quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

2009

Nossos sonhos infantis eram simples. Naquela época ficávamos satisfeitos com uma barra de chocolate, balas, bolachas calipso (compradas na feira), bolinhos de chuva e banana da terra frita (que delícia!)... ou, quando sonhávamos um pouco mais alto, uma bicicleta rosa (no meu caso, claro) e uma Barbie novinha (também meu caso). Quanta simplicidade!
Aí, de uma hora para outra, a gente cresce e eles ficam caros. Bem mais caros. Sonhamos com um carro novo, uma viagem para Europa, um computador melhor, uma máquina de lavar (esse, eu realizei esse ano)... A parte ruim é que não podemos esperar que eles venham até nós. Para ter tudo isso, a gente precisa correr atrás, trabalhar, ralar... e conseguir (uma hora sempre rola)! - Na verdade (e entre nós), existem muitas coisas que um carnê gordo pode comprar (ainda bem)!
Difícil mesmo são aqueles sonhos que não dependem de dinheiro (sim, porque dinheiro é muito bom e compra quase tudo – mas quase). Quer um exemplo super clichê? Saúde. Nem é preciso explicar porquê. Afinal, de que vale ser rico, se o corpo não puder acompanhar?
Viver um grande amor é outra coisa que o dinheiro não compra. Uma paixão não tem preço. Me desculpem os céticos, mas aquele tipo de paixão não-posso-viver-sem-você não há dólar que pague.
Mas existem muitos outros exemplos: Gargalhadas de alguma coisa bem idiota; um agradecimento sincero por algo que para você foi tão simples; aquela satisfação sentida depois de um trabalho bem feito; o abraço de alguém que você sente saudades; uma mesa cheia de amigos (daqueles bons de verdade); um brinde de deixar os ouvintes com lágrimas nos olhos; uma família sensacional; um beijo na boca de tirar o fôlego; um prato “de salivar” e um bom banho de mar (para tirar a “zica”)... São bons exemplos vai?
É isso. Isso que eu quero em 2009 - para mim e para todos aqueles que amo. Quero apenas coisas que nenhum dinheiro do mundo paga – simplesmente porque não dá pra comprar!
Ah! E que todos tenham o discernimento para perceber todos esses momentos. Afinal, a vida pode ser mais brilhante se a gente, deliberadamente e insanamente, conseguir rir dela.
Que venha 2009!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Robertão

Tá legal, tá legal... Estou influenciada pelo show de ontem na TV (mais a minha mãe me dizendo o quanto ele é lindo, incrível e fantástico). Exageros a parte, temos de dar o braço a torcer: Roberto Carlos é quase uma lenda.
Além disso, fez a música que tem muito a ver comigo (e com todos aqueles que saem de Santos e torcem para voltar logo). São as melhores curvas da vida.

*Ah! Mas no final ele peca. Diz que, se conseguir reencontrar o amor, não vai mais passar nas melhores curvas. Bobagem. Santos é sempre Santos (oras!).

As curvas da Estrada de Santos

Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na estrada de Santos
E você vai me conhecer
Você vai pensar que eu não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade só a velocidade
Anda junto a mim
Só ando sozinho
E no meu caminho o tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda

Por favor me acuda
Eu vivo muito só
Se acaso numa curva eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo

Corrijo num segundo
Não posso parar
Eu prefiro as curvas da estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive
E vi pelo espelho na distância se perder
Mas se o amor que eu perdi eu novamente encontrar
As curvas se acabam
E na estrada de Santos não vou mais passar
Não, não vou mais passar

Confusão de possibilidades

Essa época do ano eu tenho uma certa preguiça. Preguiça de resolver, parar, definir, encarar... porém, essa É a época de pensar nisso. E pensar nunca foi um problema pra mim. Na verdade, acho que o melhor dito seria : pensar demais sempre foi meu maior problema.
Eu penso. Existo. Isso é fato. Não há nada demais em pensar (todo mundo faz isso), o problema é que me interrogo, questiono, me percebo demais. Cansa. Tem momentos em que reflito: o que estou fazendo? Pra que tudo isso? Mas não adianta.
Penso no que quero, como quero, por que quero, se quero, quando quero... O pior é que nunca consigo definir o que realmente é melhor pra mim, então: pra quê?
Quando chego a conclusão de algo que me afligia, em geral, vem uma posição oposta (de alguém que amo ou de algum “sinal” externo - seja lá o que isso quer dizer) e me deixa em dúvida novamente.
Não me entenda mal. Quem me conhece sabe que sou decidida, brava, cheia de opiniões e teorias. No entanto, o fim de ano (somado aos 30 anos) traz aquela sensação de: o que você vai fazer daqui pra frente (somado ao balanço do que você fez até agora)?
Não me arrependo de nada. Errei muito, mas quem pode jogar pedra? Também acertei pra burro. A principal pergunta é: e agora? O que falta?
Bom, a árvore eu não plantei (só plantinhas). O livro eu escrevi (apesar de não publicado – quem sabe um próximo?). O filho, sei não... Não consigo querer isso agora. Afinal, antes dele tem tanta coisa... a Europa (Paris!); casamento (será? parece tão longe); Buenos Aires (quando vou parar de querer isso?); botecos mil rodeada de grandes e bons amigos e MUITO mais tempo em Santos com as melhores pessoas do mundo.
Difícil escolher prioridades em um mundo cheio de possibilidades, não é? Cada vez que olho para os lados vejo uma nova imagem, um novo caminho, uma diferente escolha. Quero viver tudo, sem (ou com) dúvida. Até me aparecerem outras idéias... outros sonhos... todos possíveis (ou não). Claro.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Escola da Vida

Existem pessoas que mudam a nossa vida mesmo que só tenhamos a chance de conversar por algumas horas (ou até minutos). Pessoas que conseguem levantar nosso astral, nosso humor ou mesmo contar sua própria história – fazendo você acreditar que tudo é aprendizado.
Essa foi a minha sensação ao conhecer Edivaldo. Um “cabra macho” que saiu da Paraíba para tentar (e ganhar) a vida na Pipa. Um cara que acredita que São Paulo não é lugar para ele, pois lá (aqui) seria “apenas mais um”. Sábio.
Edivaldo é um homem de fibra que vive no paraíso, mas gosta de afirmar que aquilo é “para turista, a gente fica com o osso”. O genial é que ele não sofre por isso, pelo contrário. Esse é o estímulo de sua batalha.
Um homem de visão: aprendeu a fazer arte com coco, ensinou sua mulher e vende copos, cinzeiros e muito mais para pousadas e hotéis da região, além de turistas; percebeu um novo mercado e passou a alugar bicicletas para os gringos do lugar – que precisavam se locomover com mais facilidade (começou com 2 e hoje tem 20); é segurança de um resort e faz ainda segurança pessoal do dono do lugar.
Ele se considera rico. E é. Não pelo dinheiro que ganha (pois não é nenhuma fortuna), mas pela luta, garra, dedicação e amor com que faz seu trabalho. Consegue ser grato por tudo e todos que o ajudaram. Um bom exemplo disso é que conserva na parede a primeira bicicleta que lhe rendeu dinheiro para comprar outras - graças a um estrangeiro que a alugou por 3 meses.
Edivaldo é rico sim, mas de pura felicidade (o paraíso tem de ser mesmo lotado de pessoas assim, não é?). Acumula momentos felizes a todo instante: quando vende suas peças, quando conta sua história, quando conversa (como amigo, garante) com suas 2 filhas. Leva a vida que quer e, como um bom paraibano, não carrega nenhum desaforo para casa. Cabra macho sim senhor!
Macho e bravo sim. Mas sensível e inteligente como poucos – sem abanar nenhum diploma. E, de verdade, na escola da vida os diplomas são mesmo desnecessários.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Paraíso de gente

Estive no paraíso e o melhor: não precisei morrer para isso! Fora tudo que (quase) todas as pessoas merecem nas férias, conheci ainda personalidades inesquecíveis. Apesar das mil e uma línguas faladas na Praia da Pipa (afinal, se estamos no paraíso, ele é para todos aqueles que são de bem, certo?), as curiosidades vieram mesmo dos brasileiríssimos nordestinos e apenas uma turista. Personalidades nada famosas, que valeram cada detalhe. São elas:
RINALDO - Garçom que acredita (piamente) fazer um show especial para sua platéia (clientes do restaurante) todas as noites. Ele diz: “Tem que agradar a platéia né? Senão ninguém volta!”. Além disso, fala inglês como ninguém: “Peixe for you e for ela, o que vai?”
FLÁVIO – Hostess e publicitário da praia do Amor. Um moleque de uns 17 anos que chama todo mundo de “brother” e faz tanta propaganda da sua barraca que só não senta lá quem não teve a chance de ouvi-lo.
ÂNGELO – Um hippie sujo, mas tão sujo, que se ficasse de molho na cândida uns 3 dias, de nada adiantaria. Vindo de João Pessoa, está na Pipa há 13 anos (é mais um caso clássico de alguém que vai e não volta – normal no lugar). Decidiu viver de forma artística – toca violão na praia, surfa e pinta quadrinhos para turistas. Tudo isso nas suas horas vagas... Ou seja, todos os dias, o dia todo (que maravilha né?).
MASSAGISTA – Apelidamos o moço do Chalali (por ele ter a capacidade de passar um “chalalá” nas gringas). Ele tem uma barraca na praia, com maca e estilo zen. Com um portunhol pesado e uma lábia inglesa de quinta, convence mulheres de várias nacionalidades de que existem chacras em lugares inimagináveis (como entre os seios, entre as pernas...). Um espetáculo de massagem! (mesmo assim não fui convencida a fazer)
GAROTA TOPLESS – Não basta estar no paraíso, é preciso aproveitar ao máximo! Assim pensam as gringas. Algumas corajosas (e acostumadas) fazem topless. Só vi uma, mas (confesso) era tão bacana que quase apontei (de raiva)! A espanhola fazia jus ao topless (é preciso admitir). Barriga zero e seios lindos (meu cotovelo doeu – mas só um pouquinho). Ela só não tinha o jeito brasileiro do biquíni pequeno (o dela era tão grande que a moça enrolava atrevidamente), nem o costume de posar ao sol – deixando o fio do fone de seu ipod entre os seios... sem marca de biquíni, mas com a sombra do fio. Me senti vingada! (admito)
WILLIAN – Carioca, taxista. Há 12 anos na Pipa, garante: “Teve um dia que choveu”.
Viva o sol do paraíso!
* Tem ainda o Edvaldo. Grande personalidade! Mas esse, vale um texto só dele.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Volume 4 – SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Bagagem, saturação e expulsão (não necessariamente nessa ordem).

Mais um embarque. O terceiro do dia. Que dia mais longo. Não agüento mais as costas. Minha bolsa pesava como nunca, meus pés doíam e a gente não agüentava mais reclamar da falta de organização da TAM, de como ficamos com fome durante todo o dia, a falta de atenção, atendimento, do plano B, C, D que nunca aconteceu... Não importava. Agora, finalmente chegaríamos em Natal.
Entrando no avião mais uma surpresa: tinha alguém sentado em uma de nossas poltronas. No bilhete do cara o número da minha poltrona. Como assim? Duplicidade uma hora dessas? Leandro foi até a porta do avião discutir. Passando pela mesma situação, mais 6 pessoas aguardavam a solução.
O Leandro (é bom explicar) é um gaúcho grande que (como todos do Rio Grande do Sul) está sempre certo. Nesse caso não havia mesmo como argumentar o contrário: ele estava certo. E o vozeirão dele cheio de razão funcionou perfeitamente. Sentamos.
O comissário (novamente) corria de lá pra cá do corredor. A essa altura soubemos que espertamente (veja: mais uma ironia) a TAM (companhia que hoje adoro muito – ironia hein?) resolveu que naquele dia pegaria alguns passageiros que tiveram problemas com a WebJet (boa companhia... Ah! Viva o tom irônico e sarcástico da vida). Sendo assim, havia, novamente, mais gente do que era possível. Mas dessa vez, bem mais gente.
Então, eles resolveram escolher algumas pessoas (de acordo com o comissário, pescadas em Guarulhos – afinal, o pessoal da TAM de SSA é bacana, ruim mesmo é o pessoal da TAM de São Paulo – CERTEZA – HÁ HÁ HÁ) para sair do avião e voar GOL. Leia bem: voar GOL!!
Vieram os nomes: primeiro uma família (marido, mulher e filha), depois outra família (mãe, filha e neta) e depois... “faltou uma”- disse o comissário para a aeromoça que lia os nomes no microfone: “Juliana Rodrigues”- ela anunciou.
Eu? Sou eu! Comecei a tremer. Sério mesmo. De raiva desgosto, ódio, aflição... Queria berrar muito! Mas não podia. Juliana Rodrigues sou eu! Mas por que eu? Por que o Leandro não? Nossa mala é a mesma, nossas poltronas são juntas, nosso check-in foi feito junto... mas nossos sobrenomes não são os mesmos certo? Fui sorteada. E olha que nem em rifa eu ganho.
O Leandro levantou como um leão e quase partiu para cima do cara (verbalmente, claro). A filha que estava com a mãe e a sobrinha (descobri depois) também estava argumentando a valer dizendo que não sairia, pois já estavam sentados... Foi um caos...
De repente o Leandro afirma: “Eu não saio”. Ele passou tanta segurança nisso, que veio um segurança para retirar o moço – claro que não foi preciso, mas foi tenso. Tivemos mesmo que sair e nossa bagagem (pasme) foi para Natal, antes da gente, com a TAM. Nós fomos de GOL uma hora depois.
Ouvindo nossa história, o segurança da TAM, que foi retirar o Lê do avião disse: “gente, tem que processar. Não pode ficar assim”. E decidimos que ele tinha toda razão.
Chegamos em Natal, com a GOL, num vôo vazio e tranqüilo. Meia noite estávamos no ar e o Lê fazia aniversário... As primeiras horas foram passadas e comemoradas com bolachinhas e sucos cedidos pela GOL. Tentamos descansar porque em Natal ainda teríamos mais uma hora e tanto para a chegada na Pipa – que só aconteceu às 3 da manhã.
Nossa primeira diária no hotel foi paga, mas se perdeu. Foi menos um dia de praia, piscina, pôr do sol, jantar e namoro (porque não dava pra pensar nisso na tensão que passamos né?).
A TAM nos tirou o sossego e fez da minha agonia de voar quase um trauma. Uma companhia formada por pessoas inexperientes e desprovidas de inteligência. A TAM não sabe lidar com problemas; não tem um plano B; não sabe informar... enfim, não sabe nada.
Ah! Mais uma informação importante: com a minha expulsão e a saída óbvia de um namorado fiel e dedicado nos prometeram mais 300 reais de crédito TAM – assim que chegássemos em Natal. Mas, ironicamente, a funcionária TAM que nos recebeu não tinha a menor idéia do que estávamos falando.
A Pipa valeu MUITO a pena... mas poderíamos ter uma dia a mais, não fosse o tapetinho vermelho mais fajuto e desorganizado do país. Obrigado TAM. A companhia conseguiu nos provar que o melhor jeito de voar é escolhendo uma boa companhia aérea (a última ironia da saga).

Volume 3 – SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Na hora do caos é melhor achar uma história para rir.

Observando tudo atentamente, não entrevistei ninguém, mas fui anotando tudo o que foi possível. Parecia uma louca com um caderninho. Anotava horários, passageiros, conversas, aeromoças, comissários... Tudo. O que não anotava, o Leandro ouvia e falava pra eu anotar. Viramos jornalistas do caos. Registrando e rindo de coisas absurdas. Entenda:
Horário do vôo. Embarque confuso. Claro! Os funcionários TAM não sabiam o que fazer – creio que nunca foram treinados para tal problema (como é que pode?). As aeromoças (sei que elas não deviam ser chamadas assim, mas é inevitável para mim) não tinham idéia do que a maioria dos passageiros (como nós) vinha passando desde cedo... E tiveram de lidar com situações adversas.
Uma senhora em uma cadeira de rodas aguardou no corredor do avião (ninguém sabia onde colocá-la e, o pior, como colocá-la). Demora e mais atraso.
Esse avião tinha área executiva. Na confusão teve gente que sentou lá. Duplicidade de poltronas logo com aqueles que pagaram mais por elas.
Um comissário com cara de desespero anda de lá pra cá pelo corredor. Pelo rádio dele ouvimos frases vindas “da base” como: “Pelo amor de Deus”, “Faz a contagem porque está dando erro nos cartões”, “Um passageiro foi encontrado aqui” – como assim? Morto? Parece coisa de noticiário policial. Tudo bem ali na nossa frente.
Tempos depois (mais atraso) descobrimos que o passageiro encontrado precisava entrar no vôo, mas não havia lugar para ele. Vem uma mensagem da mocinha (para não chamar de aeromoça) lá da frente: “Por favor, se alguma pessoa tiver disponibilidade de ficar algumas horas em São Paulo e esperar um próximo vôo, poderá ganhar 300 reais em crédito TAM. Pedimos desculpas por isso” (foi alguma coisa assim). Um ser humano levantou e saiu do vôo dando lugar ao homem encontrado (vivo, vejam só) no aeroporto.
Atrasados, mas voando. Chegaríamos em Salvador. Quem diria... Eu que amo Salvador estava voando para lá sem planejamento prévio. O ruim é que não poderia nem passear. Teria de chegar e aguardar dentro do aeroporto para mais um vôo fatídico.
Em Salvador 20h15, em São Paulo 21h15. Meu pai me liga perguntado se eu já estava em Natal... Não tinha certeza se eu deveria rir ou chorar. Mas dei risada, afinal, era melhor rir, o que mais poderia acontecer depois dali?

VOLUME 2 - SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Apenas a barata voou.

Duas da tarde e nada de notícias. Fiquei impressionada como tem gente calma nesse planeta (ou naquele vôo). Eu queria matar um! O Lê bufava. Nenhum funcionário TAM sabia dar notícia alguma! NENHUMA MESMO!
Como é que pode? O mínimo que eu esperaria era que tivesse uma alma decente ali avisando a cada 10 minutos que resolveria nosso problema, mesmo sem saber como. Era o mínimo, repito.
Mas não. O que havia era um monte de moleque (não passavam dos 20 e poucos anos – com todo o respeito aos que têm 20 e poucos) com cara de que: “eu não sei direito o que te falar, mas vamos resolver, se Deus quiser”. O que dava para sentir era que o Airbus 321 em que eu estaria, estragou toda a frota da TAM. A partir dali a companhia teria problemas e quem pagaria por eles seríamos nós, claro!
O problema é que eu e o Lê não compramos pacote nenhum. Não havia CVC ou nenhuma outra empresa para quem poderíamos reclamar. Nada. Compramos nossas passagens pela Internet e pagamos nosso hotel por nós mesmos. Não tinha nada o que fazer, a não ser esperar e reclamar mais (e eu reclamei).
Entre reclamações e piadas, ouvi a seguinte notícia: havia uma barata no avião. Quase engasguei! Uma barata? Como assim uma barata? Olha, se tem uma coisa da qual tenho horror é de barata. Baratas não podem aparecer em aviões. Simplesmente não podem! Nossas pernas ficam vulneráveis dentro daquele espaço individual mínimo. Não há o que fazer com elas. E se você fica no meio (no airbus são 3 fileiras de cada lado), como vai fugir? E quem está na janela então?
Mas não era mentira. Uma barata realmente estava no vôo TAM do dia 29 de novembro para Natal. E a piada, entre os passageiros confinados na salinha de espera era: “apenas a barata voou naquele avião”. E foi mesmo.
Ficamos ali aguardando de forma ridícula. As pessoas sentavam no chão com cara de acabadas e desacreditadas. E detalhe (informação importante): nós não podíamos sair daquela salinha. Não podia subir para o aeroporto, NADA. A ordem era aguardar e não se mexer. Ali ficamos.
Conclusão: a TAM não tinha plano B para situações como essas. Nenhum escape. Eles estavam mesmo desesperados e nós estávamos pagando por aquilo... Nossa diária no hotel correndo. Nossas pernas cansadas. Nosso estômago colado nas costas (nenhuma comidinha). E a TAM não estava nem aí... eles tentavam resolver o problema deles, não o nosso. E o problema DELES era despachar os passageiros de qualquer maneira, mesmo que eles tivessem que penar bastante para isso.
Quando deu umas 3 da tarde, veio a notícia de que teríamos de pegar nossa bagagem e fazer um novo check-in. Não havia como continuar no mesmo vôo, realmente. Eles iriam nos “recolocar como desse” (e dane-se – estava nas entrelinhas).
Nessa altura, minhas costas estavam um caco. Minha bolsa pesava, minha mala de mão (sem rodinhas) pesava mais ainda e o Lê tentava manter o humor – difícil naquele momento.
Subimos, pegamos a mala e entramos numa fila enorme de check-in - cruel. Um monte de gente parado com uma cara de fome e desolamento geral.
Detalhe: as notícias só chegavam em português. Tinha um monte de gringo sem entender nadinha do que estava acontecendo... eles apenas faziam o que nós fazíamos. Um descaso total. Chegamos a ouvir um cara falando na fila: “Em castellano, por favor!” Nada. O lance era fazer a gente dispersar e não causar tumulto. Vamos em frente.
No check-in soubemos que não seria simples chegar em Natal. Faríamos um vôo às 17h30 para Salvador – BA e, de lá, uma conexão às 20h30 (ou seja mais espera em SSA) para Natal.
Ligamos para o hotel, avisamos todo o atraso, mudamos o horário do traslado e confirmamos à menina da TAM (desinformadíssima e rindo como se estivesse num programa de auditório) que poderíamos sim pegar o vôo com conexão em Salvador. Seja o Deus quiser.
Para passar o tempo no aeroporto (até a hora do embarque) ficamos lendo (já não agüentávamos mais), comemos (não no lugar onde a TAM nos deu vale alimentação – peloamordedeus! O lugar era uma lanchonete péssima, com cara de suja. Não dava) e sentamos desolados. Afinal, assim estávamos: desolados. Naquele horário deveríamos estar olhando o mar e não ali!
Ah! Para registrar é importantíssimo saber (veja a ironia do tom): a TAM nos forneceu por esse “pequeno problema e atraso” 300 reais de créditos que podem ser gastos somente nos vôos TAM (como se quiséssemos, novamente, voar TAM).
Preferia meu dinheiro de volta – onde eu gaste com a companhia que quisesse (e SE quisesse).
Nós nos perguntávamos: afinal, que horas chegaremos lá? Quando isso vai acabar?

Começa agora o primeiro volume da SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Serão 4 volumes irônicos. Todos contam a nossa tentativa de chegar a um único destino: Natal - RN.

Voar TAM já foi mais simples (creio eu). Hoje em dia de simples não tem nada. Eu tentei, juro. Tentei mesmo. Mas acabei chegando ao meu destino de GOL. Passagem comprada pela própria TAM (vejam a ironia).
Explico: Eu e Leandro (namorado) planejamos uma semana na praia da Pipa (RN). Tudo pronto. Mesma mala, mesmo avião, mesmo check-in e a mesma vista paradisíaca programada. Não tinha como nada dar errado. Tudo listado e os biquínis, vestidos, shorts, camisetas e chinelos estavam todos lá! Perfeito certo?
Errado. A nossa parte estava OK. Mas não sabíamos que para chegar na cidade de Natal (de lá teríamos um carro para nos levar até a Pipa) demoraríamos 15 horas! 15 horas, repito. Graças a TAM. Que bela companhia (leia ironicamente).
Tudo começou às 9 horas da manhã no aeroporto. Eu estava apreensiva pois detesto voar – sempre me pergunto por que o teletransporte ainda não funciona? Cadê a tecnologia avançada? A vida dos Jetsons? Enfim... Leandro estava com ar de check-in - ele sempre assume essa coisa de despachar, discutir lugar, perguntar e tal... ele curte, acho. E eu não ligo.
Enfim, check-in feito, fomos para a sala de embarque de Guarulhos (ah é! Estávamos em Cumbica – informação importante). Passeamos pela livraria, comprei minhas palavras-cruzadas (sempre acho que elas me ajudam a não lembrar que estou voando. Ilusão pura, claro. Na primeira pequena turbulência meu coração vai na boca).
Sentamos no Airbus 321 (200 e tantos luares – avião cheio) fiz o meu ritual de decolagem. Fecho as cruzadas e entrego minha mão (e minha vida) para o Leandro (nem ele conhece essa responsabilidade). Vamos voar. Respiro fundo e ouço a aceleração, a movimentação rápida do avião, vamos para cima!
Vamos? Nada... De repente o bendito desacelera desesperadamente, fazendo a tripulação e os passageiros emudecerem. Medo. Lê olha pra mim com ar calmo e afirma: “Acho que vamos trocar de avião”. Eu quase grito: “Será?” Tudo de novo? Crueldade pura vai?
Segundos depois vem a voz do “Além”: o comandante (já repararam que para ser comandante, em geral, tem que falar muito mal? Eles têm uma dicção péssima. No entanto, esse, falava muito bem). Algo assim: “Senhores passageiros peço desculpas, mas tivemos um problema no motor de decolagem e infelizmente teremos de esperar alguns minutos para saber se ficaremos nessa aeronave ou se teremos de trocar de avião”.
Putz! O único comandante que fala bem na história dos vôos da minha vida, me vem com essa péssima notícia? Claro que teríamos de trocar! O Lê sabia (e eu sempre acredito nele).
O pior é que tivemos de esperar 1 hora e meia (!!!!) para que o mesmo comandante com a dicção perfeita dissesse que o desembarque seria feito para porta da frente e o ônibus (detesto aqueles ônibus) nos levaria até uma sala do aeroporto onde esperaríamos notícias. Droga. Isso já era uma da tarde! Que horas chegaríamos em Natal?

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Romantismo do Cineminha

Morar em Santos tem suas vantagens. Aliás, bairrista que sou, diria que têm todas. Mesmo a distância (já que hoje só “estou” em férias, feriados e finais de semana) sempre vale a pena...
Só em Santos é possível misturar maresia e cinema, por exemplo. Sim. Lá existe o lugar certo: Cine Arte Posto 4, que fica no canal 3 (Posto 4 no canal 3? Tem um “quê” português,né?), Gonzaga - para quem não sabe Santos é dividida por 7 canais, por um motivo que vai além dos meus conhecimentos.
Enfim, no meio do jardim da praia (o maior jardim por extensão no mundo, já no Guiness Book- olha o orgulho!) existe uma sala de cinema. Tem coisa mais charmosa? Ou seja, atrás dela temos areia e mar! E para os amantes da 7ª arte, na programação, apenas filmes fora do circuito comercial como os franceses, dinamarqueses, irlandeses, italianos, argentinos, nacionais, entre muitos outros.
No postinho ou cineminha (como é conhecido) só existem três sessões diárias e os filmes alternam a cada quinta-feira. Um por semana. São poucos lugares para sentar e tem ar-condicionado fortíssimo (é um frio danado lá dentro). As cadeiras poderiam ser muito mais confortáveis, mas valem pelo ar nostálgico e pitoresco do local.
Ah! Em noites lindas de verão o filme pode ser assistido na laje, em cima do posto. Num drive-in sem carros, apenas cadeiras e o telão, tendo como pano de fundo o mar... Ai que saudades disso...
Isso é viver em Santos (e é maravilhoso). Aqui (estou de férias, por isso o “aqui”) não temos – nem de longe – tudo o que São Paulo oferece, mas temos uma nada sutil diferença: o mar, a maresia, o horizonte! Lugares como esses só provam que sabemos aproveitar tudo isso. Viva Santos!

Casablanca. Romance ou ficção?

Viver em Casablanca não deveria ser tão mal. Mercado de pulgas, daqueles que se você for amigo do “rei” (Rick) o preço era de banana; e um bar cheio de charme, do mesmo homem cheio de charme. Mas o charme era diferente... de um tempo em que fumar era coisa de galã.
Assistir Casablanca, nos dias atuais, nos faz perceber que os galãs estão em falta (seja com ou sem cigarro). Nosso “novo tempo” tem falta de homens tão apaixonados que abdicam (por amor) dessas doces mulheres - apenas porque sabiam que era o melhor a fazer (os galãs sempre sabem o que é melhor a fazer (ninguém discorda disso).
É claro que os homens “de hoje” (e eu detesto essa expressão) se apaixonam, sofrem e se embebedam por alguém... Mas quantos largam esse alguém daquela maneira que só o cinema dos anos 40 poderia fazer? Ah... o romance. Uma década de puro romantismo... Como seria viver no tempo de Bogards, Grants e Waynes?
Vestidos longos e amores intensos. Cigarros no canto da boca e bares com ares de cabaré. Danças e músicas melosas (nem vou comentar sobre as músicas – ou não pararei de escrever).
Hoje vivemos no mundo da reciclagem. Da sustentabilidade. Tudo é separado em lixos coloridos. Inclusive, o amor. Troca-se facilmente... a cada dia. Basta escolher a cor da tampa (vermelha, azul, verde ou amarela).
Claro que nos anos 40 também havia a tristeza da guerra, das perdas materiais e, principalmente, da perda de pessoas, entes queridos que não voltam mais. Nisso, não há romantismo algum. No entanto, no amor, os galãs do cinema eram intocáveis. E, por isso, infinitamente melhores.
Hoje, o cinema traz mocinhos quase reais. Problemáticos, chatos e até grosseiros (assim como na vida). A perfeição vem apenas com a beleza dos Pitts, Clooneys ou Cruises.
Nossos mocinhos viraram bandidos - e, ainda assim, nos sentimos atraídas. Tudo mudou. De repente, viver um grande amor passa a ser uma aventura, um suspense, quase uma ficção... o romance? Ficou em algum lugar entre Casablanca e a minha fantasia.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Sinais

Quem acredita em sinais? Eu acredito - sou crente por natureza. E tenho certeza: os sinais estão por toda parte.
Pode-se começar pelo exemplo das mulheres. A maioria crê, por exemplo, nos sinais vindos do telefone. “Se eu ligar para ele e der ocupado é sinal que não devo ligar mais”. “Se eu ligar (de novo) e der ocupado (novamente) é realmente um sinal”. “OK. Melhor de cinco” (acreditamos nos sinais que podemos burlar!)
Mas... e quando esses sinais são explícitos e, talvez, vindos de outro planeta? Aconteceu em Santa Catarina, numa cidade do interior qualquer (não lembro o nome). Desenhos foram feitos em uma plantação da noite para o dia (tipo o filme do Mel Gibson). E aí? Alguém se habilita a explicar?
Confesso que nunca paro para pensar nessa coisa de “extraterrestre”. Não é meu tipo de assunto. Mas sempre defendi que seria prepotência demais acreditar que só na terra tenham seres vivos e pensantes.
O que será que esses caras querem dizer com os sinais? Por que círculos, traços e símbolos em plantações? E, na boa, por que tanto mistério?
Se eles conseguem ter naves espaciais, se são melhores preparados para explicar a origem dos planetas e da nossa evolução, por que diabos não aparecem para ensinar? Sinais em plantações só geram suspeitas e medos. Não dizem nada.
Por isso, queridos ETs, mandem uma carta (email pode ser considerado como vírus) avisando que vocês existem, e que adorariam fazer contato.
Nós prometemos ser bacanas, ouvir tudinho e ainda aprender a diagnosticar seus sinais estranhos - desde que não sejam de uma linha ocupada.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

As voltas do mundo moderno

Amanhã faz aniversário um dos homens que mais amo na vida. Um dos significados da minha tatuagem. Um homem que admiro, defendo e critico as vezes (mas apenas eu posso! Que fique claro!). O melhor amigo que tenho e que ficará na minha vida (e no meu corpo) para sempre (e disso não tenho a menor dúvida).
Para homenageá-lo, decidi publicar um de seus contos:
As voltas do Mundo Moderno - Por Bruno Julião

Com os olhos cheios de lágrimas – uma mescla de alegria e pânico – ele diz a ela:
- Precisamos falar sério. Tenho que te contar uma coisa.
- Pode falar. – ela se mostra indiferente e impaciente.
- Olha, não quero te pressionar nem nada, isso não foi uma decisão, mas quero saber se estamos nessa juntos?
- Juntos aonde? Fala de uma vez.
- Você está grávida.
- Que?!? Como?!?
- Sério. Fica calma. Você está grávida mesmo.
- Como você sabe ao certo?
- Ah, homens sabem essas coisas. E isso não vem ao caso agora. Você está grávida e precisamos pensar nisso juntos, não acha? – sua expressão deixa bem claro que teme a resposta.
- Mas espera um pouco. Não fomos até o fim. Como isso pôde acontecer? Você tem certeza? Assim... De tudo?
- Tudo o que? O que você está querendo dizer com isso? Acha que o filho não é meu? É isso?
- Não. É. Talvez. Olha, não sei. Primeiro essa história de gravidez... Muito estranha. Acho que é melhor esperarmos um pouco. E também, agora o momento é muito ruim pra mim. Tenho trabalhado até tarde, estou pleiteando um período na Europa pela empresa e, se isso não rolar, estava pensando em uma pós-graduação. E sejamos sinceros, tem mais que isso, vai? Nos conhecemos há muito pouco tempo. Saímos umas duas, três vezes...
- Três. – ele interrompeu – Você não está nem ai pra mim, não é? – o choro já começava a desabrochar em seu rosto.
- Não é isso. Mas não nos conhecemos direito. Não tenho certeza que, se realmente eu estiver grávida, o filho seja seu. Não temos nada em comum. Você sabe que filho poderia estragar uma carreira de sucesso? Isso já aconteceu com algumas amigas minhas. Vamos esperar ter a certeza, talvez até um exame de DNA. Num é melhor?
- Por acaso você está achando que tenho cara de idiota? Esse papo de “não tenho certeza que estou grávida” – ele tenta imitá-la afinando a voz – E você me ofende falando assim. Você sai dessa como a gostosona e eu como o otário da situação, é isso? O Corno que tem um filho sem mãe?
- Não, não foi isso que quis dizer. Desculpe-me. Mas é que a situação é complicada. Tudo bem, suponhamos que eu esteja de fato grávida e o filho seja seu, o que faríamos daqui pra frente? Como sustentaríamos a criança? Você sabe que teria de largar emprego, pelo menos por meio ano, pra poder cuidar da criança? Já pensou nisso? E a faculdade então? Não teria como acabá-la tão cedo. São motivos relevantes pra repensarmos isso, não?
- O que você está sugerindo então? Abortar? É a isso que você esta tentando me induzir? Aborto?! – agora ele falava com raiva.
- Calma, são só idéias. Temos de pensar em todas as nossas alternativas. Você já contou pra alguém?
- Não. Estou com medo de contar aos meus pais. Eles vão ficar muito decepcionados ao saber que seu filho, que nem é casado, vai ser pai. Vai ser a morte para o meu pai. Por isso falei com você primeiro. Se decidíssemos ficar juntos, e contar juntos pra eles, acho que amenizaria a situação um pouco.
- Você ta louco? Ficar juntos? No que você ta pensando? Casar? Namorar? Desculpe mas, quem é você, menino?
- Espera. Calma. Não me trata assim. Eu não estava pensando em casamento ainda. Só achei que se nos conhecêssemos melhor poderíamos ficar bem, se gostando. Calma, não fala assim comigo. – ele já estava desesperado.
- Olha, eu vou pra casa pensar. Tenho de falar com meu pai sobre isso. Não sei. Eu te ligo mais tarde pra discutirmos isso. Não posso tomar decisão nenhuma agora. Meu pai é advogado e ele saberá o que fazer.
- Que horas você vai me ligar?
- Não sei. Eu ligo.
Naquela noite ele não dormiu. Ficou com o telefone na mão, abrindo-o de hora em hora para saber se havia bateria e sinal.
Quando eram perto das seis da manhã, seu celular recebeu uma mensagem dela dizendo: “saia ao portão agora”.
Ainda de pijamas e chinelos, ele saiu ao portão tentando, inutilmente, esconder as olheiras e as ressecadas lágrimas não lavadas em seu rosto.
Ela estava com a mesma roupa do dia anterior e, ele logo percebeu, embriagada. Estava na cara que ela não havia ido pra casa falar com o pai nem nada.
Atrás dela, estacionado do outro lado da rua, o carro dela ainda estava ligado e ele podia perceber que as suas amigas estavam dentro. De certo haviam saído para beber e falar de outros homens, buscando esquecer ele – seu problema.
Dócil, ele abriu o portão, titubeou em beijá-la e falou:
- Bom dia. Quer entrar pra conversar?
Ela, sem abrir a boca, sacou da parte de trás da sua calça jeans uma faca, rasgou violentamente sua barriga, e correu de volta ao carro.
Ele, caído de joelhos e já desfalecendo, apenas teve tempo de dizer:
- Eu crio sozinho... Juro. – estava morto.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Tá chegando?

A sensação das férias é a mesma vivida pela criança que está viajando com o pai e pergunta sem parar: Tá chegando? E nunca chega (ou demora muito, claro).
Estou nesse momento “pré”. De repente todos os trabalhos, que estavam praticamente resolvidos, começaram a dar problema. Todos os orçamentos mais bacanas estão pipocando para serem captados.
Isso (é claro) é uma conspiração que suspira (e até grita) contra os meus “dias raros” (como diria meu amigo Carrascoza) – aliás, cada vez mais raros.
A gente vai ficando mais velho e vai perdendo os vínculos. Somos obrigados a largar da barra da saia da mãe e da calça do pai, depois passamos a pagar nossas próprias contas (correndo sempre o risco da demissão) e ainda perdemos (um pouco depois) o vínculo empregatício. É fato. Conheço pouquíssimas pessoas que têm (na minha área) carteira assinada, fundo de garantia, etc.
Sendo assim dias de folga são mesmo raros. Afinal, parar de trabalhar equivale (também) a parar de receber. Como se apenas os seres humanos “de verdade” merecessem tais dias. Chegamos ao cúmulo de imaginar que as pessoas devem mesmo continuar trabalhando, para não perder o ritmo, nem perder o mercado (?) – como se esse segundo fosse perceber que você ficou 20 dias sem ganhar um tostão.
Esse é o mundo capitalista. Nele, o dinheiro pode e cobra tudo. O problema está em ganhar esse dinheiro... Hummm, aí o bicho pega. Tem que ralar, ralar... para só então: não ficar rico! Sim, eu escrevi certo: NÃO ficar rico mesmo – já viu alguém que trabalha muito ficar? Eu nunca.
Bobagens e reclamações a parte, sairei de férias. Se Deus, a TV e os clientes ajudarem, no fim da semana que vem. Mas hoje, tenho a sensação de que 2009 virá antes dos meus dias raros. Muito antes (talvez chegue amanhã)! E... com muito mais trabalho.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Maria sem peixeira

