quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Graças a ela, descobri a emoção

Enquanto escrevo, penso no que vivi. Penso em tudo que me veio a mente na noite passada. Em toda a intensidade que eu nem sabia existir. Agora, sinto novamente o arrepio, a emoção da lágrima caída (e sem nenhuma solidão) por um momento que, eu nem sabia, seria lindo.
O motivo de estar ali não era eu. Era ela. As músicas eram dela. A cantoria e o choro deveriam ser também dela. Mas me enganei (e a enganei). De repente, comecei a sentir que tudo aquilo me pertencia. Eu conhecia. Eu reconhecia. E ela foi a peça que me fez enxergar tudo isso (e agradeço muito).
Comecei a pensar nos detalhes da vida com Roberto. Referências duvidosas. A lembrança mais próxima (fora a eterna euforia dela - mãe apaixonada pelo Rei) era o “Eu te proponho” cantado pelo Didi (o Mocó, mesmo).
Depois, aos 16 (acreditando que sabia alguma coisa da vida, como todo adolescente) criei uma barreira à Jovem Guarda, descrevendo o movimento como uma babaquice criada por uma elite alienada, a fim de esquecer a ditadura. Quanta bobagem (para uma discussão que nem era minha).
Contradizendo tudo isso, aos 30, vi que o Roberto Carlos é também meu. Suas letras, sua emoção e suas rosas são minhas (e peço licença a ela para isso). Ele canta (e sempre cantou) o amor. E, de verdade, quem já sentiu isso pode (sim) se reconhecer nas suas músicas.
Com a idade, posso dizer que ele cantou coisas que vivi e sofri. Assim como (e principalmente) coisas com as quais ainda sonho (e dessas, eu tenho ainda mais saudades). Amores possíveis, intensos, verdadeiros. Daqueles que não queremos viver outra vez e, sim, ver que além do horizonte existe um lugar para dizer eu te amo sem medo, sem sofrimento, sem fim.
As canções que ele fez pra mim são de todos. Representam uma geração que não é a minha, mas invadiu meu coração e meus ouvidos com a certeza de que ele, há 50 anos, canta o que define como um momento tenso, difícil mesmo, bicho (mora?): o amor.
A ditadura passou e foi uma importante bobagem histórica. Chico continua no meu coração como favorito (confesso), mas não é mais o único. Ontem, entre minhas próprias lágrimas, percebi que quero um romance com jeito de Robertão. Chega de coisas atrás da porta - deixo esse sofrimento para a poesia, não para mim.
Quero a mesma entrega das letras que dizem que as estrelas mudam de lugar e que chegam mais perto só pra ver como é grande o meu amor...

Por isso, em homenagem ao Roberto (e a mim), segue uma letra (graciosa) que eu não conhecia, mas que cabe para todas aquelas que, como eu, têm menos de 1,60m - com muito orgulho e certa grandiosidade (por que não?).


Mulher Pequena


Quando uma mulher pequena
Vem falar no meu ouvido
O meu coração dispara
Chego até fazer ruído
Fica na ponta dos pés
Se pendura como louca
Olha o céu e fecha os olhos
Pra ganhar beijo na boca
Depois do beijo na boca
Sua mão leve desliza
Pelos pêlos do meu peito
Dentro da minha camisa
Quando a coisa fica quente
Aí essa mulher me usa
Quero só que se arrebente
Algum botão da sua blusa
Não há roupa que se aguente
E nenhum botão que dure
Esse amor que a gente sente
Não há nada que segure
Gosto de você pequena
Esse beijo me alucina
Coisa de mulher gostosa
Com um jeito de menina
Ai, ai, ai, essa voz doce e serena,
Essa coisa delicada
Coisa de mulher pequena
Ai, ai, ai essa voz doce e serena,
O meu coração dispara por
Você mulher pequena.

Um comentário:

Renata disse...

e viva o rei roberto carlos!