terça-feira, 24 de março de 2009

Quem tem medo do lobo mau?

Ela acordou cedo. Não conseguia mais dormir. Precisava pensar. Precisava de ar. Precisava de amor. Levantou-se e não conseguiu nada disso. A cabeça fervia, não ventava e o amor lhe faltava.
Havia algumas garantias (sempre há). Afinal, era bonita, inteligente e agia como princesa. Sabia que uma hora um cavalo (e um príncipe, claro) pararia embaixo da torre e pediria para que suas tranças fossem lançadas (dramaticamente). Putz! Precisava deixar o cabelo crescer - urgente!
Mas, pensando bem, não queria um homem subindo pelos seus cabelos? Bem desagradável essa situação (fora a dor envolvida). Melhor que ele lhe acordasse de um sono profundo. Definitivamente. Flores e um pedido de casamento.
Estaria preparada para isso? Se fosse um canalha? Se a agarrasse a força em um beijo péssimo? E, o fato de já estar na cama, era um perigo! Não, não. Melhor não.
Poderia morar com anões. Viver uma vida feliz e cheia de amigos baixinhos e cantores. De repente, o Zangado lhe pareceria uma grande figura e, até (vejam só), apaixonante. Sempre gostou de desafios e tinha certeza de que, um dia, ele conseguiria sorrir com ela.
E se, no meio do caminho, ele lhe oferecesse uma maçã podre como presente? Ela não queria presentes baratos e estragados. Merecia mais do que aquilo.
Pensou em um sapo... O nojo era tanto que achou melhor mudar de assunto. Como seria feliz? Como encontraria o amor, a pobre princesa triste?
Relutou, relutou e decidiu que apelaria para o lobo mau de um bosque qualquer. Pelo menos assim ela não esperaria que um príncipe lhe contasse vantagens e jurasse tudo aquilo que não daria.
Princesa realista. Porém, pelo menos nessa história, o realismo tem uma boca bem grande, orelhas atentas e dentes afiados.

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