Somos todos destruidores por natureza. Destruímos, poluímos e, em alguns casos, incendiamos. Depois gritamos que o mundo precisa de ajuda. Quão incoerente isso é?
Antes de falar de uma situação extrema, falarei do básico: Sacos plásticos, consumo excessivo de água, lixo reciclável. De verdade ninguém mais aguenta divulgar a sustentabilidade. TODAS as empresas querem provar o quando sua produção não agride, não polui, não ameaça ninguém. Em geral, blá blá blá. Sim, até porque nós, consumidores, somos os primeiros a pecar.
Quem nunca tomou um banho longo que atire a primeira pedra! Quem nunca jogou no lixo comum produtos que poderiam ser reciclados? Somos assim. E esse é o problema.
Porém, nada é tão horrível quanto saber que tem gente por aí que provoca incêndio, mata bichos e destrói reservas florestais como a Chapada Diamantina. Como é que pode?
Eu já fico indignada com quem solta balão em festa de São João (é lindo, mas perigoso demais). Mas, no caso da Chapada, o que será que essas pessoas pensaram? Imagina: “Hoje eu acordei com uma vontade tremenda de destruir, ver o fogo tomar o lugar do verde e matar muitos bichos”. Será mesmo que existem pessoas assim?
Um biólogo falou que a destruição foi avassaladora, e acabou com cerca de 50% da reserva, além de aniquilar muitos ninhos (é época de reprodução). Tudo isso terá deixado o incendiário feliz? Pela manhã, vendo o que fez, ele terá pensado: “Deu certo!”? Não é possível. Talvez (e se for humano) tenha pensado: “Que merda que eu fiz?” De qualquer maneira é culpado e não tem volta.
Bom, eu não ajudo o Green Peace; não ajudo a SOS Mata Atlântica ou nenhuma outra ONG séria que está atrás de matadores de baleias ou jacarés. Mas, num dia como hoje, eu gostaria de ser justiceira (tcha, tcha, tcha – diriam os Mutantes). Me vestiria de Maria Bonita e sairia pela mata (nada de serrado) atrás de imbecis acéfalos (caso tivessem a cabeça, cortaria. Afinal, de nada servem).
Mas... não sou. Infelizmente nada farei a não ser continuar reciclando meu lixo e tentando tomar banhos curtos.
Dizem que “essa é uma terra de ninguém”. Talvez seja mesmo... Um dia ainda veremos a placa de “ALUGA-SE” e, o pior, não vamos nos chocar.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O trabalho enobrece o homem

“O trabalho enobrece o homem”. É o que dizem por aí. Quem pode discutir sobre isso? Ou melhor, quem quer discutir sobre isso?
Eu nunca vi nobres “de verdade” trabalharem. Príncipe Charles, por exemplo, não trabalha. Seu pai, príncipe alguma coisa, também não. Ambos são bem nobres para mim e para o planeta, não? Eles caçam! Só os nobres caçam como esporte! (tenho quase certeza disso)
Quem criou uma frase como essa não parou para pensar. Claro que “enobrecer” vem da nobreza, mas não é por isso que nós, pobres mortais, teremos um palácio só porque trabalhamos. OK. Mas quem é que se sente enobrecido (não vou usar nobre para não esnobe demais) trabalhando?
As pessoas trabalham por duas coisas: porque precisam de dinheiro ou porque querem mais dinheiro. Eu me encaixo na primeira turma e ainda não me senti nobre por isso.
Adoraria ser nobre. Só dispensaria mesmo o tailler. O resto, me encaixo. Grandes festas de gala, tipo “Sissi” (sem pretensão de virar imperatriz, nesse caso), jantares, encontros, jardins, cavalgadas... Só as coisas bacanas, claro. Ninguém, que não é nobre, pensa na nobreza como problema. Claro que devem existir muitos deles, mas todos ignoráveis nesse momento.
Por enquanto, a gente trabalha. Trabalhamos sabendo que dificilmente teremos um jardim digno, mas vamos torcendo por uma rede na sombra (com brisa de preferência) e, quem sabe, algumas viagens baratinhas, quando demos a sorte de tirar umas férias ou mesmo ter um final de semana.

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Traição Feminina

História 1
Ele chegou ao trabalho tão cedo que os colegas olharam estranhamente. Usava a mesma calça e a mesma camisa do dia anterior. Tem olheiras profundas. Quando perguntado sobre o que aconteceu, disse apenas: Cheguei em casa e tudo estava trancado, ela disse que nunca mais abriria a porta. Por quê? – todos perguntam em uníssono. Ele responde que não faz idéia (por puro orgulho).

História 2
Sempre desconfiou. Uma mulher fogosa, bonita e gostosa (como muitos queriam) não seria fiel justamente com ele. Algo estava errado. A certeza era tanta que resolveu agir. Ela disse que iria para a academia (como todos os dias). Enquanto se arrumava, ele gritou da porta que iria até a padaria, só que foi à garagem e entrou no porta-malas do carro dela. Ficou esperando. Ela saiu com o carro, buscou alguém – ele ouvia as vozes -, e quando estacionou, ele saiu do carro e gritou: Eu sabia! – estavam na garagem de um motel.

História 3
Tinha a melhor de todas as mulheres. Daquelas que chamava atenção por onde passava. Todos (todos mesmo) olhavam para ela. Vivia um mundo cor de rosa quando um dia, chegando em casa, ele reparou em roupas jogadas pela sala, corredor... a porta entreaberta mostrava algo que ele não queria (ou esperava) ver: sua mulher nua beijando outra mulher. A cena, que todos os homens gostariam de presenciar, foi um choque no seu mundo ideal. Sua reação foi óbvia: gritou e chorou como apenas uma mulher saberia fazer.

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O melhor e o pior dos 30

Quando eu tinha 20 anos eu tinha um corpo ótimo. Verdade. Sem barriga, tudo em cima! Mas eu não tinha a cabeça que tenho hoje. Mas, eu voltaria aos 20? Duvido.
Tinham coisas bacanérrimas naquela época (toda época tem). A faculdade, os amigos (da faculdade), as bobagens (das aulas), o estágio, mais bobagens do trabalho no SESC e as maravilhas de se viver em Santos - definitivamente, a melhor parte.
Fiquei pensando no que me faria voltar... com certeza nada disso (nem mesmo o corpo sem barriga). Descobri hoje pela manhã (e não me pergunte como) o melhor e o pior de se chegar aos 30.
Explico: o melhor dos 30 é que me sinto ótima. Independente e bem resolvida (com a cabeça e com o corpo). O pior dos 30 é que me sinto ótima demais para quem tem ainda muito o que fazer; independente demais para quem tem muito a pagar e resolvida demais para quem tem muito mais o que ler, e o que melhorar com o espelho.
Os 20 anos (realmente) não me trazem saudades, somente lembranças (boas e ruins). As pessoas e as bobagens que realmente importavam daquela época continuam comigo, mesmo que em outros contextos e em outros trabalhos. Santos continua sendo o melhor do lugar do mundo, o qual voltarei a viver assim que possível.
Aquela história de que “eu queria voltar aos 20 (15, 18, 25 – qualquer idade) com a cabeça de hoje” não é bacana. Não acredito nisso. Eu gosto de ter chegado até aqui. Gosto de ter a sensação de ter vivido o que vivi e hoje me orgulhar disso. Voltar seria retroceder, avançar é o que me rejuvenesce.
Pode ser que eu mude de idéia aos 40, 50. Mas, como diria Francis, apenas os inteligentes são contraditórios (sem nenhuma modéstia).

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Quando as pessoas valem a pena

Hoje tenho 30 anos. O inferno astral (que não tive, creio) acabou. A ansiedade pré-idade também acabou. Já minha pesquisa mental sobre como cheguei até aqui, não. Acredito que em certo momento na vida essa retrospectiva é eterna. Cheguei nesse momento.
Não me canso de ver que nos meus 30 anos muitas pessoas passaram, estão e nunca vão sair da minha vida (ainda bem). Para cada uma delas eu teria um discurso diferente, mostraria sua importância hoje ou em qualquer fase que já vivi. Mas com certeza todas ficariam entediadas (eu falo demais), ou talvez emocionadas (por que não me valorizar um pouquinho? Mesmo acreditando mais na primeira hipótese).
A verdade é que as pessoas que estão na minha vida (ainda que, algumas, distantes) exemplificam tudo o que quero, o que gosto e, principalmente, como os amigos são importantes na minha vida.
Minha grande família de amigos. Pessoas que me dão carinho, me ouvem, me olham de uma maneira especial. Pessoas das quais me orgulho e encho a boca pra dizer: meu amigo! (e ai de quem falar mal! Solto os cachorros!)
Mesmo que tudo isso (as vezes) se mantenha por uma troca de emails, um telefonema (raro, confesso) ou a felicidade de um abraço de aniversário (uma vez no ano), cada uma dessas pessoas vale a pena e me faz muito feliz. Agradeço muito por isso.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Família de amigos

Já falei bastante dela aqui. Mas a minha mãe é o que há! O que há de mais animado que eu conheço (e um pouco - muito - do que sou) vem dela.
Se eu disser: “Acho que vou passar uns dias olhando a poluição de Cubatão, quer ir?” Ela responde: “Vou me arrumar”. Animação total! Minha mãe não envelhece (aliás, continua linda) e está sempre pronta para sair, passear, andar, comprar, falar.
Sempre foi batalhadora. Nunca a vi ficar sem fazer nada. Está sempre em busca do novo, do melhor, do que a deixa mais feliz e do que é certo. Mesmo se não está trabalhando, está sempre ocupada, atrapalhada e brigando por alguma coisa. Seja por um mau atendimento em uma loja qualquer ou no condomínio do prédio. Uma justiceira sem armas (me identifico completamente).
Sua justiça chega ao ponto de nos levar para comprar pão pagando com chiclete - já que o dono da padaria nos dava (diariamente) troco de gomas! Éramos pequenos e, revoltada, nos fez reclamar (e de nada adiantou) e depois juntar por uma semana todos os 'trocados'. Fomos lá, munidos de um saquinho cheio. Os três mosqueteiros (ela, eu e meu irmão) armados de argumentos brigamos pelo abuso. Enfim, o pão era nosso e nunca mais recebemos chiclete (confesso que tenho muito orgulho dessa história).
Lembro dela chegando do trabalho, batendo papo com a gente e sentando para tomar uma cerveja com a minha avó (que também era uma garota animada). As duas eram amigas de verdade. Falavam sobre tudo e todos sem nenhum pudor.
Hoje, quando vou para o bar com a minha mãe, passeio no shopping ou ando na praia, percebo a mesma cumplicidade que ela tinha com a mãe dela. E isso nunca foi imposto. Simplesmente aconteceu.
Meu pai sempre fala que a amizade vale mais que família, porque a gente pode escolher. Ele tem razão. Afinal, amigo é a família que a gente escolhe, certo?
Tenho uma família ‘escolhida’ da qual me orgulho muito e valorizo demais. Mas... tive mais sorte. Meus maiores (e melhores) amigos têm o mesmo sangue que eu: meu pai, minha mãe e meu irmão. São eles que me fizeram ser o que e quem sou. Definitivamente.

Tico e Teco

Aos quase 30 percebo que minha vida teve fundamentos demais. Sou uma pessoa que pensa demais, fala demais, discute demais, ri demais e teima demais. Características que vieram de uma casa cheia demais.
Cresci dentro de uma casa enorme – ao menos era para mim, quando pequena. Hoje, nem lembro dela tão grande assim, mas havia um quintal para brincadeiras de bicicleta, corrida, bonecas... o que viesse!
Se chovesse tínhamos ainda a parte de dentro. Uma verdadeira delícia. Eu e meu irmão (sempre grudados) descobríamos o que hoje é o melhor dos fundamentos: ter amigos é essencial. E éramos, somos e seremos. Minha primeira grande amizade começou dentro de casa, estimulada pela minha avó (querida), que nos chamava de “Tico e Teco”, por causa das bagunças, quebradeiras e risadinhas.
Dentro de casa descobri que tinha o que precisava: um grande amigo e uma grande família. Foi ali dentro, daquela casa sempre cheia de gente, que descobri o quanto gosto de pessoas. Ou melhor, o quanto gosto de estar rodeada de pessoas que fazem a diferença na minha vida.
A fórmula era: Família grande + vó festeira = festas semanais. Churrascos, almoços para mais de 50, cantorias, desfiles (sim, desfilávamos para a família – modelos dos anos 80), brigas (muitas) e gargalhadas (demais).
Olho, novamente, para trás e vejo que a cidade de onde vim não faz muita diferença (por mais que a ame), mas a família que cresci fez muita. Mesmo quando sofríamos (e sofremos), tirávamos o que vinha de bom e de ruim.
A infância e os desfiles se foram. Mas a boemia, a cantoria, as risadas, danças e a animação das festas ficaram e trazem lembranças e saudades.
Meu melhor amigo se mantém o mesmo. Hoje, o engenheiro meio metódico e até metidinho, ainda é a melhor recompensa do meu passado, presente e futuro.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Help

Visitando minhas lembranças, lembrei de algo que explica um pouco do que sou.
Quando eu era menina de tudo saía com meu pai pelo menos uma vez na semana (as vezes mais – coisas de pais separados). Nesse dia marcado, eu e meu irmão esperávamos ansiosos pela janela da casa da minha avó.
Ficávamos prontos e cheirosos (nem sempre), olhando por entre as plantas do jardim os carros que passavam. Nossa brincadeira era identificar os carros ou apostar (com valor de coisa alguma) quantos carros passariam até que o papai chegasse. E ele chegava. Pontual como sempre – mas confesso ter aprendido muito pouco em como acertar o relógio com compromissos, estou sempre atrasada.
Enfim, quando chegava era aquela felicidade. Saíamos para jantar em lugares bacanas, mas o que gostávamos mesmo era do macarrão com salsicha enlatada feito no seu quarto e sala, enquanto desenhávamos capas de discos.
Isso sim era aula! A gente passava horas desenhando o que nos viesse à cabeça para dar uma nova capa aos Beatles (gritando, literalmente, Help).
Ele nos contava (e ainda conta) verdadeiras histórias musicais, além de histórias literárias... aula de diversão e cultura. Além disso, ainda tinha sessão de karaoquê fajuto para cantar “Dia Branco” no tom, ou frevos rapidíssimos sem enrolar a língua.
Nos meus quase 30 anos, posso dizer que graças ao meu pai faço o que faço, falo (muito) como falo, conto e ouço histórias, ouço boa música desde o momento que levanto da cama e, claro, faço um macarrão com salsicha como ninguém! É bom lembrar que ele me ensinou muitas outras coisas, mas essas merecem destaque.
Olhando para trás (e pendendo apenas para um lado, por enquanto) sei de onde vim e porque sou assim. A parte boa é que nem preciso gritar “Help” (ufa).
Obrigada pai! Te amo! Te beijo!

