terça-feira, 9 de dezembro de 2008

VOLUME 2 - SAGA: TAM, O SEU JEITO DE VOAR

Apenas a barata voou.

Duas da tarde e nada de notícias. Fiquei impressionada como tem gente calma nesse planeta (ou naquele vôo). Eu queria matar um! O Lê bufava. Nenhum funcionário TAM sabia dar notícia alguma! NENHUMA MESMO!
Como é que pode? O mínimo que eu esperaria era que tivesse uma alma decente ali avisando a cada 10 minutos que resolveria nosso problema, mesmo sem saber como. Era o mínimo, repito.
Mas não. O que havia era um monte de moleque (não passavam dos 20 e poucos anos – com todo o respeito aos que têm 20 e poucos) com cara de que: “eu não sei direito o que te falar, mas vamos resolver, se Deus quiser”. O que dava para sentir era que o Airbus 321 em que eu estaria, estragou toda a frota da TAM. A partir dali a companhia teria problemas e quem pagaria por eles seríamos nós, claro!
O problema é que eu e o Lê não compramos pacote nenhum. Não havia CVC ou nenhuma outra empresa para quem poderíamos reclamar. Nada. Compramos nossas passagens pela Internet e pagamos nosso hotel por nós mesmos. Não tinha nada o que fazer, a não ser esperar e reclamar mais (e eu reclamei).
Entre reclamações e piadas, ouvi a seguinte notícia: havia uma barata no avião. Quase engasguei! Uma barata? Como assim uma barata? Olha, se tem uma coisa da qual tenho horror é de barata. Baratas não podem aparecer em aviões. Simplesmente não podem! Nossas pernas ficam vulneráveis dentro daquele espaço individual mínimo. Não há o que fazer com elas. E se você fica no meio (no airbus são 3 fileiras de cada lado), como vai fugir? E quem está na janela então?
Mas não era mentira. Uma barata realmente estava no vôo TAM do dia 29 de novembro para Natal. E a piada, entre os passageiros confinados na salinha de espera era: “apenas a barata voou naquele avião”. E foi mesmo.
Ficamos ali aguardando de forma ridícula. As pessoas sentavam no chão com cara de acabadas e desacreditadas. E detalhe (informação importante): nós não podíamos sair daquela salinha. Não podia subir para o aeroporto, NADA. A ordem era aguardar e não se mexer. Ali ficamos.
Conclusão: a TAM não tinha plano B para situações como essas. Nenhum escape. Eles estavam mesmo desesperados e nós estávamos pagando por aquilo... Nossa diária no hotel correndo. Nossas pernas cansadas. Nosso estômago colado nas costas (nenhuma comidinha). E a TAM não estava nem aí... eles tentavam resolver o problema deles, não o nosso. E o problema DELES era despachar os passageiros de qualquer maneira, mesmo que eles tivessem que penar bastante para isso.
Quando deu umas 3 da tarde, veio a notícia de que teríamos de pegar nossa bagagem e fazer um novo check-in. Não havia como continuar no mesmo vôo, realmente. Eles iriam nos “recolocar como desse” (e dane-se – estava nas entrelinhas).
Nessa altura, minhas costas estavam um caco. Minha bolsa pesava, minha mala de mão (sem rodinhas) pesava mais ainda e o Lê tentava manter o humor – difícil naquele momento.
Subimos, pegamos a mala e entramos numa fila enorme de check-in - cruel. Um monte de gente parado com uma cara de fome e desolamento geral.
Detalhe: as notícias só chegavam em português. Tinha um monte de gringo sem entender nadinha do que estava acontecendo... eles apenas faziam o que nós fazíamos. Um descaso total. Chegamos a ouvir um cara falando na fila: “Em castellano, por favor!” Nada. O lance era fazer a gente dispersar e não causar tumulto. Vamos em frente.
No check-in soubemos que não seria simples chegar em Natal. Faríamos um vôo às 17h30 para Salvador – BA e, de lá, uma conexão às 20h30 (ou seja mais espera em SSA) para Natal.
Ligamos para o hotel, avisamos todo o atraso, mudamos o horário do traslado e confirmamos à menina da TAM (desinformadíssima e rindo como se estivesse num programa de auditório) que poderíamos sim pegar o vôo com conexão em Salvador. Seja o Deus quiser.
Para passar o tempo no aeroporto (até a hora do embarque) ficamos lendo (já não agüentávamos mais), comemos (não no lugar onde a TAM nos deu vale alimentação – peloamordedeus! O lugar era uma lanchonete péssima, com cara de suja. Não dava) e sentamos desolados. Afinal, assim estávamos: desolados. Naquele horário deveríamos estar olhando o mar e não ali!
Ah! Para registrar é importantíssimo saber (veja a ironia do tom): a TAM nos forneceu por esse “pequeno problema e atraso” 300 reais de créditos que podem ser gastos somente nos vôos TAM (como se quiséssemos, novamente, voar TAM).
Preferia meu dinheiro de volta – onde eu gaste com a companhia que quisesse (e SE quisesse).
Nós nos perguntávamos: afinal, que horas chegaremos lá? Quando isso vai acabar?

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