quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Casablanca. Romance ou ficção?

Viver em Casablanca não deveria ser tão mal. Mercado de pulgas, daqueles que se você for amigo do “rei” (Rick) o preço era de banana; e um bar cheio de charme, do mesmo homem cheio de charme. Mas o charme era diferente... de um tempo em que fumar era coisa de galã.
Assistir Casablanca, nos dias atuais, nos faz perceber que os galãs estão em falta (seja com ou sem cigarro). Nosso “novo tempo” tem falta de homens tão apaixonados que abdicam (por amor) dessas doces mulheres - apenas porque sabiam que era o melhor a fazer (os galãs sempre sabem o que é melhor a fazer (ninguém discorda disso).
É claro que os homens “de hoje” (e eu detesto essa expressão) se apaixonam, sofrem e se embebedam por alguém... Mas quantos largam esse alguém daquela maneira que só o cinema dos anos 40 poderia fazer? Ah... o romance. Uma década de puro romantismo... Como seria viver no tempo de Bogards, Grants e Waynes?
Vestidos longos e amores intensos. Cigarros no canto da boca e bares com ares de cabaré. Danças e músicas melosas (nem vou comentar sobre as músicas – ou não pararei de escrever).
Hoje vivemos no mundo da reciclagem. Da sustentabilidade. Tudo é separado em lixos coloridos. Inclusive, o amor. Troca-se facilmente... a cada dia. Basta escolher a cor da tampa (vermelha, azul, verde ou amarela).
Claro que nos anos 40 também havia a tristeza da guerra, das perdas materiais e, principalmente, da perda de pessoas, entes queridos que não voltam mais. Nisso, não há romantismo algum. No entanto, no amor, os galãs do cinema eram intocáveis. E, por isso, infinitamente melhores.
Hoje, o cinema traz mocinhos quase reais. Problemáticos, chatos e até grosseiros (assim como na vida). A perfeição vem apenas com a beleza dos Pitts, Clooneys ou Cruises.
Nossos mocinhos viraram bandidos - e, ainda assim, nos sentimos atraídas. Tudo mudou. De repente, viver um grande amor passa a ser uma aventura, um suspense, quase uma ficção... o romance? Ficou em algum lugar entre Casablanca e a minha fantasia.

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