Sabia que tudo podia dar errado. Aliás, tinha certeza de que
daria. Mas... decidida, topou. Seguiria pela trilha desconhecida, na esperança
de um final feliz.
Preparou um kit com
necessidades básicas que incluíam coragem, determinação, bom humor, algumas doses
de tolerância, outras de paciência. Assim, quem sabe o resultado não seria cheio de
risadas?
Tudo isso deixou a bolsa mais pesada do que deveria. O maior
peso ficou por conta do medo de cair. Sabia que era o risco que corria, por
isso decidiu ir sem salto – assim manteria os pés fincados no chão. Nada de
escorregar ou balançar, a trilha era íngreme demais e não havia onde segurar. Era
preciso encarar o novo e seguir em frente.
Com sua personalidade forte achou que precisaria de muito
jogo de cintura para encarar, mas não. Viu que não estava só. Ele carregou sua
bolsa e colocou ali coisas dele também. Tudo o que era preciso estava dentro
daquela pesada bolsa amarela. Juntos, encaram os altos e baixos.
Ao longo do caminho suas pernas doíam, sua cabeça rodava,
seu bom humor titubeava, sua tolerância gritava, sua coragem escapava, a
paciência se esgotava... mas a determinação não abandonava (ainda bem).
A paisagem ajudava: bambus energizavam, micos acalmavam e as
borboletas coloriam. Enfim, o destino: Cachoeira da Feiticeira. De feitiço não se
via muito – talvez o fato de terem chegado até ali. Mas valeu as risadas e o
banho de água fria (literalmente).
Na volta, com uma bolsa mais vazia, o medo já não pesava. O
maior peso tinha um nome mais ameno: livros. Dois gordos romances – o dele e o
meu. Porque, afinal, se você se perder no meio mato, quebrar a perna em uma
trilha difícil ou mesmo quando não aguentar mais andar, você vai precisar de um
livro para te acompanhar (e de muita ironia, acredite).
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