domingo, 10 de janeiro de 2010

Eu sei

Sabe aquela música que toca? Eu reconheço. Ouço e sei que você está lá cantando e tocando sua guitarra imaginária. Não faz muita diferença onde é o "lá". Pode ser qualquer lugar, mas sei sua reação. Simplesmente sei.
Lembro de outro cheiro. Quando chega em mim, você aparece como mágica. Como se fosse entrar pela porta, sorrir e contar uma de suas piadas infames. Um cheiro natural e diferente. Ilegal e adocicado. Quando sinto, vejo você por aqui.
Se tenho vontade de não estar, de não falar, de sumir... entendo você. Você que esteve tantas vezes dentro de uma concha, em outro mundo... algum lugar paralelo ao nosso, em que não se vê, não se ouve e não se toca. Hoje, sei como ele é, conheço esse lugar.
Gostava de seu quarto adolescente. Aquela coisa rock n’ roll, com conversas em que apenas eu interpretava. As músicas que hoje canto e que já cantei com você. Hoje sou tão melhor e tão mais velha... hoje sei tão mais e você nem está aqui para ver.
Não amei muitos, mas amei demais. Sofri cada ausência como se nunca mais fosse viver nada daquilo. Bobagem. Claro que um dia tudo volta e é infinitamente melhor, nesse mundo cíclico. Mas quando a gente tropeça na solidão, vem as antigas memórias do amor.
Músicas (muitas), cheiros, jeitos, palavras, rostos, sensações... coisas que mesmo sem lamentar a gente sempre vai lembrar e não há nada de mau nisso. Está tudo bem.
Hoje eu sei que as lembranças não matam, não fazem mal, não querem dizer saudade. As lembranças são histórias mal contadas de uma parte da nossa vida. Elas não representam a verdade dos fatos, mas sim as coisas mais bonitas de cada etapa, simplesmente porque as ruins são esquecidas no meio do caminho. Ainda bem.

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