sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Outra forma de amar

Amar e ser amado. Uma das maiores complicações da vida. Impossível medir amores... amava mais que ontem, amarei mais amanhã. Ou se ama, ou não se ama. Mas, pode-se dizer que há diferentes formas de amar.
Ela vivia entre o estar, ficar e o permanecer. Sua principal pergunta era: será? Ou, quem sabe: por quê? Mantinha uma relação de anos (muitos) com o mesmo homem. Um homem que admirava, que a fazia parar qualquer coisa apenas para ouvi-lo mais e melhor. Um homem cujo o cérebro era sua principal (e vital) qualidade.
Mas a relação era confusa. Traições, brigas, desentendimentos. Numa tentativa de buscar a si mesma, mudou de país. Descobriu o sexo em outra língua, conheceu pessoas, trabalhou, mas não mudou. Quando voltou, era ele quem mais queria ver. E viu. Nada mudou, enfim.
Uma nova proposta de trabalho e uma mudança de cidade por tempo determinado. Lá estava ela novamente tentando. Foco na câmera, nos textos, na apresentação, e um dia... um novo olhar veio de uma lente à frente. Não desviou, alguma coisa mexeu lá dentro – ali, detrás da maquiagem, da intelectualidade, da vaidade. Alguma coisa diferente iria vivenciar. Sabia.
Conversaram. Conversaram mais. Riram e viram afinidades. Não, ele não era intelectual. Não, ele não iria entrar em conversas filosóficas sobre a vida. Mas, sim, ele podia falar de vida: a prática. A verdadeira. A real. E foi o que fez.
Ali, na cidade onde a política tem asas, ela se apaixonou por um homem de verdade. Um homem que estava disposto a terminar um relacionamento já falido e começar de novo. Com ela – se ela quisesse. Para isso, ela deveria mudar de cidade e, dessa vez, não voltar mais. Ela precisava pensar.
Voltou para a sua cidade e quando olhou para o homem que tanto amou – e por tanto tempo -, viu o que nunca tinha visto. Com ele, o amor era lido, falado... um amor de ideias, de estudo. Ela viu que precisava montar sua própria história. Precisava criar seu enredo e se tornar, enfim, a protagonista do filme da sua vida. Para isso, precisava de mais prática do que utopias espalhadas pelo lençol. Queria mais. Queria se sentir amada, tocada, vista, ouvida. Queria também tocar, ver e ouvir. Sem receios, sem ressalvas. Por isso, quando viu, chegou em uma nova cidade.
Foi recebida de braços e portas abertas. Nunca mais voltou. Hoje, mantém a filosofia nos livros e em discussões entre amigos. Já o amor transborda dentro de casa. Está entre abraços, beijos, conselhos, carinhos, conversas sobre a vida... A vida deles. Enfim, ela havia descoberto uma outra forma de amar.

Nenhum comentário: