segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Rascunho da intuição

Se entender toma tempo (melhor português: entender-se toma tempo). Aliás, muito tempo. Quando vemos estamos (há anos) tentando uma explicação válida para o que nem sabemos direito. Complicado.
Talvez existam pessoas que simplesmente sabem. Ou aquelas que sabem da complexidade, mas preferem ignorar por completo (justamente por isso?). Seja como for, não é meu caso. Não entendo muitas coisas. Assim como não consigo ignorar nada.
Uma criatura pra lá de atormentada que conheci recentemente avisou que, quando morta estiver, vai tomar satisfações com o Criador. Pretende questionar do por que não nos lembramos dos problemas vividos em outras encarnações. Segundo ele, a lógica divina é burra. Afinal, por que precisamos passar por tantas coisas (novamente) a fim de aprender o que já poderia estar sabido?
Confesso que é, no mínimo, intrigante. Porém, numa outra conversa - em que citei o moço acima - soube, por outras grandes figuras, que, na verdade, a gente deve usar da intuição para decidir as coisas. Toda a nossa (pouca) sabedoria está no âmago de cada um. Por isso, devemos saber nos ouvir.
Bom, para quem mal consegue se entender, ouvir a si mesmo é quase uma tormenta. São tantas vozes, tantos conceitos a serem questionados, analisados e devidamente defendidos, que uma pessoa como eu não teria tempo. Mesmo.
Claro que, pensando bem, tenho meus “cinco minutos”. Aqueles dias que dá uma coisa estranha em que você não vai onde combinou, não faz o que deveria, nem fala com ninguém. E aí, você não sabe bem como, mas sente que está fazendo a coisa certa. Intuição?
Bom, pensando nas prioridades resolvi fazer uma lista (adoro listas) de coisas que quero, espero e tenho esperanças que aconteçam. Decidi que antes do papel “concreto” e registrado (em cartório nenhum), eu faria um rascunho. E... bom, estou nele há semanas. Cada vez que leio penso em outra coisa. Risco aqui, coloco ali, ordeno acolá.
Por isso, minha única resolução (absoluta) atualmente é: não definir nada. Meus planos são baseados nos acontecimentos. Acredito que a vida segue, ruma, te sopra para algum lugar... e conforme vamos conhecendo a maré, vamos também trocando o barco, o remo... Vai ter hora em que é melhor nadar, noutras teremos um iate (quem sabe?).
Mas, o mais importante é que a vida seja assim como o mar: sem fim e com a brisa soprando (deliciosamente) a nosso favor!

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Vazio Particular

Vazio: “que não contém nada; que não contém determinada coisa; que não tem qualidades positivas; que não produz efeito positivo; fútil, vão; espaço não ocupado por matéria; vácuo”. Assim descreve o Houaiss.
Mas o vazio também pode descrever sentimento. Aquela sensação que não existe. Aquela vontade de dizer algo que não sai (ou não há). O pensamento que não descreve, não formula. Aquele não ligar, não receber, não temer, não querer, não ficar... aquele vazio.
Quando dentro não tem nada mesmo. Só órgãos funcionando. Nada no coração, senão a sístole e diástole movimentando o sangue. O ar que entra e sai dos pulmões. O fígado meio injuriado com a quantidade de besteira. Os rins funcionando normalmente. Sem abalo.
Nada de borboletas no estômago. Nem frio na barriga. Nada dói exatamente. Tudo funciona perfeitamente. Cabeça, tronco e membros. Perfeitos. Mais nada.
Os pensamentos, devaneios e absurdos correm livremente entre neurônios alucinados (sem nenhum alucinógeno). Aliás, isso é a única coisa realmente preenchida: o cérebro. Ele segue cheio de bobagens e muito trabalho. A paixão pela escrita, a ânsia pela leitura, pelo cinema, pelas possibilidades a serem alcançadas (e correm rapidamente).
O vazio está no resto. Está na forma, na falta, no instante. E de repente todo ele faz sentido. Nada é triste. Tudo abre caminho, transforma e ganha ar. No vazio, o ar circula com maior facilidade. Não tem barreiras. Não tem amarras. Não tem pressão.
Nele, também cabe música (descobri recentemente). A sonoridade invade o espaço aberto, sem ocupar nenhuma parte (na verdade). Faz a trilha para o corpo bater no ritmo e a respiração pulsar.
Quando a gente vê, o vazio está cheio de nada (e com o ipod cheio). Aí, você percebe que o sorriso também não ocupa espaço e se vê pronta escolher o que quiser. Pode circular nos corredores, analisar as prateleiras sem traumas e sem pressa. Vai vendo que a vida é mesmo rara e que, se é pra colocar alguma coisa nesse espaço, tem que ser valioso e especial. Senão, é melhor continuar a rodopiar e dançar no meu vazio (particular).

