quinta-feira, 17 de maio de 2012

20 anos depois


Acordou cedo e desceu a serra. Já no carro, percebeu que aquele não seria um dia comum. Até as músicas pareciam fazer parte da trilha sonora de um cenário que não esperava reconhecer tão bem. Quando chegou ao seu destino e entrou pelos grandes portões de ferro, percebeu: tinha voltado no tempo. Apesar do salto que antigamente não usava, das roupas mais modernas, da falta do aparelho nos dentes e do corte de cabelo... tinha certeza: estava com 13 anos de novo. Seria possível?
Em cada passo que dava, aquilo se confirmava. Os muros tinham as mesmas cores, o chão ainda era o mesmo. As quadras estavam reformadas, mas mantinham o mesmo estilo... e, olhando cada rosto que ali estava, veio a confirmação chocante: era 1992!
Claro que a máquina do tempo não foi completamente perfeita. Deixou os cabelos brancos, apresentou algumas rugas, mudou o formato físico de muitos de nós. Mas, juntos, ali, naquela escola, ainda éramos os mesmos.
Parecia que o espaço de tempo que nos afastou foi apagado. Uma grande dobra colou o fim 1992 para o início de 2012. 20 anos de histórias paralelas, em que a intimidade não se perdeu.
Mas, perdemos, claro, nossas atualizações. Depois de informados, passamos a fazer coisas bem mais importantes do que falar da vida atual: explorar as antigas salas de aula, o laboratório de ciências (dessa vez sem choque), mexer com os esqueletos, tirar fotos de bobagens, tirar sarro com as etiquetas que usávamos – totalmente desnecessárias, percebemos depois.
Ali, naquele colégio de freiras, estavam os primeiros amores, os beijos escondidos, as fofocas sobre as madres, as colas, as provas, os campeonatos de futebol, de handball, os convites dos bailinhos... Nos corredores se escondiam as loiras dos banheiros (agora novos), as fugas das aulas, algumas brigas, a ida para a diretoria. Na capela, a oração semanal, sempre com risadinhas sobre confissões, declarações... tudo sem culpa – e, por isso, fomos perdoados!
Antes de entrar nessa tal máquina do tempo achei que estava livre dessa saudade. Depois de encontrar essas pessoas, muitas delas com mais de 20 anos de total ausência, percebi o quanto elas me fizeram falta. Vi que é possível – e muito fácil – resgatar sentimentos. Naquele sábado, provamos que (pelo menos) aquela juventude não está perdida. Ela só parou de se encontrar.
Agora sei que podem passar mais 20, 30, 50 anos. Ainda teremos os mesmos 13 anos de bobeiras, inseguranças e muitas risadas. Ainda bem! 

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