segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Lugar comum

Ele deixou de amar. Olhava para ela e apenas sentia um grande carinho. A queria bem, queria vê-la feliz, contente, mas não conseguia sentir a paixão de antes. Nada parecido com um amor de verdade. Era um outro tipo de amor. Não sabia explicar.
Como dizer? Como conviver com alguém que te ama sem sentir o mesmo? Não assim, como ela sentia. Era muito complicado. Ele queria espaço, uma vida independente, um outro caminho - que ainda seria traçado. Sem planos. Sem ninguém para dividir. Voo solo, vida sem rumo, carreira nas alturas. Era só o que desejava.
Ela pensava ter encontrado a pessoa certa. O amor da sua vida. Tinham seus problemas (claro), mas se amavam acima de tudo. A força desse amor seria o suficiente para superar qualquer coisa. Sua vida estava, enfim, plena. Tinha encontrado o tal “cara”. Aquele dos sonhos infantis, aquele dos contos de fadas. Os sapos estavam mesmo no passado.
A vida entre eles estava passando por um momento de transição. Ela sabia que a mudança era certa: a vida em comum. Casariam, morariam juntos, qualquer coisa que garantisse “bom dia” e “boa noite” diários. Tudo certo para um novo momento, uma nova e linda fase.
Dois momentos diferentes, dois mundos vividos ao mesmo tempo. Um déjà vu eterno de um casal num lugar comum. Duas vidas que não são mais complementares. Dias distantes e tão próximos.
Ele a deixou sozinha na sala vendo seu futuro despencar pela janela. A vida vai fazer com que outros entrem pela mesma porta. Assim como algumas outras sairão por qualquer porta da frente. Nada termina de verdade, só se transforma. A mudança era mesmo necessária, a forma é que estava errada.

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