sexta-feira, 14 de maio de 2010

Garoto Bom

Quando criança ele foi meu ídolo. “Era o bom” da música. O homem que me chamava de Juquinha (ou Juca) e apelidou o frango de padaria de “pipi”. Adulta, muita coisa mudou. Ele envelheceu. E, como todos os nossos ídolos, foi perdendo o charme. Seus defeitos passaram a ser conhecidos demais pra mim. Chata que sou, reclamei de todos eles. Também louvei seu eterno bom humor e sua capacidade de superar as tristezas da vida. Ele esquecia. Não falava a respeito. E eu nunca aprendi a fazer o mesmo.
Como tola, briguei, discuti... e me diverti. A cena da cantoria de Francisco Alves (acabo de descobrir) será para sempre inesquecível. E ele (o cantor) ficaria possesso se o visse cantarolando uma letra completamente diferente da sua, em “Adios muchachos”. A música sempre terminava com a frase “há muito tempo que cheguei e estou aqui...”
Trabalhando, passeando com a gente de lancha (ele odiava e a gente amava), falando do bife da minha avó, fazendo café, comendo feijão para (só assim) chamar de refeição, comentando a novela, fazendo palavras-cruzadas (vício), sonhando com a loteria. Tantas coisas...
Difícil vai ser controlar a saudade (inclusive das brigas). Mas, na vida, essa certeza é única, mesmo quando tão inesperada.
A minha homenagem é escrever aqui a letra de uma música que ele escreveu: Garota Bonita.

Garota bonita que anda na rua
A procura da felicidade
Não vá te fiando na tua beleza
E na tua vaidade

A vida é uma mentira
O amor é uma ilusão
Garota bonita
Muito cuidado com seu coração

Fuja sempre do amor
Não te deixes prender
Ele é um fruto de dor
Que faz a gente sofrer

Ouça a voz da razão
Do amigo que diz
Feche o teu coração
Se quiser ser feliz

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