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Quase 30

Quando eu tinha uns 10 anos, eu queria ser ocupada. Sim, isso mesmo. Ocupada. Pra mim, só uma pessoa ocupada escrevia em papéis (até hoje gosto deles) e falava no telefone (confesso que hoje não é mais minha ação predileta). Eu consegui ser ocupada... e estou até um pouco cansada.
Aos 15 anos, me vi tendo certeza de que me casaria aos 22 (vinte e dois!), teria filhos (com “s”, vejam) aos 25 e tudo seria como uma linda fantasia americana (ui). Aos 18 já comecei a desencanar da idéia e percebi que queria mesmo ser jornalista, ouvir pessoas, escrever sobre elas e criar histórias – mesmo que isso adiasse os outros planos.
Deu certo (ou errado?). Não estou fazendo balanço da vida, mas já que Balzac escreveu sobre as mulheres de 30, por que eu não poderia fazer meu próprio purgatório (apesar de estar – e pretender continuar - bem viva).
A verdade é que chego aos 30 em quatro dias, e não tenho certeza de ter conseguido tudo o que almejava, mas tenho certeza que ainda quero bem mais. Aliás, como eu quero.
Uma amiga me disse hoje para eu não me preocupar, porque os 30 passam! E passam mesmo... mas a verdade é que não estou preocupada. Só que nos próximos dias estarei olhando para trás. Olhando para em busca do que foi o meu passado, minha infância, meus desejos, anseios e bobagens (muitas bobagens, aliás). Mas nada de nostalgia, apenas a visão de alguém cada vez mais distante.
Até sábado pretendo começar a traçar (mentalmente, claro) o que foi a minha trajetória até os 30 (ou quase). Uma retrospectiva de quem quer olhar os “inta”, lembrando dos caminhos que escolheu para chegar até aqui - e que, possivelmente, nem percebeu ter passado.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Ser artista

Homenagem ao Chico Buarque:

O meu Pai era paulista, e eu só queria ser um tipo de compositor capaz de ver quanta maldade nessa moça (e que aqui, ninguém nos ouça). Mas fui à Lapa e perdi a viagem. Fui caminhando na ponta dos pés para ser um dos artistas que entoam baladas para suas amadas, feito oração na catedral.
Aliás, se você crê em Deus, erga as mãos para o céu e agradeça. Rouba os seus sentidos. Viola meus ouvidos como quem chega do nada...
Porque eu vou na estrada há muitos anos e sou um artista brasileiro.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Simples assim

Adoraria descobrir por que a qualidade de vida só é alcançada quando não temos muito tempo para aproveitar dela.
Sei que ‘qualidade de vida’ é um termo vago, mas hoje conheci um médico, de quase 80, que está entusiasmado (daquela felicidade de orelha a orelha, sabe?) com sua mudança para a cidade de Campos do Jordão. Foram anos e anos de trabalho árduo para construir uma bela casa (ele garante).
Já pensou? Anos e anos em busca do sonho de morar no campo. Mesmo com a mulher já morta, ele espera apenas pela visita dos filhos, netos e amigos.
Conheci esse animado senhor em circunstâncias de trabalho (meu trabalho, óbvio) e, confesso, que nos meus quase 30, senti uma mescla de inveja e pena. Inveja de alguém que conquistou o que queria, e pena de alguém que demorou mais de 20 anos para realizar um sonho.
A pergunta é: por que precisamos esperar tanto tempo para isso?
Meu sonho? Morar em Santos. Ficar perto da minha família, do mar e do que eu entendo como qualidade de vida. O que me impede? O trabalho, o (pouco) dinheiro que paga minhas contas e me deixa viajar (nos raros momentos em que não preciso trabalhar).
Mas volto à questão inicial: precisamos esperar até os 70, 80 anos para conquistar a tranqüilidade? Por que essa ânsia do trabalho perfeito, do salário perfeito e do tal reconhecimento?
Tenho assistido ao Paulo Zulu (sim, pelo trabalho extra que arrumei). A vida do cara é incrível. Família, filhos, onda, pesca, pé descalço, horta (repito: ele tem uma horta)! Sua vida: Cuidar com a mulher de uma pousada e, de vez em quando (se precisa de mais dinheiro), atuar em uma novela ou desfilar pra alguém... Pronto.
Eu não sei... Hoje cheguei a conclusão que quero mais vida e menos dor de cabeça. Mais riso e menos preocupação. Quero andar na praia (na minha praia), beber (mesmo que seja tônica) filosofando com meu pai, fofocar sobre tudo com a minha mãe e ainda ter tempo para assistir TV com meu avô (que, aliás, faz anos hoje. Lindinho). Simples assim.
Será que algum garçom de SP me traz isso tudo na bandeja, por favor?

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Tijolos de aço

Acho que ando filosofando muito… ou pouco. Não sei ao certo. Mas andei pensando no depressivo Nietzsche, que acreditava (e pregava) que todos nós somos sozinhos. Independente de quem esteja do nosso lado. Nossa alma é solitária...
Ao mesmo tempo em que isso me parece lindo (em termos literários e filosóficos), é também triste demais para uma quase romântica como eu. Afinal, apesar de um tanto cética, ainda acredito no romance (antagônico, mas e daí?).
Um relacionamento deveria significar felicidade (pelo menos o início dele)! Vidas unidas pelo amor, pela paixão, razão ou, até, a teimosia, a burrice... Não importa. A verdade é que para muitos essa união também significa prisão, mesmice, chatice...
Quem nunca viu uma mulher respondendo pelo marido (quando a pergunta foi destinada a ele)? Quem nunca viu um homem mentir para conseguir fazer o que quer? Ou mesmo uma mulher que domina tanto a ponto de ditar as ordens da casa como um sargento?
Sempre acreditei que a vida em comum deveria ter como primeira ordem o humor. Sem risada já é difícil levar uma amizade e até mesmo o trabalho. Imagine um relacionamento? A temida e cruel (para muitos) vida a dois...
Quanto mais eu olho em volta, mais vejo gente procurando a perfeição, querendo moldar o outro, numa felicidade infundada (ao meu ver) e que não duraria muito tempo para acabar.
Sei lá... talvez todos esses a quem eu julgo (prefiro dizer que estou ‘apontando com carinho’) estejam certos, e eu errada. De repente a casa deles é forte e resistente o suficiente para abrandar muitas tempestades, enquanto eu ainda procuro tijolos de aço – o que pode ser uma bobagem. Mas quem é que sabe?

domingo, 28 de setembro de 2008

Saúde

Em homenagem ao ícone do rock brasuca, segue uma grande letra (na minha modestíssima opinião) de Santa Rita e Sr. Roberto.
Confesso que me identifico bastante... Saúde!

Me cansei de lero-lero
Dá licença mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
Mas ninguém sai de cima
Nesse chove-não-molha
Eu sei que agora
Eu vou é cuidar mais de mim!
Como vai, tudo bem
Apesar, contudo, todavia, mas, porém
As águas vão rolar
Não vou chorar
Se por acaso morrer do coração
É sinal que amei demais
Mas enquanto estou viva
Cheia de graça
Talvez ainda faça
Um monte de gente feliz!

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Inspiração

Da onde vem o amor, a saudade e a perda? Da onde vem esses sentimentos que transbordam, avançam e superam todo o entendimento dos seres humanos? Quando sentimos isso? E, piro, quando paramos de sentir?
Sei que o assunto é filosófico e abrangente demais para discutir em um pequeno texto, mas fiquei pensando nisso enquanto via um filme... Será que a busca pelo sentimento perfeito é eterna, ou sempre buscamos aquilo que não temos (e descobrimos – depois da perda – que tínhamos)?
Confuso, eu sei. Mas verdadeiro (creio eu, na minha insanidade duvidosa e temporária – assim espero). Acontece que nós estamos sempre buscamos algo que julgamos perfeito, e a perfeição dificilmente vem. Por que será?
As vezes acho que o tempo nos fez céticos demais (já escrevi isso aqui) e isso nos fez perder o frescor (bonita essa palavra, né?). O frescor do amor, da saudade e até da dor.
Sabe aquela sensação de “se eu não encontrar não vou viver”? “Preciso ver, saber, ouvir a voz”. “Não estou sentindo as minhas pernas” Sei lá! Toda a necessidade e aquela ânsia adolescente... onde foi parar?
Será que nosso cotidiano, o amadurecimento e o blábláblá diário mataram nossa inspiração?
Talvez, só Vinicius de Moraes (ainda) nos salve! Ou não?

Pessoas e "pessoas"

Tem gente por aí que diz ser o que não é. Nenhuma novidade na frase, eu sei. Mas confesso que isso ainda me provoca coceira.
O homem que eu mais admiro na vida sempre diz: “É tudo uma grande mentira”. Ele tem razão. Acontece que quando a mentira se liberta do submundo e vem a tona, me choca e dá vontade de gritar.
Tem gente por aí que diz que é, que sabe, que vê, que leu, que vai ao cinema, que tudo viu e que tudo vê. Praticamente um big brother para imbecis.
Quer exemplo? Tem gente que acha que se o filme é Cult, já é motivo para ser sensacional – mesmo que dê ânsia de vômito. Assim como tem gente que nem sabe o que é Cult, mas garante que é ótimo!
Tem ainda aqueles que dizem fazer muito, quando estão fazendo nada. Conseguem ludibriar a todos e ganhar fortunas (creia) sem saber ler um email até o fim.
Tenho um amigo que diz: “desconfie daqueles que estão sempre ocupados. Quem nunca tem tempo para um café, um papo furado, um boteco. Esses não são confiáveis”. Eu completo: assim como quem não tem amigos. Esses não devem valer como pessoas.
Por isso tudo, existem pessoas e “pessoas” (entre aspas mesmo). Essas “pessoas” mentem, são falsas, riem com você e nas suas costas rosnam, mostrando os dentes – prontos para atacar.
Feliz daqueles que não precisam conviver – ou aguentar – essas “pessoas”. Torço para que esses seres fiquem inanimados ou, pelo menos, desacreditados - pelo menos pra gente achar que o mundo ainda é justo.
Enquanto isso não acontece, a solução é ir ao boteco falar mal deles!

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Conversa de Mulheres Solteiras

Um ‘não-relacionamento’ discutido do início ao fim, em um almoço entre amigas.
Mulher 1: De verdade, vale mais um homem interessante que bonito.
Mulher 2: Concordo. Homens bonitos são raros e dão muito trabalho. Em geral, eles têm certeza que são mais bonitos que você (inclusive)!
Mulher 3: Bonito ou interessante está bem raro algum que preste.
Mulher 4: Sem pessimismo né? Ainda acho que um dia eu encontro... não sei exatamente o quê, mas encontro!
Mulher 5: E quem disse que achar ‘alguma coisa’ é sinônimo de satisfação garantida? Você pode achar um homem e ele ser apenas mais um homem... igual há tantos. Que te faz rir e sofrer. Amar e odiar...
Mulher 1: Sai com os amigos e esquece de ligar... Te troca por qualquer jogo (mesmo quando não é o time dele)...
Mulher 3: Fala das belas teorias de como viver sozinho é uma transformação humana, um aprendizado...
Mulher 4: Putz... Mas te garante que você é especial como nenhuma outra...
Mulher 2: E... como todo homem interessante, ele diz isso com muito charme e dubialidade suficiente para você achar que é a solução de todos os problemas do menino...
Mulher 5: E aí... quando você percebe que não é solução para nada e que ele é seu real problema: Acaba.
Mulher 3: Você sofre e, por incrível que pareça, espera (novamente) encontrar o cara certo. Que faça com que você dê mais um sorriso apaixonado e te motive a solucionar novos problemas.
Mulher 1: O que podemos concluir que os homens podem até ser interessantes, mas as mulheres deveriam ser mais inteligentes...

