sábado, 3 de março de 2012

Um bar, 4 corações e o tempo


Uma mesa de bar. Duas garrafas de água. Quatro mulheres. Quinze cervejas. Quatro homens. Dezoito empanadas. Quatro corações masculinos partidos. Muito papo. Muitos conselhos e a incômoda (e racional) certeza de que tudo sempre passa.
Alguém diz que 28 dias são suficientes para se habituar com a tristeza, a ausência, o fim; o resto do sofrimento é problema seu (e pode, claro, durar anos ou uma vida inteira). Outra pessoa garante que é necessário ouvir a voz do coração; enquanto outra enfatiza que é melhor seguir com a razão para não enlouquecer. Uma delas afirma que acreditar é o que pode nos fazer feliz. Outra não acredita mais em exceções, só em regras...
Muitas teorias em uma mesa diferente. Apenas os homens sofriam por amor. Cada um deles com sua própria história. Todas lindas. Todas com seu devido fim. Ou (quem sabe?) um grande recomeço.
Difícil dizer para quem sofre, que passa. Quando passamos dos 30 já sabemos (ou deveríamos saber) disso. Mas, ao mesmo tempo, ouvir nos faz relembrar do que o tempo é capaz de fazer.
O tempo não liga para datas. Não está nem aí para nossas lágrimas ou sorrisos. Não precisa de abraços, não sabe o que é carência, nem conhece o carinho. O tempo não vê rugas, não enxerga nosso reflexo no espelho. O tempo não conhece a felicidade, nem mesmo a tristeza. Por isso, leva. Vai passando e carregando tudo numa velocidade estonteante. Difícil mesmo é vê-lo passar.
Quando se trata de amor, nossa ingenuidade acaba quando choramos a perda de alguém pela primeira vez. Depois de um primeiro amor vencido, nunca mais o veremos da mesma forma. Quando descobrimos que em algum momento aquela dor vai cessar, que você vai rir e amar de novo, todo o resto nos torna menores, ou maiores (ainda não sei dizer).
Ver quatro homens sofrendo por amor, nos dias de hoje (ou em dias sóbrios como o de ontem), é a comprovação que o romance não acabou. 
Dentro do meu ceticismo romântico, ouvir de um deles que o amor arrebatador ainda estava por vir, me deixou sem palavras. Me vi pedindo secretamente que o tempo parasse (ao menos para mim). Aí, me lembrei que é a partir do desamor que entendemos o verdadeiro significado do amor. E eu, boba, já tinha me esquecido disso (maldito tempo). 

Nenhum comentário: