quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009

Nossos sonhos infantis eram simples. Naquela época ficávamos satisfeitos com uma barra de chocolate, balas, bolachas calipso (compradas na feira), bolinhos de chuva e banana da terra frita (que delícia!)... ou, quando sonhávamos um pouco mais alto, uma bicicleta rosa (no meu caso, claro) e uma Barbie novinha (também meu caso). Quanta simplicidade!
Aí, de uma hora para outra, a gente cresce e eles ficam caros. Bem mais caros. Sonhamos com um carro novo, uma viagem para Europa, um computador melhor, uma máquina de lavar (esse, eu realizei esse ano)... A parte ruim é que não podemos esperar que eles venham até nós. Para ter tudo isso, a gente precisa correr atrás, trabalhar, ralar... e conseguir (uma hora sempre rola)! - Na verdade (e entre nós), existem muitas coisas que um carnê gordo pode comprar (ainda bem)!
Difícil mesmo são aqueles sonhos que não dependem de dinheiro (sim, porque dinheiro é muito bom e compra quase tudo – mas quase). Quer um exemplo super clichê? Saúde. Nem é preciso explicar porquê. Afinal, de que vale ser rico, se o corpo não puder acompanhar?
Viver um grande amor é outra coisa que o dinheiro não compra. Uma paixão não tem preço. Me desculpem os céticos, mas aquele tipo de paixão não-posso-viver-sem-você não há dólar que pague.
Mas existem muitos outros exemplos: Gargalhadas de alguma coisa bem idiota; um agradecimento sincero por algo que para você foi tão simples; aquela satisfação sentida depois de um trabalho bem feito; o abraço de alguém que você sente saudades; uma mesa cheia de amigos (daqueles bons de verdade); um brinde de deixar os ouvintes com lágrimas nos olhos; uma família sensacional; um beijo na boca de tirar o fôlego; um prato “de salivar” e um bom banho de mar (para tirar a “zica”)... São bons exemplos vai?
É isso. Isso que eu quero em 2009 - para mim e para todos aqueles que amo. Quero apenas coisas que nenhum dinheiro do mundo paga – simplesmente porque não dá pra comprar!
Ah! E que todos tenham o discernimento para perceber todos esses momentos. Afinal, a vida pode ser mais brilhante se a gente, deliberadamente e insanamente, conseguir rir dela.
Que venha 2009!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Robertão

Tá legal, tá legal... Estou influenciada pelo show de ontem na TV (mais a minha mãe me dizendo o quanto ele é lindo, incrível e fantástico). Exageros a parte, temos de dar o braço a torcer: Roberto Carlos é quase uma lenda.
Além disso, fez a música que tem muito a ver comigo (e com todos aqueles que saem de Santos e torcem para voltar logo). São as melhores curvas da vida.

*Ah! Mas no final ele peca. Diz que, se conseguir reencontrar o amor, não vai mais passar nas melhores curvas. Bobagem. Santos é sempre Santos (oras!).

As curvas da Estrada de Santos

Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na estrada de Santos
E você vai me conhecer
Você vai pensar que eu não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade só a velocidade
Anda junto a mim
Só ando sozinho
E no meu caminho o tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda

Por favor me acuda
Eu vivo muito só
Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo

Corrijo num segundo
Não posso parar
Eu prefiro as curvas da estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive
E vi pelo espelho na distância se perder
Mas se o amor que eu perdi eu novamente encontrar
As curvas se acabam
E na estrada de Santos não vou mais passar
Não, não vou mais passar

