domingo, 24 de agosto de 2008

O problema do tempo (ou da falta dele)

Quando você mais precisa, seu dia nunca dura muito. Já reparou? Agora, se você quiser que as horas passem, o dia parece durar um mês.
Nessa semana pensei como seria interessante se meu dia tivesse 30 horas - tem um banco consegue, mas nunca entendi como.
Esquecendo meu lamento por alguns segundos, imagine você com mais 6 horas do seu dia. O que você faria? (veja bem, são apenas algumas horas a mais. Sejamos modestos até no desejo)
Andaria de bicicleta? Dormiria mais? Moraria mais longe? Trabalharia ainda mais? (ui! alguém pensaria em algo assim?)
Bom, os últimos dias me fizeram pensar nisso. Começaria esquecendo dos prazos – afinal, teria mais horas para alcançá-los. Mas, como também sou filha de Deus (que fique claro: sempre detestei essa expressão, mas... ela cabe aqui), me preocuparia muito mais em: dormir (muito), ler (tudo), ir mais ao cinema, comprar mais filmes, passar mais tempo nas refeições (pra quê pressa?), visitaria mais amigos e, claro, ficaria muito mais tempo em Santos com a minha família. Humm... só precisaria de 30 horas.
Minha pergunta é: como o Unibanco consegue? Talvez seja porque é uma instituição financeira e eles (com certeza) são mais organizados que eu – apesar de eu (quase) nunca ter falido... enfim.
Eu adoraria ter 6 horas a mais do meu dia... talvez, só assim, eu conseguisse ficar em dia com a minha vida pessoal, profissional e com as minhas idéias para esse blog!

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Invista em abacates

Domingo – Almoço - Mesa da cozinha
Assunto: Dinheiro, governo, saúde pública, aplicações, trabalho, condição social, distribuição de renda. Diversão garantida (ui).

Uma família discute banalidades e fofocas familiares até que surge um assunto sério (qualquer um desses descritos acima). Carrancudas, as pessoas se empenham em acompanhar cada detalhe a fim de dar alguma uma opinião precisa – como se a precisão não fosse duvidosa em um domingo com caipirinhas.
De repente, uma nuvem cinza se aproxima da mesa e a situação fica feia. Ninguém chega as vias de fato, porém todos se inflamam e as opiniões são cada vez mais opostas.
De longe, alguém assiste a tudo e pensa em outras coisas. Lembra de quando era criança e adorava comer morangos silvestres e abacates vindos direto do pé. “Ah... os abacates (pensa distraidamente)... deliciosos e engordativos. Uma pena”. Mas era domingo, e domingo não é dia de pensar em caloria.
Assim, em meio às aplicações na bolsa de valores, uma pergunta vem do canto da mesa: “Abacate tem época ou podemos comprar o ano todo?”
Perplexos e chocados demais com a questão tão fora do contexto, toda a mesa começa a discutir a periodicidade (digamos assim) do abacate – como se isso fosse tão perturbador quanto o contraste social do país.

Moral da história: aos domingos invista apenas em abacates. Deixe os pepinos para os dias de semana.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Escrita Correta. Linhas Duvidosas.

Quando a gente menos espera, as coisas acontecem. É sempre assim. A ansiedade nos faz perder um tempo precioso. Quando a gente se esquece dos problemas, as soluções aparecem. Do nada (ou não, claro).
Dizem que as coisas acontecem quando devem acontecer. E que a espera é, apesar de um martírio, a única saída. O importante é se manter calmo e correr atrás do que for possível. Mas como?
Existem momentos que a vontade é chutar o balde. Pedir empréstimo, demissão, viajar sem dinheiro (meu preferido), pedir um aumento sem nenhum argumento (ou cheio deles), e mandar os credores, o chefe e todo mundo para o inferno. Mas não fazemos nada disso.
Covardia? Não, creio que não. Esperançosos. No fundo a gente sempre acha que as coisas podem melhorar ou que, piorando de vez, elas vão se resolver sozinhas. Nesse momento dá uma vontade danada de ficar encostado em um cantinho olhando a própria vida passar, né? Só que tenho más notícias: ela realmente passa.
Relendo, esse texto me parece meio incoerente. E é. Porém, queria registrar que o otimismo pode fazer as coisas melhorarem e se a gente acreditar, assim será.
Conheci uma menina que disse – logo após sua demissão: “Até um chute no traseiro te empurra pra frente”. Isso sim é transformar uma coisa (teoricamente) péssima em algo positivo! Aplausos para ela.
E quer saber? É mesmo verdade. São as situações ruins que transformam nossa vida e fazem com que, finalmente, a escrita saia com o português correto e a caligrafia linda... e as linhas que se danem!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Tortura revelada