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Graças a ela, descobri a emoção

Enquanto escrevo, penso no que vivi. Penso em tudo que me veio a mente na noite passada. Em toda a intensidade que eu nem sabia existir. Agora, sinto novamente o arrepio, a emoção da lágrima caída (e sem nenhuma solidão) por um momento que, eu nem sabia, seria lindo.
O motivo de estar ali não era eu. Era ela. As músicas eram dela. A cantoria e o choro deveriam ser também dela. Mas me enganei (e a enganei). De repente, comecei a sentir que tudo aquilo me pertencia. Eu conhecia. Eu reconhecia. E ela foi a peça que me fez enxergar tudo isso (e agradeço muito).
Comecei a pensar nos detalhes da vida com Roberto. Referências duvidosas. A lembrança mais próxima (fora a eterna euforia dela - mãe apaixonada pelo Rei) era o “Eu te proponho” cantado pelo Didi (o Mocó, mesmo).
Depois, aos 16 (acreditando que sabia alguma coisa da vida, como todo adolescente) criei uma barreira à Jovem Guarda, descrevendo o movimento como uma babaquice criada por uma elite alienada, a fim de esquecer a ditadura. Quanta bobagem (para uma discussão que nem era minha).
Contradizendo tudo isso, aos 30, vi que o Roberto Carlos é também meu. Suas letras, sua emoção e suas rosas são minhas (e peço licença a ela para isso). Ele canta (e sempre cantou) o amor. E, de verdade, quem já sentiu isso pode (sim) se reconhecer nas suas músicas.
Com a idade, posso dizer que ele cantou coisas que vivi e sofri. Assim como (e principalmente) coisas com as quais ainda sonho (e dessas, eu tenho ainda mais saudades). Amores possíveis, intensos, verdadeiros. Daqueles que não queremos viver outra vez e, sim, ver que além do horizonte existe um lugar para dizer eu te amo sem medo, sem sofrimento, sem fim.
As canções que ele fez pra mim são de todos. Representam uma geração que não é a minha, mas invadiu meu coração e meus ouvidos com a certeza de que ele, há 50 anos, canta o que define como um momento tenso, difícil mesmo, bicho (mora?): o amor.
A ditadura passou e foi uma importante bobagem histórica. Chico continua no meu coração como favorito (confesso), mas não é mais o único. Ontem, entre minhas próprias lágrimas, percebi que quero um romance com jeito de Robertão. Chega de coisas atrás da porta - deixo esse sofrimento para a poesia, não para mim.
Quero a mesma entrega das letras que dizem que as estrelas mudam de lugar e que chegam mais perto só pra ver como é grande o meu amor...

Por isso, em homenagem ao Roberto (e a mim), segue uma letra (graciosa) que eu não conhecia, mas que cabe para todas aquelas que, como eu, têm menos de 1,60m - com muito orgulho e certa grandiosidade (por que não?).


Mulher Pequena


Quando uma mulher pequena
Vem falar no meu ouvido
O meu coração dispara
Chego até fazer ruído
Fica na ponta dos pés
Se pendura como louca
Olha o céu e fecha os olhos
Pra ganhar beijo na boca
Depois do beijo na boca
Sua mão leve desliza
Pelos pêlos do meu peito
Dentro da minha camisa
Quando a coisa fica quente
Aí essa mulher me usa
Quero só que se arrebente
Algum botão da sua blusa
Não há roupa que se aguente
E nenhum botão que dure
Esse amor que a gente sente
Não há nada que segure
Gosto de você pequena
Esse beijo me alucina
Coisa de mulher gostosa
Com um jeito de menina
Ai, ai, ai, essa voz doce e serena,
Essa coisa delicada
Coisa de mulher pequena
Ai, ai, ai essa voz doce e serena,
O meu coração dispara por
Você mulher pequena.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Estação Recomeço

