quarta-feira, 28 de julho de 2010

Contos de Fadas

A Reconstrução
Parte 2 – Branca de Neve


Ela nasceu depois do pedido de sua mãe no batente da janela: uma filha de pele branca como neve; cabelos escuros como ébano; e lábios vermelhos como sangue. Deu certo. A moça nasceu linda. Sua mãe faleceu em seguida e seu pai casou com uma rainha má (como devem ser todas as madrastas dos contos infantis). Para piorar sua imagem, a jovem senhora tinha como suvenir um objeto, no mínimo, estranho: um espelho falante. A função do reflexo era apenas elogiar a mulher com problemas sérios de auto-estima. Só que, com o crescimento de Neve, o tal espelho passou a gostar de outra mulher do castelo.
Bom, todo mundo sabe o resto da história. A mocinha branca fugiu e encontrou a casa com os tais anões. Lá, ficou e a pergunta é: por quê? Por que os anões deixariam uma mulher invadir o espaço deles? Apenas para ter uma empregada em casa?
Vamos analisar: o que levaria 7 homens (pequenos ou não) a perder liberdade, colocando uma (linda) estranha dentro de casa? Só a beleza e gentileza da moça? Duvido. Eles negociaram mais do que isso. Ouso dizer que Branca de Neve serviu de escrava doméstica e sexual de pequenos representantes da alma masculina.
Mestre (o cafajeste dono da ideia e esperto por natureza), Zangado (o mala), Dunga (o mudo), Atchin (o problemático), Feliz (o mentiroso), Soneca (o preguiçoso) e Dengoso (o grude) não foram nada bobos. Usaram e abusaram da fugitiva, até que uma maçã estragou o processo. A princesa parou.
Enfim, um príncipe passou – é impressionante como os príncipes sempre “passam por acaso” em contos de fadas – e se interessou por um corpo. Veja bem: ele gostou de um corpo inanimado dentro de um caixão de vidro. Para aumentar a bizarrice, pediu para ficar com a defunta. Como nenhum dos anões se interessava por necrofilia, o príncipe levou – mas não sem antes liberar uma boa quantia em dinheiro.
Na história dos Grimm, não houve beijo. O balançar da carruagem fez com que Branca de Neve cuspisse o pedaço da maçã que a impedia de respirar e o príncipe a pediu em casamento (claro).
Ela sorriu e aceitou, desde que o moço nunca perguntasse o que aconteceu dentro da tal casinha. Não diria nem sob tortura.
No fim, eles até viveram felizes, mas, as vezes, ela sentia muita falta do Mestre... Era um grande homem.

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