quarta-feira, 9 de março de 2011

Loucas sim

Ontem foi o dia internacional da mulher. Sempre fui contra. Sempre achei uma bobagem infinda. Um ato quase machista de dizer: ei, sexo frágil, você precisa mesmo de um dia especial pra lembrar que é menor do que a gente.
Bobagem (a minha, nesse caso). A gente precisa e merece sim um dia especial. Não que isso mude alguma coisa na vida de cada mulher no mundo. Continuamos trabalhando muito, ganhando menos (as vezes mais); lutando para crescer (intelectualmente, fisicamente ou psicologicamente); fofocando mais do que deveríamos; usando burcas (em alguns lugares); sendo apedrejadas em outros; amando homens errados (e tendo certeza de que era o certo); querendo mais (sempre mais); achando que podemos mudar o mundo (ou, pelo menos, o que nos cerca); sentindo a dor do parto; educando e criando novos seres; falando mais do que deveríamos; torcendo pelo time certo (e as vezes por motivos totalmente errados); querendo conhecer (ou votar a) Paris; precisando ganhar mais para comprar mais; olhando o armário cheio e não encontrando nenhuma roupa apropriada; fazendo manha só pra ganhar algo extra; gritando como louca só pra provar que pode; sentindo ciúmes de coisas ridículas; querendo ter a barriga da revista; comendo folha e achando que um brigadeiro pode compensar o sacrifício; comprando sutiã que aumenta; usando calcinha que prende a barriga, a bunda, a perna; lutando contra a celulite; olhando as rugas novas no espelho cruel; pensando na idade biológica como principal inimiga da vida; fingindo não ver a balança ao lado; sorrindo quando alguém lhe dá passagem no trânsito e nunca deixando ninguém passar; sorrindo novamente, mas dessa vez com vontade de chorar e chorando com vontade de rir; sendo mãe; amante; filha; psicóloga; amiga; carente e profissional.
Tudo isso em um único dia e fazendo as horas renderem ao máximo. Sim, precisamos de um dia para chamar de nosso. As nada frágeis mulheres são as únicas que conseguem pensar em muitas coisas ao mesmo tempo, errar tudo mesmo que tentando acertar, na esperança de contradizer a única coisa que realmente somos, mas detestamos admitir: loucas! Sim. Mas, e daí?

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