quarta-feira, 7 de julho de 2010

Por uma vida sem parcelas

Quantas vezes a gente não ouviu dizer que dinheiro não é tudo? O fato é que precisamos tanto dele que, no fim, nunca pensamos nessa frase (batida). As contas batem na porta todos os meses. Nossos sonhos, apartamentos, viagens, festas, roupas, acessórios, bobagens, empréstimos, carros, filhos, escola, faculdade, cursos... Tudo é (muito bem) pago.
Como não pensar nele? Como evitar sofrer quando você não tem como arcar, ajudar, tentar parcelar? Difícil. O dinheiro domina nossa realidade capitalista, burguesa e nos deixa (muitas vezes) infeliz.
De repente transformamos nossas vidas em cartões de crédito parcelados. Parcelamos sorrisos, momentos e até a saúde. Vamos parcelando... tentando nos encontrar em valores fixos e mensais. Vamos torcendo para que a gargalhada ou aquele comentário espirituoso saiam naturalmente.
Mudamos nossa vida por dinheiro. Mudamos de hábito, de casa, de humor. Trocamos as noites por horas de trabalho mental, e os dias pelo trabalho braçal de correr atrás dele. A fé nos escapa, fazendo das orações vazias. Não há motivação.
Ah... o dinheiro. Tão real, mas não move um único moinho. Tão real que não faz ninguém se apaixonar. Tão real que não nos transforma em pessoas melhores. Tão real que não dá em árvore, não serve pra pescar, nem se encontra em nenhum horizonte.
Dinheiro não paga o por do sol de hoje, nem a chuva de amanhã. Não paga a conversa com os amigos, nem o sorriso de um bebê. Não ganha um grande amor (daqueles de verdade). Não conhece beijo na boca, nem nunca vai saber o que é receber um abraço inesquecível. Não sabe que a lágrima é quente e que um sorriso pode iluminar uma sala inteira. O sr. dinheiro é burro pacas.
Dizem que para valorizar o que temos é preciso ver quem menos tem. Não acredito nisso. Vi um país socialista/comunista com pessoas sem nenhum dinheiro. Não tive pena. Elas precisam, como todos nós, mas não se deixam levar pela pobreza e tristeza que vivem. Todos sorriem, falam e ouvem, simplesmente porque tiveram de descobrir o que eu (por sorte) já sei: a gente precisa dele, mas é só isso. Ele não nos move. Quando faz falta é (só) para lembrar de que não podemos desistir de lutar. Nunca.

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