Confusão de possibilidades

Essa época do ano eu tenho uma certa preguiça. Preguiça de resolver, parar, definir, encarar... porém, essa É a época de pensar nisso. E pensar nunca foi um problema pra mim. Na verdade, acho que o melhor dito seria : pensar demais sempre foi meu maior problema.
Eu penso. Existo. Isso é fato. Não há nada demais em pensar (todo mundo faz isso), o problema é que me interrogo, questiono, me percebo demais. Cansa. Tem momentos em que reflito: o que estou fazendo? Pra que tudo isso? Mas não adianta.
Penso no que quero, como quero, por que quero, se quero, quando quero... O pior é que nunca consigo definir o que realmente é melhor pra mim, então: pra quê?
Quando chego a conclusão de algo que me afligia, em geral, vem uma posição oposta (de alguém que amo ou de algum “sinal” externo - seja lá o que isso quer dizer) e me deixa em dúvida novamente.
Não me entenda mal. Quem me conhece sabe que sou decidida, brava, cheia de opiniões e teorias. No entanto, o fim de ano (somado aos 30 anos) traz aquela sensação de: o que você vai fazer daqui pra frente (somado ao balanço do que você fez até agora)?
Não me arrependo de nada. Errei muito, mas quem pode jogar pedra? Também acertei pra burro. A principal pergunta é: e agora? O que falta?
Bom, a árvore eu não plantei (só plantinhas). O livro eu escrevi (apesar de não publicado – quem sabe um próximo?). O filho, sei não... Não consigo querer isso agora. Afinal, antes dele tem tanta coisa... a Europa (Paris!); casamento (será? parece tão longe); Buenos Aires (quando vou parar de querer isso?); botecos mil rodeada de grandes e bons amigos e MUITO mais tempo em Santos com as melhores pessoas do mundo.
Difícil escolher prioridades em um mundo cheio de possibilidades, não é? Cada vez que olho para os lados vejo uma nova imagem, um novo caminho, uma diferente escolha. Quero viver tudo, sem (ou com) dúvida. Até me aparecerem outras idéias... outros sonhos... todos possíveis (ou não). Claro.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Escola da Vida

Existem pessoas que mudam a nossa vida mesmo que só tenhamos a chance de conversar por algumas horas (ou até minutos). Pessoas que conseguem levantar nosso astral, nosso humor ou mesmo contar sua própria história – fazendo você acreditar que tudo é aprendizado.
Essa foi a minha sensação ao conhecer Edivaldo. Um “cabra macho” que saiu da Paraíba para tentar (e ganhar) a vida na Pipa. Um cara que acredita que São Paulo não é lugar para ele, pois lá (aqui) seria “apenas mais um”. Sábio.
Edivaldo é um homem de fibra que vive no paraíso, mas gosta de afirmar que aquilo é “para turista, a gente fica com o osso”. O genial é que ele não sofre por isso, pelo contrário. Esse é o estímulo de sua batalha.
Um homem de visão: aprendeu a fazer arte com coco, ensinou sua mulher e vende copos, cinzeiros e muito mais para pousadas e hotéis da região, além de turistas; percebeu um novo mercado e passou a alugar bicicletas para os gringos do lugar – que precisavam se locomover com mais facilidade (começou com 2 e hoje tem 20); é segurança de um resort e faz ainda segurança pessoal do dono do lugar.
Ele se considera rico. E é. Não pelo dinheiro que ganha (pois não é nenhuma fortuna), mas pela luta, garra, dedicação e amor com que faz seu trabalho. Consegue ser grato por tudo e todos que o ajudaram. Um bom exemplo disso é que conserva na parede a primeira bicicleta que lhe rendeu dinheiro para comprar outras - graças a um estrangeiro que a alugou por 3 meses.
Edivaldo é rico sim, mas de pura felicidade (o paraíso tem de ser mesmo lotado de pessoas assim, não é?). Acumula momentos felizes a todo instante: quando vende suas peças, quando conta sua história, quando conversa (como amigo, garante) com suas 2 filhas. Leva a vida que quer e, como um bom paraibano, não carrega nenhum desaforo para casa. Cabra macho sim senhor!
Macho e bravo sim. Mas sensível e inteligente como poucos – sem abanar nenhum diploma. E, de verdade, na escola da vida os diplomas são mesmo desnecessários.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Paraíso de gente

