terça-feira, 29 de setembro de 2009

O nada

O vazio é uma coisa estranha. Quando você vê está cheio dele. É um nada que te preenche como se aquilo fosse tudo que houvesse. Como, se sentir o 'nada', fosse mesmo possível e, pior, palpável.
O 'nada' te leva a lugar algum. O 'nada' não tem história, não teve infância, não admira um bom filme, não ouve boa música, não chora, não sente dor ou frio. Também não aquece, nem tem fome, ou nenhuma vontade de comer brigadeiro, bolo ou sorvete.
O 'nada' não trabalha, mas te obriga a pensar só no seu próprio ofício. Não te deixa de fora, mas nem por isso deixa de estar dentro. O 'nada' não te consome, não dá insônia, nem ânimo.
Esse vazio não te leva as lágrimas, não faz você sorrir ou se apaixonar. Ou gostar, ou sentir saudades. É um vazio sem nenhum charme. É um vácuo contínuo e absoluto. Um lugar que não liga para as estrelas, para a chuva, o sol ou a lua. Um lugar nenhum.
O vazio do 'nada' não te faz crer, nem te dá esperança alguma. É uma sensação que pode mudar da noite pro dia, mas que sempre vai estar ali... tentando ser notada de forma mais humana e menos cética. Mais apaixonada e menos desconfiada. Mais verdadeira e menos falsa. Mais feliz e menos triste. E um dia esse 'nada' passa e o vazio vira o passado descrito (apenas) na poesia. Sem choro, nem vela (nem sentido).

2 comentários:

Keux disse...

É preciso conhecer o nada para saber o que é o todo.
Subjetivo? Pode ser. Mas a questão é que apenas os corajosos se permitem viver - antes de entender - essa sensação sem virar a cara.

beijo da
Keux

Ju Rodrigues disse...

Nossa Keux... Me senti bem agora (de verdade)! Obrigada, filósofa predileta!
bei Ju