Acordou cedo e
desceu a serra. Já no carro, percebeu que aquele não seria um dia comum. Até as
músicas pareciam fazer parte da trilha sonora de um cenário que não esperava
reconhecer tão bem. Quando chegou ao seu destino e entrou pelos grandes portões
de ferro, percebeu: tinha voltado no tempo. Apesar do salto que antigamente não
usava, das roupas mais modernas, da falta do aparelho nos dentes e do corte de
cabelo... tinha certeza: estava com 13 anos de novo. Seria possível?
Em cada passo que
dava, aquilo se confirmava. Os muros tinham as mesmas cores, o chão ainda era o
mesmo. As quadras estavam reformadas, mas mantinham o mesmo estilo... e, olhando
cada rosto que ali estava, veio a confirmação chocante: era 1992!
Claro que a máquina
do tempo não foi completamente perfeita. Deixou os cabelos brancos, apresentou algumas
rugas, mudou o formato físico de muitos de nós. Mas, juntos, ali, naquela
escola, ainda éramos os mesmos.
Parecia que o espaço
de tempo que nos afastou foi apagado. Uma grande dobra colou o fim 1992 para o
início de 2012. 20 anos de histórias paralelas, em que a intimidade não se perdeu.
Mas, perdemos,
claro, nossas atualizações. Depois de informados, passamos a fazer coisas bem
mais importantes do que falar da vida atual: explorar as antigas salas de aula,
o laboratório de ciências (dessa vez sem choque), mexer com os esqueletos, tirar
fotos de bobagens, tirar sarro com as etiquetas que usávamos – totalmente desnecessárias,
percebemos depois.
Ali, naquele
colégio de freiras, estavam os primeiros amores, os beijos escondidos, as
fofocas sobre as madres, as colas, as provas, os campeonatos de futebol, de
handball, os convites dos bailinhos... Nos corredores se escondiam as loiras
dos banheiros (agora novos), as fugas das aulas, algumas brigas, a ida para a
diretoria. Na capela, a oração semanal, sempre com risadinhas sobre confissões,
declarações... tudo sem culpa – e, por isso, fomos perdoados!
Antes de entrar
nessa tal máquina do tempo achei que estava livre dessa saudade. Depois de
encontrar essas pessoas, muitas delas com mais de 20 anos de total ausência,
percebi o quanto elas me fizeram falta. Vi que é possível – e muito fácil –
resgatar sentimentos. Naquele sábado, provamos que (pelo menos) aquela juventude
não está perdida. Ela só parou de se encontrar.
Agora sei que podem
passar mais 20, 30, 50 anos. Ainda teremos os mesmos 13 anos de bobeiras, inseguranças
e muitas risadas. Ainda bem!
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