Estive no paraíso e o melhor: não precisei morrer para isso! Fora tudo que (quase) todas as pessoas merecem nas férias, conheci ainda personalidades inesquecíveis. Apesar das mil e uma línguas faladas na Praia da Pipa (afinal, se estamos no paraíso, ele é para todos aqueles que são de bem, certo?), as curiosidades vieram mesmo dos brasileiríssimos nordestinos e apenas uma turista. Personalidades nada famosas, que valeram cada detalhe. São elas:
RINALDO - Garçom que acredita (piamente) fazer um show especial para sua platéia (clientes do restaurante) todas as noites. Ele diz: “Tem que agradar a platéia né? Senão ninguém volta!”. Além disso, fala inglês como ninguém: “Peixe for you e for ela, o que vai?”
FLÁVIO – Hostess e publicitário da praia do Amor. Um moleque de uns 17 anos que chama todo mundo de “brother” e faz tanta propaganda da sua barraca que só não senta lá quem não teve a chance de ouvi-lo.
ÂNGELO – Um hippie sujo, mas tão sujo, que se ficasse de molho na cândida uns 3 dias, de nada adiantaria. Vindo de João Pessoa, está na Pipa há 13 anos (é mais um caso clássico de alguém que vai e não volta – normal no lugar). Decidiu viver de forma artística – toca violão na praia, surfa e pinta quadrinhos para turistas. Tudo isso nas suas horas vagas... Ou seja, todos os dias, o dia todo (que maravilha né?).
MASSAGISTA – Apelidamos o moço do Chalali (por ele ter a capacidade de passar um “chalalá” nas gringas). Ele tem uma barraca na praia, com maca e estilo zen. Com um portunhol pesado e uma lábia inglesa de quinta, convence mulheres de várias nacionalidades de que existem chacras em lugares inimagináveis (como entre os seios, entre as pernas...). Um espetáculo de massagem! (mesmo assim não fui convencida a fazer)
GAROTA TOPLESS – Não basta estar no paraíso, é preciso aproveitar ao máximo! Assim pensam as gringas. Algumas corajosas (e acostumadas) fazem topless. Só vi uma, mas (confesso) era tão bacana que quase apontei (de raiva)! A espanhola fazia jus ao topless (é preciso admitir). Barriga zero e seios lindos (meu cotovelo doeu – mas só um pouquinho). Ela só não tinha o jeito brasileiro do biquíni pequeno (o dela era tão grande que a moça enrolava atrevidamente), nem o costume de posar ao sol – deixando o fio do fone de seu ipod entre os seios... sem marca de biquíni, mas com a sombra do fio. Me senti vingada! (admito)
WILLIAN – Carioca, taxista. Há 12 anos na Pipa, garante: “Teve um dia que choveu”.
Viva o sol do paraíso!
* Tem ainda o Edvaldo. Grande personalidade! Mas esse, vale um texto só dele.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Volume 4 – SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Bagagem, saturação e expulsão (não necessariamente nessa ordem).

Mais um embarque. O terceiro do dia. Que dia mais longo. Não agüento mais as costas. Minha bolsa pesava como nunca, meus pés doíam e a gente não agüentava mais reclamar da falta de organização da TAM, de como ficamos com fome durante todo o dia, a falta de atenção, atendimento, do plano B, C, D que nunca aconteceu... Não importava. Agora, finalmente chegaríamos em Natal.
Entrando no avião mais uma surpresa: tinha alguém sentado em uma de nossas poltronas. No bilhete do cara o número da minha poltrona. Como assim? Duplicidade uma hora dessas? Leandro foi até a porta do avião discutir. Passando pela mesma situação, mais 6 pessoas aguardavam a solução.
O Leandro (é bom explicar) é um gaúcho grande que (como todos do Rio Grande do Sul) está sempre certo. Nesse caso não havia mesmo como argumentar o contrário: ele estava certo. E o vozeirão dele cheio de razão funcionou perfeitamente. Sentamos.
O comissário (novamente) corria de lá pra cá do corredor. A essa altura soubemos que espertamente (veja: mais uma ironia) a TAM (companhia que hoje adoro muito – ironia hein?) resolveu que naquele dia pegaria alguns passageiros que tiveram problemas com a WebJet (boa companhia... Ah! Viva o tom irônico e sarcástico da vida). Sendo assim, havia, novamente, mais gente do que era possível. Mas dessa vez, bem mais gente.
Então, eles resolveram escolher algumas pessoas (de acordo com o comissário, pescadas em Guarulhos – afinal, o pessoal da TAM de SSA é bacana, ruim mesmo é o pessoal da TAM de São Paulo – CERTEZA – HÁ HÁ HÁ) para sair do avião e voar GOL. Leia bem: voar GOL!!
Vieram os nomes: primeiro uma família (marido, mulher e filha), depois outra família (mãe, filha e neta) e depois... “faltou uma”- disse o comissário para a aeromoça que lia os nomes no microfone: “Juliana Rodrigues”- ela anunciou.
Eu? Sou eu! Comecei a tremer. Sério mesmo. De raiva desgosto, ódio, aflição... Queria berrar muito! Mas não podia. Juliana Rodrigues sou eu! Mas por que eu? Por que o Leandro não? Nossa mala é a mesma, nossas poltronas são juntas, nosso check-in foi feito junto... mas nossos sobrenomes não são os mesmos certo? Fui sorteada. E olha que nem em rifa eu ganho.
O Leandro levantou como um leão e quase partiu para cima do cara (verbalmente, claro). A filha que estava com a mãe e a sobrinha (descobri depois) também estava argumentando a valer dizendo que não sairia, pois já estavam sentados... Foi um caos...
De repente o Leandro afirma: “Eu não saio”. Ele passou tanta segurança nisso, que veio um segurança para retirar o moço – claro que não foi preciso, mas foi tenso. Tivemos mesmo que sair e nossa bagagem (pasme) foi para Natal, antes da gente, com a TAM. Nós fomos de GOL uma hora depois.
Ouvindo nossa história, o segurança da TAM, que foi retirar o Lê do avião disse: “gente, tem que processar. Não pode ficar assim”. E decidimos que ele tinha toda razão.
Chegamos em Natal, com a GOL, num vôo vazio e tranqüilo. Meia noite estávamos no ar e o Lê fazia aniversário... As primeiras horas foram passadas e comemoradas com bolachinhas e sucos cedidos pela GOL. Tentamos descansar porque em Natal ainda teríamos mais uma hora e tanto para a chegada na Pipa – que só aconteceu às 3 da manhã.
Nossa primeira diária no hotel foi paga, mas se perdeu. Foi menos um dia de praia, piscina, pôr do sol, jantar e namoro (porque não dava pra pensar nisso na tensão que passamos né?).
A TAM nos tirou o sossego e fez da minha agonia de voar quase um trauma. Uma companhia formada por pessoas inexperientes e desprovidas de inteligência. A TAM não sabe lidar com problemas; não tem um plano B; não sabe informar... enfim, não sabe nada.
Ah! Mais uma informação importante: com a minha expulsão e a saída óbvia de um namorado fiel e dedicado nos prometeram mais 300 reais de crédito TAM – assim que chegássemos em Natal. Mas, ironicamente, a funcionária TAM que nos recebeu não tinha a menor idéia do que estávamos falando.
A Pipa valeu MUITO a pena... mas poderíamos ter uma dia a mais, não fosse o tapetinho vermelho mais fajuto e desorganizado do país. Obrigado TAM. A companhia conseguiu nos provar que o melhor jeito de voar é escolhendo uma boa companhia aérea (a última ironia da saga).

