segunda-feira, 13 de junho de 2011

Sra. Felicidade

Tenho uma amiga que diz que a felicidade chega nas horas de descuido. Não rejeito a ideia. Acho mesmo que é assim. Mas, ela também exige um certo esforço nosso, não?
Eu, por exemplo, preciso suar a camisa (e às vezes literalmente) para que ela resolva bater na minha porta. Talvez porque ela goste de chegar mais plena do que sorrateira. Quem me conhece sabe que sou direta demais para que minha felicidade fosse implícita em algum discurso. Precisava mesmo de uma declaração feita, lida e declarada.
Com isso, por ser assim, ela também chega em prestação – ou me mataria de susto. Ela elege as áreas certas para atingir, nos momentos que acredita serem os ideais. Conhece todos os meus pontos fortes e também os fracos. Quando tem dúvida, pede orientação para minhas paredes, plantas, cores e fotos – quando não estou, obviamente.
Claro que ela nem sempre se faz completamente presente. Certa vez, decidiu ir embora e me foi muito explícita, como assim eu deveria esperar. Doeu. Sofri demais – mais do que deveria, já que sabia que um dia ela voltaria. Talvez não da mesma forma, mas certamente voltaria.
E ela sempre volta. Escolhe o momento certo e, às vezes, o errado, para se mostrar. Mas, certamente, nunca foi mal chegada. É sempre uma festa. Se não tenho nada em casa, corro logo para o bar mais perto e peço a bebida, as “tapas” e os amigos. Sempre vale o brinde.
O problema é que esperamos demais dessa velha senhora. Depositamos nela toda a nossa esperança, nossos votos, preces e curas. Apontamos o dedo para a felicidade alheia (como forma horrível de inveja) e nos perguntamos por que estivemos tanto tempo fora de casa. Talvez ela tivesse batido.
Mas não é isso. Ela realmente só chega na hora que quer. E quando está decidida a entrar, toca a campainha, o interfone e, quem sabe, até arrombe a porta. Não se preocupe. Até quando não estamos em casa, essa senhora sorridente se esparrama no sofá e espera pacientemente.
Mas não se engane, nem sempre ela entra com o pacote que você esperava. Mas... nunca (nunca) será mal recebido. Jamais. Por isso, é bom avisá-la (de alguma forma) que você está pronto para seu pacote. Seja ele de qualquer formato, tema, sonho, prazer, sorriso... desde que venha acompanhado dessa senhorinha simpática e muito sábia, chamada de Felicidade.

Nenhum comentário: