sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Inferno Astral

Esse sempre foi o mês mais bacana do ano. Creio nisso desde que me conheço por gente. Quando criança sabia que no final do mês ganharia a Barbie e sua Ferrari (que guardo até hoje, confesso).
Depois passei a esperar as festas, os bailinhos mais esperados da escola (organizados por mim, com muito orgulho). Ansiosa, criava estratégias para juntar casais amigos, enquanto devorava os docinhos.
Adulta, passei a esperar apenas por companhia. Nada mais. Passei a me importar (mesmo) com a presença física daqueles que amo. O abraço, o beijo, o papo, o carinho... O toque e a lembrança me deixam feliz e pronto. Assim me sinto presenteada.
Mas, nesse ano as coisas mudaram um pouco. Com quase 31, decidi ficar quieta. Sinto uma grande necessidade de olhar minha vida de longe, enxergar de outra perspectiva.
Os últimos meses foram diferentes (digamos) e preciso de tempo pra mim. Um tempo para voltar a acreditar nas pessoas, no destino, no amor. Um tempo para meu coração.
Dizem que isso é o inferno astral. Eu, que nunca acreditei nisso, hoje virei dependente de minhas próprias mudanças de humor – acho até que elas vêm junto com as alterações climáticas que vivemos.
Mas sempre acreditei no mês de outubro. Sempre vi nas flores uma chance de florescer. Sentia (desde criança) o cheiro da primavera como um anúncio de coisas boas. Talvez por isso, acredito que chegará o momento de andar descalça com o vento no rosto, enquanto o sol despede-se no mar... Esperar pelo verão que virá (se o ‘esfriamento global’ permitir, claro).
Depois do dia 25, serei outra. Uma mulher muito melhor e um ano mais velha. Mas assim é a vida, não é? Se o tempo parasse, estaríamos mortos. Então, como ele voa e ainda respiro, amadureço com as quedas e (também) envelheço... mas continuo cheia de graça.

Um comentário:

Anônimo disse...

Longa vida à ti, grande poeta!
Que texto!

BJ