Volume 3 – SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Na hora do caos é melhor achar uma história para rir.

Observando tudo atentamente, não entrevistei ninguém, mas fui anotando tudo o que foi possível. Parecia uma louca com um caderninho. Anotava horários, passageiros, conversas, aeromoças, comissários... Tudo. O que não anotava, o Leandro ouvia e falava pra eu anotar. Viramos jornalistas do caos. Registrando e rindo de coisas absurdas. Entenda:
Horário do vôo. Embarque confuso. Claro! Os funcionários TAM não sabiam o que fazer – creio que nunca foram treinados para tal problema (como é que pode?). As aeromoças (sei que elas não deviam ser chamadas assim, mas é inevitável para mim) não tinham idéia do que a maioria dos passageiros (como nós) vinha passando desde cedo... E tiveram de lidar com situações adversas.
Uma senhora em uma cadeira de rodas aguardou no corredor do avião (ninguém sabia onde colocá-la e, o pior, como colocá-la). Demora e mais atraso.
Esse avião tinha área executiva. Na confusão teve gente que sentou lá. Duplicidade de poltronas logo com aqueles que pagaram mais por elas.
Um comissário com cara de desespero anda de lá pra cá pelo corredor. Pelo rádio dele ouvimos frases vindas “da base” como: “Pelo amor de Deus”, “Faz a contagem porque está dando erro nos cartões”, “Um passageiro foi encontrado aqui” – como assim? Morto? Parece coisa de noticiário policial. Tudo bem ali na nossa frente.
Tempos depois (mais atraso) descobrimos que o passageiro encontrado precisava entrar no vôo, mas não havia lugar para ele. Vem uma mensagem da mocinha (para não chamar de aeromoça) lá da frente: “Por favor, se alguma pessoa tiver disponibilidade de ficar algumas horas em São Paulo e esperar um próximo vôo, poderá ganhar 300 reais em crédito TAM. Pedimos desculpas por isso” (foi alguma coisa assim). Um ser humano levantou e saiu do vôo dando lugar ao homem encontrado (vivo, vejam só) no aeroporto.
Atrasados, mas voando. Chegaríamos em Salvador. Quem diria... Eu que amo Salvador estava voando para lá sem planejamento prévio. O ruim é que não poderia nem passear. Teria de chegar e aguardar dentro do aeroporto para mais um vôo fatídico.
Em Salvador 20h15, em São Paulo 21h15. Meu pai me liga perguntado se eu já estava em Natal... Não tinha certeza se eu deveria rir ou chorar. Mas dei risada, afinal, era melhor rir, o que mais poderia acontecer depois dali?