Hoje eu escrevi no Twitter (aquele novo comunicador viciante, em que fazemos propaganda de nós mesmos) que nada é sólido e tudo pode se dissolver no ar.
Uma amiga (querida como todos nossos amigos devem ser) ainda escreveu o meu comentário para que os amigos dela lessem. Ou seja, ela gostou. E eu não pude parar de pensar nisso. No meu comentário. Será que nada é mesmo sólido?
As coisas passam, é verdade. Ou se dissolvem. Podem sumir com o tempo. Podem nos fazer sofrer durante longo (ou curto, com sorte) período. São levadas com o vento. Com a mudança de estação. Com a nossa incrível, maravilhosa e odiosa capacidade de adaptação a tudo na vida. E aí... passa. Some. Dissolve-se no ar.
Mas... tenho dúvidas. Ou melhor, gostaria de colocar algum otimismo nessa história e dizer que (talvez) nem tudo é tão efêmero. Tem uma coisa que fica e que é (sim e, por favor) sólida.
Nossa personalidade é sólida. Opinião não, podemos mudá-la sempre (e graças a Deus). Mas o seu jeito é seu. É único. Briguento, mal humorado, risonho, amigo, leal, com um certo tique, uma mania aqui, outra lá. Não importa. É tudo seu. E é por ele que as pessoas se apaixonam, amam, viram seus amigos. Assim como é, graças a ele que você ama. É ele que te dá a capacidade de escolher a quem amar e por quem ser amado. Isso tudo é sólido.
Mas, infelizmente, tenho más notícias: todo o resto pode se perder numa ventania qualquer. Aquela pessoa, aquele amor que era incondicional, eterno, acabou durando menos do que você gostaria e voou. Os planos que você nem teve tempo de concretizar. O apartamento novo, a viagem, as palavras de afeto, os cartões, os “eu te amo” em dias especiais, os jantares a dois. Tudo evaporou como cinzas ao vento (parafraseando a música).
O que é material também vai embora, claro (e ainda mais facilmente). Mas isso, quem sabe um pouco mais da vida, já passou e não se assusta tanto. O que nos deixa mal mesmo é o resto. Aquilo que dói o coração, o corpo. Que assusta a alma e atrapalha o sorriso. Isso se dissolve, mas deixa marcas.
A verdade (verdadeira) é que, depois de um tempo, vemos que o grande lance da vida é viver o presente e olhar para as estrelas com certa nostalgia. Saudades do que se foi não é ruim. Ruim é deixar de sentir e querer ter de volta o que passou. Se acabou é porque a ventania foi forte, e seu telhado não era bom o suficiente.
A sacada dessa história é reconstruir o que sobrou, melhorar essa plataforma e perceber que dá para olhar pra fora com otimismo para ver que a próxima estação está por vir. E aí, até lá, nossa nova cobertura estará pronta (e muito mais forte) e seremos muito mais felizes para recomeçar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Alma Lavada

Invadi o espaço alheio e confesso: gostei. Ao contrário do imaginei. Me senti como uma espiã. Ali, eu era alguém infiltrado em ambiente proibido, buscando informações preciosas. E foi delicioso.
Bom, o assunto que me levou lá? Futebol. Ah, o futebol. O esporte que traz tristezas e alegrias para a população nacional (quase 100% dela). E eu estava lá. Vasculhando, olhando, ouvindo... tudo o que vinha deles. Afinal, ali, tudo era deles. Menos eu.
E eu vi. Vi quase tudo e anotei mentalmente o que me interessou de verdade. Fui pensando em ideias que podem fazer com que eles fiquem ainda melhores. Sim, porque (mesmo como espiã) eu estava ali para somar, para ponderar, para criar. Criar o que é melhor para eles.
Irônico. Um teste para qualquer pessoa que sabe o prazer que é fazer um gol neles. Dá aquela vontade louca de gritar palavras obscenas e chulas. Mas, ali, eu estava a favor, não contra. Coisas que apenas o trabalho faz por você. E, surpreendentemente, me deu prazer.
Mas (como ninguém é perfeito), saindo de lá, eu precisava da busca. Precisava de um novo olhar sobre o assunto que não viesse deles. Longe de Santos, escolhemos o lugar certo: Museu do Futebol. O museu que mostra todos 'eles' com uma mesma visão: a nossa.
Somos nós, os torcedores, sua melhor obra. São nossos gritos, berros, abraços, canções, empurrões que fazem parte do melhor momento (na minha opinião) do Museu. Somos nós que estamos ali, logo abaixo da arquibancada (o inverso do nosso lugar de origem). Nossos sons ecoam nos corações de nós mesmos.
Sentindo aquilo, não dá para lembrar que esse amor vem de um esporte suado e mal educado. O que vemos é o amor pelo esporte que valoriza a democracia. Que não vê cor, nem conta bancária. Estamos todos ali pelo mesmo motivo.
O museu nos prova que, dentro de um estádio, pela televisão ou pelo radinho de pilha, somos apenas um. O que muda são as cores e as vozes. O restante (o que sobra) é paixão. Só isso. Essa violenta e exuberante paixão, que todos conhecemos.
E aí (depois disso), não há alma que não seja lavada.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Vou ver a vida a pé

