segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Roteiro individual

Já tenho rugas. Ainda não cheguei na idade de dizer que estou velha. Mas passei da idade em que sou nova. Sou o que todo mundo chama de jovem – que é uma definição bem vaga, diga-se de passagem. Pode-se ser jovem para sempre (dizem), mas sua aparência não vai ajudar muito – é bom lembrar.
Cortei o cabelo de um jeito que prometi cortar apenas aos 35 (o que eu achava ser velha e hoje acho o contrário). Me olho no espelho e vejo que existem traços que não são os mesmo de tempos atrás. As famosas e malditas “marcas de expressão” - um belo jeito de não usar a palavra certa e mais temida do cotidiano feminino: rugas.
Não estou sofrendo. Pelo contrário. Realmente acredito que envelhecer faz parte da vida – ou estaríamos todos mortos (o que não seria muito bacana para contar histórias, já que mortos não as contam). Por isso, investi em cremes. Caros cremes.
Mas, como eles ainda não chegaram, a minha ansiedade de usá-los me faz envelhecer mais a cada dia. Sei... é mesmo psicossomático, mas é assim que sinto: saio do banho e minha pele resseca de um jeito que sorrir me daria mais rugas (tenho certeza). Um horror.
É claro que tudo isso é um exagero, mas as mulheres buscam uma jovialidade insana e eterna. E eu me pego pensando que estou chegando lá. A gente começa com uma neura estranha de que devemos parecer a Penélope Cruz aos 40 e poucos (para sempre) – sendo que nunca, sequer, lembravam da moça quando te olhavam mais “jovem”.
Aí, vem a Meryl Streep dançando como uma menina em um musical e pensamos “quero estar assim aos 60 e poucos”, se nem loira e nem de música você gosta.
As mulheres e o cinema. Esse é nosso problema e nosso parâmetro. Um erro brutal, só resolvido se houvesse um maquiador e um cabeleireiro todos os dias, logo pela manhã, só para dar aquele trato que todas merecemos. Assim, seguiríamos com a vida sem medo da idade que nunca teríamos (claro) porque ninguém envelhece no cinema, nunca. Elas são imortais, ultrapassam o tempo, a morte... e todas as rugas ganham charme, beleza e traços de experiência, e autenticidade.
Por isso, façamos o mesmo com nossos espelhos (e nossa maquiagem). Afinal, somos as estrelas de nosso próprio roteiro, não?

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