quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Pequenas coisas da vida

Gosto de saber para onde o vento sopra. Só para me manter bem informada. Afinal, pode ser importante perceber para qual lado as folhas batem ou se o meu cabelo vai se manter alinhado.
Gosto de saber a cor e o dia de cada santo do candomblé. Só para tentar viver de acordo, mesmo estando longe da Bahia, mesmo com outras crenças. É uma questão de respeito.
Gosto de vestir roupas largas e coloridas. Só para me achar mais magra e me divertir sozinha com (meu próprio) excesso de vermelho, branco, verde ou azul. Mesmo que para alguns eu pareça louca.
Gosto de manter minha casa (minimamente) arrumada. Só para acreditar que até as coisas ficam melhores quando estão no seu devido lugar. Meus copos, minha manta de sofá, as almofadas, travesseiros, discos e livros... tudo no lugar certo – mesmo que, as vezes, se percam numa bagunça típica de uma semana cansativa.
Gosto de fotografias de pessoas. Só para me encontrar rodeada de gente, mesmo sem ter ninguém ao meu lado. Ver as pessoas que amo na minha parede me faz mais feliz.
Gosto de olhar para o mar. Só para curtir a brisa e a calma vindas das ondas. Caminhar na beirada da água e sentir que aquilo (sim) é uma vida melhor. Mesmo que todo o resto seja caos.
Gosto de um carinho declarado. Só por saber que pequenos detalhes podem ser devastadores. Uma ligação, uma conversa sincera, um beijo ardente ou um abraço caloroso. Mesmo quando o mundo está caindo na sua volta.
Gosto de perfumes diversos. Só para aguçar as narinas. Mesmo que o cheiro venha de um bolo no forno, do café, da canela com açúcar, do travesseiro na manhã seguinte, do banho cheio de óleo, do pijama, das flores do jardim ou do alecrim.
A gente gosta de uma porção de coisas que não faz sentido para ninguém – a não ser para nós mesmos. Mas, todas elas, têm um “quê” de poesia, de charme e delicadeza. As pequenas coisas da vida são feitas para que a gente seja mais feliz. Somos nós mesmos que criamos e fazemos nossas próprias gentilezas. Essa deve ser nossa válvula de escape para sobreviver e suportar o cotidiano.

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