quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Desamor é passaporte

Quanto tempo para amar alguém? Quanto tempo para ‘desamar’? Prazos e datas só existem no trabalho. O resto é muita informação para nosso cérebro. Tem gente sofrendo anos pelo mesmo amor bandido. Tem gente sofrendo ainda mais pelo desamor eterno. Como suportar tal penalidade mental?
Sim, porque é um castigo mortal à própria cabeça. Se torturar sozinho na cama vazia é sacanagem demais para quem sabe que pode viver mais e melhor por aí. Chico Buarque tem razão. Pode-se encontrar muita gente melhor pelo caminho. Ele só errou na porta... melhor fechar. E na dúvida, eu trocaria até a fechadura. Deixar a porta aberta (ou entreaberta) é garantir que visitas entrem sem bater, sem aviso prévio... aí, o sofrimento vira suplício. Por isso, cadeado pode ser uma boa opção também.
A vida é um festival de encontros mal equilibrados, mal informados e, as vezes, mal vividos. E vamos tentando (entre eles) encontrar uma forma de interpretar cada um, encarando como um sinal imbecil. Não funciona. Até porque o sinal pode ter existido apenas para o outro, não para você. Então, a interpretação é burra. Não tem explicação e pronto. Melhor seguir em frente (e não abrir mais a porta para qualquer um).
A verdade (ao menos a minha) é que viver 47, 45 anos em um relacionamento não deve ser nada mole. Lendo Conversas sobre o Tempo, Zuenir e Veríssimo (desculpem, sou íntima) explicam que não há complexidade em dividir a vida há tanto tempo, ”basta” perceber que não se pode viver sem a outra pessoa. Um dia, isso vem (como algo cósmico, não sei) e você tem certeza de que assim será.
Será? Meu lado romântico torce para que sim. Para que os astros conspirem, as estrelas escrevam e o destino decida. O lado racional sabe que vai ser lama. Mas o jeito é colocar as botas e viver as sete léguas do amor, já diria Xico Sá.
O importante é encarar o desamor como uma passagem para o novo. Um passaporte dolorido para uma nova fase. Depois de carimbado, prepare-se. A viagem pode ser ainda melhor e, quem sabe, em nova companhia.

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