quarta-feira, 15 de julho de 2009

Justiceira

Tem dias que tenho vontade de se armar dos pés a cabeça e quebrar a cara (e muitos ossos) de quem faz mal àqueles que amo. Tenho (e até me orgulho) uma veia espanhola que salta a olhos vistos quando alguém encosta/fala mal/rela/olha torto/ mede/atrapalha/zoa/bate/julga/condena/machuca alguém que amo muito.
Confesso que me sinto como justiceira (do bando do El Justicieros, cha cha cha, dos Mutantes). Tenho uma vontade de pegar uma arma, uma metralhadora (além da verbal, claro), um tacape, um bastão de basebol, agulhas para um bom boneco de vodu, macumba braba na encruzilhada, praga pesada (daquelas que só os padres sabem fazer), peixeira do melhor jeito Maria Bonita...
Vontade de me transformar em uma mulher forte e cheia de músculos, potente em socos, pontapés (principalmente nas áreas baixas, digamos), chutes no estômago, cortes de gillete, asfalto ralando o corpo alheio enquanto eu reino absoluta em meus super-poderes... Assim, saio ilesa, deixando em paz (também) quem amo. Olho com desprezo para o moribundo no chão. Sem pena. Sem arrependimento.
Cruel? Nada (ainda mais porque nada disso é real – feliz ou infelizmente). Pense naqueles que você mais ama. Aqueles por quem você morreria ou mataria. Se eles sofrem, se são injustamente cobrados, julgados, acusados, preteridos por alguém sórdido e você nada pode fazer, senão olhar e apoiar em palavras. De forma impotente.
Nesse momento nunca penso em meus problemas ou nos odiosos dedos que volta e meia me apontam. Aliás, devo dizer que eles mal me atingem. Sou daquelas que não liga para os próprios problemas, mas que defende com unhas e dentes os amados.
Já ouvi (muito) o quanto isso pode me fazer mal. Mas, quer saber? Duvido. O que me faz mal é não poder lembrar os ascendentes espanhóis e lutar por quem amo, por quem realmente merece a felicidade. Aos outros (esse pessoal podre), só desejo o pior (mas juro que é de coração, ta?).

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