sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ambiguidade, livros e ironia


Sabia que tudo podia dar errado. Aliás, tinha certeza de que daria. Mas... decidida, topou. Seguiria pela trilha desconhecida, na esperança de um final feliz. 
Preparou um kit com necessidades básicas que incluíam coragem, determinação, bom humor, algumas doses de tolerância, outras de paciência. Assim, quem sabe o resultado não seria cheio de risadas?
Tudo isso deixou a bolsa mais pesada do que deveria. O maior peso ficou por conta do medo de cair. Sabia que era o risco que corria, por isso decidiu ir sem salto – assim manteria os pés fincados no chão. Nada de escorregar ou balançar, a trilha era íngreme demais e não havia onde segurar. Era preciso encarar o novo e seguir em frente.
Com sua personalidade forte achou que precisaria de muito jogo de cintura para encarar, mas não. Viu que não estava só. Ele carregou sua bolsa e colocou ali coisas dele também. Tudo o que era preciso estava dentro daquela pesada bolsa amarela. Juntos, encaram os altos e baixos.
Ao longo do caminho suas pernas doíam, sua cabeça rodava, seu bom humor titubeava, sua tolerância gritava, sua coragem escapava, a paciência se esgotava... mas a determinação não abandonava (ainda bem).
A paisagem ajudava: bambus energizavam, micos acalmavam e as borboletas coloriam. Enfim, o destino: Cachoeira da Feiticeira. De feitiço não se via muito – talvez o fato de terem chegado até ali. Mas valeu as risadas e o banho de água fria (literalmente).
Na volta, com uma bolsa mais vazia, o medo já não pesava. O maior peso tinha um nome mais ameno: livros. Dois gordos romances – o dele e o meu. Porque, afinal, se você se perder no meio mato, quebrar a perna em uma trilha difícil ou mesmo quando não aguentar mais andar, você vai precisar de um livro para te acompanhar (e de muita ironia, acredite).  

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