segunda-feira, 1 de março de 2010

Bom motivo para voar

Não gosto de voar. Não sei quantas vezes já falei sobre isso – aqui ou em alguma mesa por aí. Também não gosto de dizer que é medo. Me recuso a adiar uma viagem só pela covardia.
Um encaixe nas palavras (as cruzadas), uma revista feminina bem imbecil e um livro divertido (aliados ao ipod, claro) resolvem qualquer turbulência (ou ajudam um pouquinho).
Infelizmente, o tele-transporte não chegou as nossas vidas e não há outra maneira de chegar rapidamente em lugares nada próximos. Então... a gente arregaça o cartão de crédito, acende uma velinha (pra garantir), coloca uma imagem de Iemanjá no peito e aperta o cinto.
Foi assim que cheguei para comemorar o aniversário de um dos melhores (e mais antigos) amigos que, por sorte, tenho. São quase 20 anos de amizade (e isso acusa a idade, mas nem ligo). Anos ouvindo o que o outro tem a dizer, bebendo os sorrisos e os problemas de cada um, além de dançar nos elevadores da vida... (mesmo que seja em pensamento).
Foi ele que me ouviu chorar pelo primeiro amor (criatura essa que, inclusive, fez com que virássemos amigos). Foi ele também quem me apresentou o segundo (e, no sarro, adoro culpá-lo por isso). Tantas histórias divididas, amigos que passaram e, hoje, estão nas nossas lembranças, enquanto a gente permanece.
Há mais de 10 anos de sua mudança para a cidade mágica, a gente não se perdeu pelo caminho. Coisa rara. As vezes ficamos tempos sem falar. Não nos vemos como gostaríamos. Mas, quando acontece, é como se o último encontro tivesse acontecido na semana anterior. A mesma intimidade está ali, a mesma facilidade de conversa, a mesma franqueza (e bobeiras) da adolescência - e é uma delícia por isso.
Em algum momento, ele casou. Um dos meus maiores arrependimentos foi o de não ter estado lá. Coisas da vida, eu sei, mas lamento. A beleza disso é que sua mulher consegue ser tão especial quanto ele. Me recebeu (e recebe) de braços abertos e entendeu a nossa amizade como poucas do sexo feminino fariam. Mulher e tanto essa. E ele é merecedor disso. Sem dúvida.
Enfim... não segurei na mão de ninguém pra chegar na Bahia. Não tive apoio nas áreas de instabilidade. Mas sentir aquele axé ao lado do meu grande (literalmente) amigo, não tem preço e nem cartão de crédito que compre. É especial e pronto. Sempre vai valer a pena.

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