quinta-feira, 17 de março de 2011

Vida egoísta

Nossos problemas ainda são maiores do que os dos outros. Não há como evitar. Sua vida amorosa, financeira, familiar, profissional está acima de qualquer catástrofe que não te envolve. Difícil ignorar.
O Robinho está processando a Nike porque não recebeu uma ou duas parcelas de um contrato de sei lá quanto tempo. As parcelas devem ter valor altíssimo, imagino. Como santista e fã do menino da Vila (ainda, mesmo que de longe), acredito que ele mereça a grana.
Porém, ao lado da mesma manchete se vê os destroços e riscos de apagão dos japoneses. Usinas que não param de explodir, corpos que não param de aparecer... Tudo tão triste que a única coisa que pude pensar é: essa grana é o que? Robinho quem? Nike? Desculpa, título falido. Matéria boba.
Continuando a ler meu jornal online não pude evitar de pensar que perto da vivência horrorosa vivida pelos japoneses, qualquer coisa realmente é boba (principalmente quando não vai matar ninguém de fome – como o caso do jogador). Não dá pra comparar.
Lembrei de uma pessoa que um dia me disse o quanto o trabalho voluntário pode fazer bem para a gente perceber que nossos problemas são menores do que de muita gente. Realmente são, mas são nossos. Isso já os torna maiores e muito mais problemáticos. A gente consegue ver de fora, diminuir sua intensidade, mas não dá para esquecer. É impossível evitar.
A tragédia do Japão é uma das coisas mais cinematográficas que estamos presenciando. Hollywood nunca pensou algo assim. Ainda bem. Porque estamos observando, mesmo que de muito longe, uma das coisas mais tristes que pode acontecer em um país. Tão devastador quanto uma guerra – e aqui contra a natureza (guerra que já começa vencida e com perdedor anunciado). E, ao mesmo tempo, um povo educado e resignado. Que passa fome, mas não saqueia supermercado, que chora calado e luta pela própria sobrevivência.
O Robinho deve me desculpar, mas ele e a Nike não são notícia. A prisão domiciliar do empresário X também não. Mas, os meus problemas continuam batendo na minha porta... todos os dias e o tempo todo. E aí, peço perdão aos japoneses.

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