Ele entrou correndo no metrô. Estava atrasado, prestes a
perder o emprego. Seu chefe não aguentava mais olhar na sua cara. Não podia
culpá-lo. Não se empenhava mais como antes. Na verdade, sua motivação acabou
quando perdeu o cargo de coordenador para um cara que entrou depois dele. Um
protótipo de babaca de terno – quem usaria terno dentro de uma gráfica? Esse
babaca usava.
Não, ele não lidava com cliente, era um cara de logística –
assim como ele. Quando o chefe pediu a atenção de todos, há mais ou menos duas
semanas, acreditou que havia chegado sua hora. Viraria chefe do departamento.
Mais de 3 anos trabalhando, sem gravata, mas com suor. Merecia a gratificação,
o reconhecimento da sua dedicação. Qual não foi a sua surpresa ao ver que o
terno venceu. O gel no cabelo odioso e seboso, ganhou seu trabalho.
Então... para quê chegar na hora? Nada faria seu chefe olhar
a burrada que fez. Ao invés disso, decidiu cair na balada. Chega de pensar só
em uma carreira imbecil. Era hora de se divertir. Mas, em uma semana de gandaia,
conheceu A mulher. E como todas as ironias do destino – quando uma área da sua
vida não vai bem, a outra começa a andar.
Foi assim. Seu emprego indo para o ralo, e o amor que sentia
estava com as melhores cotações no mercado. A logística disso, não andava nada
bem. Ele não se importava. Queria ligar, beijar, dizer que amava. Entrou de
cabeça, corpo e alma nessa entrega.
E, atrasado, dentro do metrô, depois de mais uma noite de
amor, ainda pensava nela. Só nela. Precisava dizer o que ainda não havia dito. Queria
ouvir sua voz, antes de mandar o chefe a merda. Ligou. Poucas palavras depois,
a ligação começou a cortar. Não podia perder o momento da coragem. Sem medo, decidiu
ser direto, rápido: “Se cair, te amo”. E caiu.
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