VOLUME 2 - SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Apenas a barata voou.

Duas da tarde e nada de notícias. Fiquei impressionada como tem gente calma nesse planeta (ou naquele vôo). Eu queria matar um! O Lê bufava. Nenhum funcionário TAM sabia dar notícia alguma! NENHUMA MESMO!
Como é que pode? O mínimo que eu esperaria era que tivesse uma alma decente ali avisando a cada 10 minutos que resolveria nosso problema, mesmo sem saber como. Era o mínimo, repito.
Mas não. O que havia era um monte de moleque (não passavam dos 20 e poucos anos – com todo o respeito aos que têm 20 e poucos) com cara de que: “eu não sei direito o que te falar, mas vamos resolver, se Deus quiser”. O que dava para sentir era que o Airbus 321 em que eu estaria, estragou toda a frota da TAM. A partir dali a companhia teria problemas e quem pagaria por eles seríamos nós, claro!
O problema é que eu e o Lê não compramos pacote nenhum. Não havia CVC ou nenhuma outra empresa para quem poderíamos reclamar. Nada. Compramos nossas passagens pela Internet e pagamos nosso hotel por nós mesmos. Não tinha nada o que fazer, a não ser esperar e reclamar mais (e eu reclamei).
Entre reclamações e piadas, ouvi a seguinte notícia: havia uma barata no avião. Quase engasguei! Uma barata? Como assim uma barata? Olha, se tem uma coisa da qual tenho horror é de barata. Baratas não podem aparecer em aviões. Simplesmente não podem! Nossas pernas ficam vulneráveis dentro daquele espaço individual mínimo. Não há o que fazer com elas. E se você fica no meio (no airbus são 3 fileiras de cada lado), como vai fugir? E quem está na janela então?
Mas não era mentira. Uma barata realmente estava no vôo TAM do dia 29 de novembro para Natal. E a piada, entre os passageiros confinados na salinha de espera era: “apenas a barata voou naquele avião”. E foi mesmo.
Ficamos ali aguardando de forma ridícula. As pessoas sentavam no chão com cara de acabadas e desacreditadas. E detalhe (informação importante): nós não podíamos sair daquela salinha. Não podia subir para o aeroporto, NADA. A ordem era aguardar e não se mexer. Ali ficamos.
Conclusão: a TAM não tinha plano B para situações como essas. Nenhum escape. Eles estavam mesmo desesperados e nós estávamos pagando por aquilo... Nossa diária no hotel correndo. Nossas pernas cansadas. Nosso estômago colado nas costas (nenhuma comidinha). E a TAM não estava nem aí... eles tentavam resolver o problema deles, não o nosso. E o problema DELES era despachar os passageiros de qualquer maneira, mesmo que eles tivessem que penar bastante para isso.
Quando deu umas 3 da tarde, veio a notícia de que teríamos de pegar nossa bagagem e fazer um novo check-in. Não havia como continuar no mesmo vôo, realmente. Eles iriam nos “recolocar como desse” (e dane-se – estava nas entrelinhas).
Nessa altura, minhas costas estavam um caco. Minha bolsa pesava, minha mala de mão (sem rodinhas) pesava mais ainda e o Lê tentava manter o humor – difícil naquele momento.
Subimos, pegamos a mala e entramos numa fila enorme de check-in - cruel. Um monte de gente parado com uma cara de fome e desolamento geral.
Detalhe: as notícias só chegavam em português. Tinha um monte de gringo sem entender nadinha do que estava acontecendo... eles apenas faziam o que nós fazíamos. Um descaso total. Chegamos a ouvir um cara falando na fila: “Em castellano, por favor!” Nada. O lance era fazer a gente dispersar e não causar tumulto. Vamos em frente.
No check-in soubemos que não seria simples chegar em Natal. Faríamos um vôo às 17h30 para Salvador – BA e, de lá, uma conexão às 20h30 (ou seja mais espera em SSA) para Natal.
Ligamos para o hotel, avisamos todo o atraso, mudamos o horário do traslado e confirmamos à menina da TAM (desinformadíssima e rindo como se estivesse num programa de auditório) que poderíamos sim pegar o vôo com conexão em Salvador. Seja o Deus quiser.
Para passar o tempo no aeroporto (até a hora do embarque) ficamos lendo (já não agüentávamos mais), comemos (não no lugar onde a TAM nos deu vale alimentação – peloamordedeus! O lugar era uma lanchonete péssima, com cara de suja. Não dava) e sentamos desolados. Afinal, assim estávamos: desolados. Naquele horário deveríamos estar olhando o mar e não ali!
Ah! Para registrar é importantíssimo saber (veja a ironia do tom): a TAM nos forneceu por esse “pequeno problema e atraso” 300 reais de créditos que podem ser gastos somente nos vôos TAM (como se quiséssemos, novamente, voar TAM).
Preferia meu dinheiro de volta – onde eu gaste com a companhia que quisesse (e SE quisesse).
Nós nos perguntávamos: afinal, que horas chegaremos lá? Quando isso vai acabar?

