar por quem amo, por quem realmente merece a felicidade. Aos outros (esse pessoal podre), só desejo o pior (mas juro que é de coração, ta?).

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Homem de verdade

O que acontece com maioria dos homens? Por que muitas vezes eles escolhem mal (ou será que somos nós?)? Veja bem, não quero passar toda a culpa para eles... mas quase toda.
Não sei... esse texto vai soar como um verdadeiro devaneio sem sentido, mas realmente creio que alguns homens têm uma mania imbecil de escolher mal seus relacionamentos.
Contraditório ou burro é assim que vejo as coisas. Acontece que algumas de nós (mulheres) são diferenciadas e isso faz com que muitos deles não banquem essa diversificação. Medo, aflição, retardo mental... não importa. São homens que não assumem mulheres inteligentes, independentes e auto-suficientes. Fato. Homens que preferem optar por uma vida medíocre. Que decidem por um ensaio turvo de um sonho que nunca entrará em cartaz.
Eles acreditam que essas ‘novas’ mulheres (no mais antigo estilo Leila Diniz) são solitárias e resolvidas demais para suas cabeças infantis. Por isso é melhor assumir alguém frágil, cheia de não-me-toques, uma excepcional dependente das lágrimas de crocodilo. Ou seja, a clássica (e clichê) visão de uma mulherzinha (da forma mais pejorativa que há).
Olha, esses homens, ou melhor, esse tipo de homem (especificamente), me decepciona. Não apenas porque me encaixo no tipo ‘Leila’, mas porque não consigo admirar alguém que tenha tamanha falta de coragem.
Prefiro acreditar que existem homens incríveis. Aqueles que nos deixam sem fôlego, simplesmente porque tomam atitudes, e não exatamente porque pagam uma conta. Aqueles que (até) nos deixam perceber que estão olhando para a gostosa que passa ao lado, mas (ao mesmo tempo) mostram claramente (e sem dúvida) porque você é a melhor opção.
Homem ‘de verdade’ é o cara que deixa uma mulher sem ar só porque elogiou seu trabalho, seu brilhantismo, seu sorriso, seu olhar (sem nenhuma cafajestagem). É aquele cara que sabe admirar a mulher pelo o que ela é. Sem limitações e com todas as (doces) loucuras que elas (sempre) têm.

sábado, 11 de julho de 2009

Acostume-se

Andei pensando... Antes de dizer sobre o que, é preciso completar que sou uma pessoa que pensa demais (o que pode ser prejudicial, apenas, a minha própria saúde – mental, diga-se).
O fato se deu com uma premissa antiga, dita em um filme brasileiro de nome “Romance”: “é melhor ter vivido um grande amor, do que não ter vivido nenhum”.
Mas, ao analisar a frase, me vieram várias questões: Quantas vezes vivemos um grande amor? Se foi tão grande, quando acabado, o próximo será menor? E, mais ainda, existe (mesmo) um (único) grande amor na vida (e só)?
Claro que o filme não respondia nada disso. Com base na história de “Tristão e Isolda”, fala do sofrimento que todo grande amor deve trazer, e que, sem obstáculos, o amor acaba, pois o romance morre. Bonito isso, mas não é (ou não deveria ser) bem assim.
A gente quer viver um grande amor com obstáculos semelhantes àquelas pequenas pedras do caminho de Drummond, e olhe lá! A gente quer que, a cada amor acabado, consigamos reviver um novo, sem lembrar do passado e, principalmente, acreditando que ele (o novo) é o maior sentimento que já teve na vida (parece fácil, né?).
O melhor mesmo da frase inicial é a indicação de que se deve viver um grande amor. Sempre. Ninguém passa nessa vida impune a isso. Ninguém passa sem ter sentido aquele frio na barriga, aquele sorriso amassado, aquele beijo meio de lado... Não dá.
Esse sentimento morre? Acaba? Claro que sim. Sejamos fatalistas. As pessoas podem enlouquecer, se transformar, quebrar coisas (metaforicamente), trair... somos humanos e estamos bem longe da tal bolha. Somos reais e finitos. O amor entra nessa. Faz parte dessa loucura da vida.
Mas não dá para passar a vida acreditando que só porque houve sofrimento uma vez, haverá sempre. Ou que essa é sua ‘sina’, seu karma. Sejamos otimistas! Deixemos as histórias tristes apenas para a ficção – que acaba mais rápido e ninguém vive de fato.
A verdade é que ninguém sabe como o amor acontece. Ninguém vê. Ninguém reconhece ao certo. Mas, também, pra quê? O importante é que ele aconteça, certo?
Hoje, em algum lugar, nesse instante, alguém transforma um momento em sentimento. Um sorriso em alegria. Um beijo em “eu não posso viver sem você”. Não, não se trata de romantismo. Se trata de realismo. Até ceticismo, se quiser. Sim, porque amar também é fatalidade.
E, meu amigo, você ainda vai passar por isso – seja pela primeira vez, ou novamente (e várias vezes ainda). Tudo isso porque - mesmo que de forma cínica, cética, cruel ou sofrida - a vida é assim. Acostume-se!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Macho pero no mucho