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Dignidade de mariposa

Era uma vez uma mariposa, que vivia em uma cidade de praia. Seus dias eram cansativos – até mesmo para ela própria.
Passava noites e noites rondando luzes. Em dia claro, ficava a vagar pelo sol, ou pousava, para admirar (mesmo com a visão turva) a paisagem e os transeuntes.
Ficava sempre chocada com o andar dos seres humanos. Um passo na frente do outro (ou seria um atrás do outro?). Olhava aquelas pernas indo e vindo e pensava: por que tenho asas?
Não sentia sua vida feliz. Odiava aquela busca incessante pela luz. Tudo aquilo atrapalhava (ainda mais) seus olhos, que já não enxergam bem. Além disso, vira amigas e parentes morrerem pela ânsia da luz, da visão perfeita. Mas ela era diferente, nunca quis ver direito. Queria andar... Ah... se pudesse...
Estava cansada. Sua vida (que já é curta) precisava acabar. Mas, ao contrário das outras, decidiu que não morreria pela luz. Queria escolher um lugar mais digno e, até, mais humano para isso. Assim, escolheu um local a altura de um suicídio clássico: o banheiro.
E foi até o primeiro que encontrou com a janela aberta. Se dirigiu até o canto do box e lá ficou aguardando sua morte. Pensando como gostaria de pernas para pular pelo parapeito, ou de braços para cortar os pulsos. Ficou ali... aguardando a morte.
No momento em que seu pequenino corpo se entregava, com as asas murchando... sentiu um balanço. Abriu os olhos com dificuldade e viu (com sua péssima visão) um homem que a levantava. Não conseguiu perceber como ele a suspendeu sem encostar em seu corpo. Mas sentiu quando fora jogada pela janela.
O homem pensou: “Pobre mariposa, salvei sua vida”. Já a mariposa deu seu último suspiro (e o único realmente feliz): “Fui assassinada! Sou, finalmente, humana!”

domingo, 14 de setembro de 2008

Crueldade líquida

Dieta… Existe uma palavra mais cruel? É tão cruel que deveria ser contra lei. O pior é que independe de quanto você realmente precisa dela. Todo mundo faz um dia, uma hora, uma fase da vida.
Quer exemplo? Juliana Paes. Corpo perfeito, certo? Errado. A moça achou que para casar precisava emagrecer, malhar e ficar ainda mais perfeita. Ok. Ela vive disso, a imagem é a sua vida. Enquanto isso, nós, pobres mortais, tentamos ficar bacaninhas em um biquíni. Nada demais... apenas tentar não parecer um elefante usando um tecido amarrotado e apertado.
Tudo bem, tudo bem... Afinal, a não ser pelo nome, não tenho nada de parecido com a famosa atriz do olhão e, por isso, uso como desculpa o fato de “exercitar” (palavra desconhecida) outro tipo de músculo: o cérebro (boa essa, não?).
Voltando a dieta (com sua eterna crueldade), tenho uma dica: só comer (ou beber) o que é líquido. Elaborei essa teoria (burra) há uns anos. O que é líquido não engorda. Afinal, como poderia? Líquido... líquido! Um bolo de chocolate sim... fatal! Mas milkshake? Cerveja? Caipirinha? Impossível!
Por isso, para uma dieta digna da Juliana Paes, eu recomendo a seguinte sobremesa: morango com leite condensado (alguém conhece algo mais light ou mais cruel?).

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Seres da Vila

Cacheados, enrolados, espetados, espevitados, atrevidos, embaraçados, raramente lisos, sem chapinha, sujos (os de alguns), estranhos, loucos, rebeldes, sem corte, sem graça, sem vida, cheios de vida, brilhosos, opacos, com faixas, gorros, fivelas... Assim são os cabelos da Vila.
Sem salto, de tênis, sem cadarço, sem cor, coloridos, sem bico (nem pensar!), de dedo, salto baixo, confortáveis, sem meia ou de meias coloridas, feios, sujos, lindos, estilosos... Assim são os sapatos da Vila.
Coloridas, descoladas, esvoaçantes, sem nexo, com charme, sem combinação, tudo combinando, largas, confortáveis, listradas, estampadas, lisas, tudo ao mesmo tempo agora... Assim são as roupas da Vila.
Lindos, feios, exagerados, coloridos, estranhos, esquisitos, cheios de frufrus, com babado, com flores, miçangas, de madeira, de coco, de semente, de clipes, de lata, de fuxico, de lã... Assim são os acessórios da Vila.
Vila Madalena. Muita árvore, cor e estilo. Assim são os seres da Vila.
Senão dá para morar em Santos (ainda), que seja (apenas) na Vila.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Lei seca

Anos atrás eu não ficaria sequer preocupada em dirigir depois de um bar (eu não bebia álcool, mas sempre curti bar... vai entender!). Hoje, gelo quando vejo a blitz na minha frente. Passei duas vezes pelo sufoco, mas em nenhuma fui parada (por sorte). 950 reais pra polícia? Ia chorar muito!
Na coluna do Millôr dessa semana ele argumenta que está sendo punido por causa do Jaguar (é verdade. Somos punidos por aqueles que exageram). Mas como nem tudo nessa vida é justo, temos de nos ajustar a nova (e infeliz) realidade. Assim, gerei algumas teorias insanas (e impraticáveis), para serem contadas na mesa do bar (lugar muito propício para o assunto). Segue:
- Blitz a vista. Pare o carro em qualquer garagem (ou vaga), antes dela. Tranque-o e saia andando tranquilamente até avistar um táxi - que o levará para casa. É melhor e mais barato ter o carro guinchado, do que ficar sem carta e pagar uma fortuna.
- Parado na Blitz. Recuse o teste do bafômetro. Mas para isso, tenha sempre a mão uma pequena garrafa de vodka. Na frente do guarda vire sua garrafinha e avise: “Agora sim estou bêbado, seu guarda! E por isso, não vou mais dirigir”. Talvez você seja preso por desacato, mas ainda é melhor...
- Blitz para mulheres. Parada, bêbada (ou quase), faça charme. Que homem não gosta de um charme feminino? (mesmo com uma guarda feminina, pode ser que dê certo). Meu conselho é: mostre a cacinha! Se não surtir nenhum efeito, ofereça também o sutiã. No máximo, o policial vai achar que você é louca. Isso não pode ser considerado suborno né? Afinal... como provar que você disse uma loucura dessas?
- Blitz para mulheres – Parte II. (Aviso: essa teoria não é minha) Parada, tenha sempre um saquinho de ketchup no carro. Antes do guarda chegar em você, espalhe o líquido vermelho entre as pernas e comece a chorar. Avise o guarda que você está indo ao hospital porque algo está errado!

Obviamente essas teorias só servem para o bar... e, depois dele, o melhor mesmo é andar de táxi.

domingo, 24 de agosto de 2008

O problema do tempo (ou da falta dele)

Quando você mais precisa, seu dia nunca dura muito. Já reparou? Agora, se você quiser que as horas passem, o dia parece durar um mês.
Nessa semana pensei como seria interessante se meu dia tivesse 30 horas - tem um banco consegue, mas nunca entendi como.
Esquecendo meu lamento por alguns segundos, imagine você com mais 6 horas do seu dia. O que você faria? (veja bem, são apenas algumas horas a mais. Sejamos modestos até no desejo)
Andaria de bicicleta? Dormiria mais? Moraria mais longe? Trabalharia ainda mais? (ui! alguém pensaria em algo assim?)
Bom, os últimos dias me fizeram pensar nisso. Começaria esquecendo dos prazos – afinal, teria mais horas para alcançá-los. Mas, como também sou filha de Deus (que fique claro: sempre detestei essa expressão, mas... ela cabe aqui), me preocuparia muito mais em: dormir (muito), ler (tudo), ir mais ao cinema, comprar mais filmes, passar mais tempo nas refeições (pra quê pressa?), visitaria mais amigos e, claro, ficaria muito mais tempo em Santos com a minha família. Humm... só precisaria de 30 horas.
Minha pergunta é: como o Unibanco consegue? Talvez seja porque é uma instituição financeira e eles (com certeza) são mais organizados que eu – apesar de eu (quase) nunca ter falido... enfim.
Eu adoraria ter 6 horas a mais do meu dia... talvez, só assim, eu conseguisse ficar em dia com a minha vida pessoal, profissional e com as minhas idéias para esse blog!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Invista em abacates

Domingo – Almoço - Mesa da cozinha
Assunto: Dinheiro, governo, saúde pública, aplicações, trabalho, condição social, distribuição de renda. Diversão garantida (ui).

Uma família discute banalidades e fofocas familiares até que surge um assunto sério (qualquer um desses descritos acima). Carrancudas, as pessoas se empenham em acompanhar cada detalhe a fim de dar alguma uma opinião precisa – como se a precisão não fosse duvidosa em um domingo com caipirinhas.
De repente, uma nuvem cinza se aproxima da mesa e a situação fica feia. Ninguém chega as vias de fato, porém todos se inflamam e as opiniões são cada vez mais opostas.
De longe, alguém assiste a tudo e pensa em outras coisas. Lembra de quando era criança e adorava comer morangos silvestres e abacates vindos direto do pé. “Ah... os abacates (pensa distraidamente)... deliciosos e engordativos. Uma pena”. Mas era domingo, e domingo não é dia de pensar em caloria.
Assim, em meio às aplicações na bolsa de valores, uma pergunta vem do canto da mesa: “Abacate tem época ou podemos comprar o ano todo?”
Perplexos e chocados demais com a questão tão fora do contexto, toda a mesa começa a discutir a periodicidade (digamos assim) do abacate – como se isso fosse tão perturbador quanto o contraste social do país.

Moral da história: aos domingos invista apenas em abacates. Deixe os pepinos para os dias de semana.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Escrita Correta. Linhas Duvidosas.

Quando a gente menos espera, as coisas acontecem. É sempre assim. A ansiedade nos faz perder um tempo precioso. Quando a gente se esquece dos problemas, as soluções aparecem. Do nada (ou não, claro).
Dizem que as coisas acontecem quando devem acontecer. E que a espera é, apesar de um martírio, a única saída. O importante é se manter calmo e correr atrás do que for possível. Mas como?
Existem momentos que a vontade é chutar o balde. Pedir empréstimo, demissão, viajar sem dinheiro (meu preferido), pedir um aumento sem nenhum argumento (ou cheio deles), e mandar os credores, o chefe e todo mundo para o inferno. Mas não fazemos nada disso.
Covardia? Não, creio que não. Esperançosos. No fundo a gente sempre acha que as coisas podem melhorar ou que, piorando de vez, elas vão se resolver sozinhas. Nesse momento dá uma vontade danada de ficar encostado em um cantinho olhando a própria vida passar, né? Só que tenho más notícias: ela realmente passa.
Relendo, esse texto me parece meio incoerente. E é. Porém, queria registrar que o otimismo pode fazer as coisas melhorarem e se a gente acreditar, assim será.
Conheci uma menina que disse – logo após sua demissão: “Até um chute no traseiro te empurra pra frente”. Isso sim é transformar uma coisa (teoricamente) péssima em algo positivo! Aplausos para ela.
E quer saber? É mesmo verdade. São as situações ruins que transformam nossa vida e fazem com que, finalmente, a escrita saia com o português correto e a caligrafia linda... e as linhas que se danem!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Tortura revelada

Não há nada melhor do que festas, viagens, encontros com amigos, paisagens incríveis e, claro, o registro de nós mesmos em todos esses lugares.
A não ser pelos amantes da fotografia, esse é um caminho sem saída. Como viajar sem esticar o braço para si mesmo, ou ainda pedir a um estranho clicar você na paisagem?
Isso não é nenhum pecado. Desde que você não torture seus futuros espectadores. Claro que, quando espectadores, precisamos pensar na emoção do recém-casado, recém-viajante... Mas tudo tem limite.
Quando você se vê há horas assistindo ao momento do “sim”, ou ainda se prepara para o 4º, dos 10 álbuns de fotos que mostram o mesmo casal no parque, na praia, no hotel, no restaurante... Você repara que dá para agüentar até certo ponto.
É delicada essa relação. Afinal, todo mundo gosta de se ver na foto. Se é um álbum, vídeo de casamento ou de aniversário, os espectadores gostam de procurar a si mesmos no banco da igreja ou na mesa da festa. O que os motiva é a esperança de alimentar o próprio ego e não necessariamente os protagonistas do evento.
Mas em uma viagem de férias existe um agravante: nenhuma pessoa que não esteve nela se interessa - tirando pai e mãe (que são bacanas e querem participar da sua vida – assim espero eu). Ninguém está interessado em você na Torre Eiffel, em você bebendo em Puerto Madero, ou ainda nas imagens do quarto de hotel em que você dormiu...
Por isso, fotos e vídeos são ótimas lembranças, mas apenas para você mesmo. Para o resto das pessoas é pura tortura.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Criatividade divina