Começa agora o primeiro volume da SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Serão 4 volumes irônicos. Todos contam a nossa tentativa de chegar a um único destino: Natal - RN.

Voar TAM já foi mais simples (creio eu). Hoje em dia de simples não tem nada. Eu tentei, juro. Tentei mesmo. Mas acabei chegando ao meu destino de GOL. Passagem comprada pela própria TAM (vejam a ironia).
Explico: Eu e Leandro (namorado) planejamos uma semana na praia da Pipa (RN). Tudo pronto. Mesma mala, mesmo avião, mesmo check-in e a mesma vista paradisíaca programada. Não tinha como nada dar errado. Tudo listado e os biquínis, vestidos, shorts, camisetas e chinelos estavam todos lá! Perfeito certo?
Errado. A nossa parte estava OK. Mas não sabíamos que para chegar na cidade de Natal (de lá teríamos um carro para nos levar até a Pipa) demoraríamos 15 horas! 15 horas, repito. Graças a TAM. Que bela companhia (leia ironicamente).
Tudo começou às 9 horas da manhã no aeroporto. Eu estava apreensiva pois detesto voar – sempre me pergunto por que o teletransporte ainda não funciona? Cadê a tecnologia avançada? A vida dos Jetsons? Enfim... Leandro estava com ar de check-in - ele sempre assume essa coisa de despachar, discutir lugar, perguntar e tal... ele curte, acho. E eu não ligo.
Enfim, check-in feito, fomos para a sala de embarque de Guarulhos (ah é! Estávamos em Cumbica – informação importante). Passeamos pela livraria, comprei minhas palavras-cruzadas (sempre acho que elas me ajudam a não lembrar que estou voando. Ilusão pura, claro. Na primeira pequena turbulência meu coração vai na boca).
Sentamos no Airbus 321 (200 e tantos luares – avião cheio) fiz o meu ritual de decolagem. Fecho as cruzadas e entrego minha mão (e minha vida) para o Leandro (nem ele conhece essa responsabilidade). Vamos voar. Respiro fundo e ouço a aceleração, a movimentação rápida do avião, vamos para cima!
Vamos? Nada... De repente o bendito desacelera desesperadamente, fazendo a tripulação e os passageiros emudecerem. Medo. Lê olha pra mim com ar calmo e afirma: “Acho que vamos trocar de avião”. Eu quase grito: “Será?” Tudo de novo? Crueldade pura vai?
Segundos depois vem a voz do “Além”: o comandante (já repararam que para ser comandante, em geral, tem que falar muito mal? Eles têm uma dicção péssima. No entanto, esse, falava muito bem). Algo assim: “Senhores passageiros peço desculpas, mas tivemos um problema no motor de decolagem e infelizmente teremos de esperar alguns minutos para saber se ficaremos nessa aeronave ou se teremos de trocar de avião”.
Putz! O único comandante que fala bem na história dos vôos da minha vida, me vem com essa péssima notícia? Claro que teríamos de trocar! O Lê sabia (e eu sempre acredito nele).
O pior é que tivemos de esperar 1 hora e meia (!!!!) para que o mesmo comandante com a dicção perfeita dissesse que o desembarque seria feito para porta da frente e o ônibus (detesto aqueles ônibus) nos levaria até uma sala do aeroporto onde esperaríamos notícias. Droga. Isso já era uma da tarde! Que horas chegaríamos em Natal?