Ontem tive o prazer de participar do lançamento do livro de um grande amigo. Amigo esse que (ele nem sabe) me incentivou a fazer o que faço, da maneira que faço e como faço. Me encontrei profissionalmente pelas mãos dele e agradeço tanto (mas tanto) que deveria dizer isso para o próprio, apesar de saber exatamente o que ele dirá: Bobagem, Ju!
Bobagens a parte, André lançou, junto com Tiago, o livro “Macho pero no Mucho”. Uma compilação de textos do site que (para quem não conhece) tem o link na coluna aqui do lado.
Para apresentar e comentar essa delícia estavam dois belos representantes: Xico Sá (de quem sou fã) e Marcelo Tas. Dois santistas (sim, torcedores) num bate papo pra lá de divertido em que soltaram verdadeiras pérolas a respeito dos machos (e dos frouxos também). Xico, por exemplo, garante ser o último da espécie “macho”, enquanto Marcelo diz que os machos são apenas os veados.
Antes de escrever as frases que anotei (por motivos óbvios), devo fazer apenas uma observação: os machos estão mesmo em extinção. Os quatro homens sentados à frente de 50 pessoas são diferenciados. São homens que amam, declaram e assumem. Todos, sem nenhuma exceção, falaram das suas mulheres. Comentaram sobre elas e as louvaram – coisa que nenhum macho faria, certo? Errado. Esses são machos, pero no mucho. Ainda bem.

Os únicos machos ‘mesmo’ são os veados porque conseguem namorar homem, enquanto os veadinhos continuam a namorar mulheres por aí. Marcelo Tas

O macho está perdido, mas não sou eu que vou procurá-lo. Xico Sá

O macho tem medo de encarar um relacionamento porque tem medo do chifre. É a covardia amorosa – medo de chifre numa cotação elevadíssima. Quando a submissão (feminina) diminuiu, o chifre aumentou. Xico Sá

Chifre é pra homem, boi usa de enxerido. Xico Sá

Mulher Alpha é aquela que trabalha, é mãe, amante, amiga, bebe cerveja com seus amigos e ainda comenta sobre o futebol. André Rodrigues

A virtude do chifre é que ele é pedagógico. Depois dele o homem pensa: ‘cadê aquele bonzão?’ E começa a repensar a história toda e vai melhorando a cada chifre. Xico Sá

O (homem) bonito ganha por nocaute, o feio por pontos. Xico Sá

Não gostou da calcinha bege dela? Tira e pronto. André Rodrigues

Com os vibradores de última geração, o homem é um bicho desnecessário. Não dá para competir com aquilo. Marcelo Tas

O que os homens querem? André Rodrigues

A gente é muito bobinho... a gente quer silêncio na hora do jogo. O homem é básico. Marcelo Tas

Enquanto a mulher tem aquela cabeça labiríntica, a gente é pobre. Queremos jogo, uma cerveja gelada e pronto. Queremos assistir o Mesa Redonda - um monte de homem falando muito sério sobre uma coisa muito banal. Xico Sá

O homem é galinha porque é bom mesmo. A gente gosta de mulher, não? André Rodrigues

Galinhagem... As estatais do amor. Xico Sá

Xico Sá

(Texto bom - no caso do Xico: sempre - não pode ficar perdido. Então, resolvi copiar e colar)