Quando Deus criou o mundo usou todas as Suas referências para montar cada detalhe. Foi bastante criativo. Árvores, folhas, troncos, flores. Leões, macacos, porcos (eles já existiam naquela época?)... Tudo muito selvagem (nada com a cara – ou focinho – de hoje). E, criou também as frutas, legumes e verduras.
Quando estava tudo pronto, Ele respirou tranqüilo e pensou: “Aí, está! A grande criação!”. Foi então que um santo marqueteiro avisou que nada daquilo seria tão perfeito se não existisse alguém capaz de questionar e, se possível, destruir cada centímetro.
Deus ficou revoltado. Brigou, soltou Seus recém-criados cachorros, gatos e galinhas para provar que, sendo Ele o criativo (redator e diretor de arte da peça “Terra”), o que faltava era apenas o slogan, não um destruidor.
Mas o santo confirmou que, como toda grande publicidade (parece que naquela época, eles já entendiam muito sobre o assunto), a Terra só seria reconhecida se alguém concorrer com o brilhantismo Divino. E, como não havia mais ninguém além Dele, Deus deveria criar um ser que pudesse questionar Sua construção.
Preocupado com seu ego, Deus relutou, mas concordou. Na verdade, Ele queria mesmo palmas e troféus. Porém, avisou: “Não crio mais nada!”.
Foi então que rascunhou um monstrengo com cabeça de noz (Ele adorava noz) – e declarou: “Eis o órgão pensante do ser humano”. E, dessa forma, seguiu desenhando. Usou aipos, cenouras, berinjelas, feijões, laranjas, azeitonas, tomates, batatas...
Juntou tudo o que deu (inclusive, porcos), olhou, e teve a seguinte certeza: Sua pior criação Lhe traria também Sua maior dor de cabeça.
E assim foi.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Olhar infantil

Quando descobrimos que não somos mais crianças? Em que momento da vida o choque acontece? De repente olhamos para trás e conseguimos recordar que já vivemos muita coisa. E sabemos também que, lá na frente, teremos muito mais a recordar.
Quando foi que deixei de brincar, para passar a me preocupar. Quando deixei de andar de bicicleta como diversão e passei a pensar nas gorduras que preciso eliminar. Quando foi que deixei a casinha cheia de bonecas e comprei uma TV, os móveis, a cama?
O fato é que depois que passamos a pensar nessas coisas, o mundo infantil (ou juvenil) se torna distante. As cobranças da vida é que se tornam constantes.
Imagine olhar o futuro com olhos infantis. Sem medo, sem receio e cheio de entrega. Aquele tipo que faz qualquer pessoa ter coragem de enfrentar o novo e – mais do que isso – o inesperado. A coragem infantil é iluminadora, mas, infelizmente, se perde com o tempo.
Adultos, nos tornamos receosos demais porque, afinal, as contas continuam chegando (independente das suas escolhas). A disposição para o trabalho ainda é pré-requisito da maioria. Ganhar dinheiro vira obrigação; Casamento só com sorte (ou azar) e para se ter filhos é preciso marcar hora e que seja antes da data de validade feminina! Tudo isso porque ainda buscamos a eterna felicidade (ui). Nos tornamos filosóficos (e problemáticos) demais, e práticos de menos.
Aí, que saudade do tempo em que uma barra de chocolate me bastaria e faria com que eu encontrasse a felicidade plena.

sábado, 26 de julho de 2008

Odeio baratas

Quando o extremo nos apavora, o jeito é se manter frio. As coisas ficam extremas quando você exagera em reações, em diálogos mal construídos, em brincadeiras mal feitas ou mal entendidas. Aí, podemos chegar ao ponto crucial de um relacionamento (seja homem-mulher, amizade, profissional ou familiar).
Já tive muitas situações extremas que me apavoram só no lembrar. Situações das quais não tive cuidado, simplesmente porque não saberia o que fazer (mesmo hoje, anos depois). Relembrando me vejo novamente encostada na parede. Acuada como uma barata prestes a enfrentar uma vassoura. Ataquei. Assim como os insetos nojentos.
O problema é que atacar nem sempre (quase nunca, na verdade) resolve. Mas quando você vê, pronto. Lá se foi sua sanidade. A loucura de situações extremas é cega, surda e (no meu caso) nada muda.
Mas o que qualifica um momento extremo? A palavra “extremo” tem o seguinte significado, no Houaiss: “que se manifesta em alto grau de intensidade; que atingiu o ponto máximo; anormal, muito grave” – fora ser também um “ponto afastado, remoto”, que não é o caso aqui.
A verdade é que em uma situação nervosa e grave (mesmo que somente nós achemos), chegamos ao extremo. E aí? Explodimos, metemos os pés pelas mãos, suamos, falamos de mais (novamente meu caso) ou de menos... Agimos como baratas prestes a morrer. A parte ruim é que odeio baratas.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Pisavas os astros, distraída

De repente um barracão, no meio do morro, me parece um lindo cenário. O teto de zinco fazia o "chão de estrelas", que “tu pisavas os astros, distraída”. Assim disse Orestes Barbosa.
Essa é uma imagem e tanto. Noite de lua, céu de estrelas e a luz invadindo o chão. Fico encantada quando uma música (nem sempre com pretensão) consegue fazer com que você veja a cena. Um roteiro de imagens, criado pela melodia e letra de alguém (ou ‘alguéns’).
Não. Nada de comparação com os livros. Livros são feitos para isso. A música não. Para gostar de uma música não é preciso imaginar nada. Prova disso foi a Era Beatles, em que brasileiros (ou, pelo menos, a maioria deles) cantaram (em coro) “Is bina rar days naite”. Aqui, a melodia venceu a letra (e a língua) e foi um sucesso.
Assim é também com a música clássica ou - com o perdão da comparação - o axé (que tem em comum, só a falta de letra). Ou seja, nem sempre é preciso uma linda canção para o reconhecimento.
Mas eu preciso de uma boa letra para usar a imaginação. Sem interferência de clipes. Trato como um roteiro sonoro, melodioso e cheio de interpretações.
Se pudesse, viveria a trilha desses roteiros. Meus amigos, discos e livros estariam em uma 'casa no campo'. Um 'dia branco' de SP viraria minha melhor declaração de amor. O meu carnaval se resumiria a um 'pano de confetes' (que tem complexa interpretação). Uma briga seria representada pela 'porta entreaberta'. E, claro, minha casa teria astros pelo chão, que eu pisaria sem notar. Simples assim. Distraidamente.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Se minhas plantas falassem

Converso com as plantas como se fossem gente. Aviso que não podem ficar doentes, que precisam resistir as pragas, que estão demorando para florir. Mas também elogio quando estão cheirosas, coloridas e com aparência saudável.
Em casa, alguns têm cachorros, gatos, amigos, maridos, mulheres... Eu tenho plantas e flores. Elas me acompanham. Observam minha vida, minha casa. Cuidam daquilo que é meu (de certo modo e de forma bem remota, claro).
Me preocupo em cuidar, regar, falar, viajar e saber se ficarão bem. Também me empenho para não falar nada de ruim – afinal, não posso ofender... senão, terei retaliação: nada de flor (imagino que diriam)!
Mas, e se falassem? Será que me dariam bronca quando não arrumo a casa ou quando não as visito (em noites frias)? Gritariam meu nome quando saísse, namorasse ou recebesse amigos? Reclamariam quando não fossem regadas no horário? Fofocariam (entre elas) sobre minhas manias a ponto de criticá-las? Falariam sem parar sobre a poluição, a camada de ozônio e a falta de consciência ambiental (minha, no caso)?
Plantas. Melhor que sejam mudas. Se alguém nessa relação deve falar, que seja somente eu! Afinal, sou eu que as mantenho verdes e saudáveis! O que espero delas é o comprometimento de não dizer uma palavra sequer! Senão, não rego mais e pronto!

Entre nós: espero que nenhuma delas saiba ler!

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Eternidade discutida

Lembrei de uma legenda (lida sabe-se Deus onde): “Na eternidade e a cada instante”. Se a eternidade está garantida, os instantes não estão embutidos no discurso? Quem eterniza? O que é a tal eternidade? Quando você morre não está com eternidade encerrada? Ou será ali o início dela? Não faço idéia realmente.
Acho que existe uma coisa que eterniza alguém: literatura. Quando você escreve um livro ele fica ali... parado na estante (de alguém ou da livraria) por anos. Seu marco fica também na história e independe de Academias...
Outra coisa: cinema. Ouvi isso do Selton Mello e ele tem razão. Cinema é mesmo uma forma de eternidade.
Mas e quem não escreve, atua, dirige... sei lá! Quem não está nos créditos de nada disso? Não é eterno? Bobagem. Somos eternos para muita gente (creio). Ou de repente a tal “eternidade” é a palavra que gostamos de usar para mostrar que nos importamos com alguém ou alguma coisa.
Por exemplo: no amor, adoramos dizer que é eterno... Mas, óbvio, ninguém sabe. No fundo, a eternidade é mesmo tola... Afinal, ela não importa muito se não estivermos mais vivos (e não estaremos um dia). Então, nos resta viver bem. Fazer o bem e não olhar a quem (diria meu avô). A nossa eternidade vai chegar... só não precisamos ter pressa. Pra quê?

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Lado B

Sentada de frente para minha TV, com o corpo dolorido da gripe e constatando o quanto a TV brasileira é pobre na programação vespertina, pensei em coisas que fazemos sem que ninguém veja. Conclui que todos nós temos um Lado B.
Lembrei de algumas reuniões de trabalho (chatas, como todas) das quais fiquei olhando para as pessoas, pensando o que poderia estar fazendo (com o gerúndio permitido) se não estivesse ali... coisas que jamais nenhum deles saberia.
Ninguém sabe se você dança em casa de cueca, canta no banheiro, cutuca o nariz na frente do computador... Ou mesmo se é um grande jogador de xadrez, “o” craque da pelada entre amigos, guitarrista de primeira qualidade e exímio cozinheiro. Em geral, ninguém sabe. E não é incrível?
Enquanto eu balançava meu pé de meia, assistindo a Serena Willians e pensando em como gostaria de jogar metade do que ela joga, analisei também que mesmo dividindo sua casa, sua vida, seu cotidiano com alguém existem coisas que só nós sabemos, simplesmente porque é assim que deve ser.
Nosso Lado B é também nosso currículo interno. Daqueles que apenas você e seu espelho compartilham. Funciona mais ou menos como o outro lado (também B) dos antigos LPs: está ali, mas nem todo mundo ouve, vê, sente ou sabe quais as músicas. Esse é nosso mistério eterno. Ainda bem.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A graça masculina

Existe uma coisa que se deve questionar pela eternidade: por que os homens não amadurecem jamais? Alguém?
Bom, façamos uma pesquisa. Tenho bons exemplos – pai, irmão, namorado e alguns melhores amigos. Uma amostragem pequena, porém suficiente.
Enfim, os homens acreditam que qualquer história - mesmo aquela triste - tem sua graça. Confesso que acho admirável essa capacidade de rir de qualquer coisa. Porém pode ser também um tanto chato.
Enquanto você conta uma coisa séria, desenvolve uma teoria, ou fala algo banal – que precise de uma pequena linha de raciocínio... pronto. Eles te atacam com um comentário infantil! Ah! Isso me lembra: eles são também auto-suficientes em piadas. Eles contam. Eles próprios riem! Nem precisam de platéia.
Passo por isso há anos. E me considero (até) uma pessoa irônica e com um humor quase (eu disse quase) masculino para algumas coisas, mas confesso que as vezes... dá nos nervos. Mesmo assim, eu espero passar as gargalhadas (sim, porque eles gargalham) e prossigo com a história.
Os homens da minha vida (e provavelmente da sua) são imaturos sim. Têm mentalidade de 7 anos – com sorte 15. Mas admito que com eles aprendo a, assim, não levar a vida tão a sério. Afinal, pode valer a pena ser criança por mais tempo, não?

