segunda-feira, 9 de maio de 2011

A vida como ela não é

Com todo respeito ao Nelson Rodrigues, não quero ver a vida como ela é. Dura demais, injusta demais, com contas demais, amores de menos, tsunamis violentos, terremotos terríveis, acidentes, mortes, perigos, roubos... não. Não quero.
Prefiro criar uma vida diferente. Não defendo a alienação (claro que não), mas também não quero conviver com tanto sofrimento. Já temos o suficiente, não? Quero ver o que começa dentro de casa, no meu jardim... cuidar dele como Quintana tão bem indicou, e fingir que minhas flores florescem também no Japão, na China, nos Estados Unidos...
Prefiro criar histórias mais felizes e românticas em um blog qualquer, na minha cabeça ou na mesa do bar. Acreditar que o casal mudo ao meu lado está apenas tentando esquecer uma briga recente, por isso, vão beber e voltar pra casa para se amar.
Olhar uma criança de rua e ter a imensa vontade de levá-la para minha casa e ensinar todo o nada que sei, mas por saber que é impossível, tentar imaginar que ela é amada onde quer que more. Que tem carinho e atenção, mesmo que falte a educação.
Prefiro acreditar em Deus e pensar que as coisas acontecem quando devem acontecer, que estamos sujeitos às agruras, mas que felicidade hora dessas vai pegar o elevador (ou não) e bater na nossa porta.
Sim, eu sei. Não somos mesmo perfeitos. Sim, eu sei, somos ciumentos, violentos, infantis, mal educados. Esquecemos de agradecer, de responder um email, de dar bom dia, boa noite e, principalmente, esquecemos (ou falamos tão pouco) de dizer "eu te amo". Temos a infeliz mania de perceber que era bom depois que perdemos, de não ver as pessoas como elas realmente são, de se iludir com tanta bobagem... nunca vamos aprender, creio.
Por isso, se a vida como ela é não é tão incrível assim... Por que não criar uma melhor, diferente e envolvente? E tentar viver como Gullar indicou, sendo feliz, sem tentar ter nenhuma razão para isso.

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