DE UMA CARTA ABERTA AOS COVARDES NO AMOR ETC

Amigas, peço a devida licença para me dirigir exclusivamente aos meus semelhantes de sexo, esses moços, pobre moços, neste panfleto testosteronizado e inflamável, CUIDADO FRÁGIL. Sim, amigas, esses seres que andam tão assustados, fracos e medrosos, beirando a covardia amorosa de fato e de direito.
Destemidas fêmeas, caso notem que eles não leram, não estão nem ai para a nossa carta aberta, mostrem aos seus homens, namorados ou pretendentes, mostrem, recortem e colem nas geladeiras deles, larguem a página aberta no banheiro, na mesa do computador, na cabeceira da cama, deixem esta crônica grudada na tv, mas não antes do futebol da quarta, pois há o risco de simplesmente ser ignorada, enfim, me ajudem para que esta minha carta aberta aos rapazes chegue, de alguma forma, ao alcance deles.
Amigos, chega dessa pasmaceira, chega dessa eterna covardia amorosa. Amigos, se vocês soubessem o que elas andam falando por ai. Horrores ao nosso respeito. O pior é que elas estão cobertas de razão como umas Marias Antonietas cobertas de longos e impenetráveis vestidos.
Caros, estamos sendo tachados simplesmente de frouxos, medrosos, ensaios de macho, rascunhos de homens, além de tolos, como quase sempre somos.
Prestem atenção, amigos, faz sentido o que elas dizem. A maioria de nós anda correndo delas diante do menor sinal de vínculo, diante da menor intimidade, logo após a primeira ou segunda manhã de sexo. O que é isso companheiros? Fugir à melhor das lutas?
Nem vou falar na clássica falta de educação do dia seguinte. Ora, mandem nem que seja uma mensagem de texto delicada, seus preguiçosos, seus ordinários. O que custa um telefonema gentil, queiramos ou não dar seqüência à historia?!
Ora, depois daquela intimidade toda! Tudo bem que não mandemos flores, mas um mimo em palavra, nem que seja um lacônico: “Foi ótimo, noite linda!”.
Amigos, estamos errados quando pensamos que elas querem urgentemente nos levar ao altar ou juntar os trapos urgentemente. Nos enganamos. Erramos feio. Em muitas vezes, elas querem apenas o que nós também queremos: uma bela noitada! E, claro, delicadeza.
Por que praticamente exigimos uma segunda chance apenas quando falhamos, quando brochamos, algo demasiadamente humano? Ah, eis o ego do macho, o macho ferido por não ter sido o garanhão que se imagina na cama.
Sim, muitas querem um bom relacionamento, uma história com firmes laços afetivos. Primeiro que esse desejo é legítimo, lindo, está longe de ser um crime, e além do mais pode ser ótimo para todos nós.
Enquanto permanecermos com esse medinho de homem, nesse eterno e repetido “estou confuso” –“eu tô cafuso”, como dizia Didi Mocó!-, a vida passa e perdemos mil oportunidades de viver, no mínimo, bons momentos do gozo e felicidade possível. Afinal de contas para que estamos sobre a terra, apenas para morrer de trabalhar e enfartar com a final do campeonato?
Amigos, mulher não é para ser temida, é para nos dar o melhor da existência, para completar-nos, nada melhor do que a lição franciscana do “é dando que se recebe”, como cai bem nessa hora. Amigos, até sexo pra valer, aquele de arrepiar, só vem com a intimidade, os segredos da alcova, o desejo forte que impede até o ato que mais odiamos, a velha brochada da qual tratamos aí acima.
Caros, esqueçamos até mesmo o temor de decepcioná-las, no caso dos exemplares mais generosos do nosso clube. Não há decepção maior no mundo do que a nossa covardia em fugir do que poderia representar os bons momentos da felicidade possível, repito, não a felicidade utópica, que é bem polêmica, mas a felicidade que escapa covardemente entre nossos dedos sujos de caneta Bic a toda hora. Acordemos, para Jesus, amigos homens, levanta-te e anda condenado!
Rapazes, o amor acaba, o amor acaba em qualquer esquina, de qualquer estação, depois do teatro, a qualquer momento, como dizia Paulo Mendes Campos, mas ter medo de enfrentá-lo é ir desta para a outra mascando o jiló do desprazer e da falta de apetite na vida. Falta de vergonha na cara e de se permitir ser chamado de homem para valer e de verdade.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Dedo Podre