Marcelo Camelo.

Diziam que ele seria o próximo Chico Buarque. Bobagem. Infelizmente (ou felizmente, não sei), é difícil chegar aos pés do homem. Mas, se comparado aos compositores da minha geração, ele realmente se destaca.
Eu e Rê (minha amiga e fiel escudeira) fomos conferir o show. Não esperávamos nada. Aliás, mentira. Até esperávamos. Acreditamos que seria um palco paradão, quase sem empolgação. Bobagem. Mandou muito bem e esbanjou simpatia, o moço. Todo mundo dançou, cantou, se emocionou e se identificou com letras. Uma delas, segue. Mais Tarde.

Pode ser até do corpo se entregar mais tarde
Parece simples mas, a gente às vezes é

E o amor é lindo
Deixo tudo que quiser eu não me queixo em ser
Acho normal ver o mundo feito faz o mar num grão de areia

É de se entregar a sorte e todo mundo vai saber (3X)

Em ver que o vai e vem pode ser eterno
Pra ver quem manda
Acho que não vai dar tô cansado demais
Vou ver a vida a pé
Acho normal tá no mundo feito faz o mar num grão de areia

Como deve ser

As coisas são do jeito que devem ser. Mesmo. Por mais cético que seja, é bom acreditar: você pode se esforçar, pode querer, torcer, lutar... mas a batalha termina como deve terminar (seja lá o que isso quer dizer).
Claro que cabe a você correr atrás. Não adianta nada esperar pelo o que se deseja, sentado no sofá de casa sozinho (a não ser que espere uma pizza). Se você fizer sua parte, se fizer tudo o que pode, o resultado será o correto – mesmo que você não fique tão feliz com isso.
Realmente acredito nisso. Já escrevi aqui que, em se tratando de relacionamentos, sou cética, fatalista. Mas, na vida, sou crente (ecumenicamente crente). Daquelas que acredita até em latinha de coca-cola, se alguém garantir que faz bem.
Sou neta de uma mulher (maravilhosa) que ia do candomblé ao catolicismo como abrisse outra gaveta; e de um homem que sempre disse (e diz): “se não fizer bem, mal também não faz”. Assim cresci cheia de misticismo. Santos em oratórios, benzedeiras, espíritos (que nunca vi - ainda bem), alhos, sal grosso, defumações...
Tudo isso me fez aprender duas coisas. A primeira foi a identificação (imediata) com a cidade de Salvador. A segunda é o que disse acima: as coisas têm um jeito certo para acontecer.
Os indianos chamam de “destino”. Eu não. Acho forte demais. Até porque acredito no tal livre arbítrio. Sendo assim, seu destino pode ser mudado. Tudo vai depender da sua escolha. E você pode escolher mal, assim como pode acertar em cheio! Aí... o resultado vem (entre lágrimas ou sorrisos).
A parte ruim (e brilhante) é que nunca sabemos se a escolha é certa. Mas podemos acompanhar os sinais, basta reconhecê-los. Claro que nem sempre somos bons leitores dos códigos (as vezes tão óbvios), principalmente quando queremos o inverso do que está ali (na sua cara).
Mas... uma hora o sinal grita e alguém toma a decisão por você - caso você não faça. Por isso, aceite. Acorde e olhe para fora. O sol vai continuar brilhando e a pizza deve chegar a qualquer momento (junto com as novas possibilidades).