Não há nada melhor do que festas, viagens, encontros com amigos, paisagens incríveis e, claro, o registro de nós mesmos em todos esses lugares.
A não ser pelos amantes da fotografia, esse é um caminho sem saída. Como viajar sem esticar o braço para si mesmo, ou ainda pedir a um estranho clicar você na paisagem?
Isso não é nenhum pecado. Desde que você não torture seus futuros espectadores. Claro que, quando espectadores, precisamos pensar na emoção do recém-casado, recém-viajante... Mas tudo tem limite.
Quando você se vê há horas assistindo ao momento do “sim”, ou ainda se prepara para o 4º, dos 10 álbuns de fotos que mostram o mesmo casal no parque, na praia, no hotel, no restaurante... Você repara que dá para agüentar até certo ponto.
É delicada essa relação. Afinal, todo mundo gosta de se ver na foto. Se é um álbum, vídeo de casamento ou de aniversário, os espectadores gostam de procurar a si mesmos no banco da igreja ou na mesa da festa. O que os motiva é a esperança de alimentar o próprio ego e não necessariamente os protagonistas do evento.
Mas em uma viagem de férias existe um agravante: nenhuma pessoa que não esteve nela se interessa - tirando pai e mãe (que são bacanas e querem participar da sua vida – assim espero eu). Ninguém está interessado em você na Torre Eiffel, em você bebendo em Puerto Madero, ou ainda nas imagens do quarto de hotel em que você dormiu...
Por isso, fotos e vídeos são ótimas lembranças, mas apenas para você mesmo. Para o resto das pessoas é pura tortura.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Criatividade divina

Quando Deus criou o mundo usou todas as Suas referências para montar cada detalhe. Foi bastante criativo. Árvores, folhas, troncos, flores. Leões, macacos, porcos (eles já existiam naquela época?)... Tudo muito selvagem (nada com a cara – ou focinho – de hoje). E, criou também as frutas, legumes e verduras.
Quando estava tudo pronto, Ele respirou tranqüilo e pensou: “Aí, está! A grande criação!”. Foi então que um santo marqueteiro avisou que nada daquilo seria tão perfeito se não existisse alguém capaz de questionar e, se possível, destruir cada centímetro.
Deus ficou revoltado. Brigou, soltou Seus recém-criados cachorros, gatos e galinhas para provar que, sendo Ele o criativo (redator e diretor de arte da peça “Terra”), o que faltava era apenas o slogan, não um destruidor.
Mas o santo confirmou que, como toda grande publicidade (parece que naquela época, eles já entendiam muito sobre o assunto), a Terra só seria reconhecida se alguém concorrer com o brilhantismo Divino. E, como não havia mais ninguém além Dele, Deus deveria criar um ser que pudesse questionar Sua construção.
Preocupado com seu ego, Deus relutou, mas concordou. Na verdade, Ele queria mesmo palmas e troféus. Porém, avisou: “Não crio mais nada!”.
Foi então que rascunhou um monstrengo com cabeça de noz (Ele adorava noz) – e declarou: “Eis o órgão pensante do ser humano”. E, dessa forma, seguiu desenhando. Usou aipos, cenouras, berinjelas, feijões, laranjas, azeitonas, tomates, batatas...
Juntou tudo o que deu (inclusive, porcos), olhou, e teve a seguinte certeza: Sua pior criação Lhe traria também Sua maior dor de cabeça.
E assim foi.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Olhar infantil

Quando descobrimos que não somos mais crianças? Em que momento da vida o choque acontece? De repente olhamos para trás e conseguimos recordar que já vivemos muita coisa. E sabemos também que, lá na frente, teremos muito mais a recordar.
Quando foi que deixei de brincar, para passar a me preocupar. Quando deixei de andar de bicicleta como diversão e passei a pensar nas gorduras que preciso eliminar. Quando foi que deixei a casinha cheia de bonecas e comprei uma TV, os móveis, a cama?
O fato é que depois que passamos a pensar nessas coisas, o mundo infantil (ou juvenil) se torna distante. As cobranças da vida é que se tornam constantes.
Imagine olhar o futuro com olhos infantis. Sem medo, sem receio e cheio de entrega. Aquele tipo que faz qualquer pessoa ter coragem de enfrentar o novo e – mais do que isso – o inesperado. A coragem infantil é iluminadora, mas, infelizmente, se perde com o tempo.
Adultos, nos tornamos receosos demais porque, afinal, as contas continuam chegando (independente das suas escolhas). A disposição para o trabalho ainda é pré-requisito da maioria. Ganhar dinheiro vira obrigação; Casamento só com sorte (ou azar) e para se ter filhos é preciso marcar hora e que seja antes da data de validade feminina! Tudo isso porque ainda buscamos a eterna felicidade (ui). Nos tornamos filosóficos (e problemáticos) demais, e práticos de menos.
Aí, que saudade do tempo em que uma barra de chocolate me bastaria e faria com que eu encontrasse a felicidade plena.