(para minha melhor amiga)
Existe uma crença imbecil de que as pessoas podem mesmo ser verdadeiras – “já que sou, logo todos fazem o mesmo”. Bobagem. A história não é bem assim. As pessoas mudam, os amores acabam, as mentiras surgem, a decepção é (de certa forma) certeira. Que pena.
Quando acontece, as mulheres (em geral) correm para o cabeleireiro, emagrecem, engordam. Os homens arrumam outra mulher. Decidem construir outro castelinho de areia e não estão nem aí para a condição da maré. Nós não.
Ah os tijolos... já falei deles. Somos tão sérias nesse ponto que queremos ver os malditos tijolos na parede. Não nos jogamos em qualquer situação, simplesmente porque ponderamos. A gente quer ver o lobo soprar e nossa casa ficar intacta (e a culpa dessa ilusão é mesmo dos contos de fadas).
Dizem que isso é ceticismo. Eu não sei. Acredito que seja realidade. A dura e cruel realidade. Nós queremos coisas bem diferentes deles. Ponto.
Pode ser (veja bem) que existam aqueles que sonham com coisas parecidas. Aqueles que são parecidos. Que fazem com que o positivo somado ao positivo dê mesmo certo (sou cética, mas otimista como vêem). Porém, não sei se todo mundo encontra isso.
Queria ter o poder de tirar a dor daqueles que sofrem por isso – principalmente quando são minhas amigas, claro. Queria poder dizer coisas que mostrassem outra perspectiva. Uma nova visão, como diriam os vídeos institucionais. Mas é complicado. Conheço muitas histórias com o famoso (e tão esperado) “happy end”. Mas são tantas outras que o final se parece com um filme sem nexo de David Lynch.
Eu não sei. Alguns levam a tristeza para os palcos, para a música... fazem dela arte, como fez a artista plástica Sophie Calle expondo seu pé na bunda (dado por email) pelo mundo afora. Respeito. Mas e os seres humanos comuns? Como superam essa história?
Acho mesmo que existem coisas que o tempo cura (sou prova disso). Mas essas coisas também nos deixam eternas marcas. Traumas, cicatrizes, feridas... tudo isso fica para sempre. Não são removidas nem quando a felicidade é plena (coisa utópica, eu diria). Elas se incorporam na nossa história e passamos a viver assim. A gente se habitua. Sempre.
Eu sinto muito que seja dessa forma. Sinto que exista esse sofrimento. Talvez seja mesmo nosso dedo podre. Mas, posso dizer o seguinte: olhe-se no espelho, respire fundo e pense que a gente está no mundo para ter (apenas) o melhor. Se não for assim, melhor que saia das nossas vidas. Só assim é que a felicidade encontrará o caminho da nossa casa...
Quanto ao dedo? Bom, meu novo lema é: não aponte – espere ser apontada e aí... veja se vale a pena!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Homens, mulheres e rugas

Eu ando. Corro. (quase) Todos os dias de manhã – quando não chove, como hoje. Me faz bem. Me faz feliz. É engraçado porque levantar da cama é um verdadeiro martírio, mas quando na rua (na minha praça): renovação.
Junto comigo uma legião de vizinhos faz o mesmo. Homens e mulheres caminham, conversam, passeiam com cachorros e crianças... Estão todos ali no nosso circuito da busca pela qualidade de vida.
Acompanhada da música (sempre) sigo no meu mundo particular. Nele, os diálogos (dos outros) está apenas na minha cabeça. Vou criando. Crio pensamentos e conversas imaginárias. Rio sozinha às vezes. Noutras, sinto uma certa inveja. Mas aí... tudo passa durante o café da manhã.
O que não passa é a constatação: os homens são mais leves que nós (e não no sentido literal, claro). Revolta um pouco (confesso). As rugas não mentem, minha gente!
Mulheres envelhecem com aquela marquinha irritante na testa. Aquela bem em cima do nariz. Sabe? Aquela de quando você franze o olhar para dar uma bronca, quando se preocupa, quando tem medo, quando está sem dinheiro... Essa, apenas nós temos. Definitivamente.
Tudo bem, exagerei (admito). É claro que os homens também têm... mas muito menos. Os homens das minhas manhãs (e são muitos) caminham ou correm tranquilos. Cumprimentam as pessoas com aceno, sorriem, conversam com os amigos do lado, usam agasalhos de adolescentes, têm cachorros simpáticos que correm atrás deles sem coleira. Eles são leves. Jovens de 70, 60, 40 anos.
O outro lado não é assim (estou generalizando, claro). Carregamos um outro tipo de olhar. Sim, porque a grande diferença dessa leveza está mesmo no olhar. O nosso cuida do filho no parquinho (ele pode se machucar); pensa no almoço; nos problemas da casa; no namorado que não tem, não ligou ou não viu; no marido traidor; na juventude (que passou); na dor nos pés; no clima frio; nas contas e... franzimos a testa.
Um dia vai haver uma explicação do porquê resolvemos encarar a vida com tanta responsabilidade, enquanto os outros (todos homens) se divertem. Em qual momento deixamos de pensar em aproveitar e passamos a nos preocupar? Será o casamento? Filhos? Netos? Crescer é tão ruim assim para as mulheres?
Custo a me identificar com isso. E cada vez que penso a respeito, tento encontrar outra forma de rejuvenescer. Sei que não posso negar a passagem do tempo, mas posso evitar a tal ruga (ainda). A leveza é rara para mulheres, mas creio ser possível (não?). Basta treino.
Então, treinemos: a cada pensamento maternal preocupante, um besteirol qualquer deve ser sequencial. O desafio é conseguir rir, pelo menos, de si mesma e nunca perder o senso de humor. Acho que essa pode ser a chave... afinal, homens riem de qualquer coisa não é verdade?