terça-feira, 4 de agosto de 2009

Caloi de um tempo

Você já pensou se tivesse a capacidade de voltar no tempo? Ou mesmo se adiantar nele? Podia ser interessante.
Voltar para a infância e provar (novamente e com muito mais paladar) todas aquelas delícias e sabores nunca mais sentidos. A massa de bolo, a banana frita, o bolinho de chuva, o bife, o macarrão com salsicha, a mamadeira... Tudo de um jeito que nunca mais terá o mesmo gosto – mesmo feito com a mesma receita.
As brincadeiras de Barbie, o jeito imbecil de aguardar a Xuxa retirar a carta que nunca enviei, andar de bicicleta no quintal que a gente lavava com tanto prazer e brincar de executiva (mulher ocupada), que tinha o irmão como vizinho e chefe.
A adolescência eu pulo. Fui insegura como a maioria. Não gostava de mim naquela época, apesar de ter sido a maior (e mais competente) organizadora de festas já vistas no mercado dos anos 90 (com modéstia, claro).
Passei a me curtir a partir dos 16 anos, quando tive o primeiro namorado, amigos que nunca mais vi e outros que estão até hoje... Foi bom, mas prefiro não repetir a dose.
Depois teve o início de um longo namoro. Foi o primeiro grande amor, creio. Minha entrada (com senha e tudo) para o céu (maldade). Também podia pular essa. Não me entenda mal, foram muitos anos de convívio, com muita risada (ninguém pode negar o humor do garoto), mas também muitos problemas. Tantos, que não valeria passar pela mesma coisa.
Poderia voltar também para três anos atrás. Novata como moradora de São Paulo. Festeira, pagando aluguel do quarto mais concorrido da cidade, na casa de grandes amigos. Mas... acho que também optaria por não voltar a viver nada daquilo. Nem mesmo o início de um novo amor, que (curiosamente) teria o mesmo fim do primeiro (por motivos, inclusive, bem parecidos).
Na minha opinião a infância é o período mais bacana de se repetir. A falta de problema, o choro vindo apenas de um machucado e quando a solução da vida era vista pela perspectiva de um bolo (delicioso) de chocolate. Simples assim. Na infância não existem pensamentos profundos, solidão, melancolia. A gente ri e ganha bicicleta. Pronto.
E o tempo pra frente? O futuro? Por que isso seria interessante? Não acredito em previsões. Ninguém vai poder dizer o que vai acontecer. Até porque, se você pudesse ver e voltar para o `agora`, faria de outra forma e o final nunca seria o mesmo.
Melhor é deixar como está. E torcer para que (esse ano) a minha Caloi me satisfaça e traga com ela todo o futuro que eu mereço e espero (que não é pouco). Se não for assim: devolvo, faço birra e preparo (eu mesma) o melhor bolo de chocolate do mundo – não vai ser a mesma coisa, mas prometo me empenhar.

4 comentários:

Anônimo disse...

Só anda pra frente, quem pra frente está olhando. quem olha pra trás, ou pára de andar ou bate em uma árvore... um poste qualquer.
Ok, todos faríamos coisas diferentes, mas pelo efeito borboleta não saberíamos se ainda estaríamos aqui, ou até pior, se sequer sorririamos por algo... mesmo que esse algo fosse as lembranças do passado.

BJ

Anônimo disse...

Adorei o texto.
Só me pergunto, quantas vêzes a Xuxa sorteou a cartinha que você nunca mandou? Nesta tenra idade tudo é possível, até o impossível.
Tenho certeza que você não vai precisar preparar o melhor bolo de chocolate do mundo, mesmo por quê, isto não ia dar certo...
Beijos.
eupias.

Renata disse...

ju, fiquei com saudades de um tempo tão bom... das férias em teresópolis com meus primos e avós, dos sabores, das brincadeiras... meu pai sempre dizia que eu tinha que aproveitar muito aquela fase, a melhor da minha vida. com certeza eu aproveitei. e se pudesse, teria ficado por lá, engatado numa síndrome de peter pan. ser adulto é dolorido demais! bjocas

Luciana Leitão disse...

O importante é continuar pedalando a Caloi sempre pra frente... Rs. Adorei o texto. Já adicionei seu blog no meu blog. Bjs, Luli