quinta-feira, 3 de março de 2011

Agradecer sem culpa

Por que será que temos tanto problema em aceitar as coisas boas? Sempre encontramos uma forma de pensar em coisas que desfazem (ou desmerecem) aquilo que aconteceu de bom com a gente. Mas... por quê? Não merecemos que a vida nos entregue algo bom vez ou outra?
Claro que merecemos, só não estamos acostumados a “apenas” agradecer. A gente precisa pedir. Está na oração da fé. É quase uma lei. Um dogma.
Para não se sentir mal, a gente emenda com pedidos genéricos e óbvios como saúde, proteção e por aí vai. Precisamos pedir alguma coisa ou Deus estranha. Então, pedimos!
Mas por que mantemos a mania de pensar que se um lado da sua vida está bom o outro está (ou ficará) mal. É a tal lei da compensação. Quem disse isso? Os dois lados (ou três, quatro) não podem caminhar juntos? Não sabem andar de mãos dadas?
Aí, alguém diz que é uma questão de prioridade. Se você dá mais atenção para um lado da vida, logo ele funcionará melhor que o outro. Realmente faz bastante sentido. Porém, como mulher, não concordo. Nós (seres femininos) conseguimos dar atenção a tanta coisa ao mesmo tempo, que não há porque se dedicar a apenas um lado da vida. Temos a total capacidade de concentração em todos os lados (assim como podemos esquecer todos eles ao mesmo tempo, claro).
Mas, em geral, a gente esquece que pode, que deve, que tem direito. Esquecemos que nós (os bonzinhos da nossa própria história) merecemos a vida plena. Queremos todos os sete desejos pulados nas ondas do reveillón. Aquela lista imensa de resoluções (e pedidos) de início de ano. A vela acesa para o santo. E queremos (um dia) não precisar pedir e não se sentir culpado por isso. Afinal, estamos agradecendo. Isso é muito melhor que pedir, certo?

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