sexta-feira, 4 de julho de 2008

Lado B

Sentada de frente para minha TV, com o corpo dolorido da gripe e constatando o quanto a TV brasileira é pobre na programação vespertina, pensei em coisas que fazemos sem que ninguém veja. Conclui que todos nós temos um Lado B.
Lembrei de algumas reuniões de trabalho (chatas, como todas) das quais fiquei olhando para as pessoas, pensando o que poderia estar fazendo (com o gerúndio permitido) se não estivesse ali... coisas que jamais nenhum deles saberia.
Ninguém sabe se você dança em casa de cueca, canta no banheiro, cutuca o nariz na frente do computador... Ou mesmo se é um grande jogador de xadrez, “o” craque da pelada entre amigos, guitarrista de primeira qualidade e exímio cozinheiro. Em geral, ninguém sabe. E não é incrível?
Enquanto eu balançava meu pé de meia, assistindo a Serena Willians e pensando em como gostaria de jogar metade do que ela joga, analisei também que mesmo dividindo sua casa, sua vida, seu cotidiano com alguém existem coisas que só nós sabemos, simplesmente porque é assim que deve ser.
Nosso Lado B é também nosso currículo interno. Daqueles que apenas você e seu espelho compartilham. Funciona mais ou menos como o outro lado (também B) dos antigos LPs: está ali, mas nem todo mundo ouve, vê, sente ou sabe quais as músicas. Esse é nosso mistério eterno. Ainda bem.

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