segunda-feira, 5 de abril de 2010

O cretino

A vida tem seu lado sacana, de humor irônico. Murphy se encarrega das peças mais cruéis e odiosas do nosso dia-a-dia. Teórico maldito (sem exagero).
Nada acontece na sua vida até que... todas as coisas acontecessem ao mesmo tempo. Nenhuma festa, nenhum convite para jantar, até que todo mundo decide organizar eventos para o mesmo dia e no mesmo horário.
Infelizmente, os problemas também levam a tal teoria a sério. O banco te liga no mesmo dia em que você é demitido; você fica doente na semana que o trabalho mais depende de você.
O mesmo acontece no trânsito: a fila de carros ao lado anda mais, até que mudamos de faixa. No supermercado é a mesma coisa. No restaurante, a demora da conta só acontece quando você tem pressa... Tudo isso, em uma lista sem tamanho.
Mas a verdade é que Murphy foi um jovem alucinado por coisas erradas. Invejoso e mesquinho torcia para que todos a sua volta tivessem problemas com amor, dinheiro ou família. Sozinho, não tinha amigos. Não gostava de ninguém e ninguém gostava dele (claro). Ficava num canto do recreio da escola observando tudo que dava errado e passou a perceber que era possível existir uma bola de neve de complicações. Quanto mais pensava, mais se divertia a respeito, soltando aquelas risadinhas malignas. Era um adolescente rancoroso, triste e infeliz.
Ele cresceu assim. Apesar de uma pessoa má, era também inteligente o bastante para colocar sua teoria em prática. E mais do que isso: fazer com que ela ficasse conhecida e seu nome fosse repetido a cada problema consecutivo. E, como num passe de mágica, assim foi. A teoria virou obrigação, tendência, moda... sabe-se lá!
Murphy criou um muro de lamentações eterno, apenas por perceber que a cada reclamação nossos problemas tentem a piorar. Quanto mais reclamamos, mais sofremos com eles, gerando mais problema - num ciclo vicioso. E aí, o que seria apenas uma teoria cretina (de um moleque maldoso) vira castigo.
Por isso, o jeito é ignorar os problemas e tentar enxergar o lado bom das coisas (mesmo quando parecer impossível). E... Murphy que se dane!

Nenhum comentário: