sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O amor sabe escrever

Quando ouvimos do que entendemos (ou queremos entender) e de quem admiramos não dá para não se encantar. Foi assim ontem, vendo e ouvindo dois grandes nomes da literatura brasileira na Tarrafa Literária, em Santos: Zuenir Ventura e Luís Fernando Veríssimo.
Uma conversa franca, um bate papo entre amigos, e muitos voyers (como eu) na plateia. Sexo, amizade, família e trabalho. Tudo no mesmo palco, com a mesma naturalidade.
Veríssimo não sabe, mas foram muitos de seus textos que me fizeram gostar de ler (numa coleção com o mesmo nome) na infância. Suas crônicas mudaram minha forma de entender a literatura e fizeram com que eu me apaixonasse por esse estilo de texto. Claro que não havia só ele... Drummond, Rubem Braga e tantos outros também estavam lá.
Ele também não sabe que seu sotaque gaúcho é difícil para mim. História complicada. Mas, como é Colorado (e por motivos quase sociais), ficou mais fácil de sorrir com os adjetivos que tanto ouvi na vida.
Já Zuenir contou o que sempre pensei sobre ele: queria ser professor. Faz todo o sentido. Fala bem, com clareza, simpatia, faz piada e muitas citações de grandes personalidades. Uma cabeça admirável.
O ponto alto (para mim) dessa conversa foi o amor que eles têm por suas mulheres, seus filhos e seus netos. A família é a grande recompensa da vida para eles – que nem gostam de escrever (admitiram – me deixando em choque). Creio que preferem brincar com suas netas em um belo almoço de domingo.
Eu, que já era fã, decidi fazer a carteirinha. Fora ter a capacidade maravilhosa da escrita (por mais que não pensem nisso), ainda têm a capacidade maravilhosa de amar incondicionalmente suas vidas, suas mulheres, seus amigos. Confesso que meu lado romântico não conseguiu ignorar tal fato.
Outra geração, talvez. Corajosos homens que fizeram do amor seus aliados e, com isso, transformaram suas vidas em sucessos. Homens que se casaram com suas melhores amigas e souberam dividir problemas, felicidades e filhos. Dois homens que concluíram esse maravilhoso bate papo avisando que viver ainda vale a pena e que da morte (já diria Veríssimo) são contra! E nós, os voyers, não discordamos.

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