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Proclamação

A partir dessa data está proibido qualquer tipo de ruído que venha da boca dos indivíduos, exceto palavras, choro, gargalhadas, soluço ou gritos. Os repugnantes (e agora contra-lei) são os espirros, tosses e pigarros. Está prevista a multa e a punição aos meliantes que desacatarem essa ordem – podendo até haver pena de morte.
Tudo isso porque estamos em uma crise com os porcos. Eles estão atacando as cidades como verdadeiros gafanhotos e não sabemos ao certo como agir. O governo está trabalhando para melhor atender a sociedade que (sabemos) já se encontra febril.
Não há remédio. De nada adianta trancar portas e janelas de suas casas. Quem crê, pode rezar. Mas não há nenhuma previsão de ajuda. São Pedro decidiu (por conta própria) fazer sua parte e parou (por ora) com a chuva. O problema é que ainda não descobrimos qual tipo de santo poderia acabar com o frio – coisa que (acreditamos) poderia espantar os porcos.
Por enquanto, o governo se mantém apático (como sempre). Sabemos que é grave, mas preferimos omitir a informação, dizendo que estamos muito melhores que outros países – afinal, os porcos mataram menos por aqui.
Definimos também não contar para ninguém que nem todos os hospitais fazem o exame que comprova a presença do porco nos indivíduos. Pois é muito melhor (para nós) divulgar estatísticas mentirosas a respeito.
Enquanto isso definiu-se esse decreto-lei como ordem expressa e imediata. Sendo assim, quem tossir leva multa, e se continuar tossindo (ou espirrando), será levado para isolamento sem data de saída, ou até para a morte.
Nós continuaremos nosso papel mudo e sem informação. Além disso, estamos (também) cuidando da alimentação dos porquinhos. Eles agora comem pizza – principal produto do plenário. Afinal, os pobrezinhos ainda podem servir de alguma coisa.
Obrigada pela atenção. Podem voltar para a novela da vida (boba).

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Música na cabeça

Pra rua me levar
Ana Carolina

Não vou viver como alguém que só espera um novo amor
Há outras coisas no caminho aonde eu vou
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão

Já sei olhar o rio por onde a vida passa
Sem me precipitar e nem perder a hora
Escuto no silêncio que há em mim e basta
Outro tempo começou pra mim agora

Vou deixar a rua me levar
Ver a cidade se acender
A lua vai banhar esse lugar
E eu vou lembrar você

É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Coisas Simples

Já reparou que quando mudamos parece que mundo muda junto? Dá uma sensação meio imbecil de que as pessoas estão notando sua mudança e que, por causa disso, também notam sua alteração de encarar a vida.
Aqui, vale qualquer tipo de mudança. Estética, mental (digamos) ou espiritual. A gente se transporta... faz com que seu mundo particular se transforme em um palco particular. Você desfila, sorri e segue de salto na passarela da vida.
Todo mundo pode passar por isso. Nós, mulheres, somos mais bobinhas. A gente pode ficar assim quando faz as unhas, depilação, corta ou pinta o cabelo. Acontece também quando emagrecemos ou quando estamos apaixonadas e esse alguém sente a mesma coisa (que maravilha!).
Somos mesmo deliciosamente bobas. E (de verdade?) é tão bom ser assim. A gente acaba adorando as coisas simples da vida. Valorizamos esses momentos de menininhas ou mulherzinhas - com todas as críticas que vêm junto com isso - mesmo questionando ou negando cada uma delas.
Hoje, eu não estou nem aí. Não quero fazer previsões, aumentar os sonhos (já grandes o suficiente), nem esperar por uma proposta (daquelas indecentes). Hoje, estou disposta a arregaçar as mangas, a andar pra frente e a me olhar no espelho com prazer e dizer: as coisas melhoram. Sempre. E é tão bom que seja assim, não é?

