quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Esponjas da mudança

Quando a gente percebe está fazendo coisas que antes não fazia, mas que outro fazia. O ser humano é tão maluco que consegue absorver manias que nem tinha, só por amar, conviver, admirar. Isso acontece com mais freqüência do que imaginamos. Pode reparar.
A gente é bem louco mesmo. Quando vemos estamos diante do espelho, com a mesma cara de antes e com modos tão completamente diferentes. O pior é que temos de olhar bem de perto, porque tudo parece tão natural e familiar que não reparamos. Mas tá ali. Pode ver.
Em choque, abrimos mais uma cerveja de frente para a tv, acendemos um cigarro, corremos na praia, pintamos um quadro, reunimos amigos numa mesa (em casa ou no bar), valorizamos mais nossa família, preferimos (mesmo, e de coração) estar só do que mal acompanhados, admiramos coisas que antes não faziam o menor sentido, odiamos coisas que antes adorávamos. Mudamos. E como mudamos.
Ninguém muda ninguém? Não. A força não. Mas que muda, muda. Com outra pessoa passamos a ver a vida também pelo os olhos dela. Criticamos muita coisa, mas valorizamos muitas outras. A partir daí, absorvemos. Somos esponjas humanas que, para melhorar seu próprio status, incham de conhecimento, de beleza... com jeitos diferentes a cada fase da vida. Aí, os anos vão passando e acumulamos. Como acumulamos.
Faça a conta de quantas pessoas com quem você conviveu que te fez ler mais (ou menos), saber mais (ou menos), beber mais (ou menos), querer mais (ou menos), ver mais (ou menos), conhecer mais (ou menos), desconfiar mais (ou menos), esperar mais (ou menos), falar mais (ou menos), viver mais (nem menos), amar mais (sem mais). Tudo faz tudo mudar. Todo mundo faz todo mundo mudar. O mundo já nos faz diferentes a cada dia. E é muito bom por ser assim.

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