quinta-feira, 22 de julho de 2010

Fé no amor

A fé ajuda, mas (só ela) não resolve. Fato. Se antes pensávamos nisso de forma duvidosa, uma pesquisa garante que os divórcios e separações acontecem em qualquer religião – e de forma crescente.
O problema é muito simples: seres da espiritualidade não entendem nossa forma de amor, simplesmente, porque nunca a vivenciaram.
Pense bem: Deus ama a todos da mesma maneira. Seu amor é único e incondicional, mas nunca soubemos que tenha tido um amor reprimido, uma paixão secreta por qualquer pessoa. Sendo assim, ele prefere que seus familiares, súditos e amigos do paraíso ajudem na resolução e no não-sofrimento desse sentimento tão confuso.
Aí, Jesus dá seu palpite. Ele gosta de palpitar, afinal esteve por aqui e viu muitas coisas acontecerem. Inclusive, no amor, teve uma experiência tórrida e intensa com Maria Madalena (por mais que muitos fiéis neguem). Mas, ele morreu para provar (Deus, e só ele, sabe o quê), e acabou sem entender o amor de um homem e uma mulher. Por isso, sempre desiste. Pede desculpas e ajuda.
Aí, entram os santos (para os católicos). Esses, também estiveram por aqui e acompanharam de perto a vida conjugal – apesar de nenhum deles ter vivido uma história de amor. Santo Antonio, por exemplo, até hoje se pergunta por que é o santo casamenteiro. Abandonou tudo para viver ensinando e cuidando dos pobres. Quando viu, estava vinculado à crença de que podia fazer casar. Bondoso, decidiu ajudar. E tenta (como tenta), mas seu critério é inocente demais e, além disso, as pessoas fazem atrocidades com sua imagem. Por isso, escolhe um par (nada) ideal rapidamente para que seja logo desamarrado. Ele próprio prefere São José para esse tipo de conselho.
Ah, São José. Um santo cheio de opinião a respeito do casamento, afinal esteve aqui para casar e constituir uma família. Não imaginou que um anjo entraria no meio da história, mas ficou feliz com o resultado. O problema é que são outros tempos. José tenta, mas fica difícil ajudar quando as mulheres pensam demais, exigem demais, enquanto os homens mantêm a mesma limitação daquela época.
Os católicos mais desesperados atacam a pobre Santa Rita de Cássia, que já avisou só tratar de assuntos sérios e impossíveis. Amor, ela nem pára para ouvir. Está sempre ocupada demais.
Kardec escreveu muitas teorias espirituais que explicam os karmas vindos de outras vidas, mas nada revela (de fato) os problemas amorosos. O mesmo acontece com os deuses do Camdomblé e Umbanda. Já Maomé diz que nada pode, porém seus fiéis não ouvem muito bem (estão ocupados com outros barulhos).
A única que realmente sofre junto é Maria. A Nossa Senhora ouve todos os sofrimentos, vê tudo e apela até para milagres. Consegue concessões impossíveis para qualquer um lá em cima. Ela entende o amor. Foi apaixonada por um homem na terra, assim como amou demais seu filho. Ela conhece esse sofrimento, mas não sabe como fazer para que ele perdure. Nem ela, nem ninguém.
Se a vida já é difícil, amar consegue ser ainda mais complicado. O jeito é acreditar. A fé pode mesmo não resolver, mas é ela quem faz com que voltemos a acreditar no amor. É a fé que nos faz encontrar pessoas novas. E é ela que também nos faz esquecer quem nos fez sofrer. Já vale, não?

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