quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lembra?

Você lembra da época em que paquerar no trânsito não era somente divertido, como também era possível? E quando passar um trote inocente ou mesmo ligar para aquela pessoa que ficou de entrar em contato, sem que ela nunca soubesse que era você ligando? Lembra?
Bons tempos. A gente percebe que está envelhecendo quando começa a ter saudosismo de coisas que nunca mais voltarão a acontecer. Triste.
“Sou a geração da transição”, gritei na noite de ontem, como se a frase justificasse e desse crédito. Não dá. Definitivamente, nem o ego infla.
Sim, eu sei que saber da emoção de carregar LPs e uma vitrolinha faz a diferença. Ter usado máquina de escrever, trabalhar sem internet, usar molden ouvindo aquele barulhinho irritante da rede discada, ter visto o aparecimento do CD e DVD, e o desaparecimento do VHS. Isso tudo é relevante. Um dia poderei contar a alguém e... só! Não muda nada.
Continuamos imigrantes da nossa própria geração. Não nos assustamos com facebooks, twitters ou que mais vier. E também não estamos nem aí para a tal geração “Y” - na verdade, achamos que são (inclusive) meio bobos, apesar de terem a tal esperteza criativo-tecnológica.
O meu lamento é o fim do romantismo, minha gente. É frustrante demais. A paquera inocente no trânsito, que nos deixava com aquele sorriso bobo durante todo o dia, foi assassinada pelo insufilm nosso de todo dia. Acessório obrigatório aos carros de boa vontade (e com medo de assalto). A ligação displicente no meio do dia só para ouvir “aquela” voz; saber se o cara não ligou porque morreu ou porque não valia nada; ou mesmo só para gritar uma declaração de amor; colocar uma música para tocar e a ainda pessoa ficar na dúvida de quem está fazendo isso. Tudo... atropelado pela bina.
Não, não pense que esse é um texto nostálgico. Adoro a evolução e toda a comunicação que ela nos trouxe (e traz). Mas... confesso que sinto falta do olhar, do sorriso, da surpresa e de todas as besteiras que isso nos oferecia. E, se isso não volta mais, o jeito é encontrar outra forma de romantismo. Afinal, antes ou agora, o que vale (ainda) é a intenção, certo?

Um comentário:

xxx disse...

Concordo em gênero, número e grau...
Acho q um dia eu ainda viro hippie... Deve ser esse meu signo aquário correndo no sangue... :P