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Caloi de um tempo

Você já pensou se tivesse a capacidade de voltar no tempo? Ou mesmo se adiantar nele? Podia ser interessante.
Voltar para a infância e provar (novamente e com muito mais paladar) todas aquelas delícias e sabores nunca mais sentidos. A massa de bolo, a banana frita, o bolinho de chuva, o bife, o macarrão com salsicha, a mamadeira... Tudo de um jeito que nunca mais terá o mesmo gosto – mesmo feito com a mesma receita.
As brincadeiras de Barbie, o jeito imbecil de aguardar a Xuxa retirar a carta que nunca enviei, andar de bicicleta no quintal que a gente lavava com tanto prazer e brincar de executiva (mulher ocupada), que tinha o irmão como vizinho e chefe.
A adolescência eu pulo. Fui insegura como a maioria. Não gostava de mim naquela época, apesar de ter sido a maior (e mais competente) organizadora de festas já vistas no mercado dos anos 90 (com modéstia, claro).
Passei a me curtir a partir dos 16 anos, quando tive o primeiro namorado, amigos que nunca mais vi e outros que estão até hoje... Foi bom, mas prefiro não repetir a dose.
Depois teve o início de um longo namoro. Foi o primeiro grande amor, creio. Minha entrada (com senha e tudo) para o céu (maldade). Também podia pular essa. Não me entenda mal, foram muitos anos de convívio, com muita risada (ninguém pode negar o humor do garoto), mas também muitos problemas. Tantos, que não valeria passar pela mesma coisa.
Poderia voltar também para três anos atrás. Novata como moradora de São Paulo. Festeira, pagando aluguel do quarto mais concorrido da cidade, na casa de grandes amigos. Mas... acho que também optaria por não voltar a viver nada daquilo. Nem mesmo o início de um novo amor, que (curiosamente) teria o mesmo fim do primeiro (por motivos, inclusive, bem parecidos).
Na minha opinião a infância é o período mais bacana de se repetir. A falta de problema, o choro vindo apenas de um machucado e quando a solução da vida era vista pela perspectiva de um bolo (delicioso) de chocolate. Simples assim. Na infância não existem pensamentos profundos, solidão, melancolia. A gente ri e ganha bicicleta. Pronto.
E o tempo pra frente? O futuro? Por que isso seria interessante? Não acredito em previsões. Ninguém vai poder dizer o que vai acontecer. Até porque, se você pudesse ver e voltar para o `agora`, faria de outra forma e o final nunca seria o mesmo.
Melhor é deixar como está. E torcer para que (esse ano) a minha Caloi me satisfaça e traga com ela todo o futuro que eu mereço e espero (que não é pouco). Se não for assim: devolvo, faço birra e preparo (eu mesma) o melhor bolo de chocolate do mundo – não vai ser a mesma coisa, mas prometo me empenhar.

domingo, 2 de agosto de 2009

Fim de domingo

"Se você desiste de tentar, nada nunca valerá a pena".
Bonito né? A gente devia pensar nisso de vez em quando... Lutaríamos mais por aquilo que acreditamos. E talvez (talvez) conquistássemos sonhos maiores.

Metamorfose do tempo

Eu já tive mais tempo. Já precisei mais dele também. O tempo é uma coisa engraçada. Ele passa e deixa rastros eternos. Traumas, lágrimas, sorrisos, feridas, conhecimento, sabedoria, emoções estranhas... tudo isso está na cicatriz feita pelo tempo.
Com o tempo, também passamos a pensar de outra maneira. A gente vai amadurecendo e percebe que algumas coisas mudaram. Vai vendo que suas necessidades e seus quereres têm outra forma e, principalmente, outro peso. De verdade.
Somos mutantes. E, apesar de eu ter dito que não mudo – no post abaixo, todos mudamos ao longo da vida. O que não dá para mudar é nosso jeito, nossa personalidade. Mas nossas fantasias mudam. Sempre. E, as vezes, a cada dia.
Ao longo da vida vamos percebendo reações contrárias. Aquilo que antes era tão bom, não é mais. Nos vemos felizes em momentos que antes pareciam monótonos ou até patéticos (vai entender!). É possível observar uma surpresa por dia – basta reparar.
Somos estranhos em nosso próprio ninho. Estamos sempre em busca de uma nova fórmula de felicidade que não existe. O ideal é tentar buscar o entendimento da nossa metamorfose ambulante e aceitar. Entender que se hoje estamos bem ou se existem sentimentos que rejeitamos e estranhamos comparando ao passado, é porque as coisas realmente se transformam (sim!). A ideia é tentar ser feliz dessa forma. Mudando, amando, querendo e buscando o que for melhor pra você naquele momento(e sempre). A vida toda.