terça-feira, 4 de outubro de 2011

Quando é sublime

Medo. Medo de amar, medo de perder, medo de estar. Medo de empurrar com a barriga, de decidir, medo de acreditar. Medo que alguns, simplesmente, não sentem. Nunca sentiram. E aí... vivem mais e melhor.
Assim aconteceu com eles. Ela, casada. Ele, casado. Outras duas pessoas que nunca entenderam o furacão de tantas emoções.
Casamento na igreja, vestido branco, um amor antigo que olhava de longe e a certeza de estar fazendo o que a faria mais feliz. E fez. Durante o tempo que ele ainda não olhava para ela – e por pura timidez.
Ele, não tinha uma história muito diferente. Casou com a benção do Deus e passou a representar uma família que não lhe pertencia, mas amava. Viveu muito bem todos os seus pesares, antes de saber que ela olhava para ele.
Visitava o trabalho dela, apenas para falar com alguém pouco importante. Sem cumprimentar quase ninguém, ele entrava, conversava, tomava um café e quando saía não ouvia uma mulher do outro lado gritar por ele. Nunca ouviu. E ela sempre gritou. Sempre.
Daquele canto esquerdo, ela dizia que ele nunca olhou para ela. Mas, a verdade, é que ele nunca acreditou naquele olhar. Até ser convidado para uma festa de final de ano. Ela jurava que ele não ia. Mas ele foi.
Depois desse dia, o que era apenas diversão, passou a ganhar mais vida, mais cor. Aos poucos, a cada encontro, a cada beijo proibido, a cada transa escondida, em meio a mentiras deslavadas... o amor passou a tomar conta do que já não podia mais ser escondido.
O sentimento já gritava pela ausência, desafiava as probabilidades, arrumava cúmplices, criava testemunhas... para tudo ser encarado na justiça. Claro que nenhum fim seria fácil. E não foi. Nunca é. Difícil admitir uma derrota. Muito mais fácil urrar o prazer da conquista. E, isso, eles conheceram. O gosto da vitória. Não queriam ver ninguém sofrer, mas não podiam eles sofrerem também.
Então, a vitória mais sutil e adorável de todas aconteceu: o amor. E esse, sim, é sublime. E sem nenhum medo de dizer que é para sempre.

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