segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O que fizemos de nós?

Virar gente grande (mesmo que não muito) dá trabalho. Outro dia escrevendo para uma personagem simpática e adolescente, me redescobri crente. Meu ceticismo de hoje, somado a um certo cinismo (é bem verdade) não existiam na adolescência, percebi. Resolvi abrir diários, reviver, reencontrar aquela que um dia fui. É... Eu realmente acreditava. E, ouso dizer, todos nós acreditamos, um dia. De verdade.
A gente encarava problemas com a mesma seriedade de hoje, mas com a importância de ontem. Apostávamos em milhares de amigos, contávamos segredos a muitos, nos apaixonávamos por vários(as), ríamos sem ter graça, gargalhávamos com barulho e com muito mais frequência. Aí, me pergunto: o que fizemos de nós? – já diria meu querido Zuenir.
Não sei dizer. Nos tornamos adultos idiotas, sem coragem para dizer, sentir, ousar, falar, xingar, gritar e, até (pasmem), rir. Esquecemos de como era bom rir de si próprio, preferimos passar mais tempo pensando em como ganhar mais dinheiro. Não dizemos “eu te amo” pelo medo de não ouvir o mesmo de volta e, mais do que isso, não nos permitimos amar – ou, pelo menos, não com tanta facilidade.
Eu sei, eu sei... já escrevi sobre isso muitas vezes. Mas é que ainda me choco. Não há nada de nostalgia nisso, há apenas decepção. Me decepciono com o que nos tornamos. Quando adolescentes valorizávamos amigos, respeitávamos mais relações – mesmo com a rebeldia que pairava no ar. Nossos amigos eram aqueles em quem se podia confiar, amar. Nunca ferir.
Por isso, lamento por aqueles que pararam de acreditar nos adolescentes que já foram. Lamento por quem esqueceu como é bom sentar e rir de bobagens da vida e transformou tudo em seriedade, em poder (que poder?). Lamento quem perde a ética para magoar. Lamento por quem trai um amigo, por quem esquece de chorar em uma cena emocionante, quem não gosta mais de namorar no pôr do sol, quem não tem mais vontade de andar na praia de mãos dadas, quem não compartilha tristezas e alegrias com aqueles que amamos, com quem se esquece de dizer que o outro é importante ou ainda quem já se esqueceu como é bom receber um abraço. Lamento.
Para você que não se importa com nada disso, entrego o meu mais sincero “obrigada”. Obrigada por se mostrar. Faça isso e poderemos te reconhecer mancando pela vida.

“Amemos quem nos ama. Aqueles que não amam, que Deus amoleça seus corações. Se ainda assim não nos amarem, que torça seus tornozelos para que possamos reconhecê-los quando passarem”. (ou alguma coisa assim)

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