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Armário Vazio

Quantas coisas jogamos fora. Quanta coisa. Com o tempo, a gente joga fora. Já percebeu? A nossa cabeça acaba fazendo isso com uma facilidade irritante.
Guardamos (claro), alguns objetos que nos levam para lembranças emocionantes. Isso quando temos sorte. Em geral, fica mesmo esquecido. Pena.
O dinheiro que gastamos com bobagens, amizades nunca mais vistas, aquela tarde em Salvador vendo o mar bater no Farol, o frio do ano passado, o primeiro beijo... tudo fora. É claro que com um pequeno (ou grande) esforço as lembranças vêm, mas nem sempre as sensações acompanham.
Mas imagine se não jogássemos fora? Nossos armários seriam lotados sentimentos, pessoas, versos, cartas e fotos. Tudo lá amontoado. Uma coisa em cima da outra. Um verdadeiro caos.
Com o perdão do exagero, mas creio que seria quase a mesma coisa que propôs Saramago quando impediu a morte de matar. Gente demais, sentimentos demais.
Precisamos jogar fora. Por mais que doa, por mais sofrido que seja. Alguma hora as coisas vão para o lixo (seja reciclado ou não). Mas não tudo! O importante é selecionar o que vai para nossa prateleira e o que merece o lixo. Se não houver seleção, nossos armários ficarão cheios demais ou de menos... e, me desculpe a franqueza, mas sem um bom armário nossas vidas (e personalidade) são também vazias.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Mapa da mudança

Quantas vezes pensamos em mudar nossas vidas? Em ganhar mais dinheiro? Em ficar mais magro? Ter uma casa maior? Viajar mais? Ou ainda, largar o emprego?
Seguimos pensando. Periodicamente essas questões aparecem. Mas, afinal, que comodismo é esse? Quanto, realmente, as pessoas anseiam em transformar suas vidas?
Os “poréns” existem. É fato. A situação perfeita para parar de fumar, de beber ou de correr atrás de uma nova carreira não existe. Nem nunca vai existir.
Sabe aquele problema eterno, aquela tensão familiar, aquela crise financeira? Então... vão continuar acontecendo. O objetivo da mudança é risco para a melhora. E arriscar... Bom, arriscar dá medo (e ninguém quer sentir isso).
A verdade é que sonhos possíveis não podem ser cancelados. Jamais. Ultrapassar a barreira do comodismo, encarar o medo, arregaçar as mangas e lutar por esses sonhos é o grande desafio.
E para que essa conquista dê certo: analise, estude e cheque os mapas te levam até lá. Depois, se orgulhe de (ao menos) ter tentado.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Plástica na vida

Antes de pensar em silicone, pense em como levantar sua vida. Antes da lipoaspiração, reflita sobre a fome do mundo. Antes de mudar o nariz, imagine um mundo sem mentiras. Antes de puxar as rugas, lembre-se de como riu para adquiri-las. Assim, antes da plástica, vá mais ao cinema, leia muito mais, estude possibilidades, freqüente mais bares, viaje, visite grandes amigos, troque segredos com alguém, beije muito, abrace quem ama...
E se, ainda assim, o espelho incomodar, faça. Claro! Sem traumas. Mas tenha em mente que a plástica não traz cultura, nem simpatia. Não faz de você um bom amigo, nem te deixa com vontade de ouvir, trocar experiências ou aprender. Isso, não há silicone que resolva. Ou você é, ou não é.
A melhor forma de viver está na nossa cabeça. E independe da estética. Nunca ouvi ninguém escolhendo amigo a partir de uma lipo! Ou outro que se apaixonou por um peito grande. A beleza é efêmera! E passa - como tudo na vida.
É preciso muito, muito mais do que só a beleza para conquistar pessoas. O faz alguém interessante está no sorriso verdadeiro, no olhar sincero ou numa conversa inteligente. Isso sim é belo. O resto é cansativo e artificial.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

1 Livro em 3 Volumes

Era domingo e chovia. Eu conversava com meu namorado em casa, quando, pela varanda, deparamos com um lindo arco-íris. Infelizmente, as cores dele nada têm a ver com aquelas do arco gay (muito mais intensas e felizes). Falei sobre isso naquele dia, e ainda pensei em quantos outros já vira na vida (não foram muitos, constatei). É realmente um fenômeno incrível né? Talvez, apenas superado pela aurora boreal – que nunca vi. Um amigo foi pra Antártica e fotografou pingüins – vendo a foto, concluí que os de pelúcia, comprados no Chile, são bem mais bonitos do que os reais. Enfim, não perguntei a ele se viu tal aurora (que pode ser astral - descobri recentemente). Aliás, tá aí um lugar para o qual não iria. Gelo, muito gelo. Mesmo com o aquecimento global, é gelo demais na minha vida. Detesto frio. Humm... um solzinho, vento quente na praia, vestido curto e chinelo... nada melhor! Aliás, adoraria se pudesse voltar a viver na praia. Em Santos, mais precisamente. Ficar mais tempo com minha mãe, tomar café (o melhor capuccino de todos), bater papo com meu pai no bar e um chopp com os amigos queridos. Isso sim valeria a pena... Só que aí perderia muitas coisas de sampa, claro. Como o mau humor adorável do meu namorado, mais amigos, clube das lulus, loucuras fornecidas pelos mais próximos, bons restaurantes, bares e até o emprego (detalhe)... Ah... Mas posso garantir que se tudo isso estivesse em Santos seria bem melhor! Mas, voltando, quem diria que um arco-íris apareceria no meio da Vila Madalena, em São Paulo?
Prolixa? Imagina... Esse foi só um exemplo! Posso ir mais longe! Sou capaz de entregar o resumo de um livro, em três volumes.
Bom, tive a quem puxar, e até me orgulho disso, sabia? (ainda bem).

terça-feira, 17 de junho de 2008

Em busca do mar

Em frente ao mar o mundo se faz possível. Afinal, todos os continentes estão cercados de água – seja lá qual for o oceano. Se você olhar aquela linha fina entre a água e o céu, vai ter a sensação de que nada é tão longe. De repente, a China, o Japão... estão logo ali! Depois daquela imensidão salgada.
O mar me faz perceber que as coisas sempre podem mudar. Tal qual a maré. Uma ressaca pode render muros quebrados, avenidas alagadas e um jardim de areia. Mas, dois dias depois, o céu se abre e tudo está calmo. Assim é a vida, não é? Nossa maré pode ficar cheia ou baixa, mas o balanço das ondas é diário... Poético, porém verdadeiro.
O mar traz a poesia quando o infinito aponta o horizonte – que escolheu a praia para se mostrar. Assim como quando Iemanjá joga os seus cabelos no reflexo da lua e o sol. Essas são as provas de que a beleza está ao nosso alcance. Basta olhar.
Sinto falta disso. Mas, assim como cantou João Bosco em Corsário: “Vou buscar a mão do mar/ Me arrastar até o mar/ Procurar o mar”... Sempre. Até voltar.

sábado, 14 de junho de 2008

Precisava sim!

O dia dos namorados passou e comecei a discutir o valor dos presentes. Concordo com o primeiro que grite o quanto esses dias todos (namorados, mães, pais e natal) são comerciais. É verdade. Mas alguém consegue ignorá-los?
E tem outra: não é preciso nenhuma data para dar ou receber presente. Basta se preocupar com o outro. O presente (e tanto faz o valor) diz nas entrelinhas: “me lembrei de você”. Afinal, alguém dispôs de alguns minutos, horas ou dias do seu tempo pensando no que comprar e, ainda, se mexeu para escolher a cor, o tamanho, o embrulho. Isso é importante!
Essa história de “ah! Não precisava”, é balela. Precisava sim! Presente é atenção. E... quer saber? Atenção é necessária em qualquer relacionamento, independente de datas.
Existem casais que convivem há anos, têm um casamento feliz, com filho(s) e que não trocam pequenos mimos há séculos! Como assim? Só porque o filho chora no quarto ao lado o romantismo acabou? Ou porque ele continua assistindo jogo com os amigos toda quarta-feira, enquanto ela irrita com seu blá blá blá diário? Bobagem. Presente pode manter a harmonia do relacionamento. Frase forte demais? Concordo, mas ajuda. Tenho certeza.
Jantares românticos, flores e pequenas bobagens (insanamente caras ou ridiculamente baratas) encantam qualquer mulher e (quer saber?) qualquer homem! Quem não gosta de ser lembrado?

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Nossos ídolos não são os mesmos

Não temos ídolos. Repito: a geração dos 30 anos não tem ídolos. Nossos ícones se transformam em heróis ou bandidos, com a mesma facilidade com que mudamos de site.
O que é um ídolo afinal? Pelo dicionário Houaiss da língua portuguesa é a “pessoa ou coisa intensamente admirada, que é objeto de veneração”. Assim, podemos crer que a geração passada (nascida nos anos 50, aproximadamente) conseguiu a proeza de admirar alguém com tremendo grau de idolatria.
Ah! A internet! Essa bandida tirou a paixão e o encantamento por pessoas. Simplesmente porque agora as notícias estão diante de nós, a qualquer hora, com acesso ridículo (pela facilidade). Fica difícil ser ídolo quando todos divulgam segredos e pensamentos (mesmo que muitas vezes mentirosos).
A verdade é que nossos ídolos não são mais os mesmos. Ninguém defende ninguém com unhas e dentes. Simplesmente porque sabemos que eles são também humanos e que, por isso, podem errar (feio) muitas vezes.
Perdemos a pureza desse sentimento. O valor da dedicação e da admiração. Os ídolos deixaram de ser inatingíveis e se tornaram frágeis seres humanos (exatamente como nós). Essa igualdade nos torna mais “adultos”... enquanto o amor incondicional por uma personalidade fazia com que toda uma época não amadurecesse jamais.
Confesso que a segunda parte me parece mais interessante. Uma pena.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Homens Sapos

Tenho uma teoria (boba) desenvolvida ao longo dos anos: os homens são sapos.
Tudo isso começou porque desde cedo colocam na nossa cabeça (nós, mulheres) que uma hora o príncipe vai nos resgatar da torre. Ele virá em cima do seu cavalo branco e com sua espada para nos defender de todos os maus. Depois disso, viveremos felizes para sempre. Quanta bobagem.
Os anos passam e vemos que, não apenas eles não usam espadas, como também não cavalgam. Temos sorte quando são inteligentes e ouvem boa música. Além disso, fica claro também que nem sempre é possível ser feliz “para sempre”. As vezes, percebemos que alguns poucos anos são mais do que suficientes.
Assim, chega-se a conclusão que os homens são mesmo sapos. De verdade. O que acontece é que, apaixonadas, mulheres os transformam em príncipes. Colocamos a roupa branca, o cavalo (vale um carro velho) e até mesmo a espada (que é comparado a um bom argumento verbal para defesa sua ou dele própria, claro).
Embaixo da toda a roupa temos a pele verde. Não tem jeito... vai ter dia que quem vai engolir a mosca é você. Assim como terá um dia que a mosca é dele. Faz parte.
Sapos ou príncipes, homens e mulheres continuam a se apaixonar. A gente ama. Ponto. Quando não amamos, buscamos um novo amor. No fundo, tanto faz a cor da pele, desde que em um beijo, ele suba num cavalo (fictício) e te leve.
Felizes para sempre? E quem é que liga pra isso? Como diz Geraldo Azevedo, nosso conto de fadas dura “até onde a gente chegar”.

domingo, 8 de junho de 2008

Loucura permitida

Houve um tempo em que a loucura era permitida.
Euclides da Cunha era um cara feio (assim eu creio). Era início do século passado e esse personagem famoso da história brasileira se casa com uma mulher linda, que fora obrigada a aceitar a união arranjada. Típico.
O problema é que, rebelde, ela se apaixonou por um homem lindo e educado. Mas, em casa enfrentava o marido rude e feio (coitado do Euclides). O casal tem um filho, que é mandado para longe – educação (na época) era para quem podia educar – não que isso seja diferente hoje.
A fim de se livrar do casamento infeliz, foge com o homem da sua vida (que - também - me foge o nome agora). Vivendo em uma nova casa e tentando não se intimidar pelo olhares alheios e avessos, ela tenta começar outra história.
Até que num belo dia, Euclides (o feioso) invade a casa, e armado saca 4 tiros no amante. Mesmo ferido, o moço alcança uma pistola e mata o marido traído com um único tiro. Vivo (pasmem) e por legítima defesa, o amante é absolvido.
Anos mais tarde, o filho de Euclides sai em busca de justiça e ataca o ex-amante e atual marido da sua mãe. Acerta nele um único tiro e o highlander dessa história se defende e o mata.
Loucura? Sim, mas verdadeira. O homem sobreviveu a 5 tiros e matou o pai e o filho. Com isso, a família de Euclides da Cunha acabou e ele (o amante) pôde fazer a sua própria.
Uma década interessante essa dos anos 20... em que toda a loucura era permitida e não castigada.

História contada pelo homem que sabe tudo (sempre): meu pai.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Borboletas no jardim

Era um fim de tarde de sol. As borboletas visitavam seu jardim – mais ou menos como Mário Quintana recomendava. Eu olhava aquilo e sentia o calor quente no rosto, nas mãos... e a claridade atrapalhando um pouco a visão.
Sem chapéu e com um sorriso no rosto ela cantava com sua voz fina, enquanto apontava a mangueira para os verdes mais altos do seu quadrado bem cuidado.
Eu olhava admirada, enquanto meu irmão brincava na bicicleta ao lado. Admirava uma mulher feliz, bem humorada, que cantava Asa Branca como nunca mais ouvi... até porque, apesar da beleza do cenário, sua voz desafinada nada parecia com a tonalidade certa indicada por João Gilberto.
Mesmo passando por tanta coisa, tanto sofrimento, ela continua a regar suas plantas, cantar e conversar com elas. Nesse momento, eu era figurante, mas sabia que depois daquele ritual seu olhar se dedicaria as duas crianças que brincavam ao seu lado e nós a ajudaríamos a fazer o bolo da tarde – se estivesse chovendo, faríamos bolinhos de chuva (sem chuva, tinha bolo).
Assim a infância passou. Junto com ela, levou essa mulher das flores. Dos bolos. Das conversas. Das risadas. Hoje, ela me olha da foto que mantenho em cima da TV.
Dias como esses ficam na minha memória como aquela substância que precisamos quando tudo está mal... Que nos fazem ver que a vida é muito mais do que trabalho e dinheiro. A vida só é mesmo boa quando conseguimos que as borboletas venham até o nosso jardim.