segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Finados é feriado

Amanhã é dia de finados. Nunca entendi muito bem essa data. Sempre me pareceu um louvor enganoso, pra quem não está (de verdade) nem aí para isso.
Não me entenda mal, claro que é bonito (e sofrido) lembrar de quem já se foi, orar por eles, pedir luz às almas queridas que não podemos ver mais. No entanto, pra quem fica, é dolorido demais. Cemitérios cheios de gente que mal se lembra onde fica a campa (por isso, defendo a cremação gratuita). Pessoas que descobrem (uma vez no ano) que alguém roubou um santo que decorava o mausoléu da família; que alguém quebrou o porta retrato e que o faxineiro, pago mensalmente, na verdade, também não esteve ali há um ano. Assim é o dia de finados.
O pior é que em meio a tudo isso há a dor daquele momento. A saudade daquela pessoa que se foi para um lugar que (convenhamos) não é (e assim esperamos) exatamente parecido com um cemitério. Ali, está só o que ela foi materialmente. Enfim... para quem acredita nisso, como eu.
Tudo isso é deprimente. É triste demais. Ainda temos de conviver com aquela frase eterna desse feriado: “todo dia de finados chove” – mesmo que me lembre de muitas vezes passar o dia na praia, suando e de biquíni.
Eu respeito, claro. Aliás, é um dia de puro respeito. Respeito a quem sofre com a ausência, e respeito a quem foi sem (em geral) nenhum aviso prévio (um email que seja). Simplesmente, foi.
O que quero dizer disso tudo é que talvez (talvez, repito) seja em data como essa que devamos lembrar da vida, sabe? Ao invés de chorar àqueles que estão (esperamos) melhores que a gente, devemos lembrar que vivemos o agora. E que, como diz meu pai, é só uma questão de tempo para que nos juntemos a eles. Pode ser em 10, 40, 60, 80 anos, mas chegaremos lá um dia. Fato. E quem sabe, quando lá estivermos, lamentaremos o dia em que tanta gente chora e se ressente em um 2 de novembro. A gente queria mesmo é que elas comemorassem (na chuva ou no sol) o fato de estarem por aqui ainda e, em geral, não precisarem nem trabalhar. Afinal, é feriado, minha gente.

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